novembro 21, 2024

Blog do Prof. H

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Diálogo sobre Miguel e Lúcifer – conclusão

Devido a essa comparação do profeta Isaías com Vênus, “filho da alva”, helel ben shajar no hebraico, Tertuliano, Jerônimo e outros chamados pais da igreja usaram helel do verbo halel, dar luz ou brilhar, lúcifer, em latim, para denominar o anjo rebelde que ambicionou assentar-se no “monte da congregação” (Is 14:13) ou “monte de Deus” (Ez 28:16). Não ignoro o fato de tanto o rei babilônico como o de Tiro serem pagãos e segundo seu folclore religioso os deuses se reuniam num monte alto, de onde decidiam os assuntos da Terra. Até porque essas culturas pagãs propagavam e muito a versão satânica do conflito entre o mal e Deus! Isso se repete com frequência nos achados arqueológicos – histórias semelhantes as da Bíblia sendo que exaltando o dragão em vez de Miguel.

Para um estudioso das Escrituras, tal semelhança se explica assim, Satanás pregando seu evangelho, recontando a história de sua derrota na sua versão mentirosa de guerreiro vencedor! Se eu acreditasse no paganismo, então poderia concordar que as expressões bíblicas que envolvem o “monte de Deus” são simples referências as tradições pagãs. No entanto, as Escrituras me fazem enxergar que tais mitos são evidências da luta entre Satanás ou Lúcifer e Jesus também presente nas culturas pagãs, e o uso correto que o Espírito Santo e Seus profetas fizeram desses mitos, que foi exatamente corrigir a versão simplista e enganadora dos anjos maus ao apresentar a existência de um “monte da congregação” real, o “monte Sião” (Ap 14:1, Hb 12:22 e Sl 2:6) no Céu, de onde Lúcifer foi expulso juntamente com os outros rebeldes contaminados por ele e por suas heresias (comp. Ap 12:4 e Is 9:15).

 Isso enfatiza a divindade de Miguel ou a de Jesus, pois, se Satanás estivesse guerreando com uma simples criatura de Deus, como entender Isaías, o qual afirmou que Lúcifer queria dominar o Céu e ser “semelhante ao Altíssimo” (Is 14:14)? Se sua luta era e é contra o Altíssimo, como entender que Miguel é só mais um anjo do bem? Na verdade, Miguel é o Altíssimo na forma de anjo, assim como Jesus é o Altíssimo na forma humana. Vamos às evidências bíblicas para essas afirmações poderosas. Acompanhe mais uma sequência de raciocínios bíblicos maravilhosos (arrumação por assuntos de textos espalhados nas Escrituras):

 “Então sonhou: estava posta sobre a terra uma escada, cujo topo chegava ao céu; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela; por cima dela estava JAVÉ, que disse: Eu sou JAVÉ, o Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra em que estás deitado, eu a darei a ti e à tua descendência. Disse-me o anjo de Deus no sonho: Jacó! Eu respondi: Eis-me aqui. Eu sou o Deus de Betel, onde ungiste uma coluna, onde me fizeste um voto” (Gn 28:12, 13 e 31:11, 13, ARA).

 Primeira conclusão: o Anjo de Deus ou de JAVÉ é o próprio JAVÉ, de modo que não é errado afirmar que em Gn 18 o Anjo de JAVÉ conversou com Abraão! Confira essa mesma verdade em Êx 3 e Zc 12:8. Deus não só criou os anjos, como assumiu essa posição. E como anjo, como Deus Se chama? “Anjo de JAVÉ” (Jz 13:19, 22), “Anjo de Deus” como lemos em Gênesis e em praticamente todo o Antigo Testamento, e também Miguel. Vamos para as evidências bíblicas desta última afirmação:

 “Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu o deixei ali com os reis da Pérsia. Naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo; e haverá um tempo de tribulação, qual nunca houve, desde que existiu nação até aquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro” (Dn 10:13 e 12:1). “Respondeu ele: Não; mas venho agora como príncipe do exército de JAVÉ. Então Josué, prostrando-se com o rosto em terra, o adorou e perguntou-lhe: Que diz meu Senhor ao seu servo? Então respondeu o príncipe do exército de JAVÉ a Josué: Tira os sapatos dos pés, porque o lugar em que estás é santo. E Josué assim fez” (Js 5:14, 15). “E apareceu-lhe o anjo de JAVÉ em uma chama de fogo do meio duma sarça. Moisés olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia; pelo que disse: Agora me virarei para lá e verei esta maravilha, e por que a sarça não se queima. E vendo JAVÉ que ele se virara para ver, chamou-o do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés! Respondeu ele: Eis-me aqui. Prosseguiu Deus: Não te chegues para cá; tira os sapatos dos pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa” (Êx 3:2-4).

 A Bíblia nos oferece vislumbres fantásticos de Miguel como príncipe-anjo de Deus, mesmo sendo o próprio Deus, pois exigiu adoração de Josué assim como Ele fizera décadas atrás com Moisés! Se parássemos por aqui já teríamos motivos suficientes para crer na divindade de Miguel. As Escrituras não pregam o politeísmo, mas ensinam sobre as Pessoas divinas – Pai, Jesus e Espírito Santo, a unidade da Trindade, assim como a unidade no casamento entre macho e fêmea (Gn 2:24) e a unidade do corpo místico de Cristo aqui na Terra, Sua Igreja (Jo 17). Ora, se Miguel (cf. Dn 12:1) é “o defensor” (ARA) ou protetor (NVI) ou “que se levanta a favor” (TB) do povo de Deus especialmente no “tempo de angústia” escatológico (comp. Dn 12:1 e I Jo 2:1), é digno da adoração recebida só por JAVÉ e o Anjo de JAVÉ (Js 5:15 e Êx 3:4, ou você encontra outro príncipe digno de adoração na Bíblia além de Miguel?), expulsou Satanás do Céu (Ap 12:7), veio ressuscitar Moisés (comp. Jd 9 e Mt 17:3), tem os Seus anjos e é maior e mais forte do que eles (cf. Dn 10:13 e Ap 12:7), Miguel só pode ser a mesma Pessoa divina de Jesus, ou melhor – uma das três naturezas de Jesus! Jesus é o Anjo de Deus, pois Ele se identificou com o “Eu Sou” de Êxodo 3, cf. Jo 8:58, o qual era o Anjo de JAVÉ. Jesus é Homem, pois morreu. Jesus é Deus, pois antes de possuir as duas outras naturezas, Ele já existia (Jo 1:1-5). Como Homem Ele é menor do que o Pai (Jo 14:28) e do que os anjos (Hb 2:9). Como Anjo Ele trata os anjos como Seus semelhantes, inclusive Satanás (comp. Jd 6 e Dn 10:13). Porém, como Deus é superior a tudo, é Salvador da humanidade, vindicador do caráter da Trindade e destruidor do mal (II Ts 2:8)!

 Conclusão Se Miguel não é divino, então por que Gabriel não venceu o “príncipe da Pérsia” sozinho? Se Miguel não é divino, então por quê Ele venceu Satanás no Céu? Quem é o “descendente” da mulher de Gn 3:15? Se é Jesus, então como afirmar que Jesus é criatura apenas, uma vez que esse texto é uma autoafirmação divina de que Deus Se tornaria um descendente de Eva ou da humanidade para esmagar um anjo ou todo o mal?! Eva em Gn 4:1 pensou que Caim já era JAVÉ em forma de gente! Perceba que essas perguntas são problemas eternos para aqueles que interpretam Jesus observando apenas umas de Suas três naturezas, uma interpretação simplista e completamente equivocada. Se Jesus não fosse o Anjo de JAVÉ (ou ainda Anjo JAVÉ), por que Ele não enviaria o Anjo de JAVÉ ou o Miguel liderando os demais anjos em Sua vinda (cf. Mt 24:30, 31)? Descrer que Miguel é Jesus faz com que existam 5 Pessoas divinas – o Pai, Jesus, o Espírito, o Anjo de JAVÉ e Miguel. Lúcifer, ou melhor, o ex-Lúcifer, guerreou contra Jesus porque achava que ao assumir Sua natureza angelical, Deus Se tornaria vulnerável!

Ledo engano, pois foi precisamente Miguel quem o expulsou do Céu! Outros hoje acham que Deus fica vulnerável em Sua natureza humana, o Cristo, daí criam um politeísmo onde o Pai é JAVÉ e Jesus é Seu primeiro filho, mas digno de adoração, além de negarem a divindade do Senhor Espírito! Logo, como afirmei antes neste artigo, permitir que nossa natureza carnal interprete as Escrituras em vez de observar as ambiguidades originais e os vários pontos de vistas dos próprios profetas bíblicos a respeito do tópico, é facilitar o trabalho daquele que existe para mentir sobre o caráter de Deus e o seu próprio. O resultado é a existência de várias denominações religiosas, contraditoriamente cristãs, que ensinam apenas pedaços do que a Palavra de Deus diz ou então algo que ela não diz! Daí o estilo de muitos professos cristãos não se diferencia muito daqueles que decididamente não estão se preparando para a volta de Jesus. A hermenêutica bíblica é algo muito sério. Só o Senhor Espírito deve ter o direito de presidi-la e a verificação disso se dá no caráter do estudante das Escrituras que vive no Espírito! “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 2:29). (Hendrickson Rogers)

Todo o artigo aqui: Diálogo sobre Miguel e Lúcifer – introduçãoDiálogo sobre Miguel e Lúcifer – 2ª parte.

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