O sobrenatural e a ditadura do ceticismo (pseudo)científico!
O ceticismo é uma maneira de fugir do desconhecido. Assim também o é algum tipo de materialismo e racionalismo. Conheço várias pessoas que diante da mera menção de algo extraordinário, quando não sobrenatural, parecem que correm para se refugiar por detrás desses muros pretensamente racionais. Isso, para mim, não é nada menos do que medo. Sim, medo de ter que lidar com algo que não pode explicar em níveis lógicos, que tira seus pés do chão e os convidam para a abertura da perspectiva e, quem sabe, destruição de suas certezas. Nas pessoas comuns essa reação me parece até compreensível. O sobrenatural, em princípio, e analisado em si mesmo, é assustador. Nele, depara-se com o imponderável. Cercados de tantas certezas e tentativas de manter-se seguros, a “visita” de um fenômeno inexplicável e incompreensível é a destruição dos fundamentos do edifício da percepção. Aceitar o milagre é confessar que definitivamente não há controle sobre a própria existência.
Isso é assustador, convenhamos. Os homens passam a vida inteira procurando por soluções para curar as enfermidades, adiar a morte e evitar o perigo, que aceitar tranquilamente que há elementos externos que fogem de seu controle e desmontam os alicerces do previsível é improvável. Não que a reação de resistência ao milagre seja completamente consciente. Pelo contrário, como é próprio das reações de medo, esta também é quase instintiva. O homem que nega a sobrenaturalidade apenas está tentando preservar sua sanidade. No entanto, quando nos referimos aos homens pertencentes à comunidade científica, a análise deve ser muito mais rigorosa. O cientista digno dessa alcunha não é um justificador de crenças, nem um atestador de ideias concebidas com antecipação. Um verdadeiro cientista é um observador. Ele enxerga os fenômenos, seleciona-os e tenta explicá-los.
Ora, quando um cientista nega a existência do sobrenatural, obviamente está fechando os olhos para a abundância de manifestações e fenômenos inexplicados e inexplicáveis, como se eles simplesmente jamais tivessem ocorrido. São milhares, de relatos, experiências e testemunhos que estão registrados na literatura, inclusive científica. É impensável imaginar que todos essas descrições possam ser explicadas com base em transtornos psicológicos, individuais ou coletivos. Na verdade, um analisador honesto, alguém que tem como missão explicar o mundo e não justificá-lo, deveria afirmar que há muito mais coisas nesta vida do que podem contemplar seus métodos. E em qual categoria devem ser colocados esses fenômenos? Se não como milagres, ao menos como mistérios. Apesar disso, a atitude corrente dos scholars científicos varia entre a negação desses mistérios e a colocação deles em terrenos inexplorados (mas explicáveis), como os poderes da mente. Com essa metodologia, conseguem abranger dentro do ambiente passível de explicação simplesmente tudo. O que a ciência explica é fato, o que não explica está abrangido pela força da mente, o que acaba sendo, de alguma forma, uma explicação, e afasta, definitivamente, o sobrenatural.
Na verdade, esses cientistas agem como pregadores, não como estudiosos. São, nos dizeres do padre Fortea, como bruxos. Em suas palavras: “Um cientista que usa a razão para seu capricho, já não é um cientista, e sim uma espécie de bruxo ou mágico da razão. E assim, diante de determinados fatos, certas pessoas, apesar de suas qualificações, agem tão irracionalmente quanto um bruxo caribenho dançando ao redor do fogo. Dançam ao redor do fogo da razão, mas são as suas decisões tomadas de antemão que guiam seus movimentos nessa dança (Summa Daemoniaca, ed. Palavra e Prece)”. A razão é um dom. Por ela, nos tornamos semelhantes a Deus. O que ela não pode ser é um delimitador da compreensão, negando a possibilidade da transcendência e da sobrenaturalidade. A inteligência dirige todas as coisas e, por isso mesmo, está acima e além das leis naturais conhecidas.
O que sabemos é tudo o que sabemos, mas, decididamente, não é tudo o que existe.
Fonte: Dr. Fábio Blanco.