A física da Arca de Noé Em 2014, quatro estudantes de física da Universidade de Leicester (Reino Unido) testaram as instruções dadas no livro de Gênesis para construir a Arca de Noé. Eles queriam ver se a arca, de 300 cúbitos de comprimento, 50 de largura e 30 de altura, realmente flutuaria. Um cúbito é o comprimento da ponta do dedo médio de uma pessoa ao seu cotovelo, que os alunos padronizaram como cerca de 48 centímetros. Isso significa que a arca em si teria tido cerca de 145 metros de comprimento, 24 metros de largura e 14 metros de altura.
A Bíblia diz que a arca foi feita de madeira de Gofer, mas hoje ninguém sabe o que é isso. Uma suposição comum é que essa madeira era algum tipo de cipreste. Quando vazia, uma arca de cipreste pesaria aproximadamente 1,2 milhões de quilos. Quanto peso a arca poderia aguentar sem afundar? Supondo que o navio tinha a forma de uma caixa, o peso máximo que poderia deter era quase 51 milhões de quilos, equivalente a 2,1 milhões de ovinos.
Então, a arca poderia ter transportado dois de cada animal do mundo? Existem até oito milhões de espécies distintas hoje, mas a maioria poderia sobreviver a uma inundação sem precisar da arca. Além disso, os estudiosos bíblicos notam que o Gênesis refere-se a dois de cada “tipo criado”, o que provavelmente se refere a um número menor de animais do que cada espécie distinta. Assumindo que toda a vida aquática ficou no mar, os estudantes estimam que somente 35 mil pares de animais tiveram que ser colocados a bordo da arca, o que ela facilmente era capaz de aguentar. Para reduzir o espaço necessário dentro da arca, filhotes ou espécimes jovens de grandes animais como elefantes poderiam ter sido usados.
O poder de Jezabel Jezabel, a mulher mais perversa da Bíblia, é mencionada em várias passagens. No século IX aC, ela se casou com o rei Acabe de Israel, mesmo sendo uma fenícia que adorava a divindade Baal. De acordo com a Bíblia, em uma passagem, a rainha Jezabel forja o selo de Acabe em documentos para persuadir os israelitas a aceitar sua religião, o que a fez ser jogada de uma janela para ser comida por cães.
Os historiadores há muito tempo se perguntam se a rainha Jezabel tinha influência independente da autoridade de Acabe. Em outras palavras, será que ela realmente poderia ser tão ruim quanto parece na Bíblia? A resposta pode estar em um selo de pedra descoberto em Israel em 1964.
A iconografia do selo inclui duas cobras, um falcão Hórus e um disco solar alado, que a estudiosa do Antigo Testamento Marjo Korpel interpreta como sugerindo uma ligação à realeza. Além disso, uma flor de lótus e uma esfinge com uma cabeça de mulher e uma coroa implica que o selo foi usado por uma rainha. Se o selo pertenceu a Jezabel, isso significa que ela tinha seu próprio poder político considerável.
Os arqueólogos inicialmente tiveram problemas em conectar o selo à rainha Jezabel. As letras gravadas na pedra eram confusas. Seu nome parecia grafado incorretamente. No entanto, quando comparado a outros de seu tempo, notou-se que a borda superior do selo estava faltando, que provavelmente continha as duas letras que faltavam para soletrar o nome de Jezabel corretamente em hebraico antigo.
Alguns problemas ainda restam, no entanto. Como o selo não foi encontrado por arqueólogos, mas simplesmente apareceu no mercado de antiguidades de Israel, isso complica a identificação de suas origens, mesmo que não seja algo incomum (apenas 10% dos selos judaicos antigos são descobertos em escavações científicas). Além disso, especialistas como Christopher Rollston observam que a parte que falta do selo é grande o suficiente para sugerir, pelo menos, cinco letras a mais, e não apenas duas. As letras que faltam poderiam formar qualquer número de nomes ou palavras diferentes. Em última análise, nós provavelmente nunca saberemos a origem do selo com certeza, embora possamos dizer que ele pertencia a uma mulher muito poderosa.
O sumo sacerdote judeu Caifás Aparecendo nos evangelhos do Novo Testamento de João, Mateus, Lucas e Atos, Caifás foi o sumo sacerdote de Israel que presidiu o julgamento de Jesus antes de entregá-lo para o governador romano Pôncio Pilatos para crucificação. (Aliás, existe uma pedra Pilatos que é uma evidência física de que Pôncio Pilatos realmente existiu.)
Em 1990, trabalhadores de uma estrada em Jerusalém tropeçaram em uma caverna antiga contendo 12 caixas de calcário com ossos de mortos. Um desses ossuários, particularmente ornamentado, estava inscrito “Joseph, filho de Caifás”. Esse nome é próximo do historiador judeu do primeiro século Flavius Josephus, que se referiu a Caifás como “Joseph, que se chamava Caifás do sumo sacerdócio”.
O ossuário elaboradamente decorado continha os ossos de um homem de 60 anos de idade, aproximadamente a idade de Caifás quando morreu. Os arqueólogos também observaram que a escrita nas caixas e na parede da caverna era uma linguagem usada pelos trabalhadores de cemitérios no primeiro século. Um dos ossuários continha uma moeda de bronze de 43 dC, mais uma prova de que os ossuários foram colocados na caverna durante o primeiro século depois de Cristo.
Dito isso, o achado é controverso. Arqueólogos céticos notam que o ossuário não é tão “chique” quanto se esperaria do lugar de enterro de um sumo sacerdote. E enquanto outros judeus ricos da época tinham seus ossuários delicadamente inscritos, a escrita no de Caifás parece ter sido grosseiramente riscada com um prego. Além disso, alguns linguistas têm argumentado que o nome hebraico no túmulo não tem sílabas o suficiente para ser a origem do grego “Caifás”, e teria realmente soado mais como “Qopha.” Outros rejeitam esta observação afirmando que os gregos costumavam acrescentar sílabas extras para nomes estrangeiros confusos.
O ossuário está agora no Museu de Israel em Jerusalém, embora os ossos tenham sido enterrados no Monte das Oliveiras. Em 2008, outro ossuário foi descoberto em Israel e identificado como pertencente à filha de Caifás. Ele é gravado com as palavras: “Miriam filha de Yeshua, filho de Caifás. Sacerdotes (de) Ma’aziah de Inri Beth”.
A Piscina de Siloé O Evangelho segundo João conta a história de quando Jesus
restaurou a visão de um cego colocando argila em seus olhos e lavando-os com água da Piscina de Siloé. A piscina foi um grande reservatório em Jerusalém durante o Antigo Testamento, mas foi destruída por invasores vários séculos antes de Jesus nascer. Mais tarde, foi reconstruída em várias ocasiões, mas não havia nenhuma menção de uma versão da piscina no primeiro século.
Em 2004, trabalhadores que tentavam reparar uma linha de esgoto danificada descobriram dois degraus que levavam até uma piscina. Arqueólogos rapidamente escavaram o local e encontraram uma piscina em formato de trapézio de cerca de 69 metros de comprimento. Eles também encontraram moedas e cerâmica que datavam o local em torno da época de Jesus. Em particular, quatro moedas Alexander Janeu estavam enterradas no gesso sob a fachada de pedra da piscina. Janeu governou Jerusalém de 103 aC a 76 aC.
Em um canto da piscina, os arqueólogos ainda descobriram cerca de 12 moedas no lodo datadas de 66 dC a 70 dC, indicando que a piscina estava pelo menos parcialmente preenchida nessa época. Juntos, os dois grupos de moedas dão uma estimativa de por quanto tempo a piscina foi utilizada.
O local pode ter sido usado para banhos rituais, natação ou fornecimento de água potável para os moradores da cidade. Algumas pessoas acreditam que os judeus ritualmente submergiam-se nessa piscina quando faziam suas peregrinações para Jerusalém e, como Jesus teria feito essas peregrinações também, faz sentido que tenha estado na área.
Possível casa onde Jesus cresceu Embora algumas pessoas argumentem que Jesus nunca existiu, os estudiosos mais sérios acreditam que o Jesus histórico nasceu por volta de 4 aC e foi educado na fé judaica em Nazaré. E o arqueólogo Ken Dark acredita que encontrou uma casa nazarena do primeiro século em que Jesus pode ter vivido quando criança.
Na década de 1880, freiras descobriram pela primeira vez esta estrutura de argamassa e pedra construída em uma encosta. Artefatos encontrados no interior da casa sugerem que era a residência de uma família judia. Por exemplo, panelas de pedra calcária teriam sido usadas pelos judeus por que se acreditava que o material era particularmente puro. Dark também citou um texto escocês do século VI descrevendo uma peregrinação à Terra Santa e incluindo uma parada em uma igreja em Nazaré “onde antes havia a casa em que o Senhor passou sua infância”.
Essa referência parece correta. Embora a casa tenha sido abandonada durante o primeiro século dC, Dark afirma que foi identificada como a casa de Jesus durante o período bizantino, quando foi decorada com mosaicos. Os bizantinos também construíram uma igreja sobre o local, para protegê-lo. Mesmo assim, a casa foi incendiada no século 13.
Dark se esforça para notar que não sabemos se a casa, na verdade, pertencia a Jesus, só que os bizantinos acreditavam que pertencia. Também, outros arqueólogos acham que Dark tem “necessidade de localizar tudo mencionado nas Sagradas Escrituras”, o que leva a fazer alegações precipitadas. Por fim, existem algumas outras questões ainda não respondidas. Por exemplo, por que a única menção desse lugar é em uma carta escocesa obscura?
Muro do Rei Salomão No Primeiro Livro dos Reis, nos é dito que o rei Salomão
construiu um muro em torno de Jerusalém. No início de 2010, a arqueóloga Eilat Mazar anunciou a descoberta de um muro, juntamente com outras estruturas defensivas, que parecem datar dos tempos de Salomão no século 10 aC.
A parede tem cerca de 70 metros de comprimento e 6 de altura. Está localizada em Jerusalém e abrange o que teria sido a Cidade de David (agora o bairro árabe de Silwan) e o Monte do Templo. A equipe de Mazar escavou partes de outras estruturas defensivas nessa área, incluindo uma torre de guarda e uma portaria que acessava a parte real da cidade. Mazar acredita que só o rei Davi ou seu filho, o rei Salomão, poderiam ter construído tal estrutura naquele momento. Cacos de grandes jarros de cerâmica descobertos no local o datam do final do século 10 aC, o que poderia colocá-los na época de Salomão. Além disso, um dos frascos de armazenamento tinha uma inscrição que apontava sua propriedade por um funcionário hebreu de alto escalão.
O arqueólogo Israel Finkelstein reconheceu que era possível que Salomão tivesse construído o muro, mas afirmou que há riscos na utilização de textos religiosos para identificar locais históricos. “Há a questão de quando foi escrito, 300 anos depois, ou no momento dos acontecimentos? Quais são suas metas e sua ideologia? Por que foi escrito?”, disse em entrevista à National Geographic.
O poder das minas de cobre Na Bíblia, o rei Davi lutou contra os edomitas. Muitos estudiosos acreditam que o conflito bíblico foi exagerado porque Edom e Israel antigo (ou Judá) não estavam suficientemente desenvolvidos para montar grandes exércitos. Eles veem Davi mais como um chefe tribal do que um rei.
Porém, em 1997, arqueólogos explorando as terras baixas de Edom, no que é hoje o sul da Jordânia, encontraram evidências de uma sociedade mais complexa que incidiu sobre a mineração de cobre e poderio militar. Ao concentrar os seus esforços em Khirbat en-Nahas (que significa “ruínas de cobre”, em árabe), estes arqueólogos concluíram que a sociedade não era apenas de pastoreio. Se os estudiosos tivessem olhado antes para as terras baixas, teriam encontrado locais de mineração de cobre.
Baseado na idade da cerâmica nestes locais, os cientistas creem que eles operaram mais fortemente em torno da época do rei Salomão. Os arqueólogos também encontraram uma grande fortaleza da Idade do Ferro. A datação por radiocarbono coloca a região no século 10 aC, aproximadamente contemporâneo com os reinados de Davi e Salomão na Bíblia.
É possível que a produção de cobre significativa (sem um propósito militar, mas com uma sociedade complexa) tenha ocorrido no século 12 aC ou mesmo antes na área. Isso dá credibilidade a Gênesis 36:31, que se refere a reis em Edom antes de existirem reis em Israel. A Bíblia também diz que o Rei Salomão foi escolhido por Deus para construir o primeiro templo em Jerusalém usando centenas de toneladas de cobre. Entre as minas de Edom e outros locais de cobre datando do século 10 aC, é possível que Salomão tivesse acesso a produção suficiente para construir um templo.
A Bíblia também fala sobre um rei egípcio chamado Sisaque, que invadiu a área cinco anos após a morte de Salomão. Recentemente, um amuleto egípcio inscrito com o nome do faraó Shesonq I (também conhecido como “Sisaque”) foi encontrado em uma mina de cobre chamada Khirbat Hamra Ifdan. Os arqueólogos acreditam que esta pode ser uma evidência das façanhas militares de Sheshonq I interrompendo a produção de cobre edomita no século 10 aC.
Muro de Neemias Nós já falamos sobre o muro de Salomão ao redor de Jerusalém. Mas a cidade e seus habitantes tiveram uma história tão tumultuada que suas paredes mudam frequentemente para espelhá-la.
Segundo a Bíblia, no século VI aC, a Babilônia conquistou o Reino de Judá e mandou os judeus para o exílio, que continuou até a Pérsia derrotar a Babilônia e permitir que os judeus voltassem para Jerusalém. Escrito na primeira pessoa, o Livro de Neemias conta a história de como Neemias mobilizou os judeus para reconstruir os muros e as portas de Jerusalém em apenas 52 dias.
Em 2007, Eilat Mazar revelou que sua equipe tinha descoberto um muro de 5 metros de largura que podia ser de Neemias, enquanto escavavam o que acreditavam ser o palácio do rei Davi na antiga Cidade de David. Quando uma torre de pedra nas proximidades começou a desmoronar, os arqueólogos falharam em repará-la, mas acabaram encontrando nela cerâmica, selos e outros artefatos que datam do sexto e quinto séculos aC.
Quando não encontraram cerâmica de um período anterior, concluíram que a torre foi construída em torno do mesmo tempo que Neemias reconstruiu a muralha de Jerusalém. Alguns dos nomes sobre os artefatos são nomes encontrados na Bíblia.
Cidadela da Primavera (ou do Rei Davi) Como parte de uma escavação de
quase 20 anos na Cidade de David, arqueólogos anunciaram em 2014 a descoberta da “Cidadela da Primavera”, uma enorme fortaleza do século 18 aC que protegia a Fonte de Giom dos invasores nos tempos antigos.
Suas paredes tinham 7 metros de espessura, permitindo apenas o acesso à fonte de dentro da cidade. “A fim de proteger a fonte de água, eles construíram não só a torre, mas também uma passagem fortificada “, disse o arqueólogo G. Uziel. “Esta estrutura muito impressionante foi operante até o final da Idade do Ferro, e foi só quando o Primeiro Templo foi destruído que a fortaleza caiu em ruínas e deixou de ser utilizada”.
Os pesquisadores acreditam que a cidadela é a fortaleza que foi conquistada pelo rei David em 2 Samuel 5: 6-7. Ela serviu então para proteger a Fonte de Giom onde Salomão foi ungido rei de Israel em 1 Reis 1: 32-34.
Possível cidade natal de Golias Os arqueólogos acreditam ter encontrado a cidade natal de Golias, Gath, uma cidade filisteia entre Ashkelon e Jerusalém que é mencionada em 1 Samuel 06:17. Durante a escavação, os pesquisadores descobriram um altar de pedra de 3.000 anos com chifres em excelente estado, semelhantes aos descritos nos livros dos Reis e Êxodos. No entanto, o altar dos filisteus tem dois chifres, enquanto os altares bíblicos têm quatro.
Os filisteus são vilões bíblicos que viviam em torno de Gath durante os séculos 10 e 9 aC, a era de Davi e Salomão. Aspectos da cultura filisteia parecem ter sido descritos com precisão na Bíblia. Por exemplo, os arqueólogos encontraram uma estrutura maciça com dois pilares semelhante ao templo filisteu da história de Sansão. Eles também descobriram fragmentos de cerâmica com nomes inscritos que são semelhantes ao nome Golias, de origem indo-europeia. Os israelitas e cananeus locais não teriam usado esse nome, mas, obviamente, os filisteus sim.
Isso é consistente com outros achados que revelam que os filisteus mantiveram parte de sua cultura histórica, enquanto abraçaram um pouco da cultura local. Por exemplo, eles comiam cães e porcos, animais considerados impuros na cultura judaica. Eles também continuaram a adorar seus próprios deuses.
Embora a escavação tenha apresentado elementos que podem indicar batalhas violentas entre os reis de Jerusalém e os filisteus, os arqueólogos também encontraram indícios de destruição de Gath por um exército invasor no século IX aC, semelhante à história da conquista da cidade pelo rei Hazael, no Livro dos Reis.