DNA Mitocondrial: viemos todos de uma mesma mulher
A Dra. Rebecca L. Cann, do Departamento de Biologia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, realizou uma pesquisa com o intuito de descobrir a origem da raça humana através do mtDNA (DNA Mitocondrial).[1] Rebecca e a equipe realizaram testes com 147 indivíduos, das cinco populações geográficas do nosso planeta, de todos os grupos de seres humanos, e concluiu que todos possuíam um mtDNA idêntico. Portanto, todos teriam uma mesma ancestral em comum: a Eva Mitocondrial. Alguns naturalistas, tentando se esquivar das implicações bíblicas que tal descoberta possui, afirmam que não houve apenas uma única mulher que deu origem a todos nós, mas um grupo formado por várias mulheres (e vários homens),[2] porém não é isso o que os estudos indicam; tal posicionamento parte de pressupostos metafísicos. Se a premissa desses naturalistas estivesse correta, a pesquisa mostraria que um determinado grupo de pessoas veio de uma única ancestral, outro grupo veio de outra ancestral, e assim por diante, mas os resultados mostram que todos viemos de uma única e mesma mulher. Não há razões suficientes, também, para se crer que a Eva Mitocondrial foi a única capaz de produzir uma linhagem direta até os dias atuais, em detrimento das “outras evas”.
Muitos cientistas evolucionistas também tentaram descobrir quando e onde a primeira mulher haveria surgido. A conclusão deles foi que ela era africana e surgiu há pelo menos 200 mil anos.[1, 3] Essa conclusão veio principalmente por meio de métodos baseados em datação radiométrica.
Contrariando tais suposições de muitos evolucionitas, um estudo feito pelos doutores Lawrence Loewe e Siegfried Sherer afirma que, se compararmos o tempo necessário para que as pequenas variações genéticas passassem a fazer parte do material genético de um grupo de indivíduos com o número dessas variações do mtDNA, chegaríamos à conclusão de que a primeira mulher teria surgido em algum tempo entre 6000-6500 anos atrás;[4] ou talvez até algum tempo a mais.
An Gibbons, escreve que “os investigadores calcularam que a ‘Eva mitocondrial’ – a mulher cujo mtDNA foi ancestral de todos os seres humanos – viveu entre 100.000 a 200.000 anos atrás, na África. Utilizando o novo relógio, ela teria uns meros 6.000 anos.”[5]
Implicações criacionistas
Segundo o relato bíblico sobre a criação da raça humana, todos nós teríamos vindo de uma única mulher: Eva (Gn 3:20). E durante muito tempo os cientistas evolucionistas ridicularizaram os cristãos por crerem que todos teríamos realmente vindo do primeiro casal criado por Deus. Sem bases sólidas, e com o desejo ardente de querer harmonizar a Bíblia com a ciência, muitos cristãos optaram por abraçar o dogma evolucionista e acabaram por deturpar o Gênesis, considerando-o nada mais que uma parábola, para não dizer “um mito”.
Alguns até mesmo argumentam que Adão e Eva não foram pessoas reais, mas apenas “imagens” que figuravam todos os homens e todas as mulheres que foram surgindo através da evolução que, para eles, foi supostamente ocasionada por Deus. Há argumentos que dizem que Adão não é um nome próprio, mas, sim, um substantivo que quer dizer “homem” ou “ser humano”.
Mas, mesmo que “Adão” tenha realmente um significado com a palavra “homem”, o próprio apóstolo Paulo ensinou que Adão era um nome próprio dado ao primeiro ser humano criado (não evoluído) por Deus. Ele diz aos coríntios: “O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente” (1Co 15:45). Ele também o compara ao senhor Jesus: “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1Co 15:22). O evangelista Lucas também coloca Adão como sendo o primeiro na ancestralidade de Jesus (Lc 2:38); não há um só versículo que se refira ao primeiro casal como mera parábola ou mito.
Além disso, como vimos, temos bases científicas para afirmar que todos realmente viemos de uma única e mesma mulher (mtDNA). A verdade é que, quanto mais o tempo passa, mais a ciência revela caminhos que nos direcionam diretamente ao Gênesis, da forma como foi revelado e escrito.
E os dados a respeito de quando surgiu o primeiro mtDNA tornam as histórias de Adão e Eva ainda mais evidentes, pois se calcularmos as datas desde a criação de Adão e Eva até os dias atuais, teriam se passado cerca de 6.000 anos; porém, levando em consideração que as genealogias nem sempre estão completas (como no caso da genealogia de Jesus, descrita nos evangelhos), pode ser que esse tempo seja um pouco mais esticado, podendo chegar a aproximados 10.000 anos, por exemplo.
Uma geneticista em favor do primeiro casal
Utilizando-se dos dados fornecidos sobre o mtDNA, uma conceituada geneticista molecular promove palestras defendendo a existência histórica de Adão e Eva. Seu nome é Georgia Purdom, PhD em genética molecular pela Universidade de Ohio State, e seu mais recente trabalho, um documentário em DVD, chama-se “A Genética de Adão e Eva”.[6]
Purdom diz que “a genética mostra claramente que humanos e chimpanzés não compartilham um ancestral comum. Há muitas, muitas diferenças em seu DNA que minam completamente a possibilidade de ancestralidade compartilhada”.[6]
De fato, é inaceitável, do ponto de vista bíblico, a junção daquilo que dizem as Escrituras e o que afirma a visão de mundo naturalista e também a relativista. Não precisamos abraçar “fábulas engenhosamente inventadas” (2Pe 1:16), como disse o apóstolo Pedro. O que precisamos é aceitar o quanto antes que a Palavra de Deus foi divinamente inspirada (2Tm 3:16), e que é digna de toda aceitação, pois no fim das contas toda a criação revelará Deus e Suas obras (Rm 1:20).
Referências:
[1] Rebecca L. Cann et al., “Mitochondrial DNA and Human Evolution”, Nature, Vol. 325(6099), 1 January 1987, p. 31-36. <http://goo.gl/bKRFP8>
[2] AYALA, F., “Polimorfismos genéticos y evolución de los seres humanos modernos”, Jornadas sobre “Evolución molecular humana”, Museo de la Ciencia de la Fundación “La Caixa” (Barcelona, 24-25 de abril, 2001).
[3] Gibbons A. “Calibrating the Mitochondrial Clock.” Science. 1998;
279(5347): 28-29. <http://goo.gl/COaB4Q>
[4] Lawrence Loewe and Siegfried Sherer, “Mitochondrial Eve: The Plot Thickens”, Trends in Ecology e Evolution, Vol. 12, Issue 11, November 1997, p. 420-422.
[5] First International Workshop on Human Mitochondrial DNA, 25 to 28 October 1997, Washington, D.C. Reprinted with permission from Gibbons, Ann (1998). “Calibrating the Mitochondrial Clock”, Science 279: 28-29. Copyright 1998, American Association for the Advancement of Science. <http://goo.gl/7LA4ri>
[6] ARAGÃO, Jarbas. Gospel Prime. “Evidências confirmam existência de Adão e Eva”, diz geneticista, 2015. <https://goo.gl/LgM1Ov>
Fonte: Apologética 21.