maio 9, 2024

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Cronologia da historicidade da doutrina bíblica da Trindade – 1ª parte

Data
Acontecimentos
Século
4 a.C.
Platão,
representando o pensamento grego da época em que existia um Deus único acima
de todos os outros. Ele escreve “Timeu” – sobre um Deus transcendente que
criou o mundo por meio de um agente chamado “demiurgo”. Aristóteles, mais tarde, chamou esse Deus de “Inamovível Movedor”.
Depois os estóicos (cf. At 17:18,
22-28) O chamaram de “Um”. A ideia sempre foi proteger Deus de Se contaminar
com as coisas materiais – Ele criou alguém, um intermediário, para criar o
mundo físico, o universo visível, enquanto Ele mesmo Se mantinha inacessível
e longe das criaturas!
Século
1 d.C.
Filo de Alexandria,
intelectual judeu e rico, conhecedor do idioma grego, mergulhou nos dois
mundos culturais – greco-romano e judeu! Tentou harmonizá-los dando ênfase à
transcendência inacessível de Deus. Escreveu um tratado “Sobre a Formação do
Mundo” retratando o Logos (agente estóico de Deus) de forma dupla: Logos era tanto o modelo que Deus
criou do universo como o agente que Ele usou para tornar o modelo uma
realidade.
Séculos
1 e 2
Docetismo – Cristo só
parecia humano, mas era puramente divino. Nos Evangelhos, as pessoas veem Jesus
como puramente humano já que Ele viveu como humano. Após Sua ascensão surgiu
a tentação do docetismo: a separação entre Jesus e o Cristo, Jesus sendo homem
e o Cristo sendo Deus.
Visões
docéticas da pessoa de Jesus Cristo: marcionismo
e gnosticismo.
Marcion foi um proprietário
de navios comerciais, no Ponto, próximo ao mar Negro. Vendeu tudo o que possuía,
à semelhança dos cristãos primitivos de Atos 2, patrocina a igreja cristã em
Roma e passa a exercer dupla influência sobre ela – como patrono e líder
vigoroso. Ele rejeitava o AT, pois via o Deus descrito ali como justo, mas
incompetente! Em contrapartida, Marcion olhava para Jesus e via um bom e
salvífico Deus! Por isso também rejeitou tudo do NT que se referia ao Pai.
Sua bíblia era uma parte do Evangelho de Lucas e algumas cartas paulinas! Vem
dele o registro do mais antigo cânon (lista de livros escriturísticos
sagrados) que se descobriu até hoje! Na época em que ele fez isto, existiam
bem mais do que os 66 livros do cânon atual, como opções!
Reagindo à
lista de Marcion, outro líder cristão primitivo, Irineu, argumentou em favor dos quatro evangelhos que hoje fazem
parte de nossas Bíblias! O que impediu o enfraquecimento do marcionismo, a
despeito das ideias não populares e distorcidas do cristianismo primitivo que
ele pregava, basicamente pode ter duas causas: o sentimento anti-judaico e o
fato de os cristãos não terem explorado, até então, os próprios ensinamentos
que professavam! (A Epístola de Barnabé,
provavelmente escrita em Alexandria em meados de 130 d.C. e o Diálogo com Trifo, escrito por Justino, o mártir, por volta de 150
d.C., retratam o desejo de distanciar o cristianismo de qualquer judaísmo). Fim
do marcionismo – a maioria dos cristãos, mesmo na igreja de Roma, aceitou os
quatro evangelhos como inspirados e rejeitou os pontos de vista de Marcion,
além de devolverem sua oferta para a igreja como sendo inaceitável! O
marcionismo gerou algo de importante na mente dos cristãos da época:
precisamos formular um ponto de vista a respeito de Jesus Cristo capaz de
cobrir tudo o que os documentos inspirados revelam a Seu respeito!
Gnosticismo – outro
grande desafio à compreensão cristã de Jesus Cristo proveio dos muitos
diferentes grupos gnósticos de dentro em torno do judaísmo e do cristianismo
durante o 2° século. Eles criam num Deus superior que vivia no último céu e
aparecia na forma de deuses inferiores vivendo nos céus mais próximos da
Terra. O conhecimento era o caminho para ascender de céu em céu após a morte
da matéria (corpo físico). Esse conhecimento advinha sob a forma de chaves
secretas que continham o poder de derrotar os “archons” que guardavam os níveis dos céus! Em alguns sistemas de
gnosticismo as Escrituras eram vistas como um código que continha
conhecimento secreto em suas palavras, mas não em seu significado literal.
Livro Contra
as Heresias
– na primeira parte de seu livro Irineu descreve alguns mitos
sobre as emanações de Deus que os gnósticos acreditavam povoar o Céu. Ele também
usou as Escrituras para derrotar o gnosticismo, mas de modo diferente em
relação ao conflito contra o marcionismo. Marcion rejeitou uma enorme parte
dos livros que hoje são bíblicos e Irineu demonstrou a coerência de vários
deles. Os gnósticos, por outro lado, tendiam a aceitar como Bíblia um maior
número de livros e evangelhos do que os que temos hoje nas Escrituras! Irienu
argumentou em favor de apenas quatro evangelhos. Contudo, mesmo com os quatro
evangelhos e as cartas paulinas os cristãos gnósticos trataram de enxergar
códigos secretos naqueles escritos inspirados capazes de retratar sua própria
compreensão do universo de Deus! Daí, Irineu propôs uma única maneira de ler
corretamente as Escrituras – aquela sancionada pela verdadeira igreja
apostólica. Ele afirmava que os heréticos haviam no início mantido a forma
correta de interpretar as Escrituras, mas se desviaram com mau intento em
favor de outras interpretações! O próprio Irineu, embora afirmasse estar
baseando suas ideias sobre a leitura
original correta
, estava simplesmente apresentando o que ele entendia
como correto. Graças a Deus que a visão dele sobrepujava em muito as
distorções escriturísticas a respeito da Divindade por parte de seus
contemporâneos! O trabalho de Irineu, portanto, foi não apenas
identificar os quatro Evangelhos corretos, a partir dos quais se constituiria a
compreensão de Jesus Cristo, mas também definir a correta interpretação das “Escrituras”!
Pensadores
judaico-cristãos usam a própria filosofia
helenística
como meio de contato com os gregos! Exemplo: O Targum Neofiti, um documento judaico
da Palestina datado do início da era cristã, uma Bíblia reescrita para tornar
a Torá compreensível na linguagem
daquele momento. “No princípio, com sabedoria o Menmra do Senhor criou os céus e a terra… E o Memra do Senhor disse: Haja luz”. Esse
Memra também fala no lugar de Deus,
já que Deus na visão grega não deveria possuir características humanas como
boca ou voz!
Século
2
Teófilo, bispo da
Antioquia da Síria, escreveu uma trilogia para o pagão Autólio que se sentia
atraído pelo monoteísmo judaico-cristão. Teófilo escreve sobre a “trindade”
Deus, Logos e Sofia sendo os dois últimos agentes visíveis de Deus, comparando-os
às duas mãos dEle! O bispo não menciona Jesus em nenhum momento, apenas os
agentes de Deus que permitiam que Ele continuasse Sua existência invisível.
Pesquisa baseada no livro “A Trindade” de Woodrow Whidden, Jerry Moon e John W. Reeve. Ela está em construção. Aguardem sua conclusão! 

Segunda parte desta Cronologia aqui! A terceira parte aqui e a quarta, aqui! (Hendrickson Rogers) 

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