A Ressurreição de Jesus Cristo: Um Acontecimento Histórico Aberto à Investigação Crítica
A evidência para a ressurreição é melhor do que para os milagres alegados em qualquer outra religião. É extraordinariamente diferente em qualidade e quantidade.
Anthony Flew
Introdução
A doutrina da ressurreição de Jesus de Nazaré tem produzido diversas controvérsias nos últimos duzentos anos. A teologia cristã moderna fez da ressurreição uma das áreas mais discutidas em seu âmbito. Desde o século XVIII o problema do túmulo vazio, símbolo maior da ressurreição, tem recebido atenção nos debates acadêmicos.
No Iluminismo, devido à crítica racionalista, a ressurreição se tornou um assunto a ser encarado de modo cético. Não era possível acreditar num evento – miraculoso – passado apenas com base nas informações de outrem mesmo que tais informações fossem bem documentadas. A experiência em primeira mão era fundamental do mesmo modo que a repetição do alegado evento miraculoso. Não há análogos contemporâneos! Diziam os racionalistas. Ora, se não há ocorrências no presente, não houve no passado.
Na tentativa de explicar racionalmente a ressurreição de Jesus e o fato do túmulo ter sido encontrado vazio, críticos radicais propuseram algumas teorias tais como: teoria do desmaio,[1] teoria do roubo,[2] teoria da alucinação[3] e teoria do túmulo errado.[4]Embora essas teorias sejam logicamente possíveis, elas se mostraram inadequadas para realizar aquilo a que se propuseram. Em seu livro Em Guarda, o teólogo e filósofo William Lane Craig aborda alguns fatores destacados por historiadores na análise de hipóteses concorrentes. Ele aplica os testes às hipóteses que se habilitam a explicar o túmulo vazio. A hipótese da ressurreição não fica de fora. Em sua conclusão ele diz: “[…] Deus ressuscitou Jesus dos mortos. Dado o fato de que Deus existe, essa conclusão não pode ser barrada por ninguém que esteja em busca do sentido da existência”.[5]
Mas, a teoria mais popular da atualidade não figura entre aquelas. Trata-se da teoria do mito. Peter Kreeft & Ronald K. Tacelli refutando essa teoria trabalham seis argumentos. Cito apenas o primeiro e não vou além, pois na faz parte do escopo desse texto discutir mais amplamente as teorias alternativas para explicar o túmulo vazio.
O estilo dos evangelhos é radical e claramente diferente do apresentado em qualquer mito. Qualquer estudioso de literatura que conhece e aprecia os mitos pode verificar isso. Na narrativa histórica, como é o caso dos evangelhos, não há eventos espetaculares, exagerados ou fora de proporção (como no mito). Nada é arbitrário. Tudo se enquadra corretamente na sequência histórica. A profundidade psicológica alcança o nível máximo.[6]
A ressurreição de Jesus alicerça o Cristianismo (1ª Co 15:17). Ambos estão conectados de tal maneira que ou eles subsistem juntos ou então sucumbem de mãos dadas. O teólogo alemão Rudolf Bultmann dizia que não faria a menor importância para os pontos essenciais do cristianismo se a ossada de um Jesus morto fosse encontrada na Palestina. Mas, Paulo sentenciou: “[…] se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé […]”. A discussão sobre se o fato da ressurreição de Jesus Cristo pode ser considerado um evento histórico aberto ao escrutínio crítico é uma questão central no debate atual a respeito da viabilidade desta ressurreição.
Estudiosos contemporâneos como Wolfhart Pannenberg[†], N.T. Wright e William Lane Craig defendem abertamente ser a ressurreição de Jesus de Nazaré um evento histórico, objetivo, que está aberto à investigação crítica. É consenso entre eles que quanto ao seu significado, a ressurreição é uma questão teológica, ao passo que ela, como um acontecimento, trata-se de uma questão histórica objetiva testemunhada por todos que tiveram acesso às evidências. Pannenberg diz que “a indagação sobre se algo aconteceu ou não em determinada época, há mais de mil anos, só pode ser determinada por argumentos históricos.”[7]
Alguns teólogos modernos são reticentes quanto à busca por evidências históricas que apontem para a ressurreição como a melhor explicação para o túmulo vazio encontrado pelas mulheres naquele domingo de Páscoa. Na opinião deles, esse assunto deve ser resolvido pela lógica da fé e isso basta. Há razão nisso. A priori, a fé deve dispensar provas para aceitar o conteúdo das narrativas evangélicas. A fé adquirida diretamente pela ação sobrenatural do Espírito Santo não precisa de evidências para se sustentar. No entanto, existem aqueles que à semelhança de Tomé dizem: “se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos […] de modo algum acreditarei” (Jo 20:25). Muitas pessoas passam a crer por meio de evidências. Existe legitimidade em desejar averiguar as evidências a respeito da ressurreição, afinal de contas o Ressurreto se apresentou com “muitas provas incontestáveis” (At 1:3).
Na contramão desses dois grupos, céticos têm se esforçado para negar a ressurreição corporal de Jesus alegando, por exemplo, que o corpo de Jesus, pós-crucificação, fora lançado numa cova rasa e comido por cães. Essa explicação é apresentada pelo estudioso do Novo Testamento John Dominic Crossan, membro do movimento Jesus Seminar.[8] Crossan está no centro desta discussão também quando o assunto é o conhecimento ou não, do apóstolo Paulo, da tradição do túmulo vazio. De modo geral, as conclusões dele (e do Seminário) têm sido questionadas, pois pairam suspeitas quanto à metodologia usada nos estudos, pressuposições, motivações e estabelecimento de datas.
Digno de nota é o fato das pressuposições radicais do Seminário e de Crossan quanto aos milagres narrados nos Evangelhos. Eles partem para a pesquisa rejeitando, injustificadamente, os milagres. Em um debate travado com Crossan em outubro de 1994 no Moody Memorial Church, Chicago, EUA, Craig diz que seu interlocutor é um naturalista. “Ou seja, achega-se à mesa do debate já presumindo que os milagres são impossíveis”.[9] Craig fundamenta sua assertiva com a seguinte declaração de Crossan: “Deus não age no mundo […] de forma direta […] fisicamente”.[10] Sobre ressurreição dos mortos, Crossan escreveu: “não acredito que alguém, em algum lugar, em algum tempo traga mortos de volta a vida.”[11]
Tentando demonstrar que a ressurreição corporal de Jesus é a melhor explicação para o túmulo vazio, discutirei, a seguir, a possibilidade de milagres ocorrerem, depois tecerei algumas considerações sobre o método científico, demonstrarei de modo breve que a ressurreição do Nazareno está aberta ao escrutínio crítico e, posteriormente, suscitarei uma rápida discussão sobre ter o apóstolo Paulo o conhecimento do túmulo vazio.
Antes de prosseguir, visto que irei insistir na questão do túmulo vazio como fato histórico circundado por evidências bem antigas, torna-se necessário citar e concordar com a fala do estudioso do Novo Testamento George Eldon Ladd[12]: “o túmulo vazio não despertou a fé na ressurreição de Jesus, nem o faz agora”[13] (Mc 16:8; Lc 24:11, 21). Transcrita essa fala, devo de igual modo ressaltar que o túmulo vazio é um sinal do ato escatológico divino irrompendo no mundo, no tempo e espaço. Pode-se dizer ainda mais, em tom esclarecedor, quanto à importância e o lugar do elemento “túmulo vazio”, lembrando Colin Brown, que “foram os aparecimentos de Jesus que os convenceram; o túmulo vazio foi o corolário corroborativo”[14]
O Método Científico Moderno
Prescindir desse método para determinar se a ressurreição é a melhor explicação, ou não, do túmulo vazio, é uma decisão inteligente. O método científico consiste em apontar algum fenômeno como verdadeiro a partir da repetição do mesmo diante de quem possa assegurar que ele é verdadeiro. Isto deve acontecer num ambiente controlado onde hipóteses possam ser observadas empiricamente.
Vamos a um exemplo simples da aplicação do método científico: ao chegar a casa, depois do culto matinal, você decide ligar seu aparelho de som e ele não funciona. Nesse instante, você começa a formular hipóteses que possam te fazer entender o que está ocorrendo.
Hipótese 1 – O som não está conectado a rede de energia elétrica. Ao verificar, você constata que não é essa a razão do não funcionamento do aparelho e, com isso, essa hipótese é negada.Hipótese 2 – Está faltando energia elétrica. Ao acionar um interruptor para acionar uma lâmpada, percebe que esse também não é o problema. Desse modo, essa segunda hipótese é refutada.
Depois de levantar essas hipóteses você se depara com o fato da não solução do problema. Porém, entendendo ou não, o método científico fora aplicado por você frente a essa situação doméstica.
Evidente que submeter a ressurreição de Cristo a esse método é algo impensável, pois ela é um acontecimento histórico único, singular… um milagre. Para muitos, o que não passa pelo crivo do método científico deve ser rejeitado. Ora, não é o método científico a única maneira de se provar alguma coisa. Caso fosse, como poderia eu provar que hoje estive no trabalho? O método científico é ineficaz quando o assunto é provar ou não questões relativas a eventos e pessoas históricas.
Em um debate com o químico e ateu Peter Atkins,[15] de Oxford, William Lane Craig, ao ser desafiado por seu interlocutor quanto ao que a ciência não pode provar, elencou alguns exemplos interessantes nos quais acreditamos racionalmente sem que a ciência possa atestá-los. Vejamos: verdades lógicas e matemáticas, verdades metafísicas como “existem outras mentes além da minha?”, “o mundo externo é real?”, crenças éticas sobre declaração de valor não são acessíveis pelo método científico, entre outras.
A impossibilidade de se provar a verdade da ressurreição por meio desse método não é suficiente para caracterizá-la como um mito. Na verdade, com essa incapacidade de reter em um ambiente controlado o fenômeno da ressurreição, e de vê-lo se repetir, o método científico moderno se mostra limitado para averiguá-la. A alternativa então é a de uma análise sobre o fenômeno como um acontecimento histórico. Partindo desse pressuposto, e amparados pelas evidências, é possível concluir que o túmulo está vazio exatamente porque Jesus, muito provavelmente, ressuscitou ao terceiro dia.
A irracionalidade em se negar a ressurreição de Cristo como um fato estabelecido por não poder submetê-lo ao método científico moderno consiste em ser aquele fenômeno, um milagre, conforme dito anteriormente. Milagres não podem ser enquadrados em um laboratório e manipulados pelos cientistas; eles acontecem e pronto.
Milagres São Possíveis?
Milagres são possíveis? Algum milagre já aconteceu na história? A primeira pergunta que abre este tópico deve ser respondida a partir do labor filosófico, ao passo que a segunda exige uma análise histórica em busca de evidências que definirão se determinado milagre alegado ocorreu realmente ou não. Portanto, não se deve impor sobre um alegado milagre a especulação filosófica em detrimento da análise histórica acurada. Pode-se debater a possibilidade dos milagres, mas não se pode negá-los apenas por argumentos filosóficos.
Dada à existência de um Deus Criador, podemos acreditar que milagres ocorreram, pois, por definição, Deus é um operador de milagres. Desta forma, os que creem em milagres, admitem uma divindade qualquer. Mas, os milagres são normalmente rejeitados porque foram definidos como sendo “violações das leis da natureza”. Voltaire definiu: “Um milagre é a violação das leis matemáticas, divinas, imutáveis, eternas. Mediante essa única exposição, um milagre é uma contradição nos termos.”[16] A breve discussão que segue tentará mostrar como esta compreensão é inadequada. Para despertar a curiosidade do leitor observemos esse exemplo dado por J. P. Moreland & W. L. Craig: “’o sal tem uma disposição de se dissolver na água’ seria a afirmação de uma lei natural. Se, devido à ação de Deus, o sal deixasse de se dissolver na água, a lei natural não seria violada, porque ainda é verdade que o sal possui essa disposição.”[17]
O filósofo judeu panteísta Benedito Spinoza (1632-1677) argumentou serem as leis naturais imutáveis. Não há como interrompê-las, portanto milagres são impossíveis, pois a natureza “guarda uma ordem fixa e imutável”. A visão de Spinoza sobre o universo é fechada. Os eventos são determinados por um sistema mecanicista de causa e efeito. Por isso, a ressurreição de Cristo, por exemplo, adversa às leis naturais conhecidas, não pode ter ocorrido. Em outras palavras, a ressurreição (e demais histórias de milagres) é impossível, então, porque uma determinada sequência regular da natureza seria violada, mas, é certo que essa sequência regular é inviolável, logo, milagres não ocorrem. Norman Geisler & Frank Turek apresentam o raciocínio de Spinoza:
1. Os milagres são violações das leis naturais.2. As leis naturais são imutáveis.3. É impossível violar leis imutáveis.4. Portanto, os milagres são impossíveis.[18]
Pesa contra o argumento de Spinoza, por exemplo, o fato de que as evidências favoráveis a um único começo do universo de tempo-espaço a partir do nada se avolumam. Geisler & Turek comentam: “A própria criação em si demonstra que as leis não são imutáveis. Uma coisa não surge naturalmente do nada. Mas aqui estamos todos nós.”[19] Sendo assim, Spinoza está superado quanto à sua crença de que os milagres,por definição, são impossíveis.
Ressalto que, consoante Moreland & Craig, citando o filósofo de Oxford Richard G. Swinburne, “uma lei natural não é abolida (ênfase minha) por causa de uma exceção”.[20] Deixariam as Leis de Newton[21] de existir caso uma pêra fosse lançada de uma altura e alguém interviesse impedindo a fruta de chegar ao centro da terra? Tal intervenção destruiria esta Lei? Uma lei natural pode ser interrompida, vencida e sofrer alterações. Já que foi feita menção a Newton, e a ideia de um universo fechado está em foco, cabe o comentário de John Warwick Montgomery: “Desde Einstein, nenhum homem moderno teve o direito de eliminar a possibilidade dos eventos por causa de um conhecimento anterior da ‘lei natural’”.[22] Montgomery argumenta que a partir da física einsteiniana o universo está aberto, logo, há espaço para o imprevisível no universo.
Outro cético, o filósofo David Hume, crítico que construiu seus argumentos antimilagres tomando por base o mundo fechado, seguro, previsível, absoluto newtoniano, escreveu:
Um milagre é uma violação das leis da natureza; e como uma experiência constante e inalterável estabeleceu estas leis, a prova contra o milagre, devido à própria natureza do fato, é tão completa como qualquer argumento da natureza que se possa imaginar. Por que é mais do que provável que todos os homens devem morrer; que o chumbo não pode por si mesmo permanecer suspenso no ar; que o fogo consome a madeira e que, por sua vez, a água o extingue; a não ser que estes eventos estão de acordo com as leis da natureza, e que é preciso uma violação destas leis, ou em outras palavras, um milagre, para impedi-los? Nada é considerado um milagre se ocorre no curso normal da natureza. Não é um milagre que um homem, aparentemente de boa saúde, morra subitamente, pois verifica-se que tal gênero de morte, embora mais incomum que qualquer outro, ocorre frequentemente. Mas é um milagre que possa ressuscitar, porque isto nunca foi observado em nenhuma época e em nenhum país. Portanto, deve haver uma experiência uniforme contra todo evento miraculoso, senão o evento não mereceria esta denominação.[23]
Observe o seguinte trecho do excerto de Hume: “coisa alguma pode ser considerada um milagre se chega a ocorrer no curso comum da natureza”. Para ele, milagres nunca ocorreram e, se tivessem ocorrido, deixariam de ser milagres, pois o que se experimenta não pode ser chamado de milagre visto que a uniformidade da experiência dá conta da ocorrência de acontecimentos regulares que normalmente se experimenta e sempre deverá ser experimentado. Em outras palavras, o que Hume faz é presumir que todas as experiências humanas são contrárias aos milagres. Um exemplo: caso seja provado que Lázaro ressuscitou, a ressurreição de Jesus já não será mais um milagre. C. S. Lewis dá uma resposta irremissível a isso:
Agora, naturalmente, devemos concordar com Hume em que, se existe “experiência absolutamente uniforme” contra os milagres, se, em outras palavras, eles nunca aconteceram, então por que eles nunca aconteceram? Infelizmente, sabemos que a experiência contra eles é uniforme somente se soubermos que todos os relatos sobre eles são falsos. E só podemos saber que todos os relatos são falsos se já soubermos que os milagres nunca aconteceram. De fato, estamos argumentando em círculos.[24]
O apelo de Hume à experiência uniforme labora em erro porque há uma confusão entre uniformidade e uniformidade absoluta. Podemos dizer que os acontecimentos a e normalmente acontecem, pois a experiência lhes é favorável, mas, não devemos olvidar de que as exceções surgem mesmo que ninguém possa atestá-las. Aqui temos uma uniformidade da experiência. Esta contraria o argumento de Hume que não admite exceções; para ele a uniformidade da experiência é absoluta. Experiências uniformes não são provas absolutas contra os milagres.
Para contrariar a admissão dos milagres como possíveis e chegar à sua conclusão de que a natureza é uniforme (absoluta), Hume, e qualquer cético, teria que ter averiguado todos os acontecimentos universais em todos os lugares e tempos. Como ele poderia ter feito isso? Não poderia, pois isso é impossível. Lennox aponta duas razões que sustentam esta impossibilidade: 1ª Apenas uma fração minúscula da soma total de todos os eventos ocorridos no Universo foi observada pelos humanos; 2ª Somente um pequeno número de observações humanas foi registrado por escrito.[25]
Outra acusação pesa sobre o raciocínio de Hume. Lennox, Geisler & Turek dizem que ele exclui a crença nos milagres evitando evidências apenas para manter sua tese de que existe uma experiência uniforme contra os milagres. No excerto humeano o autor diz: “é um milagre que possa ressuscitar, porque isto nunca foi observado em nenhuma época e em nenhum país”. Nunca foi observado? No Antigo Testamento temos ressurreições: Elias ressuscitou a filha da viúva de Sarepta (1º Reis 17.17-22); Eliseu ressuscitou o filho da Sunamita (2º Reis 4.18-37). No Novo Testamento também: Jesus Cristo também ressuscitou o filho de uma viúva de Naim (Lucas 7.12-15); O apóstolo Pedro ressuscitou a Dorcas ou Tabita (Atos 9.36-43). Filosófica e irresponsavelmente, Hume exclui, a priori, esses relatos de milagres e torna-os inválidos. Desse modo, a investigação histórica cede lugar às especulações filosóficas.
Foi dito que as leis da natureza não são inalteráveis e podem ser vencidas e sofrer alterações. Mas, isso significa que milagres “violam” as leis da natureza? Caso a natureza fosse autônoma, a resposta seria sim. Mas a natureza não é uma lei em si mesma. São o deísmo e ateísmo que concebem a natureza autônoma. As leis da natureza não operam independentes de Deus, que existe.
Como Deus existe (os argumento lógicos para sua existência são melhores do que para sua inexistência), o Universo físico não está fechado e Ele, quando bem entender, pode colocar sua mão dentro desse Universo e realizar milagres. O Deus criador, teísta, transcendente e pessoal, é o único que pode agir miraculosamente no Universo. Ele está habilitado a tornar um evento naturalmente impossível num evento histórico real (ex.: a ressurreição de Jesus Cristo) e isso Ele faz sem “violar” lei alguma.
Portanto, a definição de Voltaire, Spinoza e Hume que milagres “violam” as leis da natureza, labora em erro. Tal definição é inexata. Lewis pode nos auxiliar mais uma vez:
Se Deus aniquila, ou cria, ou desvia uma unidade da matéria, ele cria uma nova situação nesse ponto. Imediatamente toda a natureza abriga essa nova situação, deixa-a à vontade em sua esfera, adapta a ela todos os outros eventos. E ela se vê adaptada a todas as leis. Se Deus cria um espermatozoide miraculoso no corpo de uma virgem, esta não age violando lei alguma. As leis imediatamente assumem o comando. A natureza está a postos. Segue-se a gravidez, de acordo com todas as leis normais, e, nove meses mais tarde, nasce uma criança.[26]
Observe que no excerto acima Deus não é posto de um lado e a natureza de outro como se ambos fossem entidades autônomas. Lewis apresenta Deus como quem atua sobre a natureza e não como quem a viola, pois a natureza é obra de Suas mãos conforme creem os teístas. Deus, o Criador de todas as coisas, tem autoridade sobre toda criação. É bom afirmar nesse instante que crer nisso não lança os cristãos num contexto de negação das leis da natureza. É o conhecimento e aceitação delas que nos indica quando um milagre ocorreu. Que isso fique claro. Kreeft & Tacelli apresentam uma resposta certeira ao argumento antimilagres que estamos discutindo. Leiamos.
Um milagre não viola as leis da natureza da mesma maneira que um diretor de escola não viola o cronograma de aulas se cancelar a educação física para realizar uma assembleia especial. As violações ocorrem sempre que alguém que precisa seguir ou preservar uma ordem estabelecida fracassa ou recusa-se a fazê-lo. Por exemplo, se um professor de educação física cancelasse a aula por si próprio ou liderasse os alunos durante uma período de orações espontâneas, estaria violando as normas. Entretanto, seria diferente se o diretor da escola modificasse o programa de aulas dentro dos limites de sua autoridade.[27]
À semelhança do diretor que desfruta de autoridade para interferir na dinâmica da vida escolar sem violar leis, Deus, o criador do universo, tem autoridade sobre a criação. Desse modo, os milagres ocorrem sem que haja qualquer “violação das leis da natureza”.
A limitação do argumento antimilagres é demonstrada inequivocamente pelas razões já apresentadas e porque ele não leva em conta que os fatos históricos são particulares e únicos e que não necessitam, obrigatoriamente, de uma correspondência com uma experiência passada para serem admitidos como reais. Logo, esperar por analogias contemporâneas da ressurreição de Cristo, por exemplo, é uma perda de tempo.
Spinoza e Hume não contam com o teísmo, daí a explicação de suas certezas contra-milagres. Mas, segundo Antony Flew (1923 – 2010), filósofo, ex-ateu e especialista em Hume, “se aceitamos o fato de que há leis, então temos de aceitar que existe alguma coisa que impõe essa regularidade ao universo”.[28] Na mesma página, ele continua, citando um filósofo de Oxford John Foster: “é racionalmente justificada nossa conclusão de que é Deus – o Deus explicado pelos teístas (ênfase minha) – que cria as leis, impondo as regularidades ao mundo.” Abandonados os pressupostos ateístas, os milagres não são negados.
O erro dos céticos consiste no fato deles pensarem aprioristicamente quando não admitem os milagres como acontecimentos possíveis. Toda decisão tomada a priori é um suicídio intelectual. Não é porque se é naturalista que alguém pode determinar como improvável um milagre, pois, fazendo isso, temos uma caracterização de especulação filosófica que vira as costas pra a investigação histórica.
Spinoza e Hume, e todos que negam os milagres, são contestadores que não investigaram cada evento de toda história humana, não avaliaram todos os relatos dos milagres, não se ocuparam com as evidências, caso a caso, mas, simplesmente, concluíram que nenhum relato deles era a respeito de milagres. Como podem os céticos saber que milagres nunca ocorreram? Não podem. No máximo, o que fazem é supor o que desejam provar com o argumento da natureza uniforme, nada mais. Os naturalistas, ao que parece, incorrem numa petitio principii (petição de princípio), uma falácia lógica. A visão naturalista de Hume que norteia os céticos opõe-se, conforme esclarecido, ao elemento “sobrenatural” – ela é antissobrenaturalista.
Avançando um pouco mais nesse tópico, depois de apresentar improcedências nos argumentos antimilagres de Spinoza e Hume, discutamos um pouco o método de análise do Novo Testamento que os antissobrenaturalistas adotam. Esse método, a ser citado pelo nome logo a frente, carrega a inclinação naturalista de Hume de pensar os milagres como impossíveis; logo, descartados a priori, pois a experiência contra milagres é inalterável e firme, independentemente de existirem ou não evidências a respeito de qualquer milagre alegado. Sigamos.
Bernard Ramm (1916–1992) comenta a abordagem naturalista nos seguintes termos:
Se a questão girar em torno da existência do sobrenatural, mui obviamente tal abordagem fez da conclusão a sua premissa maior. Em suma, antes da crítica realmente começar, o sobrenatural já foi eliminado. E terá de desaparecer totalmente. Portanto, a conclusão não será resultante de um estudo feito com a mente aberta acerca do sobrenatural, e, sim, uma conclusão determinada dogmaticamente, por parte de uma metafísica antissobrenatural. Sobre qual outra base poderiam os críticos anular completamente (destaque do autor) o elemento sobrenatural em um documento que, reconhecidamente, reveste-se de valor histórico.[29]
É importante o pesquisador não alijar do contexto histórico, por exemplo, a ressurreição de Cristo por causa de seus pressupostos nada propensos à flexibilidade. Frente às surpresas no processo investigativo, o historiador crítico sério não concebe nada como impossível mesmo que suas convicções sejam confrontadas. Não é tarefa dos estudiosos aproximarem-se da história com vistas à sua construção partindo de noções preconcebidas como se portava Hume. São as melhores evidências que devem norteá-los em seu trabalho e não seus pressupostos filosóficos.
Rudolf Bultmann que reduziu a ressurreição de Cristo a uma experiência existencial dos discípulos e que rejeitava os milagres, concorda com esse tipo de comportamento. Para ele “… o historiador certamente não goza de licença para pressupor os resultados de suas pesquisas”[30].[31]
O método usado na formulação de uma teologia do Novo Testamento pelos críticos radicais e que descarta milagres é chamado histórico-crítico. Este método, segundo Ladd, é um filhote do racionalismo. Seus critérios propostos pelo sociólogo Ernest Troeltsch (1865 – 1923) são os seguintes: crítica, analogia e correlação. O primeiro diz que todas as declarações históricas deverão ser analisadas quanto ao seu conteúdo de verdades históricas. O segundo, ligado ao primeiro, advoga que o mundo é um sistema fechado e o que não acontece hoje também não pode ocorrer outrora. Ou seja, “baseia-se na necessidade de eventos análogos atuais para ratificação dos eventos históricos”.[32]Esse é o padrão para julgar a realidade dos eventos no passado. No caso do terceiro, os eventos históricos estão subordinados à lei de causa e efeito e, o que não derivar dessa lei, não poderá ser considerado confiável do ponto de vista histórico.[33] Ladd crítica esse método: “o método histórico-crítico não é um método adequado para interpretar a teologia do Novo Testamento, isso porque suas pressuposições limitam suas averiguações até à exclusão da mensagem bíblica central.”[34] A parte em negrito é consubstanciada pelo fato de que para um crítico radical a presença de um elemento miraculoso torna-se razão suficiente para a rejeição de um acontecimento histórico.
Decorrente do uso desses critérios, as experiências de milagres que não ocorrem hoje não ocorreram na história. O passado não diverge essencialmente do presente. Visto não existir na experiência contemporânea ressurreições, falta sentido advogar que um morto tenha ressuscitado no passado, diz Troeltsch. Mas, há uma questão importante a se destacar: o cristianismo advoga que a ressurreição de Jesus foi um evento singular, único, portanto, é de se esperar que não existam eventos análogos hoje em dia.
Concluo fazendo duas perguntando: estariam os milagres, no debate científico contemporâneo, descartados? Para Lennox “não há nenhuma objeção científica, em princípio, à possibilidade de milagres.”[35] Pode o homem moderno admitir um ‘milagre’ como o da ressurreição de Cristo? Sim! Nesta era relativista de Einstein o universo está aberto a todas as possibilidades.
A Investigação Crítica
É irracional a alegação de alguns céticos que a aceitação da ressurreição de Cristo sugere um salto no escuro e a adesão a uma crença que se opõe às evidências e à razão. Lucas, por exemplo, era um homem da ciência, pois ele era médico (Cl 4:14). Também é sabido, devido conclusões de estudiosos, que ele era grego de boa educação e de boa formação. Isso é observável quando se analisa o seu estilo literário. Para os eruditos imparciais Lucas também pode e deve ser considerado um excelente historiador. Descobertas arqueológicas têm demonstrado a precisão das informações lucanas no Evangelho e em Atos.[36] Lucas revela uma responsabilidade insuspeita em narrar os fatos que envolveram o ministério terrenal de Jesus Cristo quando ele diz: “eu mesmo investiguei tudo cuidadosamente, desde o começo…” (Lc 1:3).
É importante destacar a palavra “cuidadosamente” nesse momento. Aqui o autor usa a palavra grega akribôs que significa “acuradamente”, indicando que a pesquisa foi feita de maneira meticulosa. Em Atos 1:3, falando sobre a ressurreição de Cristo, ele escreve: “… deu-lhes muitas provas indiscutíveis de que estava vivo.” Dessa referência devemos destacar a frase “muitas provas indiscutíveis”. A palavra grega que ele usa, étekmerion, significa, em lógica, “prova demonstrativa”, e na linguagem médica, “evidência demonstrativa.”[37]
A observação do uso dessas palavras gregas por Lucas, fato que depõe favoravelmente a ele quanto à certeza de uma narrativa precisa, leva facilmente à aceitação de que a crença da igreja primitiva na ressurreição de Cristo era fundamentada em acontecimentos reais e, portanto, históricos. Os discípulos, por vezes, são acusados pelos críticos de serem possuidores de uma cosmovisão mítica e, por conta disso, serem capazes de construir o mito da ressurreição de Cristo. Este tipo de compreensão sobre a visão de mundo dos discípulos e das pessoas do primeiro século faz delas sujeitos ingênuos e até ignorantes. Mas, uma breve análise de algumas passagens bíblicas mostra-nos que os discípulos não eram assim tão ingênuos como supõem os críticos. Vejamos.
1 – Pedro dizia que eles não seguiam fábulas construídas pelos homens de maneira engenhosa (2 Pe 1:16).2 – No Areópago, o discurso paulino sobre a ressurreição de Cristo chocou os ouvintes (At 17:16-34). Por qual razão os ouvintes de Paulo escarneceram dele quando ele falou sobre a ressurreição?3 – Quando Tomé manifesta uma “incredulidade” sobre a notícia da ressurreição de Cristo ele está dando algum sinal de ingenuidade? Quando ele fala em ver e em tocar no sinal dos cravos, ele está mostrando ser tão primitivo assim como gostam de afirmar os críticos?
Acreditando num primitivismo dos discípulos, os críticos reduziram a ressurreição de Cristo, crida objetivamente por seus seguidores, em uma experiência existencial e a-histórica. Porém, parece que as evidências demonstram que eles estão errados.
Os critérios históricos usados para examinar a ressurreição de Cristo como sendo ou não a explicação mais plausível para o túmulo encontrado vazio naquele domingo de Páscoa devem ser os mesmos adotados para a análise de outros eventos históricos passados. A busca por evidências que satisfaçam um enfoque adequado e a sustentabilidade dos fatos pleiteados indicam critérios que atestam a plausibilidade da ressurreição de Cristo. Por eles é possível estabelecer um argumento histórico sólido sobre a ressurreição.
Estudiosos defensores da ressurreição de Cristo como sendo um acontecimento histórico aberto à investigação crítica creem existir evidências suficientes para corroborá-la. Por uma abordagem historiográfica interessada nas evidências, pode-se concluir ser a mesma a melhor explicação para o túmulo vazio. Por uma atitude crítica, um crítico histórico pode perfeitamente examinar as testemunhas, atestar a morte por crucificação, analisar todo o processo de sepultamento e ratificar todas as afirmações de que Jesus Cristo ressuscitou e que o túmulo não estava mais ocupado e sim vazio. Para esse corpo de evidência histórica, a ressurreição de Jesus Cristo é a explicação mais provável e plausível frente as teorias da síncope, conspiração, alucinação e do mito.
Vejamos o caso do túmulo vazio e o uso de um critério de historicidade[38] chamado atestação múltipla.
Também denominado de “corte transversal” e “múltipla confirmação”, o critério atestação múltipla é explicado por Craig: “o fato é relatado em múltiplas fontes primárias da época em que se alega que ele ocorreu e que não dependam umas das outras nem de uma fonte comum.”[39] Um exemplo com múltipla atestação são as palavras de Jesus sobre o pão e vinho na Última Ceia (Mc 14:22-25; 1ª Co 11:23-26; Jo 6:51-58). Outro exemplo são as palavras de Jesus a respeito da lâmpada que aparecem em Mc 4:2, Mt 5:15 e Lc 11:33 [=Q[40]].
Consoante a fontes antigas e independentes relacionadas ao túmulo vazio temos a fonte de Marcos, Mateus e João apresentam o caso a partir de fontes distintas, Atos (2:29, 13:36) e Paulo na apresentação do antiquíssimo credo descrito em 1ª Coríntios 15:4. Tanto Craig como Geisler & Turek, informam que Gary Habermas numa revisão do estado da arte pesquisou mais de 2.200 publicações em inglês, francês e alemão sobre a ressurreição de Jesus de Nazaré e descobriu que 75 por cento dos pesquisadores veem a narrativa do sepulcro vazio como histórica.
Digno de nota é o fato que no debate sobre a historicidade da ressurreição de Jesus Cristo, crer ou não que o apóstolo Paulo tinha o conhecimento do túmulo vazio faz muita diferença. Estudiosos que negam a ressurreição como um fato histórico dizem que o apóstolo desconhecia qualquer antiga narrativa de um túmulo vazio. Os eruditos J. M. Borg e John Dominic Crossan afirmam: “Paulo não enfatiza um túmulo vazio. Pelo contrário, ele baseia sua confiança na ressurreição de Jesus, nas aparições de Jesus aos seus seguidores e, em última instância, no que ele próprio, Paulo, entende como visões.”[41] Crossan ainda diz:
As narrativas do sepultamento e ressurreição foram recente criação ilusória de fatos que se desejaria fossem realidade. O cadáver de Jesus seguiu o caminho dos corpos de todos os criminosos abandonados: provavelmente coberto apenas com refugo, vulnerável aos cães selvagens que vagavam a terra devoluta das áreas de execução.[42]
Assim, as narrativas do túmulo vazio não passam de acréscimos aos textos evangélicos. Ou seja, são lendas inseridas no contexto da fé e que o apóstolo Paulo não tinha conhecimento sobre nenhuma tumba vazio. No entanto, é possível encontrar pistas apontando para o fato de que o apóstolo Paulo conhecia o túmulo vazio.
A metodologia que Crossan usa nos estudos dos textos evangélicos para determinar o que é “autêntico” ou não traz em seu bojo o descarte imediato de toda profecia e todo milagre. Ou seja, o antissobrenaturalismo faz parte do escopo metodológico e essa realidade compromete suas análises, pois, aprioristicamente, a ressurreição corporal de Jesus não deve ser levada em conta, mas preterida. Temos aqui Crossan se posicionando segundo Spinoza, Hume e Troeltsch.
O problema nesse cenário é que Crossan e outros estudiosos (historiadores e teólogos) em suas pesquisas aproximam-se de seu objeto de estudo repletos de preconceitos não históricos, mas filosóficos. Noutras palavras, são as convicções metafísicas que determinam os resultados “históricos” e não os fatos, as evidências. Se o naturalista continuar a negar um mundo teísta não haverá conjunto de provas que o convença da plausibilidade da ressurreição de Jesus Cristo. Com essa tendência metodológica a ressurreição de Jesus não pode ser outra coisa que não um mito. Wolfhart Pannenberg disse: “o fato decisivo na determinação do que aconteceu no primeiro dia da Páscoa é a evidência contida no Novo Testamento, e não as teorias dogmáticas e efêmeras dos estudiosos acerca da natureza da realidade.”[43]
Mas, Paulo sabia alguma coisa sobre o túmulo vazio?
Paulo e o Túmulo Vazio
Um dos acontecimentos históricos mais veementes que favorece a aceitação da ressurreição corporal de Jesus Cristo é a transformação de Saulo de Tarso, o apóstolo Paulo. Sua conversão dificilmente pode ser explicada por alguma teoria naturalista. Falar sobre Paulo e o túmulo vazio é importante porque as cartas paulinas foram escritas muito cedo. Por exemplo: Romanos foi escrita entre 55-58 d.C. e 1ª Coríntios foi escrita em 56 d.C. Com essas datas temos entre 26 e 28 anos de distância entre a escrita delas e a condenação, crucificação, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Ou seja, do ponto de vista histórico temos uma distância cronológica ínfima. Alguns pesquisadores têm compreendido que a afirmação “ressuscitou ao terceiro dia” de 1ª Coríntios 15:1-8 é uma prova de que Paulo conhecia o túmulo vazio. Leiamos.
Ora, eu vos lembro, irmãos, o evangelho que já vos anunciei; o qual também recebestes, e no qual perseverais, pelo qual também sois salvos, se é que o conservais tal como vo-lo anunciei; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras; que apareceu a Cefas, e depois aos doze; depois apareceu a mais de quinhentos irmãos duma vez, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormiram; depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos; e por derradeiro de todos apareceu também a mim, como a um abortivo.
Essa Escritura, segundo estudiosos como Ben Whiterington III e Wolfhart Pannenberg, é um antigo credo cristão. Hanegraaff diz que “os estudiosos de todos os naipes concordam que este credo pode ser datado de três a oito anos da própria crucificação.”[44] Observe: três a oito anos, uma data recuadíssima! Craig comenta: “essa tradição provavelmente foi transmitida a ele (Paulo) o mais tardar na época de sua visita a Jerusalém, em 36 d.C. (Gl 1:18), se não antes, em Damasco.”[45] Simon Kistemaker explica: “as palavras recebi e entreguei são termos técnicos que indicam os elos individuais na corrente da tradição (transmissão de um depósito sagrado).”[46] As provas técnicas de que tal escritura trata-se de um antigo credo são as seguintes:
1. As palavras entreguei e recebi são termos descritivos do tratamento rabínico da tradição santa, indicando que esta é uma tradição santa recebida por Paulo;2. Várias frases primitivas e antigas, pré-paulinas, são usadas (“os doze”, “ao terceiro dia”, “foi visto”, “pelos nossos pecados”, “ressuscitou”). Estas frases são judias e primitivas;3. O estilo poético é hebraico;4. O aramaico Cefas é usado; este era um modo antigo de referir-se a Pedro.[47]
Esta declaração é um credo por causa de sua forma aramaica primitiva, afirmam estudiosos. Muito possivelmente era usada nos cultos em forma de cântico. O fator importante que este antigo credo cristão citado por Paulo traz à baila é que o evangelho paulino não se baseia numa revelação espiritual apenas, mas em eventos históricos sólidos. Paulo deixa claro que seu ensino é oriundo de uma tradição recebida e ele a reproduz sem nenhum questionamento.
Aos que levantam a hipótese de que a ressurreição é uma invenção da igreja primitiva, é bom lembrar não ter havido tempo para a igreja inventar uma história como a da ressurreição, pois mitos e lendas, para serem construídos, requerem pelo menos duas gerações para ornarem os fatos históricos e, como já foi dito, o antigo credo cristão dista 3 a 8 anos da crucificação, morte e ressurreição. Isso significa que faltou tempo necessário para criações comunais.
Craig, citado por Kreeft & Tacelli, argumenta: “os evangelhos foram escritos com proximidade temporal e geográfica tamanha aos eventos neles registrados que teria sido praticamente fabricá-los”.[48] McDowell, citando Otto A. Piper[49] escreve que “a sociologia e a antropologia têm defendido que as comunidades são mais receptivas do que criativas”.[50]
Ora, crer que as comunidades cristãs primitivas, antes que passasse uma geração, logo se esqueceram do que Jesus havia dito e não havia dito e, por necessidades de desenvolver regras de condutas, ensinos para novos convertidos e homilias, elas criaram todo seu material e atribuíram a Jesus, faz delas realidades mais fantásticas e admiráveis que o próprio Mestre. Caso os discípulos tenham criado a história da ressurreição – e demais questões relacionadas a Jesus – eles deveriam figurar entre as mentes mais criativas e fantasiosas como J.R.R. Tolkien (O Hobbit e O Senhor dos Anéis) e C. S. Lewis (As Crônicas de Nárnia). Quem sabe, ultrapassá-las.
Floyd V. Filson comenta:
Inevitavelmente devemos suspeitar de qualquer tendência de fazer derivar o grosso da tradição evangélica, que é perenemente vital, das massas crentes, e não do próprio Jesus. Se não situarmos o começo dos registros escritos sobre as palavras e atos de Jesus, mais tarde que o ano 50 d.C., dificilmente encontraremos espaço para tão notável atividade criativa que atribui aos primeiros cristãos a elaboração de qualquer porção maior das tradições.[51]
Portanto, as tradições de Jesus tem origem nele, em suas atividades e, certamente, conjecturar que a comunidade cristã primitiva vivia inventando coisas a respeito do Jesus histórico é uma tolice.
Mas, onde está o túmulo vazio no credo? Já foi dito que está no versículo 4: “foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia”. Quando o apóstolo diz “foi sepultado” (etaphe) ele está demonstrando ter (ou isso é subentendido) conhecimento do túmulo vazio. Além dos escritores dos Evangelhos, apenas Paulo menciona esse fato. Em Atos 13:29 Paulo declara: “depois de cumprirem tudo o que a respeito dele estava escrito, tirando-o do madeiro, puseram-no em um sepulcro.” Na tumba o corpo de Jesus Cristo descansava. Seu sepultamento é consequência de sua morte e prenúncio de sua ressurreição. Por lá ficou por curto espaço de tempo e o próprio apóstolo afirma ter ele ressuscitado.
Paulo entende a ressurreição como tendo sido corporal ou espiritual? A conexão entre os verbos “sepultar’ e “ressuscitar” no conjunto da frase não pode indicar o sepultamento do corpo e uma ressurreição espiritual como defendem alguns. No contexto Paulo fala nos versículos 35 e 44 de soma, “corpo físico” a ser transformado pelo Espírito Santo tornando-se apropriado para entrar na vida eterna e para experimentar a imortalidade. A expressão “ao terceiro dia” também sustenta uma ressurreição corporal. Provavelmente, temos uma referência à experiência das mulheres que ao terceiro dia foram à tumba e encontraram-na vazia (Mt 28:1-10; Mc 16:1-8; Lc 24:1-12; Jo 20:1-10). Ademais, em Atos 17:18 Lucas diz que interlocutores de Paulo apontavam-no como “pregador de estranhos deuses, pois pregava a Jesus e a ressurreição” (ênfase minha). A palavra em negrito é anastasis (grego) e significa “levantar-se de novo”. A conotação extraída é de uma ressurreição corporal.
Bart D. Ehrman, teólogo liberal e agnóstico, afirma que para Paulo a ressurreição de Jesus foi física:
Paulo quer lembrar a seus seguidores que, de fato, Jesus, real e fisicamente, foi erguido dentre os mortos. Paulo […] insiste em que a doutrina da ressurreição tem a ver com uma verdadeira ressurreição física. Jesus não foi erguido apenas espiritualmente.[52]
Além de 1ª Coríntios 15:4, 35 podemos ver também em Romanos (uma epístola paulina bastante antiga) que o apóstolo tinha a informação de que o túmulo estava vazio. No capítulo 8 versículo 11 ele diz: “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também os vossos corpos mortais…” Observe que nesse verso o escritor comunica aos seus interlocutores que eles poderiam ter a esperança de que seriam vivificados da mesma maneira que foi quando Jesus ressuscitou.
Tal esperança incluía uma transformação de seus corpos mortais. O uso do advérbio “também” indica que do mesmo modo como aconteceu com o corpo de Jesus em sua ressurreição assim iria acontecer com os corpos deles. Ora, se os cristãos terão seus corpos mortais vivificados porque o de Jesus passou por tal experiência é evidente que o apóstolo tinha o conhecimento de que o túmulo de Jesus Cristo estava vazio, pois é um contrassenso falar de um corpo mortal vivificado e pensar que tal corpo ainda jaz na sepultura.
Como Paulo fala de uma ressurreição corporal de Jesus, torna-se óbvia a conclusão que ele sabia de um túmulo vazio deixado para trás. Paulo conhecia o sepulcro vazio e tal conhecimento descansa em uma realidade histórica atestada por um o antigo credo cristão que “pode ser rastreado até às fases formativas da primeira igreja cristã.”[53] Está claro no escritos paulinos que o apóstolo por diversas vezes ocupa-se com a transmissão de informações históricas. E mais, em alguns casos, essas informações são frequentemente reconhecidas pelos estudiosos como sendo mais antigas que os próprios escritos dele (vide Rm 1:3-4; 1ª Co 11:23ss, 15:3-8; Fp 2:6-11; Cl 1:15-18; 1ª Tm 3:16; 2ª Tm 2:8).
Conclusão
Vimos que o Novo Testamento está marcado pela ressurreição de Jesus Cristo de Nazaré. Os primeiros cristãos não tinham dúvidas quanto a esse evento ter ocorrido na história e na dimensão espaço-tempo. Para eles, Deus operara esse milagre. Vimos que não há razões para se negar a ocorrência de milagres, pois, com o advento da física de Albert Einstein o universo ficou aberto. Spinoza, Hume, Troeltsh e o método histórico-crítico com seu antissobrenaturalismo já não reinam absolutos. Vincent Taylor, um destacado crítico de forma[54], adverte: “Já é tarde demais para rejeitar a questão, afirmando que ‘os milagres são impossíveis’; esse estágio da discussão jaz definitivamente no passado […]”. [55]A não ser numa mente naturalista, ateia e, portanto, teimosa.
A maneira de se aproximar dos relatos sobre milagres e, no caso específico aqui, sobre o milagre da ressurreição de Jesus Cristo, não pode ocorrer a partir de um viés filosófico, mas histórico. Na filosofia, pode-se discutir se os milagres são possíveis, mas para responder se eles realmente acontecem isso tem que ser feito a partir do viés histórico. Como não é tarefa do historiador entrar no âmbito da ciência ou da metafísica, assim não é apropriado a um filósofo com seus dogmas pôr-se no caminho como um empecilho. Para McGrath “a evidência histórica nos liberta do dogmatismo dos pressupostos metafísicos sobre o que pode e o que não pode ter acontecido na História […]”.[56]
O sepulcro vazio, um fato estabelecido e independente, cuja sustentação descansa no relato histórico do sepultamento, trabalhado aqui de modo breve, é um dado histórico que nos põe frente a frente com a necessidade de considerar a ressurreição do Nazareno como “um evento em que o mundo de Deus fez interseção com o mundo do tempo e do espaço.”[57] Sim, a ressurreição de Jesus Cristo é a explicação mais provável e plausível exigida pela evidência histórica. Existem outros argumentos históricos específicos a favor da ressurreição que consubstanciam a conclusão desse texto. São eles: as aparições de Jesus; o fato das mulheres serem as portadoras da notícia do túmulo vazio e as origens da fé cristã. Todos eles são fatos independentes e estabelecidos.[58]
Outro testemunho histórico poderoso em favor da ressurreição de Cristo e relacionado ao sepulcro vazio é dado exatamente por seus inimigos. Trata-se da não refutação objetiva, inquestionável e conclusiva deles em relação à afirmação dos discípulos de que Jesus Cristo ressuscitara. Isso é um fato histórico. Por qual razão os judeus e os romanos foram incapazes de apresentar refutações diretas e fulminantes? Por qual razão eles ficaram silentes? Por qual razão eles usaram de perseguições, martírios e ameaças para tentar frear o avanço do cristianismo quando uma simples apresentação do corpo de Jesus Cristo resolveria o caso? Caso o cadáver de Cristo fosse apresentado a terrível superstição cristã seria desacreditada imediatamente. A não apresentação do corpo de Jesus Cristo por parte dos soldados romanos e dos judeus tornou-se num argumento histórico tão poderoso quanto o testemunho dos apóstolos sobre a ressurreição de Jesus Cristo – Um Fato Histórico na Dimensão Espaço-Tempo Aberto ao Escrutínio Crítico.
Notas
[1] Jesus Cristo não morreu na cruz, mas apenas desmaiou. Esta teoria foi a preferidas dos racionalistas do século XVIII.
[2] Os discípulos roubaram o corpo de Cristo. Esta teoria remonta ao Novo Testamento (Mt 28:13) e foi debatida também no período patrístico quando Orígenes se opôs ao pagão Celso.
[3] As aparições de Jesus não passaram de alucinações das pessoas que disseram ter visto Jesus ressuscitado.
[4] As mulheres e todos os que vieram depois delas estiveram no túmulo errado.
[5] CRAIG, William Lane. Em Guarda: defenda a fé cristã com razão e precisão. São Paulo: Vida Nova, 2011, p. 290.
[6] KREEFT, Peter; TACELLI, Ronald K. Manual de Defesa da Fé. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2008, p. 294.
[7] In: MCDOWELL, Josh. Evidências da Ressurreição de Cristo. São Paulo: Editora Candeia, 1994, p.35.
[8] Trata-se de uma coalizão de eruditos, criada em 1985, que decidiu empreender esforços para reduzir à insignificância o Jesus Cristo bíblico. O seu fundador foi Robert Funk, um ateu. Para ele, Jesus provavelmente seria o primeiro comediante judeu. Ao lado de Funk, surge, como cofundador do Seminário de Jesus, John Dominic Crossan, um destacado teólogo que tem se esforçado por levar a doutrina da ressurreição corporal de Cristo à ruína. Geisler & Turek informa que alguns membros do Seminário de Jesus não são nem estudiosos como no caso de um deles que é produtor de cinema.
[9] PAUL, Copan (editor). O Jesus dos Evangelhos: mito ou realidade? / Um debate entre William Lane Craig, John Dominic Crossan. Tradução de Emirson Justino. São Paulo: Vida Nova, 2012, p. 35.
[10] ibid., id.
[11] CROSSAN, John Dominic. Jesus: uma biografia revolucionária. Tradução Júlio Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: Imago, 1995, p. 107.
[12] (1911-1982) foi professor de exegese e teologia do Novo Testamento no Fuller Theological Seminary em Pasadena, Califórnia.
[13] In: COENEN, Lothar; BROWN, Colin (orgs.). Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. Tradução: Gordon Chown. 2 ed. Vol. 2. São Paulo: Vida Nova, 2000, p. 2093.
[14] ibid., p. 2089.
[15] Veja aqui.
[16] VOLTAIRE. Dicionário Filosófico. São Paulo: Martin Claret, 2002, p. 373.
[17] MORELAND, J. P. “>aqui.
[16] VOLTAIRE. Dicionário Filosófico. São Paulo: Martin Claret, 2002, p. 373.
[17] MORELAND, J. P. ” />amp; CRAIG, W. L. Filosofia e Cosmovisão Cristã. São Paulo: Vida Nova, 2005, p.688.
[18] GEISLER, Norman; TUREK, Frank. Não Tenho Fé Suficiente Para Ser Ateu. São Paulo: Editora Vida, 2006, p. 152.
[19] ibid., id.
[20] MORELAND, J. P. & CRAIG, W. L. Op. cit., p.689.
[21] As leis de Newton são as leis que descrevem o comportamento de corpos em movimento, formuladas por Isaac Newton. Descrevem a relação entre forças agindo sobre um corpo e seu movimento causado pelas forças. Essas leis foram expressas nas mais diferentes formas nos últimos três séculos. Isaac Newton publicou estas leis em 1687. foi um cientista inglês, mais reconhecido como físico e matemático, embora tenha sido também astrônomo, alquimista, filósofo natural e teólogo. Extraído daqui.
[22] In: MCDOWELL, Josh; WILSON, Bill. Ele Andou Entre Nós: Evidências do Jesus Histórico. São Paulo: Candeia, 1998, p. 294.
[23] HUME, David. Investigação Acerca do Entendimento Humano (versão para e-book). Edição Acrópole. Tradução: Anoar Aiex, 2006.
[24] LEWIS, C. S. Milagres. São Paulo: Vida, 2006, p. 105.
[25] LENNOX, John C. Por Que a Ciência Não Consegue Enterrar Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 2011, p. 283.
[26] LEWIS, C. S. Milagres. São Paulo: Vida, 2006, p. 63.
[27] KREEFT, Peter; TACELLI, Ronald K. Op. cit., pp. 166-67.
[28] FLEW, Antony. Deus Existe: As Provas Incontestáveis De Um Filósofo Que Não Acreditava em Nada. Tradução de Maria Marques Martins. São Paulo: Ediouro, 2008, p. 81.
[29] In: MCDOWELL, Josh. Evidência que Exige um Veredito: evidência histórica da fé cristã. São Paulo: Editora: Candeia, 1997, vol. 2, p. 28.
[30] ibid., p.36.
[31] É aqui que os eruditos da Alta Crítica, por exemplo, tropeçam quando analisam o Pentateuco e determinam que o mesmo não foi escrito por Moisés. Eles desprezam evidências arqueológicas e históricas favoráveis a uma autoria mosaica do Pentateuco exatamente por causa de pressupostos filosóficos e, por isso, acabam por fazer do Pentateuco uma colcha de retalhos.
[32] MCGRATH, Alister. Apologética Cristã no Século XXI: Ciência e Arte com Integridade. São Paulo: Vida, 2008, p.220.
[33] GREIDANUS, Sidney. O Pregador Contemporâneo e o Texto Antigo: interpretando e pregando literatura bíblica. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.
[34] ibid. p. 55.
[35] LENNOX, John C. Op. cit., p. 288.
[36] Vejamos dois exemplos. Lucas fez menção a Lisânias, tetrarca de Abilene em Lucas 3:1. Esta indicação se dá no início do ministério de João Batista em cerca de 27 A.D. A história antiga registrava apenas um certo Lisâneas morto em 36 a.C. Porém, um descoberta perto de Damasco, datada de 14 a 29 A.D. registra um “liberto de Lisânias, o Tetrarca”. Arqueólogos alegavam que a informação de Lucas em Atos 14:6 sobre Listra e Derbe ficar na Licaônia e Icônio não, estava errada e, assim, o livro de Atos não era confiável. Mas, em 1910, um monumento foi encontrado indicando que Icônio era uma cidade da Frígia. Consulte MCDOWELL, Josh. Evidência que Exige um Veredito: Evidências Históricas da Fé Cristã. São Paulo: Editora: Candeia, 1997, vol. 1, p. 90.
[37] RIENECKER, Fritz e ROGERS, Cleon. Chave Linguística do Novo Testamento Grego. São Paulo: Vida Nova, 1995, p. 194.
[38] Para maior aprofundamento quanto a critérios de autenticidade consultar MEIER, John Paul. Um Judeu Marginal: repensando o Jesus histórico. Tradução de Laura Rumchinsky. Rio de Janeiro: Imago, 1992.
[39] CRAIG, William Lane. Op. cit., p. 217.
[41] Hipotética fonte (além de Marcos) usada por Mateus e Lucas para a composição dos Evangelhos que levam seus nomes. Denomina-se Q devido seu nome em alemão Quelle(fonte).
[42] BORG, Marcus. J.; CROSSAN, John. D. Última Semana: um relato detalhado dos dias finais de Jesus. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007, p. 253.
[43] HANEGRAAFF, Hank. Ressurreição. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 46.
[44] In: MCGRATH, Alister. Op. cit., p. 221.
[45] HANEGRAAFF, Hank. Op. cit., p. 56.
[46] CRAIG, William Lane. Op. cit., p. 246.
[47] KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: 1 Coríntios. São Paulo: Cultura Cristã, 2004, p. 546.
[48] MCDOWELL, Josh e WILSON, Bill. Op. cit., p. 150.
[49] KREEFT, Peter; TACELLI, Ronald K. Op. cit., 289.
[50] Professor de Teologia Bíblica no Princeton Theological Seminary (EUA).
[51] MCDOWELL, Josh. Op. cit., 1997, vol. 2, p. 349.
[52] In: ibid. p. 350.
[52] EHRMAN, Bart D. O Problema com Deus: as respostas que a Bíblia não dá ao sofrimento. Rio de Janeiro: Agir, 2008, p. 210.
[53] MCGRATH, Alister. Op. cit., p. 221.
[54] LADD, George Eldon apud COENEN, Lothar; BROWN, Colin (orgs.). Op. cit., p. 2094.
[55] Consulte os livros de referência citados aqui que se ocupam em defender a historicidade da ressurreição de Cristo.
[56] HANEGRAAFF, Hank. Op. cit., p. 56.
[57] “A crítica da forma é uma tentativa para recuperar as unidades da tradição oral que circulavam antes dos evangelhos serem escritos. Segundo são concebidos, essas unidades incluiriam antigas narrativas, como o relato, da paixão, parábolas, declarações ou ensinos, relatos de milagres e lendas. Tudo estaria baseado em graus variegados de verdade, de mistura com a ficção.” CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. São Paulo: Hagnos, 9ª edi. 2008, vol. 1, p. 992. Um dos principais proponentes da Crítica de Forma foi o destacado teólogo alemão Rudolph Bultmann.
[58] In: MCDOWELL, Josh. Op. cit., 1997, vol. 2, p. 34.
Fonte: Zuinglio Rodrigues.