maio 8, 2024

Blog do Prof. H

Adaptando conhecimento útil às necessidades da humanidade

Como as preguiças-gigantes vieram parar na América?

Segundo o relato bíblico, uma arca com espécies selecionadas estacionou em algum lugar nas cadeias de montanhas situadas na região do Ararate, na Turquia. Encontramos esta narração no primeiros capítulos de Gênesis, o que certamente parece intrigante aos olhos humanos imaginar que todos os animais que encontramos atualmente espalhados por sobre o planeta tenham migrado a partir da Turquia.

E a pergunta um tanto quanto óbvia que paira no ar é: Seria possível menos de dez mil animais que supostamente teriam saído da arca se espalhar por todos os continentes? [1]

Para dificultar ainda mais essa questão e colocar criacionistas contra a parede pode-se também perguntar: De que forma os bichos-preguiça chegaram até as Américas, considerando que eles um dia tivessem saído da arca? Como se deu essa migração? Por que existem animais da ordem Xenarthra na América, tais como tamanduás e tatus que não se observam em nenhum outro lugar do mundo?

Antes que darwinistas se ouricem em suas cadeiras, queremos lembrá-los que pela perspectiva evolutiva isso também aconteceu. Um dos primeiros a sugerir esta ideia foi Alfred Russel Wallace em 1876. [2] Darwinistas defendem que todos os animais descendem de um ancestral em comum, e se espalharam pela terra através de migrações se adaptando a cada região em que viessem habitar. Assim, se especiaram em cada local adquirindo características próprias. Isso supostamente teria ocorrido entre 66 e 45 milhões de anos e teriam se dividido em três categorias de animais: marsupiais, xenartros e ungulados nativos.

Entre o final do Cretáceo (à esquerda) e o começo do Eoceno médio (centro), a Antártida perdeu sua conexão com a Austrália, mas ainda estava conectada à América do Sul. No final do Eoceno (à direita), a América do Sul e a Antártida se separaram, isolando os dois continentes. Modificado de Vizcaíno et al. (1998)
De acordo com a perspectiva criacionista é improvável que espécies pudessem se transmutar entre peixes, anfíbios, répteis, aves e/ou mamíferos. Criacionistas entendem e aceitam a evolução no sentido de mudança, adaptação ou melhoria com limitação, mas descartam, baseados em dados atuais da ciência, a hipótese de macroevolução.

Dessa forma, criacionistas aceitam a seleção natural e artificial e especiação, uma vez que muitas espécies se adaptaram e se especiaram após o dilúvio. Uma espécie original de lobo pode ter dado origem aos coiotes, raposas e aos cães domésticos. Ou, até mesmo, algumas espécies gigantes podem ter dado origem a espécies menores. Esta perda de tamanho das espécies pode ter ocorrido por diversos fatores. Desde mudanças climáticas, dieta alimentar ou a mutações genéticas rápidas do tipo transpósons. [3]

Mas o fator principal, ainda sob a perspectiva criacionista, está na questão das migrações dos animais após a saída da arca. Imagine o cenário daquele mundo pós-diluviano. A terra estava alterada pela catástrofe do dilúvio, um período glacial estava por vir, e a necessidade de adaptação a uma nova dieta pressionava os seres vivos a migrarem em busca de novos recursos. Em algumas décadas, os xenarthas se instalariam na América do Sul e iniciariam um tipo de especiação. Esses animais agora isolados e em um número populacional reduzido por talvez décadas ou séculos, desenvolvem-se como megafauna. Sabe-se que na América do Sul existiram aves do terror, gliptodontes e megatérios que são únicos deste continente.

1 – Megatério 2-Bicho-Preguiça 3-Gliptodonte 5-Tatu

Segundo os cálculos do cientista atmosférico Michael Oard, a Era do Gelo provavelmente ocorreu após o dilúvioEm sua análise detalhada, Oard propôs um mecanismo de como as raras condições necessárias para se formar uma Idade do Gelo podem ter sido desencadeadas por catástrofes associadas a um dilúvio global e mostra como isso poderia explicar as evidências de campo disponíveis. [4]. Michael Oard diz:

As raras condições necessárias para formar uma idade do gelo podem ter sido desencadeadas pelo dilúvio.

Alterações climáticas severas poderiam ter sido o catalisador que incentivaram certas espécies a migrarem em direção a determinados locaisEssas mudanças bruscas também poderiam explicar algumas das supostas extinções ocorridas (segundo a escala evolutiva do tempo)Além disso, os estudos de Oard fornecem um modelo catastrófico que explica a formação de pontes terrestres durante essa fase da história do planeta.

Uma das evidências criacionistas desse período do gelo pós-diluviano são as associações desarmônicas de fósseis – fósseis de criaturas normalmente associadas a diferentes condições (como criaturas com preferência por climas quentes e frios) encontradas em estreita proximidade.

Um dos problemas mais desconcertantes das teorias uniformes da era do gelo é a desarmonização das associações de fósseis, em que espécies de diferentes regimes climáticos estão justapostas. Por exemplo, um fóssil de hipopótamo encontrado junto com um fóssil de rena. [5]

Nesse período, a separação dos continentes poderia estar em pleno curso propiciando um afastamento “rápido” de certos grupos comuns e massas de terra. Sabe-se que tanto homem quanto animais atravessaram o estreito de Bering para chegar às Américas. Preguiças menores poderiam ter-se refugiado e se adaptado melhor no interior das florestas enquanto estas cresciam, ao passo que os humanos caçassem as maiores.

No estreito de Bering havia uma massa de terra que proporcionou a conexão entre Ásia e América após o dilúvio

Ao se observar os atuais cangurus vivendo na Austrália, é possível entender como se deu todo esse processo. No caso dos cangurus, uma trilha foi deixada pelo caminho. Pode-se encontrar espécies de cangurus que ficaram pelo caminho e se adaptaram de forma diferente daqueles australianos. [6] Após o fim do dilúvio e início do período do gelo, provavelmente haveria pontes de terra ligando a Austrália até o continente asiático, e algumas espécies  puderam passar, e por lá se isolarem a medida que aumentou o degelo dos polos, ao final desse período do gelo.

Dendrolagus é um gênero marsupial da família Macropodidae. Os animais de grupo são chamados de canguru-arborícola, pois vive em árvores em regiões montanhosas e se alimenta de frutos e folhas
O artigo Cangurus vivem somente na Austrália? possibilita entender melhor esse cenário:

o nível do mar era cerca de 100 metros mais baixo do que é hoje.[7] Os mares mais baixos proporcionavam pontes terrestres entre muitas das ilhas modernas.[8] Animais e homens podiam literalmente caminhar desde as montanhas do Ararat (local onde a Arca de Noé pousou) até a Nova Guiné. Alguns poderiam ter sido transportados em detritos da tempestade ou nadado de ilhas como Nova Guiné para a Austrália.[9] Mas a hipótese mais razoável é que os marsupiais conseguiram realmente migrar enquanto o gelo do mundo estava solidificado e o nível do mar ainda estava mais baixo; o derretimento do gelo no final da época do gelo aumentou o nível do mar o suficiente para isolá-los em terras antigas de ponte terrestre que se tornaram ilhas.[10]

Conforme explica o naturalista Harry Baerg,

“a água resultante do degelo fez com que o nível do mar subisse e algumas pontes de terra (estreito de Beringher e Australásia) que existiam durante o período glacial, submergiram” [11: p. 70].

Isso explicaria o fato de alguns grupos de animais como, por exemplo, os cangurus terem ficado ilhados na ilha continental australiana.

Apesar de não se conseguir rastrear o bicho-preguiça pelo caminho até o Ararate, é possível essa façanha com outra espécie da ordem Xenarthra. O tamanduá, que é único das Américas, deixou o seu “rastro” migratório em outros locais. Encontra-se nas florestas amazônicas uma espécie menor chamada tamanduaí. Esta espécie com apenas 40 cm é bem diferente dos grandes tamanduás-bandeira de cerca de 2 metros que habitam os terrenos americanos.

Tamanduaí

Alguns evolucionistas até traçam o pangolim asiático, o armadillo norte-americano, os quatis sul-americanos, e o equidna australiano como sendo evolução convergente de uma mesma espécie em comum. Seria este “tipo básico” aquele que teria saído da arca? Seriam estes variados tipos de tamanduás apenas especiações que ocorreram por causa das migrações a diferentes ambientes?

[1] Tamanduá-bandeira, [2] Pangolim, [3] Armadillo, [4] Equidna

Uma coisa é fato! Ainda não conhecemos em sua totalidade os limites adaptativos dos seres vivos. A ideia macro evolutiva tende a extrapolar as barreiras especiativas. Tudo é possível na visão macro evolutiva. Um pássaro, por exemplo, poderia criar trombas e posteriormente emergir nos oceanos se assim houvesse a necessidade. Não se sabe ao certo se tatus e tamanduás são frutos de um processo evolutivo a partir de um animal ancestral que saiu da arca, o que se sabe é que, no caso das preguiças, as gigantes se extinguiram. Restaram somente os menores que se esconderam por entre as florestas da América do sul.

REFERÊNCIAS

[1] – https://origememrevista.com.br/2017/10/26/atualizacao-sobre-as-especies-de-animais-que-entraram-na-arca

[2] –  Wallace, Alfred Russel (1876). The Geographical Distribution of Animals. With a Study of the Relations of Living and Extinct Faunas as Elucidating the Past Changes of the Earth’s Surface. 1. New York: Harper and Brothers. OCLC 556393.

[3] – https://goo.gl/Myvug3

[4] – Oard has published many articles in journals and on the AiG and ICR websites on these issues. For a detailed account of his findings, see his book: M. Oard, An Ice Age Caused by the Genesis Flood, Institute for Creation Research, El Cajon, California, 2002.

[5] – Ibid, p. 80.[9] Hebert J. Was There an Ice Age? Acts & Facts. 2013;42(12):20; ver também: “Alves EF. A era do gelo: uma perspectiva bíblico-científica. NUMAR-SCB (31/10/2016). Disponível em: https://numar.scb.org.br/artigos/era-do-gelo-uma-perspectiva-biblico-cientifica/

[6] http://www.criacionismo.com.br/2016/10/a-era-do-gelo-uma-perspectiva-biblico.html

[7] Gomitz V. Sea level rise, after the Ice Melted and Today. Science Briefs. Goddard Institute for Space Studies da NASA (10/01/2007). Disponível em: https://www.giss.nasa.gov/research/briefs/gornitz_09/

[8] Clarey T. The Ice Age and the Scattering of Nations. Acts & Facts. 2016;45(8): 9.

[9] Mesmo os evolucionistas há muito invocaram a migração em esteiras de detritos flutuantes para explicar o transporte de animais para as ilhas. Tipos de plantas similares em diferentes continentes, florescendo bem onde as correntes oceânicas os levariam, apoiam o transporte.

[10] Possivelmente, marsupiais e placentários competiram fora por recursos, assim os marsupiais continuaram a migrar para os habitats com menos competição.

[11] Baerg HJ. O mundo já foi melhor. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1992.

Fonte: Origem em Revista.

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