Deus tem um Nome?
Agora, quero chamar sua atenção para algo poderoso. Note que em Mateus 4:8, quando Jesus respondeu a tentação com Deuteronômio 6:13, ao invés de Ele usar o Nome “JAVÉ”, Ele mencionou o adjetivo “Senhor”. O mesmo acontece com TODOS os demais trechos do Antigo Testamento (AT), que contêm o Nome, usados pelos autores do Novo Testamento (NT). Compare alguns:
AT “Disse JAVÉ ao meu Senhor” (Sl 110:1)
NT “Disse o Senhor ao meu Senhor” (Mt 22:44)
AT “E acontecerá que todo aquele que invocar o nome de JAVÉ será salvo” (Jl 2:32)
NT “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10:13)
AT “JAVÉ, tenho-o sempre à minha presença; estando ele à minha direita,
não serei abalado” (Sl 16:8)
NT “Diante de mim via sempre o Senhor, porque está à minha direita, para que eu não seja abalado” (At 2:25)
A explicação está no medo dos judeus em transgredir o terceiro mandamento do Decálogo. Temendo pronunciar o Nome santo de Deus, criaram o costume de, quando fossem escrever YHWH*, em seu lugar escrevessem Adónây (Senhor). Esse processo de substituição se deu, possivelmente, no período intertestamentário, isto é, entre os dois Testamentos bíblicos. Entretanto, quando os primeiros livros das Escrituras Sagradas (livros do Antigo Testamento) começaram a ser traduzidos para o grego, por volta do terceiro século antes de Cristo, YHWH foi escrito desse mesmo jeito, pelo menos até a Septuaginta (designação por que é conhecida a mais antiga tradução em grego do texto hebreu do Antigo Testamento, feita para uso da comunidade de judeus do Egito no final do séc. III a.C e no séc. II a.C; teria sido realizada por 72 tradutores, donde vem o nome. Por simplificação: LXX, em latim. Versão dos 70. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa 1.0). Já nos manuscritos posteriores a LXX, o Nome aparece traduzido por Kúrios (Senhor), do mesmo jeito que os judeus fizeram em suas transcrições! Ou seja, no tempo da chegada do “Descendente”, as cópias do AT (os rolos), tanto em hebraico quanto no grego, com essas substituições, eram comuns. Por isso que Jesus Cristo, os apóstolos e os escritores do Novo Testamento, em lugar do Nome de Deus, mencionaram apenas Senhor de modo que o Nome JAVÉ não aparece em nenhum lugar no Novo Testamento! [Diccionario Bíblico Adventista del Séptimo Día, 1288].
*(o hebraico do que hoje conhecemos por JAVÉ, cujo significado possivelmente é “o que existe por Si mesmo”, o “Eu Sou”, Êx 3:14. O destaque que esse Nome dá a autoexistência de Deus é impressionante, não acha?! Imagine o contraste entre esse Deus com Seu Nome e os deuses pagãos e seus nominhos, quando um filho de JAVÉ pronunciava o Nome de seu Deus diante de alguém que seguia deidades criadas pela imaginação dos homens e dos anjos maus! Pense, por exemplo, no confronto entre Moisés e Faraó em Êxodo 5. Realmente não é de se estranhar o por que de Faraó ser descrito como possuindo um coração de pedra, pois, nem diante de um Nome Todo-poderoso assim ele se sensibilizou!! Na verdade JAVÉ e Jeová são substantivos criados pelos antepassados (massoretas, doutores judeus), tomando o Nome YHWH, de difícil pronúncia, e acrescentando as vogais do hebraico de ADÓNAY. Ou seja, Jeová vem de yəhwāh).
Alguns podem achar um erro o que os escribas judeus e os escritores para o grego fizeram. Entretanto, não vemos nosso Deus Jesus Cristo fazendo qualquer tentativa de correção ou manifestando Seu desacordo com as cópias bíblicas da época. Ele até mencionou alguns desses trechos onde a substituição ocorreu, naturalmente! (Como exemplos você pode comparar: Mt 4:7 e Dt 6:16; Lc 10:27 e Dt 6:5). Por que o Senhor aparentemente não se importou com a substituição de Seu Nome por um simples adjetivo?! Bem, talvez em Sua onisciência Deus viu o quanto alguns valorizariam Seu santo Nome mais do que a Ele mesmo! Talvez o grande JAVÉ com essa atitude quisesse ensinar a humanidade (principalmente aqueles que professam entender a Bíblia) que o Seu Nome, embora O represente bem e ao Seu poder, não possui força nenhuma afastado de Seu Dono! O Nome de Deus se torna apenas um vocábulo comum, em qualquer idioma, quando é escrito ou pronunciado num contexto de mentira, longe da Verdade, de Sua Palavra. Foi Ele mesmo, o JAVÉ encarnado, que asseverou:
“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor (κύριε), Senhor (κύριε)! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade” (Mt 7:21-23).
Usar o santo Nome de Deus como um Abracadabra (At 8:18-24 e 19:13-16) ou sem um compromisso com as Leis do Todo-poderoso pode se tornar um erro letal (Mc 12:24)! Aliás, o Senhor Jesus disse exatamente isso ao falar “praticais a iniquidade”. No grego o significado dessa afirmação é praticais a ilegalidade, sois fora da Lei! Quão terrível será ouvir tais palavras de Deus. Mas não é pra menos! Ensinar mentiras em nome de Jesus, pregar o que a Bíblia condena e fazer “milagres” para confirmar esses ensinamentos, dando a eles uma aparência de legítimos é um crime contra Deus! É pirataria espiritual. Mais – é ser usado como instrumento dos anjos maus para distanciar as ovelhas do Bom Pastor (Jo 10:11-15), é ser pedra de tropeço àqueles que tentam se aproximar da Pessoa de Cristo e são desviados por falsos ensinos (Mt 18:6). Já já voltaremos a falar sobre a prática da ilegalidade pelos que dizem amar e seguir a JAVÉ! De repente passou pela sua mente “mas, e se Jesus não se importou com o Adónây e o Kúrios dos pergaminhos exatamente pelo fato de Ele não ser o YWHW, e sim Seu Filho somente?” Não é um pensamento ruim, a menos que esteja ligado a alguma manifestação de teimosia e preconceito religioso. Há quinze páginas estamos colocando a trajetória de Deus, do JAVÉ único em direção à Sua família terrestre, construindo uma ponte (Gn 28:12 e Jo 2:51) ligando a Terra e o Céu, sobre o abismo do pecado. JAVÉ se fez Homem (Hb 2:9) para morrer por Seus filhos. Mas, antes de morrer, em Sua vida de Filho (dando-nos o perfeito exemplo de relacionamento com Deus), Ele deixou evidências suficientes de que era o grande “Eu Sou”, “o que vive por Si mesmo”, o JAVÉ, pois só Ele poderia dizer:
“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, Eu Sou” (Jo 8:58).
Compare.
“Vede, agora, que Eu Sou, Eu somente,
e mais nenhum deus além de mim” (Dt 32:39).
Jesus colocou sobre Si o Nome de Deus. Ele afirmou ter vida original, “ter vida por Si mesmo”:
“Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo” (Jo 5:26).
Todas as evidências do Antigo Testamento de que JAVÉ é mais de uma Pessoa se confirmam em Jesus! Pois, quem ousaria dizer:
“Tudo quanto o Pai tem é meu” (Jo 16:15)
e,
“ora, todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas” (Jo 17:10),
sem ser louco ou possesso por aquele que tenta até hoje tomar o lugar de Deus??? Só Alguém que também é Deus! Um outro Deus? Um Deus menor? Não! O próprio Deus. JAVÉ Deus é Jesus e é o Pai!
Fonte: Livro JAVÉ, 16-19.