novembro 21, 2024

Blog do Prof. H

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Apocalipse – Possibilidades (capítulo 11)

 

Apocalipse 11

Ap Texto (ARA, 3ª ed) Leitura com a fundamentação das possibilidades que tentam alcançar a intenção do profeta João e a intenção do Revelador Jesus Cristo
11.1 Foi-me dado um caniço semelhante a uma vara, e também me foi dito: Dispõe-te e mede o santuário de Deus, o seu altar e os que naquele adoram; Eu, João, recebi uma espécie de bambu, uma vara comprida. Eu continuava representando aqueles que fariam parte do corpo de Jesus e, individualmente e espalhados, seriam Seus mensageiros para “muitos povos, reis e idiomas, e muitas nações” no período da sexta trombeta entre os anos 1840 a 1844, até o toque da sétima. A ordem para eles antes de cumprirem esse chamado foi: “Não fiquem desanimados e ociosos. Estudem novamente e sempre o Santuário Celestial, seu altar de incenso e os sacerdotes que oficiam no compartimento santo desse Santuário; estudem usando a maquete que o profeta Moisés fez no Antigo Testamento e o que outros profetas escreveram sobre ela; estudem o que o profeta Daniel escreveu sobre esse Santuário e o julgamento dos habitantes do planeta Terra começando por Adão, que iniciará em 1844 por meio do Sumo sacerdote Jesus, lá no santíssimo lugar, com base na Lei dos Dez Mandamentos que se encontra sob o trono de Deus, representado pela arca do Testemunho ou da Aliança. Ao final desse julgamento serão revelados os verdadeiros adoradores de Deus. Toda essa mensagem deve ser restaurada e posta em evidência;

“[…] Leia Ezequiel 41:1-4; 43:1-9; Daniel 8:9-14; Zac. 2:1-7. […] As profecias de Ezequiel, Daniel e Zacarias lançam luz sobre o estudo de Apocalipse 11. A visão de Ezequiel, de medição do templo, é uma profecia da restauração espiritual após o período de cativeiro. Tanto Daniel como João enfatizam a mesma verdade. A mensagem do santuário seria restaurada. O ministério mediador de Cristo seria compreendido novamente. Será avaliado o caráter do povo de Deus, e eles serão preparados para o encontro com o Senhor, em Sua volta” (BATTISTONE, 1989, p. 161).

“O capítulo 11 continua a revelação que estava sendo feita no capítulo 10 dizendo: ‘E ele disse-me: Importa que profetizes outra vez a muitos povos e nações, e línguas e reis’ (Apoc. 10:11). Aqui está definida a missão mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia [IASD], uma missão profética, com uma mensagem profética, a mensagem dos três anjos” (RAMOS, 2006, p. 95).

Uma empresa estabelece sua missão e seus valores. Alcançá-la e viver esses valores os justifica e recomenda. No entanto, pode ser que alguns dos funcionários dessa empresa não vivam sua missão e seus valores, e podem até obscurecê-los. Também outras empresas podem ter missão e valores semelhantes e vivenciá-los ou não igualmente. A missão da IASD pode ser a descrita acima e, historicamente, os adventistas primitivos, em particular os do sétimo dia (ads), cumpriram a missão de proclamar para boa parte do mundo sobre a brevidade do advento de Jesus associada ao exame minucioso do Santuário do Antigo Testamento e o Santuário original, o celestial. Mas, como já questionei nos capítulos anteriores (principalmente no 10), além de isso não ser sinônimo de que a IASD (crenças + membros) viva essa missão, notadamente algumas crenças como a do autorremanescente foram construídas desde os primeiros ads, as quais não condizem com os dados bíblicos. E ainda, qualquer indivíduo que tenha essa missão poderá cumpri-la independentemente da IASD. A profecia foi, está e será cumprida. Por quem? Por aqueles que Deus sabe que o fizeram, fazem e farão, e não por uma empresa pelo simples fato de ela crer assim.

“O caniço é uma espécie de taquara, semelhante ao bambu, e atinge mais de 6 metros de altura. Crescia em abundância às margens do Jordão e era uma vara reta e leve que servia para medições (ver Ez 40.3; Zc 2.1,2)” (BÍBLIA, 2013, p. 2059).

“‘E foi-me dada uma cana semelhante a uma vara; e chegou o anjo e disse: Levanta-te e mede o templo de Deus, e o altar e os que nele adoram” (Apoc. 11:1). Esse texto é uma continuação da visão de Apoc. 10 mostrando exatamente o conteúdo da mensagem que deveria ser proclamada mundialmente, a mensagem do juízo. Por isso Apoc. 11:1 inicia falando do Santuário Celestial e dos que nele adoram. A ordem: ‘levanta-te e mede o Templo de Deus, e o altar, e os que nele adoram’ contém uma mensagem de juízo […]. O Dr. Alberto Treiyer explica: ‘Aqui (Apoc. 11:1), o juízo tem a ver com aqueles que aceitam o chamado para adorar no templo, não com aqueles que rejeitam e são deixados fora’” (RAMOS, 2006, p. 95).

Tenho a impressão de que “os que naquele adoram”, ou seja, os que adoram no Santuário celestial, são os que Deus, de antemão, sabe que serão salvos, pois essa expressão dá a entender que eles entram no lugar santo do Santuário, são sacerdotes por tanto! Mas, nem todo sacerdote do AT foi exemplo de salvação. Sendo assim, pode ser também que entre os “gentios” do v.2, que estão no “átrio exterior”, haja indivíduos que serão salvos. Ou aqui temos dois grupos excludentes ou mais metáforas que representam dois grupos que podem conter salvos e perdidos em ambos. Talvez a ênfase esteja em quem será medido: os salvos primeiro (ou os que professam adorar a Deus), e os perdidos depois (ou os que aparentemente estão perdidos). Vamos desvendar isso a partir da página 196.

“Deus ordenou a João que medisse o santuário. Alguns pensam se tratar do santuário terrestre, entretanto, quando João recebeu a visão, por volta do ano 96 d.C., o santuário de Jerusalém havia sido destruído há cerca de 26 anos. No ano 70 d.C., o general romano Tito, com o seu exército, arrasou Jerusalém e o templo dos judeus. Então só pode se tratar do Santuário Celestial. A medição do templo significa que uma obra cuidadosa de investigação deveria ter lugar. Quanto aos adoradores deste santuário, eles representam os fiéis de Deus que passarão agora por um juízo. Este juízo se inicia justamente no dia 22 de outubro de 1844 […]. Assim, percebemos que o capítulo 11 é uma continuação do tema tratado no capítulo 10 (OLIVEIRA et al., 2015, p. 11).

Como o mesmo ato de medir tem significados distintos: medir o santuário celestial é investigá-lo minuciosamente. Já medir os que nele adoram é uma referência ao julgamento pré-advento? Outro ponto: para os autores da citação do parágrafo anterior, os “adoradores” e os “gentios” (v. 2) são grupos excludentes, e não grupos que contêm salvos e perdidos. Mas, não se dá uma razão para essa crença. Vou apresentar possíveis evidências de que a hipótese “trigo e joio também estão nesses dois grupos” é a mais provável.

“Essa passagem dá continuidade à cena de Apocalipse 10. João foi ordenado a medir o templo, o altar e os adoradores. Na Bíblia, o conceito de medir se refere figurativamente ao juízo (veja Mt 7:2). O templo que devia ser medido está no Céu, onde Jesus ministra em nosso favor. A referência ao templo, ao altar e aos adoradores aponta para o Dia da Expiação (veja Lv 16:16-19). Esse dia era destinado a ‘medir’, visto que Deus julgava os pecados do povo. Portanto, em Apocalipse 11:1, há uma referência ao juízo que ocorre antes da segunda vinda de Jesus. Esse juízo diz respeito apenas ao povo de Deus, os adoradores no templo. Em Apocalipse 11:1, revela-se que a mensagem do santuário celestial está no centro da proclamação final do evangelho, que inclui a vindicação do caráter de Deus. Como tal, ela apresenta a dimensão completa da mensagem do evangelho em relação à obra expiatória de Cristo e à Sua justiça como único meio de salvação para o ser humano” (STEFANOVIC; MODZEIESKI, 2019, p. 58).

Estes últimos autores, embora coloquem o Santuário celestial no centro da pregação do evangelho no período da sexta trombeta pós-queda do império otomano, não mencionam o verso Ap 11.1 como significando um estudo minucioso daquele Santuário. Mas eles creem que “A comissão de João para profetizar novamente ao mundo aponta para os adventistas que guardam o sábado, levantados para proclamar a volta de Cristo em conexão com as profecias de Daniel e Apocalipse” (ibidem). Por outro lado, assim como Arilton Oliveira et alii, eles mencionam o julgamento pré-advento realizado por Jesus, onde os réus seriam apenas “o povo de Deus, os adoradores no templo”.

Mas, analisando o Santuário do AT percebe-se facilmente que os gentios/estrangeiros circuncidados podiam participar das atividades do calendário judaico (Êx 12.48 e 49) e, consequentemente, do Dias das expiações (Lv 16.29); por conseguinte, eles faziam parte do “povo de Deus/de Israel”. No entanto, fazer parte do povo de Israel não era, nem é, sinônimo de estar salvo. Na verdade, o “povo de Deus” parece sempre estar espalhado pela Terra, no meio de outros povos. O julgamento pré-advento, que começa “pela casa de Deus” (1ª Pe 4.17) resultará em duas sentenças, o que sugere sua abrangência global: salvos e perdidos, “adoradores” no santo lugar e “gentios” no pátio exterior.

Esses adoradores de Ap 11.1 e os gentios do v.2 não podem ser os grupos excludentes resultantes trigo e joio, respectivamente, da sentença final do julgamento pré-advento, pois esse julgamento, desde Apocalipse 11.1,2 até hoje não terminou! Vejo dados de que os réus são o trigo e o joio presentes nos “adoradores” do v.1. Mas isso não é sinônimo de “os gentios do verso 2 são os perdidos”. Também encontro dados que apontam para uma heterogeneidade entre esses gentios também. Voltarei a esse tema mais adiante no versículo dois.

“Continuam aqui a instrução que o anjo começou a dar a João no capítulo precedente; daí que estes versículos pertencem com razão a esse capítulo e não deviam estar separados pela presente divisão. No último versículo do capítulo 10 o anjo confiou a João, como representante da igreja, uma nova missão. Em outras palavras, como já vimos, temos nesse versículo uma profecia da mensagem do terceiro anjo. A mensagem está relacionada com o templo de Deus no Céu, e tem o propósito de preparar certa classe de pessoas como adoradores” (SMITH, 1979, p. 164).

Por quê? É indispensável embasar afirmações como esta. No capítulo anterior ocorreu algo semelhante: “as mensagens dos anjos 1 e 2 se cumprem paralelamente com Ap 10 e só”.

A vara de medir. – O templo aqui não pode significar a ‘igreja’, porque a igreja é apresentada em relação com este templo, constituindo ‘os que nele adoram’. O templo é, portanto, o templo literal no Céu, e os adoradores, a verdadeira igreja na Terra. Mas sem dúvida estes adoradores não devem ser medidos no sentido de se verificar a sua altura. Devem ser medidos como adoradores; e o caráter só pode ser medido por um padrão de justiça, uma lei ou um princípio de ação. Chegamos assim à conclusão de que o Decálogo, a norma que Deus nos deu para medir ‘o dever de todo homem’, estão incluídos na vara de medir posta pelo anjo nas mãos de João. No cumprimento desta profecia sob a mensagem do terceiro anjo, esta mesma Lei foi posta nas mãos da igreja. Esta é a norma pela qual os adoradores de Deus devem ser agora aferidos.

“Depois de ver o que significa medir os que adoram no templo, perguntamos: Que quer dizer medir o templo? Para medir algum objeto requer-se que prestemos atenção especial a esse objeto. A ordem para se levantar e medir o templo de Deus é uma ordem profética dada à igreja para examinar de modo especial o assunto do templo ou santuário. Mas como se fará isso com uma vara de medir dada à igreja? Só com os Dez Mandamentos não o poderíamos fazer. Porém, quando tomamos toda a mensagem, somos levados por ela a examinar o santuário celestial junto com os mandamentos de Deus e o ministério de Cristo. Por isso, concluímos que a vara de medir, tomada como um todo, é a mensagem especial dada à igreja, que abrange as grandes verdades particulares a este tempo, incluindo os Dez Mandamentos.

“Esta mensagem chamou a nossa atenção para o templo celestial, e por ela veio a luz e verdade sobre este assunto. Assim, medimos o templo e o altar, ou o ministério relacionado com o templo, a obra e a posição de nosso grande Sumo Sacerdote, e medimos os adoradores com a parte da vara que se refere ao caráter: o Decálogo” (SMITH, 1979, p. 164 e 165).

Os adoradores: Trata-se dos que adoram a Deus, o verdadeiro povo de Deus. Eles serão medidos não de acordo com a sua estatura física, mas por um padrão do que é certo, uma lei ou princípio de ação. ‘Falai de tal maneira e tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade’ (Tiago 2:12). O contexto de Tiago 2:12 nos revela que esta é uma referência aos Dez Mandamentos, que dizem: ‘não matarás,’ e ‘não adulterarás’ (Tiago 2:11). Medindo o templo: O ato de medir algum objeto requer que seja dada atenção especial àquele objeto. A ordem de medir o templo de Deus é um comando profético para que a igreja dê uma atenção especial ao assunto do templo, ou do santuário” (FEYERABEND, 2005, p. 91 e 92).

“A instrução ‘de medir’, ou seja, examinar a avaliar, o ‘santuário’ ou templo, era exatamente o que necessitavam os desapontados crentes em 1844. Daniel 8:14 diz que no fim dos 2.300 dias ‘o santuário será purificado’. A solução para o desapontamento e a confusão daqueles fiéis achava-se em prestarem maior atenção ao significado e ministério do santuário celestial. É um fato histórico que os entristecidos crentes reestudaram imediatamente o significado do santuário. Ao assim procederem, perceberam o verdadeiro sentido para Daniel e Apocalipse para o tempo do fim. Por intermédio desse novo estudo, eles se preparam para levar o ‘mistério de Deus’ a ‘muitos povos, nações e línguas e reis’” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 284).

“No versículo onze do capítulo precedente é apresentado incontestavelmente o novo movimento mundial que deveria surgir com elementos dentre os que foram decepcionados naquele ano de 1844. E, então, no versículo primeiro do undécimo capítulo, que agora apreciamos, se nos diz que o povo, que constituiria o referido e novo movimento mundial, inteirar-se-ia da questão do santuário e dêle faria o centro de sua adoração. E na verdade o povo anunciado no versículo onze do capítulo dez surgiu no devido tempo, aliás, em 1844. E, examinando o autor a história das religiões, verificou que outro não pode ser êste povo ou movimento senão a Igreja Adventista do Sétimo Dia, que iniciou sua marcha profética exata e imediatamente depois da inesperada decepção e naquele mesmo ano de 1844. […] Eis, pois, a igreja de Cristo, que, como reza o versículo primeiro, recebera a ordem profética de levantar-se nesta última geração da história do mundo para restaurar o puro evangelho apostólico que gira em tôrno do ritual do santuário celestial” (MELLO, 1959, p. 271 e 272).

Mileritas, José Wolf, Manuel Lacunza, as crianças da Escandinávia e tantos outros indivíduos que esperavam o advento de Jesus (adventistas) espalhados cumpriram Apocalipse 10.10. Já os adventistas do sétimo dia (asd) surgiram para cumprir Apocalipse 10.11 e 11.1. No entanto, diferentemente da teologia da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) eu entendo que, assim como os adventistas anteriores à IASD, alguns indivíduos asd e outros adventistas é que cumpriram/cumprem esses dois versículos (Ap 10.11 e 11.1). E os que cumprem esses dois versículos estão espalhados, não reunidos num mesmo rebanho ou denominação cristã. Sendo assim, a referida “igreja de Cristo”, supracitada por Araceli Mello, como sempre foi em toda história humana, continua sendo invisível e espalhada, e não visível e confinada a quatro paredes de um mesmo partido cristão.

“Uma cana ou uma vara métrica simbólica é entregue ao profeta para medir o templo de Deus. João, o amado, que nos seus dias terrenos anunciara a pura verdade do ‘evangelho do reino’, em conexão com o santuário, era legítimo representante da Igreja de Cristo desta geração, referida acima, que surgiria para restaurar a mesma verdade cristalina de que fôra êle portador ao mundo da parte de seu Mestre” (MELLO, 1959, p. 272).

Discordo da intenção do autor em colocar a “Igreja de Cristo”, do final do século 19, como sendo a IASD. Isso contradiz a própria Palavra que se pretende estudar (cf. Jo 10.10). Qual a razão dessa paixão que confunde os que realmente cumprem a profecia com os membros de uma denominação cristã específica? Isso se parece com aquelas propagandas de produtos que tentam seduzir o consumidor fazendo-o crer que só o produto propagandeado por eles merece crédito.

“Portanto, a êste povo, é entregue aquela vara métrica para medir o santuário e seu inteiro ritual. Mas, o que significa medir o santuário? O que simboliza a vara para medi-lo? Medir o santuário significa entendê-lo inteiramente. Aquêles que foram decepcionados em 1844, não o entenderam, daí a amarga decepção que tiveram de sofrer. Mas o povo que os seguiria, dentre êles mesmos, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, entendê-lo-ia tendo, é bem de ver, de medi-lo antes. E como pôde esta Igreja medir ou entender o santuário e seu serviço vê-lo-emos a seguir” (MELLO, 1959, p. 272).

Será que não havia/há analfabetos asd? Será que todos os membros asd eram e são dedicados estudiosos da Bíblia, em especial do santuário, de Daniel e do Apocalipse? Insisto: “os que se dispõem a medir o santuário de Deus, o seu altar e os que nele adoram” são indivíduos espalhados, e não uma denominação cristã inteira. Esse é o meu entendimento até aqui. Não encontro os dados que confirmam a mentalidade da IASD sobre isso.

“Esta vara métrica é o santuário terrestre de Israel. Ao ser ordenado Moisés, por Deus, a construí-lo entre seu povo, como centro de adoração, foi-lhe dado como modêlo o próprio santuário celeste que contemplara, em visão, no Monte Sinai, depois do Êxodo do Egito. Foi precisamente para Seu povo entender o santuário celestial que Deus lhe deu o santuário terrenal. Tudo quanto o Velho e o Novo Testamentos dizem do santuário de Israel, constitui a vara de medir o santuário celestial. No livro aos Hebreus, São Paulo explana magnificamente o

santuário celestial, usando, como vara métrica, nada mais que o santuário da terra. […] Foi pela consideração e estudo do santuário da terra que, depois da decepção de 1844, aqueles que iriam constituir o povo de Deus dêstes últimos dias entenderam tôda a questão do santuário celestial prefigurado no terrenal. E ficaram maravilhados com a notável descoberta” (MELLO, 1959, p. 272 e 273).

O povo de Deus não está contido na IASD. O povo de Deus está espalhado pelo planeta. Em todas as épocas foi assim e será assim, com exceção dos 144.000 de Apocalipse 7, os quais ainda virão. Eles cumprem Ap.10.7. Os que cumprem Ap 10.11 e Mt 24.14 não estão juntos sob uma mesma bandeira eclesiástica, mas espalhados e unidos invisivelmente sob a bandeira de Javé Jesus (cf. Êx 17.15). Por outro lado, preciso reconhecer meu desconhecimento de outros indivíduos espalhados que estudaram com afinco “o santuário de Deus, o seu altar e os que naquele adoram”, além de alguns asd. De qualquer modo, isso não confirma a crença da IASD de que ela cumpre Ap 11.1. No máximo alguns asd cumprem essa profecia. Assim como os mileritas estudaram bastante o santuário, embora não tenham “medido os que nele adoram”, suponho que outros estudaram e pregaram, e portanto, cumpriram/cumprem essa profecia. Assim como os magos do oriente, os quais mesmo distantes do povo que se arrogava “a Igreja de Deus da época”, foram estudiosos do Antigo Testamento, receberam luz divina e pertenceram à igreja invisível ou corpo de Cristo daqueles dias.

“No santuário celestial não há mais que um altar, que é o altar do incenso. Êste altar, como já considerado no capítulo oitavo, está no lugar santo do santuário de Deus. Nêle queimou Jesus incenso até 1844, pois no lugar santo desempenhara suas funções sacerdotais até esta data, passando daí em diante a oficiar no lugar santíssimo onde não há nenhum altar. À Igreja da profecia, que surgiu em 1844, é ordenado medir também o altar do incenso, o que equivale a dizer que êsse altar, que está no lugar santo, continuaria em função de 1844 até ao fim da intercessão de Jesus no lugar santíssimo, sem o que não haveria valor algum para a igreja em medi-lo” (MELLO, 1959, p. 273).

Igreja no sentido pessoas, eu concordo. Igreja no sentido a denominação IASD, eu discordo.

“E, para medi-lo exatamente, só poderá ser feito mediante o do santuário de Israel que é sua figura. Ora, no dia da expiação ou purificação do santuário israelita, o sumo-sacerdote obedecia à seguinte determinação do ritual concernente ao incenso: ‘Tomará também o incensário cheio de brasas de fogo do altar, de diante do Senhor, e os seus punhos cheios de incenso, aromático, moído, e o meterá dentro do véu’ (Lv 16.12 e Dn 7.13). Note-se que as brasas que o sumo-sacerdote punha no incensário eram ‘do altar, de diante do Senhor’, que é o altar do ‘incenso contínuo’ (Êx 30.8). Pois em tal dia o incenso só podia ser queimado no incensário com brasas do altar do incenso (Ap 5.5 [esse verso não trata do assunto; sugiro os versos Ap 5.8 e 8. 3 e 4]). E isto infere que no dia da expiação era queimado incenso neste altar, uma vez que nêle havia brasas. Nêsse dia especial, o sumo-sacerdote, enchendo o seu incensário com brasas do altar do incenso, punha sobre elas o incenso aromático e, com o incenso transformando-se em nuvem, emblema dos méritos de Cristo, entrava êle no lugar santíssimo para purificar o santuário com o sangue do sacrifício.

“E é importante o fato de que o povo, nesse dia, orava em torno do santuário, enquanto o sumo-sacerdote estava procedendo a expiação ‘perante o Senhor’ no lugar santíssimo, indo as suas orações diretamente ao altar do incenso, o altar das orações(Ap 8.3), que na expiação estava ligado ao incensário que o sumo-sacerdote tinha em sua mão, no lugar santíssimo, sem o que as orações daquele dia nenhum valor teriam. O mesmo que se dava no santuário terrenal, devia dar-se no celestial. Cristo, ao deixar o lugar santo e passar para o lugar santíssimo, em 1844, levou o incensário cheio das brasas do altar do incenso, único altar ali. Foi êste o verdadeiro acontecimento de 1844, que não entenderam Guilherme Miller e os seus colaboradores.

“[…] O povo de Deus neste grande dia da expiação ou purificação do santuário, que se iniciou em 1844, deve orar e orar muito. Pois há incenso no altar para receber suas orações e incenso no incensário para intercessão por êles. Suas orações vão ao altar que se acha ligado ao incensário que está nas mãos de Cristo, o Intercessor. E quão sublime é entendermos que nossas orações, ao chegarem ao altar, ligam-se imediatamente com o incensário do Intercessor” (MELLO, 1959, p. 273 e 274).

(As tabelas na vertical da página seguinte resumem o entendimento que leva a conclusão do início do julgamento do planeta Terra precisamente no ano 1844).

“A ordenança do anjo inclui também medir os que adoram no templo de Deus. Esta ordem não é mais nem menos do que medir o caráter moral e espiritual de seus adoradores pelas leis moral e cerimonial do templo celestial. Medi-los também pela luz do castiçal que ali há, para ver se andam na luz e são uma luz; medi-los pela mesa dos pães, para certificar se se alimentam do verdadeiro pão da vida; medi-los pelo altar do incenso, para avaliar a vida de oração dêles aqui na terra; medi-los pela arca do concêrto, para ver se vivem na terra segundo a lei moral.

“Medi-los, sim, pelo santuário, para constatar se no mundo vivem em plena concordância teórica e prática com aquele sublime templo. Medi-los, sobretudo, pelo caráter do seu Intercessor, ao qual suplicam perdão e forças. Uma responsabilidade inquestionavelmente enorme pesa sôbre os adoradores do templo de Deus, o santuário celestial. Nenhuma alma, cuja vida não se harmonizar com a pureza, santidade e ritual do santuário, poderá adorar nêle. Deverão seus adoradores estar moral e espiritualmente em harmonia com o templo e o altar ou não terão ali Intercessor” (MELLO, 1959, p. 274 e 275).

Thiele e Berg (1960, p. 232 e 233) citam os seguintes textos de Ellen G. White (os quatro parágrafos subsequentes) sobre o versículo que estamos estudando:

“Aqueles que estiveram procurando pela verdade encontraram provas indiscutíveis da existência de um santuário no Céu […] No trono no Céu, o lugar da morada de Deus, Seu trono está estabelecido em justiça e juízo […] Aqueles que seguiram a luz progressiva da palavra da profecia viram que em lugar da vinda a esta terra no fim dos 2300 dias em 1844, Cristo então entrou no santíssimo do santuário celestial” (Spirit of Prophecy., vol. 4, pp. 261,266).

“Até duas mil e trezentas tardes e manhãs e o santuário será purificado.‟ Dan. 8:14. […] Ficara demonstrado que esses dias proféticos terminariam no outono de 1844. […] Mas o tempo indicado passou e o Senhor não apareceu. […] Nesse cálculo, tudo era claro e harmonioso, exceção feita de não se ter visto em 1844 nenhum acontecimento que correspondesse à purificação do santuário. […] Com fervorosa oração examinaram sua atitude e estudaram as Escrituras para descobrir onde haviam errado. […] Acharam, porém, na Bíblia uma completa explicação do assunto do santuário, quanto à sua natureza, localização e serviços […] O assunto do santuário foi a chave que desvendou o mistério do desapontamento de 1844” (O Grande Conflito, 409-411, 423).

“[…] Cristo […] conquanto seja sumo sacerdote e mediador no santuário celestial, é apresentado andando de um lado para o outro lado entre as Suas igrejas terrestre […] Ele é o verdadeiro vigia da casa do Senhor, o verdadeiro guarda dos átrios do templo” (Atos dos Apóstolos, pp. 585,586).

“Os crentes da terra e os seres do céu que nunca caíram constituem uma igreja. Cada inteligência do céu está interessada na assembléia dos santos que se reúnem na terra para adorar a Deus. No átrio interior do céu, eles ouvem o testemunho das testemunhas de Cristo no átrio exterior nesta terra” (Testemonies, v. 6, p. 366).

Levante-se. João é ordenado a participar da ação mostrada a ele na visão.

Mede. O símbolo do homem que mediu Jerusalém com um barbante foi interpretado como garantia de que a cidade seria reconstruída (veja em Zac. 2: 1-2); portanto, a medida do templo e de seus adoradores também pode sugerir uma promessa de restauração e preservação.

“Entre parênteses, entre o sexto e o sétimo selos, existe a garantia de que, apesar dos terrores que acompanharão a segunda vinda de Cristo, Deus tem um povo que permanecerá firme (Ap 7; cf. com. cap. 6:17). Este outro parêntese entre a sexta e a sétima trombetas também pode ter o objetivo de confirmar que, em meio aos horrores que acompanham o som das trombetas, o templo de Deus – isto é, o plano de redenção que nele é retratado – e os verdadeiros adoradores do Senhor estão seguros. Essa restauração e preservação do templo de Deus também parece ter um apelo especial para uma compreensão mais completa do significado do Ministério de Cristo no santuário celestial, conhecimento que foi ampliado desde 1844.

Templo. Gr. Naos (ver cap. 3:12; 7:15; cf. cap. 11:19). Depois do grande desapontamento em 22 de outubro de 1844, a atenção dos crentes adventistas foi dirigida ao santuário celestial e à obra de Cristo como sumo sacerdote naquele santuário. Esta não é uma referência ao templo literal de Jerusalém, porque quando João recebeu suas visões, esse templo estava em ruínas. Os judeus foram rejeitados por Deus como seus representantes escolhidos (ver com. Mt 21:43; v. IV, pp. 28-36), e por esse motivo esse templo nunca será restaurado como um centro de culto divinamente reconhecido (veja Ezequiel 40: 1). Portanto, ‘aqueles que adoram’ não são judeus literais que adoram em seu templo literal, mas aqueles que dirigem sua adoração ao templo celestial, onde Cristo ministra em nome de seus filhos (Heb. 8: 1-2). Num sentido especial e de acordo com o contexto desta profecia, a medição ocorre em um período específico para a história da igreja. […]

Aqueles que adoram. Ou seja, o verdadeiro Israel espiritual, o povo de Deus, que contrasta com os ‘gentios’ (verso 2). A medida dos adoradores sugere um serviço de julgamento” (NICHOL et al., 1980b, 816).

Medir o santuário (ou templo): Ter clara compreensão do santuário no Céu e do juízo investigativo. […] Medir: Esta palavra é usada com o significado de avaliar e julgar, mas pode ser considerada também como uma promessa de restauração e preservação. […] Altar: Visto que o átrio exterior do santuário não devia ser medido, este altar deve referir-se ao altar do incenso [interno] e ao ministério intercessor de Cristo, apresentando Sua justiça para cobrir os nossos pecados. Medir o altar é verificar se aceitamos a justiça de Cristo e Sua intercessão por nós.

Medir o altar: Como isto se refere ao altar do incenso (verso 2), o povo de Deus deve ter mais clara compreensão da maneira pela qual o ministério intercessor de Cristo traz justiça pela fé. […] Medir os que adoram: A obra do evangelho só poderá ser terminada quando o povo de Deus refletir o caráter de Cristo. […] Apocalipse 11:1 liga este capítulo a Apocalipse 10, mostrando o que deve ser profetizado novamente, e qual é a importância que a Bíblia terá no testemunho a ser dado nos últimos dias” (BATTISTONE, 1989, p. 155, 160 e 161).

11.2 mas deixa de parte o átrio exterior do santuário e não o meças, porque foi ele dado aos gentios; estes, por quarenta e dois meses, calcarão aos pés a cidade santa. mas não invistam tempo em analisar o mundo, o qual é o pátio externo do Santuário celestial; foi nele, no altar da cruz, que o Criador foi sacrificado em lugar da criatura. Ao final do julgamento do planeta Terra, antes da volta de Jesus, os falsos adoradores terão seus nomes apagados do Livro da Vida do Cordeiro e descartados do Santuário celestial, quer estejam no lugar santo, entre os professos sacerdotes, ou no pátio externo entre os gentios. Esses falsos adoradores receberam a permissão para perseguir e matar a muitos dos verdadeiros, de 538 a 1798 d. C, onde nesse período as verdades sobre Jesus e Seus serviços no Santuário celestial serão obscurecidas e deturpadas. Mas ao fim desse tempo de deturpações e perseguições, essas verdades serão restauradas e ensinadas, e os verdadeiros adoradores entrarão, após o retorno de Jesus a este mundo, na Nova Jerusalém! No entanto, os deturpadores da verdade e os algozes dos verdadeiros adoradores, mesmo professando adorar a Deus no mundo, serão vistos por Deus como ímpios e rebeldes, e ficarão de fora da Cidade Santa”.

“Em Apocalipse 8:2, João observa sete anjos com trombetas, prontos para anunciar os juízos que sobrevirão aos habitantes da Terra. Antes que os anjos toquem as trombetas, outro anjo não especificado aparece, segurando um incensário de ouro. Ele fica em pé junto ao altar [ou no altar, sobre o altar, de acordo com um estudo de caso realizado por este mesmo autor], que é, sem dúvida, o altar de sacrifício. O altar de sacrifício ficava localizado no átrio exterior do templo que, na tipologia bíblica, representa a Terra (cf. ap 11.2)” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p.60).

“Átrio – Representa a Terra e a obra de expiação que Jesus realizou quando esteve neste mundo […]. Apocalipse 11 é a continuação da cena descrita no capítulo anterior, na qual foi ordenado que João tomasse e comesse o livrinho. No capítulo 11 verificamos que o apóstolo recebeu uma vara de medir e, com ela, a tríplice ordem de medir o templo, o altar e os que naquele adoram. Foi-lhe recomendado que não medisse o átrio exterior do templo, pois esse átrio seria dado aos gentios, que por quarenta e dois meses calcariam aos pés a cidade santa. Mais uma vez estamos lidando com profecia simbólica” (BATTISTONE, 1989, p. 161).

“‘Mas deixa de parte o átrio exterior do santuário.’ Isto deve ser interpretado como significando que a atenção da igreja dirige-se agora ao interior do templo e ao serviço ali realizado. Os assuntos pertencentes ao átrio são agora de menor importância. Foi dado aos gentios. O átrio se refere a esta Terra, pois com relação ao santuário o átrio é o lugar onde se imolavam as vítimas cujo sangue devia ser lavado [sic, levado] ao interior. A vítima antitípica devia morrer no átrio antitípico, e Cristo morreu no Calvário, na Judéia. Ao apresentar os gentios, a atenção do profeta é dirigida ao importante detalhe da apostasia gentílica, que ia pisar a santa cidade durante quarenta e dois meses. Assim regressamos ao passado, e é chamada a nossa atenção para uma nova série de acontecimentos” (SMITH, 1979, p. 165).

“No santuário da terra em Israel, figura do verdadeiro, havia um átrio que o circundava, fechado por uma cêrca de cortinas de linho, no qual eram imolados e queimados no altar os animais de acôrdo com o ritual [‘átrio exterior’]. O santuário celestial, onde Jesus é o único Sumo-sacerdote Mediador, também tem o seu átrio [externo], que deve ser, como no da terra, o lugar onde o Cordeiro de Deus foi imolado como oferta pelo pecado do povo de Deus. E bem sabemos que Jesus, foi imolado nesta terra, que é o átrio [externo] do santuário celestial, como mais evidentemente comprova a última parte do versículo dois.

“Este átrio não devia ser medido, pois nada há na terra que deva harmonizar-se com a vida do cristão; êle somente deve estar em harmonia com o templo e seu ritual, jamais, porém, com o mundo corrompido e mau. O átrio ‘foi dado às nações’, o que mais uma vez confirma tratar-se da terra. Neste átrio [externo] do templo as nações pisariam a ‘cidade santa’ por 42 meses. A ‘cidade santa’ aqui referida só pode ser a Igreja de Cristo; pois não conhecemos na terra uma ‘cidade santa’ literal. E é notável a inferência de que a Igreja de Cristo está no átrio [interno] do templo celestial.

“No santuário terrestre, apenas os sacerdotes oficiantes tinham acesso ao átrio [interno], sendo os únicos ministros da palavra. Porém, na Igreja de Cristo, todos estão no átrio [interno] do templo porque todos têm uma missão sacerdotal a desempenhar no mundo. No templo [luar santíssimo do átrio interno], entretanto, só o ‘Sumo-sacerdote da nossa confissão’ [Hebreus 3.1] tem direito de entrar. […] 42 meses a trinta dias cada mês são 1260 dias. E êstes 1260 dias, segundo o modo de as Sagradas Escrituras contarem o tempo profético, um dia equivalente a um ano, são 1260 anos. Nisto podemos ver que as nações européias, no período de 1260 anos, coagidas pelo papado, pisariam a Igreja de Cristo no próprio átrio do santuário, onde o Senhor oficia como seu Sumo-sacerdote. E foi sob a coação dos senhores da tiara que as nações pisaram cruelmente a Igreja do Senhor Jesus, como prova evidentemente a própria história” (MELLO, 1959, p. 275 e 276).

“No templo de Herodes, que João conhecia muito bem, havia um pátio interior composto pelo pátio das mulheres, o pátio de Israel e o pátio dos sacerdotes. Além destes, havia um grande pátio externo, o pátio ou átrio dos gentios. Uma barreira – uma ‘parede de separação’ (Ef. 2:14) – separou a quadra interna da quadra externa e não havia permissão para nenhum gentio atravessar essa barreira e, sob pena de morte (ver vol. V, pp. 68-69). Em vista do fato de que o átrio mencionado aqui ter sido ‘dado aos Gentios’, parece que João levou especificamente em conta aquele grande pátio exterior. O pátio foi considerado um símbolo desta terra, em contraste com ‘o templo de Deus’ no céu (versículo 1).

“João deve medir apenas os adoradores de Deus, aqueles que têm o direito de entrar além da barreira, onde somente os israelitas poderiam entrar. São os únicos que podem esperar que sejam libertos dos castigos finais que cairão sobre a terra.

“Como foi o caso do átrio dos gentios no templo em Jerusalém, pode entender-se que ‘gentios’ se aplica àqueles que não são verdadeiros adoradores de Deus, aqueles que não confessarão pertencer ao Israel de Deus.

“Essa passagem é paralela à descrição de Dan. 7: 7, 23, onde é descrita a ação do quarto animal que ‘pisou aos pés’ (veja Dan. 7: 7-8, 25). Aquele animal agiu particularmente contra os ‘santos do Altíssimo’ (Dan. 7:25), por isso é lógico entender que a ‘cidade santa’ representa o povo de Deus. A cidade santa, isto é, Jerusalém (Dan. 9:24; cf. Lucas 21:20). A entrega do átrio exterior aos gentios envolve o ato de pisar a cidade santa aos pés.

“[…] Este período é claramente idêntico ao ‘tempo, tempos e meio tempo’ de Dan. 7:25 (ver comentário respectivo)” (NICHOL et al., 1980b, 816).

“[…] Os 42 meses e os 1.260 dias são uma referência ao período da supremacia papal (538 A.D. a 1798 A.D.). Durante esse tempo, as duas testemunhas (as Escrituras Sagradas) profetizaram vestidas de pano de saco. Esse foi um tempo em que as forças do mal ‘calcaram aos pés’ verdades da palavra de Deus e perseguiram os que procuraram perseverantemente estudar as Escrituras por si mesmos” (BATTISTONE, 1989, p. 165).

“Apocalipse 11:2 fala das ‘nações’ ou dos ‘gentios’ que ocupam o ‘átrio externo do templo’. Antes de qualquer outra coisa, deixemos claro que a palavra aqui traduzida como ‘nações’ por algumas versões da Bíblia, é a mesma palavra que em mais de noventa casos, no Novo Testamento, é traduzida como ‘gentios’. Aliás, é esse o termo que aparece na Versão Almeida Revista e Atualizada, a nossa versão básica. Esta forma de traduzir o termo original — ‘gentios’ — torna-se imediatamente significativa ao lembrarmos que nos tempos do Novo Testamento o grande templo de Jerusalém era constituído por aposentos internos — onde somente os judeus podiam adorar — e um vasto pátio externo onde os gentios devotos estavam autorizados a adorar a Deus. (O pequeno muro que separava o pátio dos gentios dos aposentos exclusivamente reservados aos judeus, é mencionado simbolicamente em Efésíos 2:14.)

“Pois bem: em Apocalipse 11 os gentios que vêm adorar no pátio externo ‘calcam a pés’ a ‘cidade santa’ durante 1.260 anos. Lembremo-nos que a cidade santa representa a comunidade de pessoas justas, conforme vimos há pouco. Isso nos traz imediatamente à memória o chifre pequeno de Daniel 7, o qual haveria de perseguir os santos durante idêntico período, bem como a ponta pequena de Daniel 8, a qual iria ‘pisar’ o ‘exército’. Esses chifres pequenos — na verdade, ambos são o mesmo e, portanto, um só — representam principalmente o lado mais negativo da igreja cristã durante a Idade Média e em épocas posteriores. Uma vez que os ‘gentios’ ou ‘nações’ de Apocalipse 11 se encontram no pátio externo, é indubitável que eles são adoradores do Deus verdadeiro. Tal fato oferece apoio à nossa interpretação de que eles representam uma espécie de cristianismo.

“Os gentios ou nações representam, portanto, a mesma coisa que os habitantes da grande cidade, aquela que crucificou Jesus ao apostatar da verdadeira adoração. Constatamos, assim, que a grande cidade faz oposição à cidade santa. Damo-nos conta, igualmente, da existência de uma distinção entre os verdadeiros adoradores que ocupam os aposentos internos, e os outros, que adoram no grande pátio exterior. João recebeu instrução de ‘medir’ os adoradores dos aposentos internos, junto com o próprio templo e seu altar.

“Foi-lhe dito, contudo, que deixasse ‘de parte’ os demais adoradores. A palavra grega subjacente na verdade sugere uma tradução mais incisiva: ‘expulsar’ ou ‘descartar’. Acha-se envolvido aqui um julgamento, o qual separa os genuínos cristãos das pessoas que meramente professam o cristianismo. Teremos mais a dizer acerca desse julgamento, ao examinarmos a mensagem do primeiro anjo em Apocalipse 14:6 e 7. Por ora, concluímos que as ‘nações’ ou ‘gentios’ de Apocalipse 11:2 representam os cristãos que não correspondem, na prática, à sua profissão de fé, e molestam ou fustigam os cristãos cujo viver é coerente e genuíno” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 312 e 313).

Não estou convencido disso. Tenho aprendido que sempre haverá trigo e joio nos dois grupos: os que adoram no santo lugar (Ap 11.1) e os gentios do átrio exterior, e isso até a volta de Jesus. Trigo e joio permanecerão juntos até a sentença final após o julgamento pré-advento, a qual não está em 1844, no começo do julgamento do planeta Terra, mas em seu final, início da 7ª trombeta e fim do tempo da graça. O segundo “ai” começou em 538 d. C., Ap 11.2 e 3, e vai até o início da Revolução Francesa no século 18. O terceiro “ai” começa com a 7ª trombeta e vai até o final do milênio (Ap 11.18). O primeiro “ai” começou depois do 2°, no início do século VII. Enfim, em todos os “ais” e trombetas, com exceção da sétima trombeta, trigo e joio estarão juntos. Apocalipse 11.1 e 2 se cumprem no segundo “ai” e, portanto, antes da 7ª trombeta, o que me faz crer que esses dois versos não apresentam os dois grupos excludentes, últimos, “salvos” e “perdidos” como se estivessem sendo representados, respectivamente, pelos adoradores no lugar santo e os gentios do átrio exterior.

Retomando a questão da localização cronológica do julgamento dos que estarão salvos e perdidos no segundo advento de Jesus Cristo (cf. p. 188), Silva (2011, p. 5) se refere ao julgamento de Apocalipse 20, durante os “mil anos” após a volta de Jesus, como uma “revisão do julgamento” realizado no Santuário celestial antes de Sua volta. “Certamente Deus julgará também antes da segunda vinda de Jesus os que, aparentemente, não eram religiosos e não professaram seguir nenhuma denominação religiosa. Primeiro porque existirão salvos entre eles (Mt 8:10, 11 e 21:31,32); depois porque, como Ele salvaria alguns (após julgá-los) e mesmo sem julgar condenaria outros? ‘Afinal de contas eu não tenho o direito de julgar os que não são cristãos. Deus os julgará’ (I Co 5:13, NTLH). ‘Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça’ (At 17:31; cf. Ap 11:18)” (SILVA, 2011, p. 9).

Se esta ideia estiver correta, e até hoje (14/6/2020) não encontrei dados bíblicos que a refutem, o julgamento começou “pela casa de Deus” (1ª Pe 4.17), pelos “adoradores” no santuário celestial (Ap 11.1), mas não se limitou a eles. Os que nunca professaram Jesus (via batismo ou outras associações) nem pertenceram ao suposto povo de Deus de sua época, os “gentios” do “átrio exterior” (Ap 11.2) também deverão ser julgados por Jesus e Sua assessoria jurídica na mesma fase de julgamento, no caso a fase pré-advento. Somente após a conclusão dessa fase, onde o tribunal de Cristo já possuir todas as sentenças de todos os seres humanos, ocorrerá a volta de Jesus à Terra.

“Uma vez que o Juiz concluiu todos os casos de Adão até o último ser humano concebido na Terra (At 17:31); uma vez que Ele mesmo, Jesus, e o Pai (Mt 26:64), e com Eles ‘todos os’ anjos que existem no Céu (Mt 25:31) tiverem vindo ao nosso planeta e Jesus tiver ressuscitado os salvos que dormem e alguns perdidos, os que ‘O traspassaram’ e os tiver destruído (Ap 19:21), em seguida a Bíblia narra o seguinte: ‘Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo’ (Mt 25:34); ‘nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles [os ressuscitados], entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor’ (I Ts 4:17)” (SILVA, 2011, p. 13).

11.3 Darei às minhas duas testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco. “Nesse período de perseguições e martírios, de 538 até 1798 d.C., o Antigo e o Novo Testamentos bíblicos, Minhas duas testemunhas na Terra, ensinarão sobre Mim mas de luto, pela contínua perseguição, e por serem forçados pelos falsos adoradores a viverem em idiomas antiquados e sem acesso à maioria das pessoas”.

“Quem são essa duas testemunhas? Estudiosos apontam para dois aspectos: (1) a Palavra de Deus – o Antigo e o Novo Testamentos; e, mais recentemente, (2) o povo de Deus, que testemunha da veracidade da Bíblia e do evangelho para o mundo. Apocalipse 11:8, possivelmente, mostre que as duas testemunhas são uma entidade única, em lugar de duas (o grego diz ‘o cadáver delas’). Talvez seja também apropriado ver as duas testemunhas como o podo do Senhor em seu papel real e sacerdotal, pregando a Bíblia como a Palavra de Deus (cf. Ap 1:6; 5:10). É por causa de sua fidelidade à Bíblia que o povo do Senhor sofreu ai longo da Idade Média, durante o período profético dos 1.260 dias ou 42 meses (Ap 6:9; 12:6, 13, 14)” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p.64).

“A ideia de duas testemunhas vem do sistema jurídico judaico, que requer pelo menos duas testemunhas para que algo seja estabelecido como verdade (Jo 8:17). As duas testemunhas representam a Bíblia; o Antigo e o Novo Testamentos. As duas não podem ser separadas. O povo de Deus é chamado a proclamar ao mundo a mensagem completa das Escrituras: ‘toda a vontade de Deus’ (At 20:27, NVI). As testemunhas são retratadas profetizando em panos de saco durante o período profético de 1.260 dias/anos (538 d.C. – 1798 d.C.). O pano de saco é a vestimenta que representa o luto (Gn 37:34); ela indica o tempo difícil em que as verdades da Bíblia foram enterradas e encobertas pelas tradições humanas” (STEFANOVIC; MODZEIESKI, 2019, p. 59).

“Este período de ‘mil duzentos e sessenta dias’ são mencionados de diversas maneira nas Escrituras. Apresenta-se de três formas:

Como 1.260 dias neste versículo e em Apocalipse 12:6.

Como 42 meses em Apocalipse 11:2 e 13:5.

Como 3 ½ tempos em Daniel 7:25; 12:7 e Apocalipse 12:14.

“Todas estas passagens referem-se ao mesmo período e podem calcular-se com facilidade. Um tempo é um ano, segundo Daniel 11:13. Um ano tem 12 meses, e um mês bíblico possui 30 dias. De modo que temos o seguinte:

1 ano de 12 meses, a 30 dias por mês……………………………360 dias

3 ½ tempos, de 360 dias……………………………………………1260 dias

42 meses de 30 dias………………………………………………….1260 dias

“Sem dúvida, todos reconhecerão que o ano tem 12 meses, mas que o mês tenha 30 dias é algo que precisa talvez ser provado. Recebemos ajuda do relatório do dilúvio em Gênesis 7 e 8. Ali encontramos:

1. Que o dilúvio iniciou no dia 17 do segundo mês (Gên. 7:11).

2. Que as águas começaram a baixar no dia 17 do sétimo mês (Gên. 8:4).

3. Que o dilúvio durou 5 meses, desde o segundo mês até o sétimo.

“A leitura de Gênesis 7:24 nos revela que ‘as águas durante cento e cinqüenta dias predominaram sobre a terra’. Nosso cálculo mostrava cinco meses; o texto aqui menciona 150 dias; daí que cinco meses sejam iguais a 150 dias, ou seja, 30 dias por mês. Aqui temos uma medida definida para calcular os períodos proféticos, se levamos em conta que em profecia um dia é igual a um ano literal.

As duas testemunhas. – Durante este tempo de 1.260 dias as duas testemunhas estão vestidas de saco, ou na obscuridade, e Deus dá-lhes poder para suportar e continuar dando seu testemunho através desse escuro e sombrio período. Mas quem ou que são estas testemunhas?” (SMITH, 1979, p. 165 e 166).

“As duas testemunhas constituem algo que pode continuar existindo na presença de Deus, e ser ao mesmo tempo atacado na Terra. A interpretação de que as ‘testemunhas’ são a Palavra de Deus – o Antigo e o Novo Testamentos – é a única que se ajusta às especificações dadas na profecia” (BATTISTONE, 1989, p. 164).

“[…] Testemunha é alguém que apresenta um testemunho, alguém que depõe ou testifica a respeito de algo. As palavras ‘testemunhar’, ‘depor’ e ‘testificar’, possuem significados intimamente relacionados. Quando elas ocorrem em o Novo Testamento, são sempre traduzidas de palavras gregas relacionadas com martureo, da qual procede a nossa palavra mártir. Mártir é a pessoa que em vida e na morte testemunha ou testifica de sua fé em Deus.

“Em S. João 5:39, Jesus disse, referindo-Se (1) às Escrituras do Antigo Testamento: ‘São elas que de Mim testificam.’ Durante o Discurso do Olivete, Ele disse: (2) ‘E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações.’ S. Mateus 24.14.

“O Antigo Testamento apresenta o testemunho dos profetas. O Novo Testamento contém testemunho dos primeiros pregadores do evangelho. Quando Jesus afirmou que o Antigo Testamento ‘testemunhava’ ou ‘testificava’ de Sua Pessoa, o Novo Testamento ainda não havia sido escrito. À época em que João registrava o texto de Apocalipse 11, entretanto, o Novo Testamento achava-se quase completo. Logo, nos dias de João, as escrituras do Novo Testamento, tanto quanto as do Antigo, achavam-se prontas para testemunhar em favor de Cristo durante os vindouros 1.260 anos” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 308 e 309).

“Durante 1260 dias ou anos proféticos, como vimos, as duas testemunhas teriam o poder de Deus para profetizar, o que já nos revela serem dois profetas, como mesmo testifica o versículo dez. Também não podem referir-se a profetas reais. Pois nenhum homem viveu 1260 anos, As vestes de saco durante 1260 anos, indicam a humilhação a que foram submetidas naquele grande período de supremacia temporal do papado, acertadamente chamado Idade Escura.

“[…] Naqueles dias escuros da Idade Média, conta-nos a história, foram sem limites as pretensões do papado. Foi o papismo que escureceu aquêles séculos medievais com suas pretensões temporais e espirituais. Em outros termos, êste poder, com suas pretensões despóticas, relegou a luz do evangelho de Deus, trazendo trevas espirituais espêssas sôbre o mundo e a cristandade, aceitas do paganismo de que é sucessor. Agora compreendemos que as duas testemunhas que no período papal foram humilhadas por êste poder, eram o Velho e o Novo Testamentos.

“As Escrituras Sagradas foram proibidas pelos papas aos leigos e, os poucos exemplares existentes aqui e ali, eram compostos numa língua, o latim, que para aquela diversidade de povos com múltiplos idiomas, que constituíram a Europa, era uma língua morta. Na verdade as duas testemunhas, Velho e Novo Testamentos, aliás a Bíblia Sagrada, foram humilhadas no referido período escuro do papado, e por êste mesmo poder. Notemos o que diz o historiador Eugênio Lawrence concernente a esta obra papal:

“‘Começou então uma notável contenda entre a igreja romana e a Bíblia, entre os impressores e os papas. Durante muitos séculos as Escrituras haviam estado ocultas num idioma morto, ocultas do ôlho público pelos anátemas dos sacerdotes, e em forma manuscrita tão custosa que só era acessível aos opulentos. Uma Bíblia custava tanto como um grande domínio de terras, e com grandes dificuldades podiam as maiores universidades e os mosteiros mais ricos comprar um só exemplar. Sua linguagem e suas doutrinas haviam sido olvidadas desde fazia muito tempo pelo povo, e em seu lugar se havia alimentado o intelecto da Idade Média com extravagantes lendas e visões fradelescas, com fantasias de sacerdotes ociosos, e fábulas de pessoas inescrupulosas.

“‘Os prodígios realizados por uma imagem favorita, as virtudes das relíquias, os sonhos de um impudico eclesiástico ou de um monge fanático, haviam suplantado os modestos ensinos de Pedro e a narrativa de Lucas. Os homens viam diante de si tão só a imponente estrutura da igreja de Roma, que asseverava ter a supremacia sôbre as consciências e a razão, perdoar pecados, determinar doutrinas, e que desde muito havia deixado de lembrar que havia um Redentor, uma Bíblia, e até um Deus. A isso seguiu um ateísmo prático. Com frequência o papa era cético, excepto quanto a seu próprio direito de governar’ (Historical Stadies, Eugenio Lawrence, 250-251, citado em El Don Permanente de Profecia, 247-248). Em 3 de novembro de 1911, o seminário ‘The Truth’ que se edita em Jerusalém, publicou o teor de um documento existente na Biblioteca Nacional de Paris, contendo conselhos que os cardiais entregaram ao Papa Júlio III, em 1051. Transcrevemos o conteúdo dêste documento.

“‘De todos os conselhos que podemos dar a Vossa Santidade, retivemos, por último, o mais necessário. Precisamos estar bem alerta e agir na questão em apreciação com todos os recursos de nosso poder, por se tratar do seguinte: A leitura do Evangelho deve ser consentida o mais restritamente possível, principalmente nas línguas modernas e nos países sujeitos à vossa jurisdição. O texto limitado que é lido ordinariamente na missa deveria bastar e a ninguém deve ser permitido lêr mais. Enquanto o povo se contentar com essa limitação, florescerão os vossos interêsses, mas logo que o povo queira saber mais, começarão os vossos interêsses a sofrer marcha decadente.

“‘Êste é o livro que mais do que qualquer outro tem provocado rebelião contra nós, pelo que estamos quase perdidos, porque, em verdade, se alguém examinar assiduamente a Bíblia e a confrontar com o que sucede nas vossas igrejas, forçosamente achará a contradição e verá que os vossos ensinamentos se desviam multiplamente […] e se o povo compreender isso, certo é que continuamente nos desafiará até que fique tudo desvendado e então seremos objeto de vasto ódio e escárneo mundial. Por isso é preciso que a Bíblia seja subtraída à vista do povo, porém, com muita precaução, para não dar lugar ao alvoroço’ (Arquivo da Ass. Diplomados pelo Colégio Adventista, n.° 51, 1939)” (MELLO, 1959, p. 276 e 277).

Thiele e Berg (1960, p. 233 e 234) citam Ellen G. White para embasar a crença de que as duas testemunhas são de fato o Antigo e Novo Testamentos bíblicos. Seguem as citações nos três parágrafos subsequentes:

“As duas testemunhas representam as Escrituras Sagradas do Antigo e Novo Testamentos” – O Grande Conflito, p. 267.

“A supressão das Escrituras sob o domínio de Roma, os terríveis resultados de tal supressão, e a exaltação final da palavra de Deus, são vividamente apresentadas pelo lápis profético. A João exilado na solitária Patmos foi dada uma visão dos 1260 anos durante os quais foi permitido ao poder papal pisar a palavra de Deus e oprimir Seu povo. Disse o anjo do Senhor: ‘e pisarão a cidade santa (a igreja verdadeira) por quarenta e dois meses. E darei poder às minhas duas testemunhas, e profetizarão por duzentos e sessenta dias, vestidas de saco’. Os períodos mencionados aqui são os mesmos, representando igualmente o tempo em que as fiéis testemunhas de Deus permaneceram num estado de obscuridade. […] Não obstante as testemunhas estivessem vestidas de saco, continuaram a profetizar através de todo o período de 1260 anos” – Spirit of Profecy, v.4, pp. 188,190.

“Durante a maior parte deste período, as testemunhas de Deus permaneceram em estado de obscuridade. O poder papal procurava ocultar do povo a Palavra da verdade e colocar diante dele testemunhas falsas para contradizerem o testemunho daquela. Quando a Bíblia foi proscrita pela autoridade religiosa e secular; quando seu testemunho foi pervertido, fazendo homens e demônios todos os esforços para descobrir como desviar da mesma o espírito do povo; quando os que ousavam proclamar suas sagradas verdades eram perseguidos, traídos, torturados, sepultados nas celas das masmorras, martirizados por sua fé, ou obrigados a fugir para a fortaleza das montanhas e para as covas e cavernas da Terra – então profetizavam as fiéis testemunhas vestidas de saco. Contudo, continuaram com seu testemunho por todo o período de 1.260 anos. […] O período em que as duas testemunhas deveriam profetizar vestidas de saco, finalizou-se em 1798. […] Fora a política de Roma, sob profissão de reverência para com a Bíblia, conservá-la encerrada numa língua desconhecida, ocultando-a do povo. Sob seu domínio as testemunhas profetizaram vestidas de saco” – O Grande Conflito, 267, 268, 269.

“Apesar da prevalência do mal durante o período de 1.260 dias ou anos (ver v. 2), o Espírito de Deus, especialmente conforme manifestado nas Escrituras, prestaria Seu testemunho aos homens que quisessem recebê-lo.

“Vestir-se de saco era um sinal comum de luto (2 Sam. 3:31) e arrependimento (Jon. 3: 6,8). Assim, as Escrituras são descritas como estando de luto em um momento em que as tradições humanas têm domínio quase total (veja Dan. 7:25)” (NICHOL et al., 1980, 817).

11.4 São estas as duas oliveiras e os dois candeeiros que se acham em pé diante do Senhor da terra. “As duas porções da Bíblia são como o sacerdote Josué e o governador Zorobabel, ungidos, inspirados e preservados que cooperaram com Deus na época deles, onde o povo de Israel era impedido de restaurar o terceiro santuário terrestre; mas aqueles dois servos de Deus guiaram o povo e testemunharam da vitória do Espírito de Deus sobre os inimigos de Seu povo. De modo semelhante, Antigo e Novo testamentos, ungidos, inspirados e preservados, têm guiado e iluminado o corpo de Cristo na restauração das verdades obscurecidas, e testemunham de sua vitória sobre os obscurecedores, cooperando com o Senhor Espírito Santo, a fonte de sua luz, a Pessoa divina que substituiu Jesus na Terra e tem influência sobre ela”.

Zacarias 4 (Nova Versão Internacional):1Depois o anjo que falava comigo tornou a despertar-me, como se desperta alguém do sono, 2e me perguntou: “O que você está vendo?” Respondi: Vejo um candelabro de ouro maciço, com um recipiente para azeite na parte superior e sete lâmpadas e sete canos para as lâmpadas. 3Há também duas oliveiras junto ao recipiente, uma à direita e outra à esquerda. 4Perguntei ao anjo que falava comigo: O que significa isso, meu senhor? 5Ele disse: “Você não sabe?” Não, meu senhor, respondi.

11A seguir perguntei ao anjo: O que significam estas duas oliveiras à direita e à esquerda do candelabro? 12E perguntei também: O que significam estes dois ramos de oliveira ao lado dos dois tubos de ouro que derramam azeite dourado? 13Ele disse: “Você não sabe?” Não, meu senhor, respondi. 14Então ele me disse: “São os dois homens que foram ungidos para servir (ou os dois que trazem óleo e servem) ao Soberano de toda a terra!”

“O candeeiro [candelabro] do antigo tabernáculo tinha sete ‘lâmpadas’ (Êxo. 25: 31-40). No templo de Salomão, havia dez candelabros: cinco à direita e cinco à esquerda (1 Rs. 7: 49). Mas o candelabro desta visão não é como os anteriores, e tem suas lições peculiares a ensinar. […] Com relação à identidade e obra de Zorobabel, ver Esd. 2: 1 a 4: 5; […]

“Zorobabel aqui representa a liderança e administração civil, assim como Josué (Zac. 3: 1) representa a liderança e administração religiosa da nação. O óleo ministrado pelas oliveiras (vers. 3) simboliza o Espírito Santo (PVGM 389). Somente a graça divina podia vencer todos os obstáculos que afrontavam os reedificadores […] de Jerusalém.

“Zorobabel e seus companheiros estavam deprimidos por causa da reduzida capacidade e recursos escassos para continuar com a obra de restauração diante da oposição de seus inimigos. A visão mostrou que os propósitos de Deus para Israel não se cumpririam por meio de ‘exército’ e ‘força’ humanos, mas mediante o Espírito de Deus e o poder divino.

“[…] Os dois ungidos. Eles são descritos como estando ‘diante do Senhor’. ‘Junto ao Senhor’ (Bíblia de Jerusalém). Simbolicamente, as oliveiras proporcionam para as lâmpadas (vers. 12). O azeite simboliza o Espírito Santo (ver vers. 6); por tanto, os ungidos representam os instrumentos celestes por meio dos quais o Espírito Santo é transmitido aos seres humanos que estão plenamente consagrados ao Seu serviço. ‘A missão dos ungidos é comunicar luz e poder ao povo de Dios’ (TM 510). Espera-se que os que recebem este dom celestial comunique a outros essas bênçãos.

“João, o revelador também menciona duas oliveiras e estabelece um paralelo entre elas e ‘os candeeiros que se acham em pé diante do Senhor da terra’ (Apoc. 11: 4); e por meio destes símbolos identifica as duas testemunhas que ‘representam as Escrituras do Antigo e Novo Testamentos’ (CS 310). Por tanto, ainda que os profetas tenham visto símbolos semelhantes, seus significados não são iguais” (NICHOL et al., 1980a, p. 1116 e 1117).

“No verso 4, João refere-se a elas como ‘as duas oliveiras’ e como ‘os dois candeeiros’. A linguagem, como tantas outras vezes no Apocalipse, foi tomada por empréstimo — e adaptada — do Antigo Testamento. O profeta Zacarias falou de ‘duas oliveiras’ que se encontravam à ‘direita’ e à ‘esquerda’ de um certo ‘candelabro’. Zacarias 4:2 e 3. Mas Zacarias apresentou apenas um candelabro (definido no capítulo 4, verso 6, como representando o Espírito Santo), e suas duas oliveiras eram, evidentemente, Josué e Zorobabel, respectivamente líder espiritual e líder secular de Israel naqueles dias. Não se sabe se um ou outro tiveram o poder de reter a chuva ou enviar pragas. Não poderíamos, corretamente, igualar as duas testemunhas de João com as duas oliveiras de Zacarias.

“[…] João diz que as duas testemunhas eram ‘oliveiras’ e ‘candeeiros’. Nos tempos antigos, o azeite de oliva era o combustível comum das lamparinas. ‘Lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra, e luz para o meu caminho’, diz o Salmo 119:105, utilizando assim a lamparina ‘alimentada’ a azeite de oliva como um símbolo da Bíblia. ‘A revelação das Tuas palavras esclarece, e dá entendimento aos simples’, acrescenta o Salmo 119:130. As duas testemunhas vistas por João, são chamadas de oliveiras e candeeiros, porque o Antigo e o Novo Testamentos são as nossas principais fontes de luz espiritual” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 308 e 309).

“Analisando conjuntamente os textos do Apocalipse e de Zacarias, ressaltam verdadeiras maravilhas referentes ao Velho e ao Novo Testamentos. Ambos vertem azeite, que é emblema do Espírito Santo e Seu poder dêles emanantes; e também vertem ouro que é simbólico da fé advinda da aceitação da verdade da divina graça redentora que emana de suas páginas; e são, ainda, na figura de dois castiçais, dois portadores de luz, da mais gloriosa luz, da luz do evangelho de Cristo.

“As duas testemunhas ou os dois Testamentos, ‘são os dois filhos do óleo’, diz o profeta, ou sejam as duas inspirações do Espírito Santo — o Velho e o Novo Testamentos — através dos profetas que falaram sob Seu controle. Estas duas gloriosas testemunhas de Deus, de Seu Filho, e de Seu Espírito, que foram humilhadas vilmente pela apostasia papal, ‘estão diante do Senhor da terra’, diz tanto S. João como Zacarias. Com isto vemos que Deus tem os originais do Velho e do Novo Testamentos diante de Si, no Seu templo santo, dando-nos disto certeza a visão de Zacarias do lugar santo do santuário celestial, onde viu êle o castiçal de ouro de sete lâmpadas e também as duas oliveiras, uma à direita e outra à esquerda dêle” (MELLO, 1959, p. 278).

Talvez o autor supracitado tenha razão quando crê que os originais da Bíblia estão diante de Deus. Está escrito:

Deuteronômio 31 (Nova Almeida Atualizada; grifo acrescentado): 19— Escrevam para vocês este cântico e tratem de ensiná-lo aos filhos de Israel. Ponham este cântico na boca de cada um deles, para que me seja por testemunha contra os filhos de Israel. 26— Peguem este Livro da Lei e coloquem-no ao lado da arca da aliança do Senhor, seu Deus, para que fique ali como testemunha contra vocês.

Mas, Bíblia original estaria no lugar santo (Zacarias) ou no santíssimo (Moisés e João), do Santuário celestial? Como foi mencionado tanto por Maxwell como por Nichol et alli, não é exato relacionar as duas árvores de azeitonas de Zacarias com as de João, uma vez que os contextos nos quais elas aparecem não são exatamente iguais.

White (1964, p.266) parece discordar de Mello quanto a esse detalhe ou ela simplesmente fez um comentário homilético, não exegético de Zacarias: “Das duas oliveiras o dourado óleo era vazado pelos tubos de ouro nas taças do castiçal, e daí nas lâmpadas de ouro que iluminavam o santuário. Assim, dos santos que estão na presença de Deus, Seu Espírito é comunicado aos que são consagrados para o Seu serviço. A missão dos dois ungidos é comunicar ao povo de Deus aquela graça celestial que, somente, pode fazer de Sua palavra uma lâmpada para os pés, e uma luz para o caminho. ‘Não por força, nem por violência, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos.’ Zacarias 4:6”.

11.5 Se alguém pretende causar-lhes dano, sai fogo da sua boca e devora os inimigos; sim, se alguém pretender causar-lhes dano, certamente, deve morrer. “Como foi com Elias, quando os falsos adoradores tentaram reivindicar suas mentiras e enviaram soldados para prender o profeta, fogo os consumiu, assim também a Bília, Antigo e Novo testamentos, prediz a destruição dos inimigos do corpo de Cristo. Dada sua missão aqui na Terra em revelar às pessoas tudo o que Deus quis, quem tentar destruir a Bíblia, atenta contra o próprio Deus e será morto por sua obstinada rebeldia insana”.

“[…] Os homens não poderão impunemente espezinhar a Palavra de Deus. O sentido desta terrível declaração é apresentado no capítulo final do Apocalipse: ‘Eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, e da cidade santa, que estão escritas neste livro.’ Apocalipse 11:5; 22:18, 19. Estas são as advertências que Deus deu para guardar os homens de mudar de qualquer maneira o que revelou ou ordenou.

“Essas solenes declarações de castigo se aplicam a todos os que por sua influência levam os homens a considerar levianamente a lei de Deus. Deveriam fazer tremer aos que declaram ser coisa de pouca monta obedecer ou não à lei de Deus. Todos os que exaltem suas próprias opiniões acima da revelação divina, todos os que mudem o sentido claro das Escrituras para acomodá-lo à sua própria conveniência, ou pelo motivo de se conformar com o mundo, estão a trazer sobre si terrível responsabilidade. A Palavra escrita, a lei de Deus, aferirá o caráter de todo homem, e condenará a todos a quem esta infalível prova declarar em falta” (WHITE, 2013, p. 233).

“Fazer mal à palavra de Deus é opor-se ao seu testemunho, corrompê-lo ou pervertê-lo, e afastar dela o povo. Contra os que fazem essa obra, sai fogo da sua boca para os devorar, isto é, juízo de fogo é anunciado nessa Palavra contra eles. Declara que terão por fim a sua parte no lago que arde com fogo e enxofre (Mal. 4:1; Apoc. 20:15; 22:18, 19)” (SMITH, 1979, p. 167).

“Estas palavras evidenciam o poder das duas testemunhas, Velho e Novo Testamentos. Seus adversários expõem-se à verdadeira destruição ao humilhá-las, tratá-las mal e pervertê-las. Aquêle poder que os vituperou e os violentou nos séculos medievais e ainda o faz hoje, está com sua sentença lavrada pelas próprias duas testemunhas, que é fogo, fogo devorador. Nos dias do profeta Elias um incidente houve que bem ilustra o poder de fogo das duas testemunhas ou os dois Testamentos que são a própria palavra de Deus. Consultemos aquêle incidente nos textos aqui citados e teremos uma idéia do que significa opôr-se às duas testemunhas de Deus (2° Rs 1.9-15).

“Na bôca de Elias, o profeta, a palavra de Deus, a mesma das duas testemunhas, tornou-se um fogo para vindicar a Sua honra. Ao profeta Jeremias dissera o Todo-poderoso: ‘Eis que converterei as minhas palavras na tua bôca em fogo, e a êste povo em lenha, e êles serão consumidos’ (Jr 5.14). Ao mesmo profeta dissera o Senhor Deus: ‘Não [é] a minha palavra como um fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiuça a penha?’ (Jr 23.29). Assim é o poder das duas testemunhas. Todos os seus inimigos e todos os que lhe fizerem mal causando-lhes dano e pervertendo seus ensinos, serão consumidos com fogo que sairá de suas bôcas. Morte a seus adversários é a sentença inexorável” (MELLO, 1959, p. 278 e 279).

11.6 Elas têm autoridade para fechar o céu, para que não chova durante os dias em que profetizarem. Têm autoridade também sobre as águas, para convertê-las em sangue, bem como para ferir a terra com toda sorte de flagelos, tantas vezes quantas quiserem. “A Palavra de Deus na boca de Elias regulou as nuvens do céu, impediu as chuvas e causou a estiagem sobre os impenitentes durante todo o período prenunciado pelo profeta. A Palavra de Deus na boca de Moisés transformou águas em sangue e fez cair sobre a terra diversas pragas, na quantidade necessária de vezes até que o planejamento divino se cumprisse: a redenção do povo de Israel diante do reconhecimento egípcio de sua rebeldia obstinada contra Deus. Assim também a Bíblia, em sua função de Palavra de Deus, cumprirá todos os juízos prenunciados sobre os que escolhem deliberadamente perseguir e matar os indivíduos espalhados que obedecem a Deus por meio de Sua Palavra”.

“Em que sentido estas duas testemunhas têm poder de fechar o céu, converter as águas em sangue, e ferir a Terra com pragas? Elias fechou o céu para que não choveu [chovesse] durante três anos e meio, mas o fez por ordem do Senhor. Moisés, pela palavra do Senhor, transformou as águas do Egito em sangue. Exatamente como estes juízos relatados em Seu testemunho se realizaram, assim também se cumprirá toda ameaça e juízo que pronunciaram contra qualquer povo. ‘Tantas vezes quantas quiserem’ significa que tão freqüentemente suas páginas se referem a juízos que hão de vir, isso acontecerá. Um exemplo disto o mundo ainda vai experimentar na inflição das sete últimas pragas” (SMITH, 1979, p. 168).

“O poder das duas testemunhas não tem limite. Neste versículo vemos o seu ‘poder para fechar o céu para que não chova’. Nos dias de Elias e por intermédio dêste profeta foi isto confirmado de modo assombroso. Dissera o profeta ao apóstata rei Acab: ‘Vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra’ (1° Rs 17:1). E deveras ‘três anos e seis meses, não choveu sôbre a terra’ (Tg 5:17-18). As calamidades resultantes desta terrível estiagem não podem ser descritas em palavras humanas. […] A palavra de Elias era a Palavra de Deus que é a mesma das duas testemunhas. E podemos afirmar, pelos incidentes descritos nos textos sagrados, que opôr-se às duas testemunhas de Deus é um verdadeiro suicídio.

“O poder das duas testemunhas ou dos dois profetas, manifesta-se igualmente em converter as águas em sangue e ferir a terra com tôda a sorte de pragas. No passado o Nilo, no Egito, pela palavra de Deus na bôca de Moisés, que é a mesma das duas testemunhas do Apocalipse, foi convertido em sangue, e também mais nove calamidades sobrevieram ao Egito; e, no futuro, a mesma palavra revelada a S. João, converterá tôdas as águas do mundo também em sangue e feri-lo-á com pragas as mais severas. Assim vemos que blasfemar, ofender, perseguir ou corromper as duas testemunhas, significa expôr-se a perigo fatal ou perecer seguramente” (MELLO, 1959, p. 279).

“Como é possível compreender, então, que o Antigo e o Novo Testamentos têm o poder de enviar pragas? Podemos encontrar uma resposta em Apocalipse 22:18, onde se adverte que ‘se alguém lhes fizer [às profecias do livro de Apocalipse] qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro.’ O significado claro dessas palavras é que, se nós distorcermos as divinas mensagens de amor, encontradas no livro de Apocalipse, ou a elas nos opusermos — a elas que foram enviadas ao mundo pelo Cordeiro que morreu para que nós pudéssemos viver — estaremos perdendo a proteção especial que a fé e a obediência têm como objetivo providenciar.

“Como resultado de nosso desrespeito à Palavra de Deus, as pragas cairão sobre nós tão certamente como sobre os mais obstinados pagãos, não importa quem sejam essas desafortunadas pessoas. Já pudemos observar, em nosso estudo de Apocalipse 8 e 9, como os juízos das sete trombetas caíram efetivamente tanto sobre judeus, quanto sobre cristãos e muçulmanos, quando estes se desviaram do verdadeiro significado da Palavra. Durante os 1.260 anos, comunidades que desprezavam a luz da Bíblia e distorciam as suas verdades, por vezes sofreram profundamente.

“Ao estudarmos o período de ‘Tiatira’, observamos como a Europa Ocidental foi ‘prostrada na cama’ da enfermidade ao experimentar os horrores epidêmicos da Peste Negra. Por falarmos em fome: se tomarmos os setenta e oito anos compreendidos entre 970 e 1048, por exemplo, seremos informados de que quarenta e oito anos incríveis e trágicos desse período foram anos de fome (Franklin H. Littell, The Macmillan Atlas Hislory of Christianity (New York: Macmillan Publishing Co., 1976), pág. 34.) Imagine o sofrimento humano daí resultante.

“Ao deixar de lado o gracioso convite oferecido pela Bíblia através do ginete do cavalo branco, ao mundo cristão não restou outra alternativa senão enfrentar os três terríveis cavaleiros da guerra, da fome e da epidemia. Veja as páginas 180-187. As sociedades humanas que ignoraram as primeiras trombetas, colocaram-se sob o furor dos ‘ais’ das últimas. Neste sentido, as duas testemunhas (a Bíblia) derramaram as suas pragas” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 309 e 310).

“Pela Palavra de Deus, Elias fechou as janelas do céu de maneira que não choveu por três anos e meio. Assim como esse ato de juízo do profeta foi cumprido, também as ameaças e os julgamentos pronunciados pela Palavra contra qualquer pessoa que se torna objeto da condenação divina, certamente serão cumpridos. Os homens que resistem a Palavra de Deus ou simplesmente não se interessam em examiná-la, serão condenados por seus decretos e terão o ‘céu fechado para que não chova’, ou seja, eles não receberão seus benefícios, ao contrário disso, serão condenados pelo tribunal divino” (OLIVEIRA et al., 2015, p. 36).

Samuel Ramos (2006, p. 100 e 101) entende que essa profecia (Ap 11.6) ainda não se cumpriu, mas se cumprirá em 1260 dias literais após o fim dos 1260 anos proféticos.

11.7 Quando tiverem, então, concluído o testemunho que devem dar, a besta que surge do abismo pelejará contra elas, e as vencerá, e matará, “A Bíblia enlutada e com as limitações impostas pelo papado e outros falsos adoradores, testemunhará de Mim dessa forma somente até o momento em que Satanás tentar erradicá-la através de uma descristianização reacionária. Ele e seus instrumentos humanos aparentemente destruirão a Bíblia numa região específica do planeta,

“Isto se refere ao testemunho feito em panos de saco. Esse testemunho em pano de saco terminou no fim dos 1.260 anos, em 1798. O livro de Mateus diz que esse período de perseguição seria abreviado (Mateus 24:22). Estamos olhando para um tempo imediatamente anterior a 1798.

A besta: Na profecia, ‘besta’ se refere a um reino ou um poder (Daniel 7:17 e 23). Vemos aqui um reino ou poder que faria guerra contra a Bíblia logo antes de 1798. O abismo: E um poder ateu sem nenhum alicerce. Ele representa a anarquia e confusão de doutrinas que não têm qualquer base. Olhamos para as páginas da História e encontramos que, cm 10 de novembro de 1793, Bíblias foram juntadas em Paris, amarradas à cauda de um jumento e arrastadas pelas ruas da cidade. Naquele dia, Bíblias foram empilhadas e queimadas enquanto as pessoas gritavam: ‘Viva a República da França.’ Quem fosse encontrado com uma Bíblia em casa era condenado à morte.

“A França estava dominada com o que chamaram de ‘filosofias do Iluminismo’, ensinadas por Jacques Rosseau e François Voltaire. Voltaire disse que o terremoto de Lisboa, em 1755, mostrou que Deus não Se importa conosco e que era melhor cuidarmos de nós mesmos. Ele rejeitou a inspiração de Bíblia e disse que a razão humana era muito superior ao cristianismo. Ele detestava de maneira especial o Antigo Testamento, dizendo que ele reduz os humanos a selvagens embrutecidos. Outro membro de Assembléia Nacional Francesa foi Thomas Paine, que escreveu um livro chamado A Idade da Razão. Ele disse: ‘Detesto vigorosamente o Antigo Testamento’ (FEYERABEND, 2005, p. 94 e 95).

“A besta que matou as duas testemunhas surge da própria morada de Satanás. Esse assassinato das testemunhas se aplica historicamente ao ataque ateísta à Bíblia e à abolição da religião em conexão com os eventos da Revolução Francesa” (STEFANOVIC; MODZEIESKI, 2019, p. 59).

“Depois que as duas testemunhas terminaram sua obra ao longo dos 1.260 dias, ‘a besta [símbolo de poder político (Ap 13; 17:3-8)] que surge do abismo pelejará contra elas, e as vencerá, e matará’ (Ap 11:7). Uma vez que o abismo é a morada de Satanás (Lc 8:31; 2Pe 2:4), essa besta é controlada e apoiada por ele, de maneira específica, por mio do poder político dominante ao fim dos 1.260 dias” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p.65).

“Depois do papado humilhar, audazmente, por 1260 anos as duas testemunhas ou seja a Bíblia, um outro poder surge para fazer-lhe guerra: ‘A bêsta que sobe do abismo’, diz a revelação. Uma bêsta é um reino, uma nação ou um poder (Dn 7.17). Subir ‘do abismo’ indica evidentemente ter surgido do caos, do anarquismo, da confusão política. Qual foi o poder anárquico que surgiu em torno do fim dos 1260 anos de suzerania papal, findos em 1798, e que guerrearia as ‘duas testemunhas’ ou as Sagradas Escrituras?

“Qualquer pessoa que conheça a história final dos 1260 anos, sabe que o novo poder que se levantou pelos fins deste período, foi a França revolucionária. Esta potência, portanto, indicada na profecia, faria guerra aos dois profetas ou duas testemunhas, isto é, rejeitaria com violência as Escrituras Sagradas. E esta profecia teve perfeito cumprimento no período revolucionário francês, em que todo o culto cristão foi banido por certo tempo da França e a Bíblia foi rejeitada e ultrajada por esta nação, decididamente. ‘Os adversários da Convenção vestiram um burro, carregaram-no com um lote de símbolos do cristianismo, depois conduziram-no em procissão para gáudio dos escarnecedores, com um Antigo e um Novo Testamento atado à cauda, o qual reduziram a cinzas no meio dos gritos e das aclamações blasfematórias da multidão em delírio’.

“Outro escritor disse: ‘No dia 10 de novembro de 1793, um jumento vestido com hábito sacerdotal, conduzido por dois exaltados republicanos, (pensamos que foi em Lião) levando vasos sagrados com que davam a beber a êste animal; e quando foram chegados a um edifício público, Bíblias, livros de devoção, etc…. foram postos em pilha formando um montão enorme ao qual foi lançado fogo no meio da gritaria duma grande multidão dizendo: ‘Vivam os republicanos exaltados’… Em qualquer parte onde uma Bíblia era encontrada, podemos dizer que era condenada à morte’. (Harmonias da Natureza, 132)” (MELLO, 1959, p. 280).

“‘Quando tiverem, então, concluído o testemunho’, isto é, ‘vestidas de pano de saco’. Terminou o tempo em que tinham que estar vestidas de pano de saco; ou, como expresso em outra parte, os dias da perseguição foram abreviados (Mat. 24:22), antes de expirar o período. Em profecia, uma ‘besta’ significa um reino ou poder. (Ver Dan. 7:17, 23). Levanta-se agora a pergunta: Quando deixaram as testemunhas de Deus de estar vestidos de pano de saco? E algum reino, tal como é descrito, lhes fez guerra no tempo de que se fala? Se formos corretos na fixação do ano 538 como o início de as testemunhas estarem vestidas de pano de saco, e os 42 meses são 1.260 dias proféticos, ou anos, este período nos leva a 1798. Mas por este tempo apareceu algum reino, como é descrito, e lhes fez guerra?

“Note-se que esta besta, ou reino, sobe do abismo, quer dizer, não tem nenhum fundamento. ‘É um poder ateu, ‘espiritualmente Egito’ [Ap 11.8]. (Ver Êxo. 5:2: ‘Mas Faraó disse: Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei, para deixar ir Israel? Não conheço o Senhor, nem tão pouco deixarei ir Israel’). Isso é ateísmo. Manifestou algum reino semelhante espírito por volta de 1798? Sim, a França, como nação negou a existência de Deus, e fez guerra à Monarquia do Céu.’ – George Storrs, Midnight Cry, 4 de maio, 1848, vol. 4, Nos. 5, 6, pág. 47” (SMITH, 1979, p. 168 e 169).

“‘Quando acabarem [estiverem acabando] seu testemunho.’ O período em que as duas testemunhas deveriam profetizar vestidas de saco, finalizou-se em 1798. Aproximando-se elas do termo de sua obra em obscuridade, deveria fazer guerra contra elas o poder representado pela ‘besta que sobe do abismo.’ Em muitas das nações da Europa os poderes que governaram na Igreja e no Estado foram durante séculos dirigidos por Satanás, por intermédio do papado. Aqui, porém, se faz referência a uma nova manifestação do poder satânico. Fora a política de Roma, sob profissão de reverência para com a Bíblia, conservá-la encerrada numa língua desconhecida, ocultando-a do povo. Sob seu domínio as testemunhas profetizaram ‘vestidas de saco.’ Mas um outro poder—a besta do abismo—deveria surgir para fazer guerra aberta e declarada contra a Palavra de Deus” (WHITE, 2013, p.234).

“A besta que sobe do abismo é Satanás (Apocalipse 20:1-3) e também simboliza os reinos do mundo que estão sob seu domínio” (BELVEDERE, 1987, p. 94).

“Ateísmo, e, de modo mais específico naquele ponto do tempo profético, a Primeira República Francesa” (BATTISTONE, 1989, p. 164).

“A influência do ateísmo que começou nos dias da Primeira República da França se espalhou para o norte e oriente, estendendo-se até a Rússia. A revolução russa de 1917 se constiituiu em parte em um ataque contra a religião, uma vez que favorecia o ateísmo. Esse vírus ateu se espalhou através de todo o mundo, ganhando adeptos, infiltrando-se inclusive nos currículos educativos e sob um disfarce científico pretende desafiar a auto-revelação de Deus na Bíblia. O ateísmo já envolveu a terça parte do mundo e continua crescendo” (BELVEDERE, 1987, p. 95).

Apenas um contraponto à crença do autor do parágrafo acima sobre a origem do ateísmo na Revolução Francesa: “[…] não é tarefa fácil traçar uma cronologia linear do pensamento ateísta. O que se pode dizer é que desde longo tempo já existiam descrentes no mundo, embora fossem sempre uma minoria quase anônima. Daí a dificuldade de mapeá-los na história. Um exemplo clássico foi Jean Meslier (1664-1729), ateu convicto, que permaneceu padre e celebrou missas até o final de sua vida, em 1729. Não me surpreenderei se houver muitos outros Mesliers ocultos na história.

“Outro dado importante é que, ao falar de ateísmo na Antiguidade, temos de cuidar para não cometer erros de anacronismo, isto é, transferir artificialmente um dado comportamento para um tempo e realidade que não lhe dizem respeito. Por isso, não se pode descrever a descrença dos antigos de maneira indiscriminada, sem nenhum rigor. Ao apresentá-la, é importante que se explique em que sentido seus proponentes poderiam ou não ser classificados como ‘ateus’.

“Poucos talvez saibam, mas no passado os primeiros cristãos foram, oficialmente, declarados ateus pelo império Romano e, por isso, proibidos de exercer sua fé religiosa. Quem dá essa informação é Atenágoras, erudito cristão de Atenas, que escreveu no segundo século uma apologia ao Imperador Marco Aurélio chamada Legatio pro Christianis. O motivo da acusação de ateísmo não era porque os cristãos não aceitassem a existência de Deus, mas porque desprezavam os deuses greco-romanos. Essa, aliás, foi a mesma acusação sofrida 600 anos antes por Sócrates, um dos maiores pensadores da cultura grega. Ele foi condenado a beber veneno, porque havia corrompido a juventude ao questionar a eficácia e a moralidade dos deuses do Olimpo” (SILVA, 2018, p.127).

A notável Revolução Francesa. Nessa era globalmente revolucionária, a Revolução Francesa destacou-se por seu ódio em relação ao cristianismo e por sua violência. Durante o sangrento Reinado do Terror, dia após dia, durante meses consecutivos, dezenas e dezenas de homens e mulheres — por vezes cinquenta ou sessenta homens e mulheres durante um dia: comerciantes, artesãos e operários, tanto quanto nobres, membros da realeza e políticos — eram decapitados mediante o uso de um instrumento que deixava cair uma lâmina afiada sobre o pescoço das vítimas. Era a guilhotina, assim chamada em ‘homenagem’ ao homem que recomendou o seu uso, o Dr. J. I. Guillotine. Douglas Johnson, The French Revolution (New York: G. P. Putnam’s Sons, 1970), pág. 74. Ao que tudo indica, o Dr. Guillotine tinha em mente a velocidade do mecanismo e a relativa ausência de dor.

“[…] ‘Até a Revolução Francesa, todas as guerras europeias haviam sido conduzidas com mercenários e exércitos profissionais, pagos pelos respectivos governos’, lembra-nos um historiador. Muitas vezes fazia pouca diferença para o povo, se este ou aquele rei governava sobre eles, de modo que raramente as pessoas sentiam qualquer responsabilidade em ajudar o soberano a conduzir suas guerras. Na Revolução Francesa, todavia, o próprio povo identificou-se com os governantes. O primeiro recrutamento militar obrigatório, o leveé em masse, ‘foi o primeiro exemplo moderno de alistamento da força de trabalho do homem em qualquer nação europeia. … Gerou-se, assim, a ideia da guerra nacional e, com o leveé en masse, tornaram-se disponíveis os recursos para levá-la a cabo. … A Europa jamais voltaria a ser a mesma. Easton. Wesiern Herítage, págs. 505, 506.

“Em adição ao recrutamento obrigatório, aos imensos exércitos nacionais e medonhas perdas humanas, outro importante legado da Revolução Francesa foi o comunismo. Karl Marx, ao sistematizar o comunismo, e Lenin e Trotsky ao prepararem a violenta Revolução Bolchevista em 1917, analisaram cuidadosamente o curso da Revolução Francesa. Palmer, Revolution, págs. 11, 12. Durante o processo, eles assimilaram extremamente bem uma lição correlata, ensinada pelo filósofo francês Jean Jacques Rousseau. Tratava-se da doutrina de que uma minoria, que sabe o que é melhor para o povo, deve impor sua vontade à maioria, para o próprio bem desta. Até 1989, apenas cerca de 5 por cento de todos os cidadãos soviéticos eram membros do Partido Comunista que dirigia a nação.

“Diz o Professor Palmer: ‘O Movimento Comunista jamais haveria tomado a forma que tomou, não fosse a ocorrência prévia da Revolução Francesa’. Ibidem; Palmer, entretanto, se afasta daqueles que dão ênfase especial à dependência dos russos à Revolução Francesa. ‘Mesmo hoje’, escreve o respeitado historiador britânico, V. H. H. Green, ‘ainda não estamos em condições de medir o pleno impacto da Revolução Francesa sobre o curso da História. Ela constituiu-se num desses eventos decisivos que abrem as comportas, e no turbilhão por ela liberado todos nós ainda estamos nadando, sendo que por vezes nos parece difícil mantermos a cabeça acima da superfície das águas. V. H. H, Green, prefácio, em John McManners, The French Revolution and the Church, ed. V. H. H. Green, Church History Outlines, n° 4 (London: S. P C. K., 1969)” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 288-290).

11.8 e o seu cadáver ficará estirado na praça da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado. na Primeira República da França, na década de 1790; em Paris, a Revolução Francesa queimará Bíblias e instituirá uma descristianização como Lei nacional, endeusando a promiscuidade e a violência; a semana de 7 dias será trocada por uma de 10 dias, afetando o sábado da Minha Criação! Muitos dos verdadeiros adoradores já haviam sido perseguidos e mortos pelo papado nesse país; e agora Meus seguidores genuínos são mortos pelo ateísmo que o papado ajudou a criar na França, de modo que essa apostasia dupla ali torna inútil o sacrifício expiatório do Cristo na vida e no destino desses opositores contumazes da Bíblia e dos seguidores genuínos do Cristo”.

“Esta profecia teve exatíssimo e preciso cumprimento na história da França” (WHITE, 2013, p. 234).

“As duas testemunhas são mortas e publicamente expostas na praça da ‘grande cidade’ (Ap 11:8). No Apocalipse, a ‘grande cidade’ costuma se referir à Babilônia do tempo do fim, um poder contrário ao povo de Deus no conflito final” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p.65).

“‘No ano 1793, […] por um ato solene da legislatura e do povo, o Evangelho foi abolido na França. Os ultrajes infligidos aos exemplares da Bíblia já não tinham importância; sua vida está em suas doutrinas, e a extinção das [doutrinas] é a extinção da Bíblia. Pelo decreto do governo francês que declarava que a nação não conhecia a Deus, no Antigo e o Novo Testamento foram mortos em todos os confins da França republicana. Mas não podiam falar das injúrias aos livros sagrados no saque geral de todo lugar de culto. Em Lion foram arrastados amarrados na cauda de um asno em uma procissão pelas ruas. […]

“‘Em 1º de novembro de 1793, Gobet, com os padres republicanos de Paris, tinha jogado no sótão e abjurado a religião. No dia 11 celebrou-se uma ‘grande festa’, dedicada à ‘Razão e a Verdade’ na catedral de Nossa Senhora que fora profanada e denominada ‘Templo da Razão’. Erigiu-se no centro da igreja uma pirâmide coroada por um templo que tinha a inscrição ‘À Filosofia’. A tocha de ‘A Verdade’ estava sobre o altar de ‘A Razão’, transmitindo luz, etc. A Convenção Nacional e todas as autoridades assistiram a esta insultante cerimônia. Jorge Croly, The Apocalypse of St. John, págs. 175-177. […] ‘Espiritualmente este poder ‘chama-se Sodoma’. Qual foi o pecado característico de Sodoma? A licenciosidade. Teve a França este caráter? Teve, a fornicação foi estabelecida por lei durante o período referido.

“‘Espiritualmente’ nela ‘o seu Senhor também foi crucificado’. Foi isto verdade na França? Foi, em mais de um sentido. Primeiro, em 1572 uma conspiração foi feita na França para destruir todos os piedosos huguenotes; e, numa noite, 50.000 deles foram assassinados a sangue frio, e nas ruas de Paris correu literalmente sangue. Assim, nosso Senhor foi espiritualmente crucificado nos seus membros. Depois, a divisa dos infiéis franceses era ‘pisoteai o infame’, referindo-se a Cristo. Deste modo, pode dizer-se, mais uma vez, com verdade, ‘onde o seu Senhor foi crucificado’. O próprio espírito do abismo foi derramado sobre aquela nação.

“‘Mas a França ‘fez guerra’ à Bíblia? Sim; e em 1793 a Assembléia Francesa promulgou um decreto proibindo a Bíblia, e ao abrigo desse decreto as Bíblias foram reunidas e queimadas, cobertas de todos os possíveis sinais de desprezo e abolidas todas as instituições da Bíblia. O dia de descanso semanal foi anulado e em seu lugar consagrado cada décimo dia à folia e à profanação. O batismo e a comunhão foram abolidos. A existência de Deus foi negada e a morte considerada um sono eterno. A deusa da Razão, na pessoa de uma dissoluta mulher, foi proclamada e adorada publicamente. Há sem dúvida aqui um poder que corresponde exatamente à profecia.’ – George Storrs, Midnight Cry, 4 de maio de 1843, vol. IV, pág. 47 (SMITH, 1979, p. 169 e 170).

“A França, ‘durante o período revolucionário mostrou um estado de rebaixamento moral e corrupção semelhante ao que trouxera destruição às cidades da planície. E o historiador apresenta juntamente o ateísmo e a licenciosidade da França, conforme os dá a profecia: ‘Ligada intimamente a estas leis que afetam a religião, estava a que reduzia a união pelo casamento — o mais sagrado ajuste que sêres humanos podem formar, cuja indissolubilidade contribui da maneira mais eficaz para a consolidação da sociedade — à condição de mero contracto civil de caráter transitório, em que quaisquer duas pessoas poderiam empenharse e que, à vontade, poderiam desfazer.

“‘[…] Se os demônios se houvessem disposto a trabalhar para descobrir o modo mais eficaz de destruir o que quer que seja venerável, belo ou perdurável na vida doméstica, e de obter ao mesmo tempo certeza de que o mal que era seu objetivo criar se perpetuaria de uma geração a outra, não poderiam ter inventado plano mais eficiente do que a degradação do casamento. […] Sofia Arnoult, atriz famosa pelos ditos espirituosos que proferia, descreveu o casamento republicano como sendo ‘o sacramento do adultério’’ (O Conflito dos Séculos, E. G. White,287). Quão fielmente estas palavras aplicadas a Sodoma e ao Egito se cumpriram na França, especialmente na capital, o centro de tôda a devassidão nos dias da revolução.

“Como é possível que Jesus fôsse crucificado em Paris? Literalmente sabemos que isto não aconteceu. Mas, quando os seguidores de Cristo são vituperados, maltratados e mortos, Êle toma isto tudo como sendo feito a Êle mesmo. Jesus mesmo dissera: ‘Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um dêstes meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes’ (Mt 25:40). Para a França crucificar a Jesus em Paris, devia fazer isto na pessoa de Seus seguidores. E em realidade muitos cristãos foram trucidados em Paris, na célebre noite de São Bartolomeu, a 24 de agosto de 1572. Terrível fôra o massacre. Porém notemos como mais foi Jesus crucificado em Paris: ‘O mesmo espírito sobrenatural que instigou o massacre de S. Bartolomeu, dirigiu também as cenas da revolução. Foi declarado ser Jesus Cristo um impostor e o grito de mofa dos incrédulos franceses era: ‘Esmagai o Miserável!’ querendo dizer Cristo.

“‘Blasfêmia que desafiava o Céu e abominável impiedade iam de mãos dadas, e os mais vis dentre os homens, os mais execráveis monstros de crueldade e vício, eram elevados aos mais altos postos. Em tudo isto, prestava-se suprema homenagem a Satanás, enquanto Cristo, em Seus característicos de verdade, pureza e amor abnegado, era crucificado’ (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 273). E não somente em Paris foi Jesus crucificado, senão também em tôda a França; porém, os decretos de matanças contra os Seus seguidores e os vilipendiosos anátemas contra Êle manifestos, sempre procederam de Paris, onde eram promulgados. Assim foi Jesus crucificado na ‘grande cidade’ da licenciosidade e do ateísmo nos tempos modernos” (MELLO, 1959, p. 281 e 282).

“‘Onde o seu Senhor também foi crucificado.’ Esta especificação da profecia também foi cumprida pela França. Em nenhum país fora o espírito de inimizade contra Cristo ostentado mais surpreendentemente. Em nenhum país encontrara a verdade mais atroz e cruel oposição. Na perseguição que a França infligiu aos que professavam o evangelho, crucificou a Cristo na pessoa de Seus discípulos” (WHITE, 2013, p. 235 e 236).

“O fato de que esta cidade é dita ser ‘onde também nosso Senhor foi crucificado’, parece identificá-la com Jerusalém, a ‘cidade santa’ do v. 2; no entanto, muitos comentaristas entendem figurativamente a expressão ‘onde também nosso Senhor foi crucificado’, como os nomes Sodoma e Egito devem, sem dúvida, ser entendidos. Portanto, eles identificam ‘a grande cidade’ com a França, nação que manifestou, no final do período de 1.260 anos, as características simbolizadas por essas expressões” (NICHOL et al., 1980b, p. 818).

“Em 11:8, 9 aparecem Sodoma e Egito para destruir as testemunhas de Deus, pois como nações inimigas do povo de Deus no passado, servem como símbolo eloqüente” (BELVEDERE, 1987, p. 94).

“Sodoma e Egito – Símbolos de degeneração moral e de desafio aos mandamentos de Deus” (BATTISTONE, 1989, p. 164).

“Em Apocalipse 11, a grande cidade é um território governado pela besta que vem do abismo ao fim dos 1.260 dias proféticos. Esse território tem as características espirituais das grandes cidades bíblicas que se opunham a Deus. Possui a maldade e a degradação moral de Sodoma (Gn 19:4-11), a arrogância ateísta do Egito (Êx 5:2) e a rebelião de Jerusalém, ‘onde também o seu Senhor foi crucificado’ (Ap 11:8). De igual maneira, essa grande cidade simbólica mata o povo de Deus e a Bíblia” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p.65).

“Necessitamos identificar a ‘grande cidade’. Alguns leitores pensam que ela é a mesma ‘cidade santa’ mencionada no verso 2, e concluem que se trata da cidade literal de Jerusalém, onde Jesus foi literalmente crucificado. Apocalipse 21:2, entretanto, identifica a ‘cidade santa’ com a Nova Jerusalém, não com a velha cidade terrestre de Jerusalém. Diz João: ‘Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do Céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo.’ Muitos quadros do Apocalipse são apresentados em pares opostos. Por exemplo: existem duas insígnias: o ‘selo de Deus’ e a ‘marca da besta’. Haverá duas ressurreições, a primeira dos ‘bem-aventurados e santos’, a segunda para todos os demais. Existem duas mães, a primeira vestida em vestes brancas, a outra sendo uma prostituta vestida de vermelho. Entre tantos outros pares, existem igualmente duas cidades, a ‘cidade santa’ e a ‘grande cidade’. Conforme vimos, há poucos instantes, a cidade santa é a Nova Jerusalém. A outra cidade, a grande cidade, é Babilônia. ‘Ai! ai! tu, grande cidade, Babilônia, tu poderosa cidade!’ Apocalipse 18:10. Veja também Apocalipse 18:2, 16, etc.

“Todos sabemos que a cidade literal de Babilônia floresceu nos dias do profeta Daniel. Nos dias de João, tratava-se de uma ‘cidade mal-assombrada’, que desde então jamais voltou a ser habitada. Portanto, a ‘Babilônia’ do Apocalipse não pode ser uma cidade real. Trata-se de um símbolo de uma vasta comunidade de pessoas que, a exemplo da antiga Babilônia, blasfema de Deus e persegue os Seus verdadeiros santos. Existe uma Nova Jerusalém, da mesma forma como outrora houve uma Babilônia literal.

“Diferentemente desta, porém, a Nova Jerusalém existe, neste exato momento, no Céu. Segundo Apocalipse 21:1-4, no futuro ocorrerá o dia em que ela será estabelecida aqui na Terra. Tal como Babilônia, contudo, a Nova Jerusalém também simboliza algo. Ela é apresentada como a ‘noiva’ do Cordeiro, que ‘a si mesma já se ataviou’ e se ‘vestiu’ com ‘os atos de justiça dos santos’. Apocalipse 19:7 e 8. À semelhança de Babilônia, esta cidade constitui o símbolo de uma vasta comunidade, mas não da comunidade de ímpios! A Nova Jerusalém é a comunidade dos justos, a verdadeira igreja, o ‘exército’ de Daniel 8:13 e 14, o qual tem sido ‘pisado’ pelos habitantes da grande cidade, Babilônia.

“Mas a grande cidade é descrita em Apocalipse 11:8 como o lugar ‘onde o seu Senhor foi crucificado’. Conforme já mencionamos há alguns parágrafos, esta colocação levou muitos leitores a presumirem que a grande cidade é a velha Jerusalém literal. Observe-se, porém, que o mesmo lugar é alegoricamente chamado de ‘Sodoma e Egito’.

Sodoma representa o vício e a luxúria. Veja Gênesis 19:4-8 e Ezequiel 16:49, 50, 56-58. Ela simboliza mui apropriadamente a exorbitante luxúria e vício da realeza e da nobreza europeias, e a orgia e imoralidade associadas à Revolução Francesa. (Paris pareceu transformar-se num vasto bordel, e estima-se que pelo menos um oitavo de todas as moças casadouras tenham cometido prostituição.)

“O governante do Egito, nos dias de Moisés, escravizou os israelitas e zombou: ‘Não conheço o Senhor, nem tão pouco deixarei ir a Israel.’ Êxodo 5:2. O Egito representa o frio ceticismo dos filósofos e a espalhafatosa descristianização patrocinada pela Revolução Francesa.

“Hebreus 6:4-6 esclarece a questão! O texto mostra que Jesus tem sido crucificado sempre que o Seu povo apóstata profundamente das verdades bíblicas. ‘E impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados e provaram o dom celestial e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa Palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que de novo estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus, e expondo-O à ignomínia.’

“A cidade santa foi calcada a pés durante todo o período dos 1.260 dias. Durante o mesmo intervalo, as duas testemunhas profetizaram em contrição e vestidas de saco. Esta referência à crucifixão de Jesus, porém, foi realizada — ou concretizada — de forma inequívoca durante o período da Revolução Francesa. (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 310-312).

“O poder ateísta que governou na França durante a Revolução e reinado do terror desencadeou contra Deus e Sua Palavra uma guerra jamais vista. O culto à divindade foi abolido pela Assembleia Nacional. Bíblias eram recolhidas e publicamente queimadas. A Lei de Deus era calcada a pés. O dia de repouso semanal, o sábado, foi posto de lado, e em seu lugar cada décimo dia era dedicado à orgia e blasfêmia. O batismo e a comunhão foram proibidos. E anúncios afixados visivelmente nos cemitérios, declaravam ser a morte um sono eterno. O Apocalipse também diz ‘onde nosso Senhor foi crucificado’. Essa profecia também foi cumprida pela França. Na perseguição que ela infligiu aos que professavam o evangelho, crucificou a Cristo na pessoa de Seus discípulos. O Massacre de São Bartolomeu, na noite de 24 de agosto de 1572, quando milhares foram mortos em uma única noite, é um claro exemplo disso” (OLIVEIRA et al., 2015, p. 37).

11.9 Então, muitos dentre os povos, tribos, línguas e nações contemplam os cadáveres das duas testemunhas, por três dias e meio, e não permitem que esses cadáveres sejam sepultados. “A Revolução Francesa humilhará Minhas duas testemunhas, Antigo e Novo testamentos, por três anos e meio, entre 1793 e 1797, e será observada por muitos povos e idiomas, e muitas nações aprenderão sobre o fracasso do ateísmo e da descristianização em administrar pessoas sem a presença e atuação da Bíblia, e não quererão essa ideologia mentirosa e cruel para seu território”.

“‘A linguagem deste versículo descreve os sentimentos de outras nações estranhas à que ultrajava as testemunhas. Elas veriam que guerra a infiel França tinha feito à Bíblia, mas não seriam levadas a empenhar-se nacionalmente na ímpia obra, nem tolerariam que as mortas testemunhas fossem sepultadas, ou postas fora da vista entre elas, embora jazessem mortas três dias e meio, isto é, três anos e meio, na França. Não, a própria tentativa por parte da França serviu para levar por toda parte os cristãos a envidarem novos esforços em favor da Bíblia, como vamos ver.’ – George Storrs, Midnight Cry, 4 de maio de 1843, vol. IV, pág. 47” (SMITH, 1979, p. 170).

“O cadáver das testemunhas fica exposto, sem enterro por três dias e meio, espelhando o período que Jesus passou no túmulo” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p.65).

“A linguagem deste versículo denota que destacados cristãos de várias nações acompanhavam atentos a atitude de França em matar as duas testemunhas ou os dois profetas — o Velho e o Novo Testamentos. Não compartilharam dos ímpios sentimentos dos revolucionários franceses na guerra ateística contra a Bíblia. Ao contrário, protegeram suas nações do contágio da pestilenta atitude daqueles ateus sem escrúpulo e irreverentes. Não permitiram que as duas testemunhas fossem sepultadas, embora estivessem mortas três e meio dias ou anos. Fizeram, como veremos adiante, um gigantesco esforço para exaltação ao máximo possível da Bíblia, tanto na França como em tôdas as nações do glôbo” (MELLO, 1959, p. 282 e 283).

“Esse período [três dias e meio ou 3,5 anos] pode ser calculado a partir de 26 de novembro de 1793, quando se emitiu um decreto em Paris para abolir a religião, até 17 de junho de 1797, quando o governo francês supostamente removeu as restrições impostas à prática da religião” (NICHOL et al., 1980b, p. 818).

“Perto do fim dessa opressão espiritual [42 meses – verso 2], foi feito um ataque contra a Bíblia na França, sob a influência de um regime ateu. Houve uma tentativa para destruir a Palavra de Deus, mas foi inútil. […] O período de três dias e meio de tempo profético simbolizava três anos e meio” (BATTISTONE, 1989, p. 165).

Thiele e Berg (1960, p. 236 e 237) apresentam os seguintes eventos fatais para com as duas testemunhas de Deus na França:

ACONTECIMENTOS DE 1793 – INÍCIO DOS TRÊS ANOS E MEIO

5 de Agosto Adoção do calendário republicano por voto da Convenção.
Abolição da era cristã. O ciclo semanal substituído pela década
7 de Novembro Inauguração em Convenção do culto da Razão.
10 de Novembro O Concílio da Comuna ordena a celebração do culto da Razão na Catedral de Notre Dame.
Declaração em Concílio de que os livros pios da Igreja Católica “bem como o Antigo e o Novo Testamentos, já tinham sido queimados em uma grande fogueira na praça do Templo da Razão, todas as tolices que levara a raça humana a praticar”.
21 de Novembro A Convenção presta o juramento de que dali em diante não reconhecerá outro culto a não ser o da Razão, Liberdade, Igualdade e República.
23 Novembro O Concílio decreta que todas as igrejas e templos de todas as religiões e cultos em Paris sejam fechados de uma vez.

Fonte: Thiele e Berg (1960, p. 236 e 237)

A continuação desta tabela se encontra na página 217.

11.10 Os que habitam sobre a terra se alegram por causa deles, realizarão festas e enviarão presentes uns aos outros, porquanto esses dois profetas atormentaram os que moram sobre a terra. “Boa parte dos franceses e outras nações influenciadas pela revolução ateísta ficarão aliviados e festejarão, trocando lisonjas e presenteando-se com uma consciência amortecida, pois a Bíblia não os incomoda mais! Ela não revela mais os princípios de amor regrado, ordem, responsabilização e julgamento que Deus enviou para cada habitante do planeta por meio de Seus profetas bíblicos. Ateísmo e licenciosidade calam temporariamente a Bíblia e a consciência dos revolucionários, os quais em nome da razão se comportam como irracionais”.

“Temos aqui a alegria dos que odiavam a Bíblia, as duas testemunhas, que os atormentara pela reprovação de seus maus atos. Mas a liberdade que julgaram ter auferido em matar os dois profetas de Deus, trouxe-lhes um caudal de tôda obra perversa pela França em fora. Nunca um povo ou uma nação sofrera consequências tão funestas pelo repúdio das Escrituras Sagradas. Sob o manto duma alegria diabolesca sôbre o assassínio das duas testemunhas, jazia uma avalanche de degradação e um dilúvio de sangue que afogou a nação inteira. Todavia a perversa alegria duma aparente vitória sôbre os dois profetas atormentadores, ia ser breve” (MELLO, 1959, p. 283).

“A morte delas provoca grande alegria entre ‘os que habitam sobre a terra’ (Ap 11:10). A Palavra de Deus sempre incomoda a consciência de quem a ouve, mas não está disposto a se entregar” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p.65).

“A França incrédula fizera silenciar a voz reprovadora das duas testemunhas de Deus. A Palavra da verdade jazeu morta em suas ruas, e os que odiavam as restrições e exigências da lei de Deus estavam jubilosos. Os homens publicamente desafiavam o rei dos Céus. Semelhantes aos pecadores da antiguidade, clamavam: ‘Como o sabe Deus? ou há conhecimentos no Altíssimo?’ Salmos 73:11

“[…] Depois que a França renunciou ao culto do Deus vivo, ‘o Alto e o Sublime que habita na eternidade’, pouco tempo se passou até descer ela à idolatria degradante, pelo culto da deusa da Razão, na pessoa de uma mulher dissoluta. E isto na assembléia representativa da nação, e pelas suas mais altas autoridades civis e legislativas! Diz o historiador: ‘Uma das cerimônias deste tempo de loucuras permanece sem rival pelo absurdo combinado com a impiedade. As portas da convenção foram abertas de par em par a uma banda de música, seguida dos membros da corporação municipal, que entraram em solene procissão, cantando um hino de louvor à liberdade e escoltando, como o objeto de seu futuro culto, uma mulher coberta com um véu, a quem denominavam a deusa da Razão. Levada à tribuna, tirou-se-lhe o véu com grande pompa, e foi colocada à direita do presidente, sendo por todos reconhecida como dançarina de ópera.

“‘[…] A essa pessoa, como mais apropriada representante da razão a que adoravam, a Convenção Nacional da França prestou homenagem pública. ‘Essa momice, ímpia e ridícula, entrou em voga; e o instituir a deusa da Razão foi repetido e imitado, por todo o país, nos lugares em que os habitantes desejavam mostrar-se à altura da Revolução.’ — Scott.

“Disse o orador que apresentou o culto da Razão: ‘Legisladores! O fanatismo foi substituído pela razão. Seus turvos olhos não poderiam suportar o brilho da luz. Neste dia, imenso público se congregou sob aquelas abóbadas góticas que, pela primeira vez, fizeram ecoar a verdade. Ali, os franceses celebraram o único culto verdadeiro — o da Liberdade, o da Razão. Ali formulamos votos de prosperidade às armas da República. Ali abandonamos ídolos inanimados para seguir a Razão, esta imagem animada, a obra-prima da Natureza.’ — História da Revolução Francesa, de Thiers, vol. 2, págs. 370 e 371.

“Ao ser a deusa apresentada à Convenção, o orador tomou-a pela mão e, voltando-se à assembléia, disse: ‘Mortais, cessai de tremer perante os trovões impotentes de um Deus que vossos temores criaram. Não reconheçais, doravante, outra divindade senão a Razão. Ofereço-vos sua mais nobre e pura imagem; se haveis de ter ídolos, sacrificai apenas aos que sejam como este. … Caí perante o augusto Senado da Liberdade, ó Véu da Razão! …

“‘A deusa, depois de ser abraçada pelo presidente, foi elevada a um carro suntuoso e conduzida, por entre vasta multidão, à catedral de Notre Dame para tomar o lugar da Divindade. Ali foi ela erguida ao altar-mor e recebeu a adoração de todos os presentes.’ — Alison. Não muito depois, seguiu-se a queima pública da Escritura Sagrada. Em uma ocasião, ‘a Sociedade Popular do Museu’ entrou no salão da municipalidade, exclamando: ‘Vive La Raison!’ e carregando na extremidade de um mastro os restos meio queimados de vários livros, entre os quais breviários, missais, e o Antigo e Novo Testamentos, livros que ‘expiavam em grande fogo’, disse o presidente, ‘todas as loucuras que tinham feito a raça humana cometer.’ — Journal de Paris, 14 de novembro de 1793 (nº 318)” (WHITE, 2013, p. 239 e 240).

“Se alegram. Gr. Euphrainō, ‘regozijar-se’, ‘tornar alegre’. Também é traduzido como ‘ser alegre’ em Luc. 12:19. Agora, aliviados do tormento, isto é, do testemunho condenador das duas testemunhas, os iníquos apazíguam sua consciência rendendo-se à folia. […] Atormentaram. Pelo poder condenador das profecias das duas testemunhas (versículo 3). Poucas torturas que excedem a de uma consciência culpada. Quando a verdade e a justiça aparecem constantemente diante do pecador teimoso, freqüentemente elas se tornam intoleráveis” (NICHOL et al., 1980b, p. 818).

11.11 Mas, depois dos três dias e meio, um espírito de vida, vindo da parte de Deus, neles penetrou, e eles se ergueram sobre os pés, e àqueles que os viram sobreveio grande medo; “No entanto, no ano de 1797, três anos e meio depois do escárnio contra a Bíblia, Deus a ressuscitará na França e a estabelecerá ali; os observadores deste fato, infectados pelas nefastas filosofias ateias em sua fase embrionária – evolucionismo, comunismo e espiritualismo – se assustarão com o retorno da Bíblia;

“Três dias e meio depois, Deus sopra vida nas duas testemunhas e as ressuscita. Ele também faz com que elas fiquem em pé. Essa cena lembra a visão de Ezequiel do vale de ossos secos (Ez 37:1-10), uma profecia refente à restauração de Israel após o exílio babilônico. Israel era visto por seus inimigos como uma nação derrotada e morta. Nessa visão, porém, o Senhor ordenou que Ezequiel profetize a fim de que o fôlego entre nos ossos secos. Então o fôlego de vida entra nos cadáveres, fazendo com que eles voltem à vida e se coloquem em pé.

“Historicamente, uma das consequências da Revolução Francesa foi o grande reavivamento do interesse pela Bíblia, manifesto, em particular, por meio da criação das grandes sociedades bíblicas e das diversas sociedades missionárias. Elas foram fundadas para espalhar o evangelho, cumprindo a profecia das duas testemunhas que voltam a viver. Como nunca antes, o cenário ficou pronto para a pregação do evangelho por toda parte” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p.66).

“‘Depois dos três dias e meio. Ou seja, no final do período em que os corpos das testemunhas jazem desenterrados e expostos à contemplação pública (ver v. 9).

“‘O espírito de vida. Ou um espírito que é vida. A frase hebraica ruach chayyim, é traduzida no AT como ‘sopro da vida’ (Gênesis 6:17; 7:15, LXX). Os hebreus praticamente identificaram a respiração com vida. Por consequência, dizer que o sopro da vida entrou em uma pessoa significava que ela havia recebido a vida (Gn 2:7).

“‘Sobreveio grande medo’. Os ímpios novamente têm a consciência pesada; a mesma que lhes tinha atormentado quando as duas testemunhas profetizavam (ver v. 10). Aqueles que se alegraram com a morte das testemunhas estão agora atônitos ao contemplarem o milagre da ressurreição delas” (NICHOL et al., 1980b, p. 818 e 819).

“‘Em 1793 a Assembléia Francesa promulgou um decreto suprimindo a Bíblia. Justamente três anos depois apresentou-se à Assembléia uma resolução para suspender o decreto e dar tolerância às Escrituras. Essa resolução esteve na mesa durante seis meses, sendo então levantada e decretada sem nenhum voto contrário […]. Assim, exatamente em três anos e meio, as testemunhas ‘puseram-se sobre seus pés e caiu grande temor sobre os que os viram’. Só os pavorosos resultados da rejeição da Bíblia podiam ter levado a França a tirar suas mãos destas testemunhas.’ – George Storrs, Midnight Cry, 4 de maio de 1843, vol. IV, pág. 47.

“‘Em 17 de junho [de 1797], Camilo Jordão, no ‘Conselho dos Quinhentos’, apresentou o memorável relatório sobre a ‘revisão das leis relativas ao culto religioso’. Consistia de algumas propostas, que aboliam igualmente as restrições republicanas ao culto papal e as restrições papais ao protestante. Tais propostas eram as seguintes:

―1. Que todos os cidadãos podiam comprar ou alugar edifícios para o livre exercício religioso. ―2. Que todas as congregações podiam reunir-se ao toque dos sinos.

―3. Que nenhuma prova nem promessa de qualquer tipo que não se exigisse a outros cidadãos fosse exigida dos ministros daquelas congregações.

―4. Que qualquer pessoa que tentasse impedir ou por qualquer meio interromper o culto público fosse multada até em 500 libras, e não menos de 50; e se a interrupção provinha de autoridades constituídas, tais autoridades fossem multadas em uma soma dobrada.

―5. Que estivesse livre a todos os cidadãos a entrada às assembléias com propósito de culto religioso.

―6. Que todas as demais leis concernentes ao culto religioso fossem ab-rogadas.

“‘Estes regulamentos, pelo fato de abranger toda a situação dos cultos na França foram, na verdade, uma bênção particular para o protestantismo. O papado estava em vias de restauração. Mas o protestantismo, pisado sob as leis de Luís XIV, e sem apoio na fé popular, precisava do apoio direto do Estado para pôr-se em pé. O relatório parece ter como objetivo os ultrajes da igreja; as velhas proibições de celebrar culto público, de possuir lugares de culto, de ter ingressos, etc.

“‘Desde aquele tempo a igreja esteve livre na França. […] A igreja e a Bíblia tinham estado mortas na França desde novembro de 1793 a junho de 1797. Havia transcorrido os três anos e meio; e a Bíblia, que havia sido reprimida por tanto tempo e com tanta severidade, ocupou um lugar de honra, e foi abertamente o livro do protestantismo livre.’ – Jorge Croly, The Apocalypse of St. John, págs. 181-183” (SMITH, 1979, p. 171 e 172).

Pela datação supracitada por Urias Smith não se vê os três anos e meio com exatidão, e sim mais do que esse lapso de tempo. No entanto, Araceli Mello (1959, p. 284 e 285) parece resolver isto:

“[…] a 24 de outubro de 1793, que o jacobinismo anunciou ao público, em um projeto, a resolução de subverter tudo que restava de mais nobre da religião cristã, e isto através dum novo calendário inteiramente ateísta que punha de lado todo o fundamento que o cristianismo tinha na Bíblia ou nos dois profetas citados. Desde 24 de outubro de 1793, e durante três e meio anos, a Bíblia ou os dois profetas — Velho e Novo Testamentos — estariam mortos, ressuscitando após êste período de tempo. Com uma simples operação matemática concordaremos que os três anos e meio findaram em abril de 1797.

“Algo importante deveria ter ocorrido neste mês e neste ano, para que os dois profetas pudessem tornar à vida; aliás, apenas a queda dos jacobinos poderia trazer à vida êstes dois profetas mortos. Foi esta, realmente, a ocorrência de abril de 1797? Vejamos o que diz o historiador: ‘As novas eleições de abril de 1797 foram uma esmagadora derrota para o diretório e para os antigos partidos. Dos oitenta e quatro departamentos da França, sessenta e seis, nas assembléias primárias, escolheram os seus eleitores entre indivíduos não republicanos e só dez se conservaram fiéis aos jacobinos. A capital não só abandonou completamente os jacobinos, mas tomou ela mesma a direção da contra revolução.

“‘Na escolha dos eleitores e na eleição dos deputados de Paris foram postos de parte não só todos os republicanos, mas mesmo os constitucionais, que se tinham evidenciado nas primeiras fases da revolução. O espírito predominante do novo têrço de deputados tendia a fazer ressurgir a monarquia, mas gradualmente, com o auxílio da constituição em vigor e sem recorrer de forma alguma a uma nova revolução. A abolição dos decretos de perseguição aos sacerdotes e emigrados e o restabelecimento da paz com a Europa eram os pontos capitais do programa da nova maioria do Conselho dos quinhentos.’ (Hist. Univ., G. Oncken, XIX, 798-800)

“A profecia teve o seu cumprimento plenamente assegurado e indiscutível. O jacobinismo que matou os dois profetas e com êste ato todos os altos valores do cristianismo, foi esmagadoramente derrotado em tôda a França, principalmente, em Paris, onde cometera o miserando crime contra as duas testemunhas de Deus. Assim os três dias e meio proféticos ou três e meio anos, ajustaram-se perfeitamente no período de supremacia dos jacobinos, e a revelação cumpriu-se notavelmente. […] Estavam novamente restaurados os dois profetas, e a religião cristã na França, depois de os seus matadores, os jacobinos, serem derrotados no poder em abril de 1797. A restauração, porém, não deu ao papado, como rezavam as leis de Luiz XIV, a primazia de culto. Ao protestantismo foi concedido igualdade de direitos religiosos nos decretos do novo regime”.

“As fiéis testemunhas de Deus, mortas pelo poder blasfemo que subiu ‘do abismo’, não deveriam por muito tempo ficar em silêncio. ‘Depois daqueles três dias e meio, o espírito de vida, vindo de Deus, entrou neles; e puseram-se sobre seus pés, e caiu grande temor sobre os que os viram.’ Apocalipse 11:11. Foi em 1793 que os decretos que aboliam a religião cristã e punham de parte a Escritura Sagrada, passaram na Assembléia francesa. Três anos e meio mais tarde foi adotada pelo mesmo corpo legislativo uma resolução que anulava esses decretos, concedendo assim tolerância às Escrituras.

“O mundo ficou estupefato ante a enormidade dos crimes que tinham resultado da rejeição das Escrituras Sagradas, e os homens reconheceram a necessidade da fé em Deus e em Sua Palavra como fundamento da virtude e moralidade. Diz o Senhor: ‘A quem afrontaste e de quem blasfemaste? E contra quem alçaste a voz, e ergueste os teus olhos ao alto? Contra o Santo de Israel.’ Isaías 37:23. ‘Portanto, eis que lhes farei conhecer, desta vez lhes farei conhecer a Minha mão e o Meu poder; e saberão que o Meu nome é o Senhor.” Jeremias 16:21’ (WHITE, 2013, p. 249 e 250).

ACONTECIMENTOS DE 1797 – FIM DOS TRÊS DIAS E MEIO

Maio O Concílio de Quinhentos aponta uma comissão para preparar uma nova lei do culto religioso.
17 de junho A Comissão apresenta seu relatório ao Concílio. Camille Jordan presidente da Comissão, diz em seu relatório: “A religião é necessária à prosperidade e felicidade da nação”. A fé em Deus é uma garantia melhor de ordem pública do que as melhores leis. A vontade do povo a este respeito é unânime, constante e irresistível. A religião, com suas perspectivas imortais, é a única consolação de um país nos lances de uma revolução. Ë a única fonte verdadeira de ordem e da moral.
Temos criado milhares de leis nestes últimos poucos anos. Que fizeram elas por nós, senão ensangüentar este Império amado com crise e destruição? E por que? Porque a lei que ensina discernir entre o direito e o errado, a única lei que empresta valor a todas as outras leis, foi arrancada dos corações do povo. Recriem todas as formas de crença, esta lei nos corações, e os legisladores terão pouco a fazer.
A idéia de prescrever todas as religiões da França é uma idéia ímpia. Por isto, permiti que todos os nossos compatriotas estejam completamente seguros; permiti que todos, Católicos e Protestantes, considerem isto como sendo o desejo do legislador e o desejo da lei, de estarem livres para seguir a religião de seus corações. Deixai-me repetir-lhes em vosso nome a sagrada promessa: Liberdade a Todas as Formas de Culto na França”. O Concílio por consentimento geral concorda com a liberdade do culto.

Fonte: Thiele e Berg (1960, p. 237 e 238)

11.12 e as duas testemunhas ouviram grande voz vinda do céu, dizendo-lhes: Subi para aqui. E subiram ao céu numa nuvem, e os seus inimigos as contemplaram. “não um retorno à obscuridade papal, mas Deus a exaltará gloriosamente por todo planeta, e os inimigos da Bíblia, na França e noutros países observarão, a contragosto, a disseminação de Bíblias que as Sociedades Bíblicas e os missionários realizarão a partir do século 19!”

“‘Subi para aqui’. As testemunhas não são apenas ressuscitadas por Deus, mas são ordenadas a entrar no céu. Como ‘seus inimigos’ as contemplam, elas são completamente justificadas dos ultrajes que sofreram e a veracidade da profecia que haviam proclamado fielmente por 1.260 dias ou anos é demonstrada a todos. A voz de Deus as recebe no céu na presença daqueles que tentaram destrui-las. Essa exaltação das duas testemunhas foi entendida como um símbolo da grande disseminação das Escrituras desde o início do século XIX. Pouco após a Revolução Francesa, várias sociedades bíblicas nacionais foram estabelecidas” (NICHOL et al., 1980b, p. 819).

“‘E subiram ao Céu’. – Para compreender esta expressão, veja-se Daniel 4:22: ‘A tua grandeza cresceu, e chegou até o Céu.’ Por aqui vemos que a expressão significa grande exaltação. Atingiram as Escrituras um estado de exaltação como é aqui indicado, desde que a França lhes fez guerra? Atingiram. Pouco depois foi organizada a Sociedade Bíblica Britânica (1804). Seguiu-se a Sociedade Bíblica Americana (1816), e estas, como as suas colaboradoras quase inumeráveis, estão espalhando por toda parte a Bíblia.’ – Jorge Croly, The Apocalypse of St. John, pág. 47” (SMITH, 1979, p. 172).

“Na verdade os dois profetas não subiram literalmente ao céu. A exaltação e glorificação da Bíblia depois daqueles três e meio anos, é uma designação emblemática de sua vasta difusão não só na própria França como no mundo inteiro. Movidos pelo poder de Deus levantaram-se homens para darem cumprimento ao desígnio da profecia inspirada. Em 1804 fundou-se a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira que, ano após ano, ampliou as suas edições, lendo já alcançado a tiragem de muitos milhões de exemplares anualmente.

“Em 1816 surgiu a Sociedade Bíblica Americana, que, em seu grande esforço, está seguindo de perto a Britânica na produção e difusão de Bíblias no mundo. Além das duas sociedades bíblicas citadas, outram foram fundadas na Europa. ‘Em 1812 fundaram-se a sociedade russa e a de Stuttgart, em 1813 a de Dresden, em 1814 a de Berlim, em 1817 a de Hamburgo”. Também várias sociedades de tratados foram fundadas com o objetivo de difundir as doutrinas da Bíblia em todo o glôbo. Já em 1687 nasceu em Londres a primeira delas; surgiram “depois a de Eisleben, em 1811; a de Hamburgo, em 1820; a de Paris, em 1822; a de Nova York, em 1825; a de Stuttgard, em 1833; a de Basiléia, em 1834; a de Berlim, em 1845; etc.’.

“Não só dêste modo e pelas sociedades Bíblicas foram as sagradas Escrituras e suas verdades espalhadas pelo mundo inteiro, mas também por meio das missões modernas até aos confins da terra. Várias sociedades missionárias foram fundadas: ‘A de Londres, em 1795; a da Escócia, em 1796; a da Holanda, em 1797; a anglicana, em 1799; a grande Sociedade Americana, em 1810; a de Berlim, em 1823; a de Paris, em 1824; a de Renana e a de Basiléia, em 1829; a Norte Alemanha, em 1836; etc.’. Hoje, grande é o número de sociedades missionárias e numerosos os bravos heróis que desde William Carrey têm levado o estandarte da fé e da Bíblia às mais remotas regiões da terra.

“Desde que as duas testemunhas tornaram à vida, têm elas sido honradas como nunca antes. Antes de 1804, a Bíblia havia sido impressa em cincoenta línguas. Hoje, porém, sua mensagem pode ser lida em mais de 1120 idiomas diferentes. Verdadeiramente os dois profetas, o Velho e o Novo Testamentos, subiram ao céu numa exaltação inquestionavelmente celestial. Assim, é a Bíblia, depois de Jesus, a mais valiosa bênção que Deus haja concedido ao homem nesta vida. […] ‘Nas palavras de um primitivo reformador, relativas à igreja cristã, a ‘Bíblia é uma bigorna que tem gasto muitos martelos’. Disse o Senhor: ‘Toda a ferramenta preparada contra ti, não prosperará: e tôda a língua que se levantar contra ti em juízo, tu a condenarás’ (Is 54.17). Sendo o livro mais perseguido através dos séculos, a Bíblia entretanto mantêm-se indestrutível e poderosa para transformar o homem’’ (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 270,287)” (MELLO, 1959, p. 285-287).

“As missões estrangeiras conheceram uma nova era, através da fundação de numerosas sociedades missionárias e pela dedicação de um bom número de indivíduos. ‘Quero consumir-me em favor de Deus’, clamava Henry Martin, graduado por Cambridge e que, aos vinte e cinco anos de idade, aportou na índia como missionário, em 1806. Dentro de seis anos ocorreu exatamente o que ele desejara. Um espírito similar animou e encheu de energia a milhares de outros.

“Judson na Birmânia, Carey na índia, Morrison na China, Moffat e Livingstone na África – todos se tornaram assunto no âmbito das famílias cristãs, à medida que estas, no aconchego tranquilo do lar, maravilhavam-se face à extraordinária devoção desses gigantes servos de Deus; meninos e meninas prometiam a Deus, em suas orações, que haveriam de seguir os passos desses heróis, a qualquer custo. Efetivamente, eles os seguiram, substituindo feiticeiros e bruxos por centenas de hospitais, ensinando ao povo como fertilizar suas terras e efetuar a rotação de plantações, dirigindo milhares de escolas, de modo que as pessoas pudessem ler a Bíblia por si próprias e assim conduzir melhor as suas atividades.

“Depois de haverem reduzido centenas de idiomas tribais à forma escrita pela primeira vez, traduziram a Bíblia para esses idiomas. Com demasiada frequência suas posses pessoais mofavam sob a densa umidade, os cemitérios das missões cresciam – ocupados por seus queridos familiares e colegas – e seus próprios corpos tremiam vertiginosamente sob os ataques de malária, ou vergados pela dor da febre tifóide. Eles deram tudo de si – o que de forma alguma foi em vão.

“‘Pela primeira vez, no transcurso de sua história, o cristianismo (dos anos 1800) tornou efetiva a sua inspiração inerente e alcançou extensão mundial’, observa Kenneth Scott Latourette, Professor Emérito de ‘Missões’ na Universidade de Yale. ‘Nesse processo, ele ultrapassou as realizações de qualquer outra religião.’ Ele admite que ‘a humanidade ainda se encontrava distante da plena conformidade com os padrões do cristianismo’. Em muitos lugares, ‘professos cristãos’, após um século de crescimento da igreja, ‘continuavam a ser uma pequena parcela da população’. Ainda assim, Latourette pôde dizer que, no início dos anos 1900, ‘praticamente todas as culturas sentiam, em maior ou menor grau, a influência do cristianismo’ (Latourette, History, pág. 1078. Pontuação ligeiramente adaptada).

“[…] Embora tenham sido mortas e mantidas insepultas (veja Apocalipse 11:7 e 9), as ‘duas testemunhas’ de Deus seguramente retornaram à vida – e ‘foram erguidas ao Céu’, à vista de todo o mundo. Certamente, triunfaram sobre os seus inimigos; e hoje elas florescem vigorosamente, a despeito da Revolução Francesa com seu legado de ateísmo anticristão, que exerce controle sobre os governos que dominam um quarto da raça humana, e do desmedido nacionalismo e universal militarismo que produziram as mais devastadoras guerras da experiência humana.

A inesgotável vida da Bíblia. Sim, por certo Deus faz com que a Sua Bíblia seja ‘viva e eterna’, I S. Pedro 1:23, A Bíblia na Linguagem de Hoje. Ele a revestiu de Sua própria vida interminável. Os seres humanos certamente aparentam possuir vida, mais que um livro; entretanto, as pessoas morrem, ao passo que a Palavra de Deus permanece viva. ‘Na verdade o povo é erva; seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a Palavra de nosso Deus permanece eternamente’. Isaías 40:7 e 8” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 301-303).

11.13 Naquela hora, houve grande terremoto, e ruiu a décima parte da cidade, e morreram, nesse terremoto, sete mil pessoas, ao passo que as outras ficaram sobremodo aterrorizadas e deram glória ao Deus do céu. “Com a rebeldia da França, o papado perderá dez por cento de seu império, e uma porcentagem bem maior de sua influência sobre as nações do mundo. Milhares de clérigos romanistas terão perdido a vida e os títulos; muita gente perceberá como o falso cristianismo terá sido castigado por sua própria cria: as deformidades ateístas totalitárias francesas, e temerá o único Deus verdadeiro, o Criador revelado pela Bíblia!”

“A ascensão das testemunhas ressuscitadas é acompanhada por um grande terremoto que assola um décimo da grande cidade e mata 7 mil pessoas. Na Bíblia, a décima parte simboliza a menor porção de um todo; já as 7 mil pessoas mortas representam a totalidade dos incrédulos endurecidos.

“O restante das pessoas se enche de temor e dá glória ao Senhor. Isso traz à lembrança a conversão do rei Nabucodonosor, que glorificou a Deus após experimentar o juízo divino (Dn 4:34-37). A palavra ‘aterrorizadas’ e a expressão ‘deram glória ao Deus do céu’ parecem uma resposta ao apelo do primeiro anjo de Apocalipse 14:7: ‘Temei a Deus e dai-Lhe glória’. Isso sugere que, como resultado da vindicação e exaltação das duas testemunhas, bem como do terremoto que abalou a grande cidade, alguns aceitaram o evangelho e depositaram sua fé em Cristo.

“A mensagem das duas testemunhas nos mostra que, assim como no passado, Deus tem um povo fiel que dá testemunho do evangelho ao mundo atual. Ele o usa assim como usou Moisés durante o Êxodo, Elias durante a apostasia de Israel, bem como Josué e Zorobabel durante o período pós-exílico” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p.66).

“Quando Satanás agiu mediante a igreja de Roma a fim de desviar os homens da obediência, fê-lo ocultamente e com disfarce tal, que a degradação e a miséria resultantes nem foram vistas como sendo o fruto da transgressão. E seu poder foi tão grandemente contrabalançado pela operação do Espírito de Deus, que seus propósitos não lograram alcançar completa realização. O povo não ligava o efeito à causa, nem descobria a fonte de suas misérias. Na Revolução, porém, a lei de Deus foi abertamente posta de lado pelo Conselho Nacional. E no reinado do terror que se seguiu, todos puderam ver a operação de causa e efeito. Quando a França publicamente rejeitou a Deus e pôs de parte a Escritura Sagrada, os homens ímpios e os espíritos das trevas exultaram com a consecução do objetivo havia tanto acalentado—um reino livre das restrições da lei de Deus.

“[…] Mas da transgressão de uma lei justa e reta deve inevitavelmente resultar a miséria e ruína. Conquanto não fosse de pronto visitada com juízos, a impiedade dos homens estava, não obstante operando seguramente a sua condenação. Séculos de apostasia e crime tinham estado a acumular a ira para o dia da retribuição; e, quando se completou sua iniqüidade, os desprezadores de Deus aprenderam demasiado tarde que coisa terrível é haver esgotado a paciência divina. O moderador Espírito de Deus, que põe limite ao poder cruel de Satanás, foi removido em grande medida, permitindo-se que realizasse a sua vontade aquele cujo único deleite consiste na miséria humana.

“Os que haviam escolhido servir à rebelião, foram deixados a colher seus frutos, até que a Terra se encheu de crimes demasiado horrendos para que a pena os descreva. Das províncias devastadas e cidades arruinadas ouviu-se um grito terrível — grito de amargurada angústia. A França foi abalada como se fosse por um terremoto. Religião, leis, ordem social, família, Estado, Igreja, tudo foi derribado pela mão ímpia que se insurgira contra a lei de Deus” (WHITE, 2013, p. 248 e 249).

“‘Não se davam ao trabalho de procurar um crime; o parentesco, a riqueza, a categoria, os nomes históricos, parlamentares, bispos, eram motivos suficientes. Tôda espécie de superioridade era atacada pelo ciúme da igualdade. […] Billaud-Varenne exclamava: O tribunal revolucionário julga fazer uma maravilha quando decepa sessenta ou setenta cabeças. Um número sempre igual não espanta: é preciso duplicá-lo. Vadier dizia também: É necessário levantar um muro de cabeças entre nós e o povo.

“‘O número das vítimas subiu a cento e cincoenta por dia. Foi necessário abrir um cano para dar vasão ao sangue. De março a junho de 1793, foi o número das vítimas 94.577; de junho a 26 de julho, contaram-se 1285. Paris começava a sentir piedade; mas tremia. Em tôda a França reproduziam-se cenas semelhantes’ (Hist. Univ. C. Cantú, Vol. XII, 40-42, edição, 1878). ‘O feroz Carrier foi mandado a Nantes, e esta cidade veio a ser o teatro das mais revoltantes atrocidades; 500 meninos, todos abaixo de 14 anos, foram espingardeados; 1500 outros foram afogados no rio com 1.404 nobres e 5.300 artífices. Mil e duzentos vendeanos foram fuzilados num prado vizinho d’Angers’.

“‘Para despejá-las’, as prisões, ‘o acusador público fazia julgar cada dia 80 a 100 prisioneiros, e grandes carros, preparados dante-mão, os levavam por multidões à guilhotina. Entre êles achavam-se milhares de clérigos, religiosos e freiras de tôdas as ordens. As execuções não se concentravam em Paris. Os numerosos enviados de Robespierre inundaram de sangue todos os departamentos e tornaram-se dignos duma horrível celebridade pelo furor com que desempenharam sua missão infernal’ (Hist. Eclesiástica, Padre Antelmo Goud (1873), pág. 465-467).

“‘Os cincoenta jurados’ do acusador público Fouquier Tinville, ‘estabelecidos pela lei de 22 prairial eram a escumalha do club jacobino; a maior parte dêles não sabia ler nem escrever; apresentavam-se ébrios na sessão e a custo podiam pronunciar o seu veredictum; ingênuamente declaravam que se não houvesse crimes, seria preciso inventá-los e que para se reconhecerem os culpados bastava olhar para os acusados’ (Hist. Univ., G. Oncken, XIX, 712-714).

“Poderíamos encher páginas e páginas relatando as atrocidades e as chacinas em massa bem como o sangue desmedido derramado pelos revolucionários ateus de França no período do ‘terror’. Mas, o que aqui foi dito, é suficiente para dar ao leitor uma idéia precisa de que o ‘terror’ fôra o ‘grande terremoto’ moral da profecia, que abalou tôda a nação francesa nos dias da revolução” (MELLO, 1959, p. 287 e 288).

“Haverá um terremoto, e a décima parte da cidade será subvertida. Notai que o terremoto, isto é, a grande alteração das coisas na terra do Papado, deve ocorrer naquele tempo somente na décima parte da cidade, que haverá de cair: pois este será o efeito deste terremoto. Agora, qual é, pois, a décima parte da cidade que haverá de cair? Segundo a minha opinião, não podemos duvidar que seja a França. Este reino é a parte, ou o pedaço, mais considerável, dos dez pontos, ou estados, que uma vez formaram a grande cidade de Babilônia… Esta décima parte da cidade cairá, com respeito ao papado; quebrar-se-á com Roma, e com a religião Romana”. – Peter Jurieu, The Accomplishment of the Scripture Prophecies, Part II, pp. 264,265, Londres, 1687” (THIELE; BERG, 1960, p. 239).

“A cidade referida como destruída pelo terremoto, não é Paris ou outra qualquer da França e nem mesmo uma cidade real, em qualquer outro país; pois vimos que o terremoto predito não alude a um abalo císmico natural, mas aos horrores do ‘terror’. A cidade da alusão da profecia, é uma cidade espiritual mencionada no Apocalipse e da qual a Revelação nos põe precisamente a par. […] Várias vêzes o Apocalipse a denomina de Babilônia, e diz que ela é uma mulher que negocia com corpos e almas de homens (Ap 18.13). Ora, mulher na Bíblia é emblema de igreja, como podemos ver comprovado no capítulo seguinte. E qual é a igreja que negocia com corpos e almas de homens senão a igreja de Roma?

“Assim temos aqui a identificação da cidade de que trata a profecia dêste undécimo capítulo. Esta cidade romana chamada Babilônia, constou, em verdade, de dez partes, pois é dito que sua décima parte caiu. Tratando-se da igreja papal, trata-se verdadeiramente do poder papal, cuja igreja exercia seu domínio exatamente em dez distintos territórios ao tempo do terremoto do ‘terror’. […] ‘E os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas receberão poder como reis por uma hora, conjuntamente com a bêsta. Estes têm um mesmo intento, e entregarão o seu poder e autoridade à bêsta’ (Ap 17.12 e 13). Os dez reinos são as dez nações bárbaras que formaram a Europa moderna e entregaram ‘o seu poder e autoridade à bêsta’, isto é, ao papado romano.

“Evidentemente, temos nesta definição a grande cidade, chamada Babilônia, cuja décima parte caiu com o ‘terremoto’ do ‘terror’ revolucionário francês. A França era uma das dez nações que jaziam aos pés do papado e, portanto, a décima parte da Babilônia papal a cair. Fêz guerra ao papado ao tempo da revolução, e desligou-se dêle abolindo todo o culto católico e levando à guilhotina multidões de sacerdotes e de freiras. Foi assim que caiu a décima parte da cidade da grande Babilônia romana” (MELLO, 1959, p. 288 e 289).

“O símbolo de um terremoto é usado repetidamente nas Escrituras para descrever a turbulência e perturbação que caracterizarão o mundo imediatamente antes da segunda vinda de Cristo (Marcos 13: 8; Ap. 16:18). Quando os comentaristas aplicam esta profecia à França, eles vêem no terremoto uma imagem de turbulência que abalou essa nação no final do século XVIII.

Décima parte. Não é o terremoto final, porque desta vez (cf. cap. 16:18) apenas cai uma fração da cidade (ver versículos 2 e 8). Este terremoto significa uma punição transitória que assusta alguns daqueles que se gloriaram pela morte das testemunhas. Alguns aplicam essa expressão a toda a nação francesa; eles argumentam que a França foi um dos ‘dez reis’ que surgiriam como resultado da queda do Império Romano (Dan. 7:24). Outros identificam a cidade com a Roma papal e a França como uma das dez divisões” (NICHOL et al., 1980b, p. 819).

“[…] o Professor Palmer agrega uma observação extremamente apropriada. Ele diz que um historiador contemporâneo descreveu esta era revolucionária como um terremoto (R. R. Palmer, The Age of the Democratic Revolution, 2 vols.; vol. I, The Challenge (Princcton: Princcton Univcrsity Press, 1959), pág. 19, citando o revolucionário polonês Kollontay, num livro escrito após o fracasso do levante de Thaddeus Kosciusko, em meados de 1790). João também falara de um ‘terremoto’ em Apocalipse 11:13. A escolha da palavra foi muito apropriada!

“[…] O epicentro do ‘terremoto’ localizou-se numa ‘décima parte’ da cidade e manifestou-se no encerramento dos 1.260 anos, na década de 1790. Era a França o mais antigo país cristão da Europa ocidental. Foi esta nação, a primeira a abraçar o cristianismo no mundo ocidental, que apostatou tão profundamente e que subverteu de modo tão grotesco os valores cristãos durante a Revolução Francesa. Neste inegável sentido bíblico da questão, a França crucificou cruelmente a Cristo. Uma vez, porém, que o terremoto ocorreu em apenas uma ‘décima parte’ da grande cidade, percebemos que esta, como um todo, representa muito mais que a França apenas. A grande cidade é a comunidade completa, ou seja, toda a cristandade da Europa Ocidental” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 288 e 312).

“‘Um dos primeiros atos do regime do terror tinha sido a demissão de todos os oficiais nobres. Em poucas semanas o exército do Reno perdera assim 7.000 oficiais e em todo o exército francês nasceria uma desorganização e uma anarquia irreparável se Carnot não tivesse sido um homem competente, que soube preencher da melhor forma possível as vagas ocasionadas pelo arbitrário procedimento dos jacobinos’ (Hist. Univ., G. Oncken, Vol. XIX, 671). Aí está, aos olhos de todos, o surpreendente e duplo cumprimento da profecia inspirada. Duplo cumprimento, porque, além de ser prefixado o número dos homens a serem atingidos pelas medidas do ‘terror’, seus nomes, e não a pessoa física deles, seriam o alvo essencial daquele ‘terremoto’ provocado pelos jacobinos. Assim, cumpriu-se duplamente a profecia: 1) No número de homens e, 2) na posição dêstes homens, que eram ‘oficiais nobres’” (MELLO, 1959, p. 289 e 290).

11.14 Passou o segundo ai. Eis que, sem demora, vem o terceiro ai. A sexta trombeta e seu segundo “ai” terminaram com a queda do império otomano, em 1840. Mas a inclusão dessas profecias dos capítulos 10 e 11, algumas anteriores e outras simultâneas à sexta trombeta, amplia o segundo “ai” e norteia os mensageiros “para muitos povos, reis e idiomas, e muitas nações”. Assim eles podem conhecer a História da humanidade na versão bíblica ao disseminar sua mensagem.

As trombetas são reatadas. – É aqui reatada a série das sete trombetas. O segundo ai terminou com a sexta trombeta em 11 de agosto de 1840, e o terceiro ai ocorre no período da sétima trombeta, que começou em 1844. Onde nos encontramos, pois? ‘Eis’, isto é, note-se bem, ‘que o terceiro ai cedo virá.’ As terríveis cenas do segundo são passadas, e estamos agora no toque da trombeta que traz consigo o terceiro e último ai” (SMITH, 1979, p. 174).

“O segundo ‘ai’, referente à sexta trombeta, findou a 11 de agosto de 1840 com a queda da suzerania da Turquia, cuja nação passou a ser amparada por um grupo de nações européias conjuntas. É, porém, surpreendente que o profeta colocasse o fim do segundo ‘ai’ imediatamente depois de descrever as cenas proféticas da revolução francesa e não em seguida ao fim da descrição dos sucessos concernentes aos turcos na sexta trombeta. Possivelmente, dado a importância da revolução francesa em suas relações com Deus e o cristianismo, é que ela figura como um parêntesis dentro da sexta trombeta. Conjuntamente com êste versículo anunciando o têrmo do segundo ‘ai’, acompanha a advertência de que o terceiro ‘ai’, ou seja a sétima trombeta, que começou a soar em 1844, não muito depois de 11 de agosto de 1840, logo haveria de vir” (MELLO, 1959, p. 290).

Onde está posto que a 7ª trombeta começou em 1844, no ano fim dos 2300 anos?

“O segundo ‘ai’ termina em Apoc. 11:14. ‘É passado o segundo ai; eis que o terceiro ai cedo virá.’ O terceiro ‘ai’ que cairá sobre Roma Papal ainda está no futuro: ‘e da grande Babilônia Se lembrou Deus para lhe dar o cálice do vinho da indignação da Sua ira’ (Apoc. 16:19). O terceiro ‘ai’ ocorrerá dentro do período da sétima trombeta, pois é no contexto da sétima trombeta que as Sete Pragas serão derramadas” (RAMOS, 2006, p. 112).

No site https://mais.cpb.com.br/licao/as-sete-trombetas/, acessado em jul. 2020, na aba “AUXILIAR” aparece o seguinte comentário: “A relação do ‘interlúdio’ com as sete trombetas. As trombetas focalizam os ímpios (Ap 9:4, 20, 21), mas o ‘interlúdio’ (Ap 10:1–11:13) enfoca o povo de Deus. O ‘interlúdio’, no entanto, não é separado das trombetas; faz parte da sexta trombeta. Apocalipse 8:13 descreve três ais sobre os que vivem na Terra. O primeiro é a quinta trombeta (Ap 9:12). O segundo ai é a sexta trombeta, mas não termina até Apocalipse 11:14. Assim, a maior parte dos capítulos 10 e 11 são parte da sexta trombeta. Enquanto as forças do mal estão se reunindo para a crise final durante a sexta trombeta (Ap 9:16), as forças dos justos estão se reunindo para combatê-las (Ap 7:4; Ap 10:1–11:13)”.

11.15 O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos. O sétimo anjo tocou a trombeta no final do julgamento dos habitantes do planeta Terra, pelo Senhor Jesus, lá no lugar santíssimo do Santuário celestial, o qual se iniciou em 22 de outubro de 1844 e terminará imediatamente antes do segundo advento do Senhor Jesus. Eu, João, ouvi vozes num volume muito alto, vindas do Céu, que diziam: “O planeta Terra, enfim, voltou a ser anexado ao domínio do Senhor Deus, o Pai, e de Seu ungido, o Senhor Jesus, e dessa vez para todo o sempre! Eles Dois e todos do Céu estamos entrando na atmosfera terrestre!”

Como estudamos na menção da sétima trombeta, em Apocalipse 10.7: “Em torno de Sua vinda agrupam-se as glórias daquela ‘restauração de tudo’, de que ‘Deus falou pela boca de todos os Seus santos profetas desde o princípio.’ Atos 3:21. Quebrar-se-á então o prolongado domínio do mal; ‘os reinos do mundo’ tornar-se-ão ‘de nosso Senhor e de Seu Cristo, e Ele reinará para todo o sempre.’ Apocalipse 11:15. ‘A glória do Senhor se manifestará’, e toda carne juntamente a verá. ‘O Senhor Jeová fará brotar a justiça e o louvor para todas as nações.’ Ele será por ‘coroa gloriosa, e por grinalda formosa, para os restantes de Seu povo.’ Isaías 40:5; 61:11; 28:5” (WHITE, 2013, p. 263).

“Isto marca o começo da terceira angústia [terceiro ‘ai’] (veja no v. 14), e o fim do parêntese entre a sexta e a sétima trombeta (cap. 10:1 a 11:14; ver com. Ao verso. 11:1). […] Grandes vozes. Provavelmente eram as do exército celestial (cf. cap. 5: 11-12). Na sétima praga, uma grande voz também é ouvida vinda do templo do céu (cap. 16:17). Os reinos. A evidência textual comprova a versão ‘reino’. […] Cristo receberá o reino pouco antes de Seu retorno à terra (ver com. Dan. 7:14), e quando toda a oposição terrestre vier, será esmagada (veja em. Apoc. 17:14).

O seu Cristo. Ou seja, seu Ungido (cf. Sal. 2: 2). As hostes celestiais que não foram salvos [ou não precisaram ser salvas] por Cristo, se referem a Ele como ‘o Cristo de Deus’ ou do ‘Senhor’, provavelmente porque o título ‘Cristo’ se refere de uma maneira particular a segunda pessoa da Trindade como Aquele que foi ungido para o trabalho de redenção. Ele reinará pelos séculos dos séculos. Cf. Dan. 2:44; 7:14, 27; Luc. 1:33” (NICHOL et al., 1980b, p. 819 e 820).

“Ao soar a sétima trombeta, grandes vozes no céu anunciam o maior acontecimento da história do mundo — a intervenção de Cristo nos domínios dos homens. Desde 1844, ao sonido desta última trombeta, êste futuro e não distante acontecimento, está sendo anunciado a ‘grandes vozes’ em tôda a terra. Esta é a mais solene anunciação que tem chegado aos ouvidos dos mortais; é a nota tônica do grande movimento Adventista desde o ano de 1844; pois o acontecimento supremo de nossa história, como humanidade, deveria, antes de concretizar-se, ser anunciado, de viva voz, aos homens. As primeiras seis trombetas anunciaram e realizaram a queda de Roma Ocidental e Oriental, pelos visigodos, vândalos, hunos, hérulos, árabes e turcos. A sétima trombeta anuncia a queda total das nações e do poderio do homem no mundo, pelo Segundo Advento de Cristo” ( MELLO, 1959, p. 291).

Faz mais sentido a expressão “movimento adventista”, pois é mais geral. A expressão “IASD”, por outro lado, é específica e contradiz a invisibilidade e o espalhamento dos cumpridores de Apocalipse 10.11.

“Aqui vemos a transferência dos reinos dos poderes terrenos para Aquele que tem o direito de reinar sobre eles” (FEYERABEND, 2005, p. 98).

“A linguagem dessa trombeta, que se aplica ao tempo do fim, é inteiramente literal. Ela anuncia uma fase do julgamento final. […] Consumação: Sétima trombeta, Cristo reina, chegou o juízo!” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 265 e 278).

Battistone (1989, p. 125) afirma que a sétima trombeta é sinônima do “fim do mundo”.

Os autores abaixo possuem visões diferentes da exposta acima.

“Posto que a sétima trombeta tenha começado a soar, não pode ainda ser um fato que as grandes vozes no Céu tenham proclamado que os reinos deste mundo viessem a ser de nosso Senhor e do Seu Cristo, a não ser em antecipação do rápido cumprimento deste acontecimento. Mas a sétima trombeta, como as seis precedentes, abrange um período de tempo, e a transferência dos reinos dos poderes terrestres para Aquele que tem o direito de reinar é o principal acontecimento que deve ocorrer nos primeiros anos do seu toque” (SMITH, 1979, p. 175).

“A sétima trombeta apresenta o tempo do fim quando o remanescente fiel proclamaria o evangelho eterno e a mensagem dos três anjos a todo o mundo” (BELVEDERE, 1987, p. 94).

Como já oportunizei no capítulo 10, o autor supracitado crê que esse “remanescente fiel” é a denominação cristã da qual ele fez parte, a IASD, e não os indivíduos espalhados que cumprem Apocalipse 10.11; 12.17 e 14.12.

11.16 E os vinte e quatro anciãos que se encontram sentados no seu trono, diante de Deus, prostraram-se sobre o seu rosto e adoraram a Deus, Quando aqueles vinte e quatro sacerdotes humanos glorificados ainda estavam no Santuário do Céu, sentados cada um em seu próprio trono, os quais eu já havia visto antes diante de Deus, se ajoelharam no momento em que o Senhor Jesus concluiu o julgamento no lugar santíssimo, quando Ele foi glorificado como Rei dos reis, antes de descer à Terra, e adoraram a Deus com seus rostos no chão,
11.17 dizendo: Graças te damos, Senhor Deus, Todo-Poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e passaste a reinar. falando: “Muito obrigado, Senhor Deus, Todo-poderoso, que existe e vive proativamente, e sempre existiu assim! Agradecemos-lhe porque o Senhor resgatou o planeta perdido e o devolveu ao Seu rebanho universal, manifestando Seu invencível poder! Novamente nosso planeta Terra foi anexado protocolarmente ao reino de Deus, aqui no Santuário, e será na prática anexado com a segunda vinda do Senhor Jesus e todos nós do Céu com Ele!”

“Desde já deveríamos levantar nossas vozes em gratidão a Deus pelo próximo fim dos reinos da força e da opressão. Jamais terá fim o reinado de Cristo. E a paz eterna do Seu reino não será mantida pela fôrça ou pelas armas belicosas. Pois todos os súditos do Seu reino serão ordeiros e pacíficos, estando êles agora passando pela experiência destas virtudes para poderem reinar com Êle no mundo da ordem e da justiça. O regozijo dos vinte e quatro anciãos ao som da sétima trombeta foi sem limite. Adoraram a Deus e deram-Lhe graças pela restauração do reino de Cristo neste mundo de onde eles são naturais” (MELLO, 1959, p. 291 e 292).

Relembrando: dois modos de estudar quem são os “24 anciãos” – um artigo: https://blogdoprofh.com/2011/06/29/quem-sao-os-vinte-e-quatro-anciaos-em-apocalipse-4/, acesso em jul. 2020, e um vídeo curto: https://blogdoprofh.com/2012/03/20/quem-sao-os-24-anciaos-do-apocalipse/, também acessado em jul. 2020.

11.18 Na verdade, as nações se enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado para serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o teu nome, tanto aos pequenos como aos grandes, e para destruíres os que destroem a terra. “Nós Vimos, alguns dias atrás, antes de chegarmos aqui na Terra com Deus, o Pai, e o Senhor Jesus, que os habitantes da Terra que não se arrependeram de seus pecados perseguiram ferozmente os adoradores verdadeiros; mas, agora chegou o momento de Deus mostrar Sua velada total aversão ao mal. Esses que optaram pela rebelião/revolução de Satanás e não pela redenção de Jesus, perecerão pela presença de Sua glória na Terra, remidora e ao mesmo tempo destruidora. A partir de agora serão contados mil anos terrestres, nos quais os resgatados por Jesus, levados ao Céu após Sua vinda, julgarão os mortos que ficaram na Terra, os não resgatados. Os servos fiéis do Senhor Jesus, profetas, mensageiros e os que não fizeram parte da descendência da serpente, receberão oficialmente aquilo pelo qual lutaram e venceram: a vida eterna com Deus sem pecado e dor! São adultos e crianças, pessoas com popularidade e pessoas anônimas na Terra! Ao final desse milênio terrestre, todos retornaremos ao planeta Terra e o Senhor Deus criará o lago de fogo temporário, e lançará nele todos os que colaboraram com a diabólica destruição da Criação de Deus na Terra, mesmo a pretexto do progresso!”

“‘As nações se enfureceram.’ — Começando com o estalido das revoluções da Europa em 1848, a ira entre as nações, seu ciúme e inveja, têm aumentado constantemente. Quase todos os jornais nos mostram o terrível grau de excitação em que se encontram e quão tensas se tornaram as relações entre elas. Estas são palavras exatas de um professor da Universidade de Harvard: ‘O que transcorreu do século XX foi o período mais sangrento e um dos mais turbulentos, e portanto, um dos mais cruéis e menos humanitários em toda a história da civilização ocidental, e talvez nas crônicas da humanidade em geral.’ – Pitirin A. Sorokin, Social and Cultural Dynamics, vol. 3, pág. 487.

“Os raios da ira de Deus estão prestes a cair, e quando Ele começar a punir os transgressores, não haverá um período de pausa até o fim. A tempestade da ira de Deus está se acumulando, e só permanecerão os que são santificados pela verdade no amor de Deus” (WHITE, 2008a, p. 161).

“Cf. Sal. 2: 1. A raiva será característica das nações antes da vinda de Cristo. Eles se agruparão para se oporem à obra de Cristo e de seu povo (ver Ap 13:12; 14: 8)” (NICHOL et al., 1980b, p. 820).

“‘Chegou, porém, a Tua ira.’ — A ira de Deus para com a presente geração está consumada nas sete últimas pragas (Apoc. 15:1), devendo por conseguinte ser aqui referida, a qual em breve há de ser derramada sobre a Terra. ‘E o tempo dos mortos, para que sejam julgados.’ — A grande maioria dos mortos, ou seja, os ímpios, estão ainda em suas sepulturas depois da visitação das pragas e do fim desta era. Uma obra de juízo, de atribuir a cada um o castigo devido aos seus pecados, é efetuada em referência a eles pelos santos, juntamente com Cristo, durante o milênio que segue à primeira ressurreição (1 Cor. 6:2; Apoc. 20:4). Como este juízo dos mortos se segue à ira de Deus, ou às sete últimas pragas, parece necessário referi-lo ao milênio do julgamento dos ímpios, mencionado acima, porque o juízo investigativo toma lugar antes de as pragas serem derramadas” (SIMITH, 1979, p. 175 e 176).

“[…] em Setembro de 1850, foi-me mostrado que as sete últimas pragas serão derramadas depois que Jesus deixar o santuário. Disse o anjo: ‘É a ira de Deus e do Cordeiro que causa a destruição ou morte dos ímpios’ (WHITE, 2007a p. 72).

“A ira de Deus que virá ao som da sétima trombeta, são as sete próximas pragas. Constituem elas a ira de um Deus ofendido e cansado de sofrer com tanta perversidade nos Seus domínios mundiais. No capítulo dezesseis podemos apreciar as setes pragas vindouras.

“À sétima trombeta está afeto o juízo que dará galardão aos profetas e aos santos que temeram e temem a Deus, pequenos e grandes. Este é o julgamento iniciado no fim do período dos 2300 anos, que podemos apreciar nos capítulos dez e quatorze. Mas, êste tempo da sétima trombeta é também o “tempo de destruíres os que destroem a terra”. A intervenção de Cristo no mundo visa especialmente os que o destroem. E quem são êstes que destroem o mundo? São os fazedores da guerra e os pervertedores da justiça de Deus, que pizam Sua lei como se ela para êles não tivesse valor algum. São os súditos rebeldes dos domínios de Deus que serão os alvos de Sua ira. Haverá então paz mundial; pois os inimigos da verdadeira paz e da ordem serão aniquilados para, todo o sempre” (MELLO, 1959, p. 293).

“A ira de Deus é consumada nas últimas sete pragas (cap. 15: 1). A obra de oposição contra Cristo é interrompida por essas pragas. Tempo. Gr. Kairos, um tempo específico com um propósito definido (veja no cap. 1: 3) Este é um momento de julgamento, tanto para recompensa como para destruição. Para serem julgados. O fato de João falar de recompensa e destruição significa que ele se refere ao julgamento final, que ocorrerá após os mil anos (cap. 20: 12-15)” (NICHOL et al., 1980b, p. 820).

“‘E o tempo de dares o galardão aos profetas, Teus servos.’ — Estes receberão a recompensa na vinda de Cristo, porque Ele traz consigo o galardão (Mat. 16:27; Apoc. 22:12). A plena recompensa dos santos, porém, só será alcançada quando entrarem na posse da nova Terra (Mateus 25:34). O castigo dos ímpios. ‘E de destruíres os que destroem a Terra, referindo-se ao tempo em que todos os ímpios serão para sempre devorados pelos fogos purificadores que sobre eles descerão do Céu da parte de Deus, e que fundirão e renovarão a Terra (2 Ped. 3:7; Apoc. 20:9).

“Por aqui ficamos sabendo que a última trombeta atinge o fim dos mil anos. É um pensamento alegre, não obstante aterrador! Que a trombeta que está agora soando há de presenciar a destruição final dos ímpios, e os santos, revestidos de uma imortalidade gloriosa, postos em segurança na Terra renovada” (SIMITH, 1979, p. 176).

Galardão aos teus servos. Cf. Mat. 5:12; 6: 1; 1Cor. 3: 8; Apoc. 22:12. Visto que os eventos listados são consecutivos (veja Primeiros Escritos, p. 36), essa recompensa é a herança da nova terra no final dos mil anos. Profetas. Os servos especiais de Deus falam por Ele. Eles carregam pesadas responsabilidades e muitas vezes sofreram terrivelmente por seu Senhor. Santos. Ou ‘seres santos’. Os membros do corpo de Cristo são caracterizados pela pureza de suas vidas.

“Os que temem. Gr. Hoi Phoboumenoi, um termo usado em Atos para se referir àqueles que eles adoravam o Deus verdadeiro (veja Atos 10:2), embora não fossem plenamente prosélitos de Israel. Se esse mesmo significado for usado aqui, pode-se entender que essa terceira classe que receberá recompensa no julgamento é composta por aqueles que não conheciam completamente a Cristo e Seu caminho, mas que viviam de acordo com toda a luz que lhes foi dada. Eles temeram o Nome de Deus até onde lhes foi foi revelado e, portanto, recebem sua recompensa (ver O Desejado de Todas as Nações, p. 593).

“Por outro lado, o termo Hoi Phoboumenoi pode simplesmente estar ligado a palavra que é traduzida por ‘santos’ e, então, se leria: ‘os santos, ou seja, aqueles que temem o teu nome’. Destruíres os que destroem. O destino dos ímpios, daqueles que destruíram a terra física e moralmente, é muito apropriado: eles serão destruídos” (NICHOL et al., 1980b, p. 820).

“Vi então que Jesus não abandonaria o lugar santíssimo sem que cada caso fosse decidido, ou para a salvação ou para a destruição; e que a ira de Deus não poderia manifestar-se sem que Jesus concluísse Sua obra no lugar santíssimo, depusesse Suas roupas sacerdotais, e Se vestisse com vestes de vingança. Então Jesus sairá de entre o Pai e os homens, e Deus não mais silenciará, mas derramará Sua ira sobre aqueles que rejeitaram Sua verdade.

“Vi que a ira das nações, a ira de Deus, e o tempo de julgar os mortos eram acontecimentos separados e distintos, seguindo-se um ao outro; outrossim, que Miguel não Se levantara e que o tempo de angústia, tal como nunca houve, ainda não começara. As nações estão-se irando agora, mas, quando nosso Sumo Sacerdote concluir Sua obra no santuário, Ele Se levantará, envergará as vestes de vingança, e então as sete últimas pragas serão derramadas. Vi que os quatro anjos segurariam os quatro ventos até que a obra de Jesus estivesse terminada no santuário, e então viriam as sete últimas pragas” (WHITE, 2007b, p. 77).

11.19 Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se acha no céu, e foi vista a arca da Aliança no seu santuário, e sobrevieram relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande saraivada. O Santuário celestial, enquanto é estudado pelos adoradores na Terra, encontra-se plenamente ativo em prol do fim do mal e da justa retribuição aos maus e aos santos, através do julgamento iniciado em 1844, quando o Cordeiro, Sumo sacerdote e Juiz, Jesus Cristo, entrou no santíssimo lugar, diante do trono de Deus, cuja base é a Lei representada pelos Dez Mandamentos que se encontra na arca do Testemunho. Todos os moradores da Terra serão julgados por essa Lei. E quando Jesus estiver prestes a entrar na atmosfera da Terra, em Sua segunda vinda, os moradores da Terra poderão ver o santíssimo do Santuário celestial e a arca da Aliança ou do Testemunho ou da Lei dos Dez Mandamentos, entre os quais está o quarto mandamento para a santificação do sábado, que o falso cristianismo papal alterou e a Revolução Francesa desdenhou. Aqueles que tiverem obedecido à Lei de Deus avistarão essa cena com imensa alegria. Já os desobedientes obstinados contemplarão o prenúncio de sua condenação eterna. Serão momentos solenes, terríveis e os salvos por Jesus ouvirão a voz de Deus ali, enquanto os teimosos ouvirão somente trovões.

“No livro de Daniel há quatro profecias paralelas: Daniel 2; Daniel 7; Daniel 8 e 9; e Daniel 11 e 12. O panorama histórico do capítulo 2 se estende do império babilônico de Nabucodonosor ao estabelecimento do eterno reino de Deus. No capítulo 7 é abrangido o mesmo período, com a apresentação de outros dois pontos: a) o desenvolvimento da ponta pequena (o papado) e b) o julgamento no Céu antes da volta de Cristo.

“Na terceira grande linha profética (Daniel 8 e 9), o desenvolvimento da ponta pequena é explanado mais pormenorizadamente, sendo chamada a atenção para o ataque contra Cristo e Seu ministério sacerdotal no santuário celestial. Também é apresentado o tempo em que se iniciaria a purificação desse santuário.

“Comparando essas visões paralelas, notaremos que o julgamento descrito em Daniel 7 ocorre ao mesmo tempo que a ‘purificação do santuário’ de que fala Daniel 8. Esses dois acontecimentos são um só: o juízo investigativo que precede o Segundo Advento. “A ‘purificação do santuário’ relembra o ministério sacerdotal no Lugar Santíssimo do santuário terrestre. O ritual do Dia da Expiação, que ocorria nesse compartimento, prefigurava o julgamento final.

“Apocalipse 11:19 chama nossa atenção para o ministério sacerdotal de Cristo no segundo compartimento, a partir de 1844. É focalizada a arca e seu conteúdo, os Dez Mandamentos. Essa lei é a constituição de Deus, o fundamento de Seu governo, e define o nosso dever para com Ele e para com os nossos semelhantes. Ela será a norma de Deus no julgamento (S. Tia. 2:10-12)” (COFFMAN, 1989, p. 98 e 99).

“‘E vós vos chegastes, e vos pusestes ao pé do monte: e o monte ardia em fogo até ao meio dos céus e havia trevas, e nuvens e escuridão; então o Senhor vos falou do meio do fogo: a voz das palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes semelhança nenhuma. Então vos anunciou Êle o Seu concêrto, que vos prescreveu, os dez mandamentos, e os escreveu em duas tábuas de pedra’. (Dt 4.11-13). ‘E virei-me, e desci do monte, e pus as tábuas na arca que fizera: e ali estão, como o Senhor me ordenou’. (Dt 10.5). […] o concêrto depositado por mandado de Deus na arca, é a Lei de Deus, os dez mandamentos escritos em duas tábuas de pedra pelo dedo do próprio Senhor Deus (Êx 31.18)” (MELLO, 1959, p. 295).

O templo aberto. – Mais uma vez o profeta nos faz voltar ao começo da trombeta. Depois de introduzir a sétima trombeta no versículo 15, o primeiro grande acontecimento que chama a atenção do vidente é a transferência do reino do domínio terrestre para o celeste. Deus assume Seu grande poder, e para sempre esmaga a rebelião desta revoltada Terra, estabelece Cristo no Seu próprio trono e Ele próprio permanece supremo sobre tudo.

“Completado este quadro, nos apresenta no verso 18, o estado das nações, o juízo que sobre elas há de cair, e o destino final tanto dos santos como dos pecadores. Examinando este campo de visão, somos levados uma vez mais a retroceder no versículo que temos debaixo dos olhos, e a nossa atenção é chamada para o final do sacerdócio de Cristo, a última cena na obra de misericórdia em favor de um mundo culpado. O templo está aberto, e se entra no segundo compartimento do santuário. Sabemos que este é o lugar santíssimo, porque aí se vê a arca, e só nesse compartimento estava depositada a arca. Isto teve lugar no fim dos 2.300 dias em que o santuário devia ser purificado (Dan. 8:14), os períodos proféticos expiraram e o sétimo anjo começou a tocar” (SMITH, 1979, p. 177).

Quando estudamos Apocalipse 10.7 percebemos que há um problema insolucionável quando se coloca o início da sétima trombeta em 1844, como o autor supracitado o faz. O “mistério de Deus” não se cumpre ou realiza no início do julgamento dos habitantes da Terra. Ellen G. White comenta Apocalipse 11.19 colocando-o como ponto de chegada daqueles que, em Apocalipse 10.10 se desapontaram ao crer que o Senhor retornaria em 1844, em vez de enxergarem naquele ano a ida do Sumo sacerdote Jesus até o lugar santíssimo do Santuário celestial para iniciar a purificação do mesmo, a qual significa o julgamento dos habitantes do planeta Terra.

Eles deveriam estudar o santuário depois desse momento amargo (Ap 10.10) de desapontamento e perplexidade (Ap 11.1 e 2); chegar a essa compreensão correta do Dia das expiações no santuário terrestre (cf. Lv 16) sendo cumprido na ida do Sumo sacerdote Jesus ao lugar santíssimo do Santuário do Céu (Ap 11.19), e ensinar toda essa nova compreensão para todas as pessoas da Terra (Ap 10.11). Eu não encontrei ainda a referida autora afirmando que o início da sétima trombeta coincidiu com o início do julgamento. É como se o relato das duas testemunhas estivesse explicando o que aconteceria na Terra antes do início do julgamento pré-advento de Jesus, onde a sequência correta de versículos seria Ap 10.10; 11.1 e 2; 11.19 e por fim, 10.11.

E assim como em Daniel 7, o vai e vem (futuro e passado) no relato sobre os acontecimentos anteriores a Dn 8.14, início do julgamento, é uma característica apocalíptica também presente em Ap 11: antes do desapontamento a Bíblia (as duas testemunhas de Deus, AT e NT) e o povo de Deus seriam massacrados por 1260 anos, até o início do julgamento. Ou seja, Ap 11.19 não está no contexto da sétima trombeta, mas sim antes do toque dessa trombeta. E por que ele aparece depois do toque da 7ª trombeta? Minha resposta é: pois o fim do julgamento, Ap 11.15-18, o que é o mesmo que o toque da sétima trombeta, só foi possível por causa do início do julgamento pré-advento.

É uma caraterística recorrente na leitura escatológica que deve ser percebida pelo pesquisador das Escrituras, evitando que a ordem dos versículos dirija a cronologia dos acontecimentos! Um exemplo bem mais fácil de ser percebido se encontra em Apocalipse 14.1-5. Ali os 144.000 aparecem no Céu com o Senhor Jesus. Em versinhos anteriores, a besta estava perseguindo e matando alguns filhos de Deus fiéis. E em versículos imediatamente posteriores, os mensageiros fiéis ainda estão a anunciar o evangelho eterno e as verdades presentes para a época final do tempo do fim, das últimas gerações antes do retorno do Senhor Jesus.

Voltando à autora Ellen, observe dois exemplos de como ela coloca Ap 11.19 no cotexto dos estudos feitos por aqueles que levariam o assunto do Santuário celestial para todos da Terra, e não no contexto da 7ª trombeta. Na segunda citação aparece uma importante explicação sobre “verdade presente” e as responsabilidades que ela trouxe e traz a cada época na história humana e suas gerações:

“A arca do concerto de Deus está no santo dos santos, ou lugar santíssimo, que é o segundo compartimento do santuário. No ministério do tabernáculo terrestre, que servia como ‘exemplar e sombra das coisas celestiais’, este compartimento se abria somente no grande dia da expiação, para a purificação do santuário. Portanto, o anúncio de que o templo de Deus se abrira no Céu, e de que fora vista a arca de Seu concerto, indica a abertura do lugar santíssimo do santuário celestial, em 1844, ao entrar Cristo ali para efetuar a obra finalizadora da expiação.

“Os que pela fé seguiram seu Sumo Sacerdote, ao iniciar Ele o ministério no lugar santíssimo, contemplaram a arca de Seu concerto. Como houvessem estudado o assunto do santuário, chegaram a compreender a mudança operada no ministério do Salvador, e viram que Ele agora oficiava diante da arca de Deus, pleiteando com Seu sangue em favor dos pecadores. A arca do tabernáculo terrestre continha as duas tábuas de pedra, sobre as quais se achavam inscritos os preceitos da lei de Deus. A arca era mero receptáculo das tábuas da lei, e a presença desses preceitos divinos é que lhe dava valor e santidade.

“Quando se abriu o templo de Deus no Céu, foi vista a arca do Seu testemunho. Dentro do santo dos santos, no santuário celestial, acha-se guardada sagradamente a lei divina — a lei que foi pronunciada pelo próprio Deus em meio dos trovões do Sinai, e escrita por Seu próprio dedo nas tábuas de pedra. A lei de Deus no santuário celeste é o grande original, de que os preceitos inscritos nas tábuas de pedra, registrados por Moisés no Pentateuco, eram uma transcrição exata. Os que chegaram à compreensão deste ponto importante, foram assim levados a ver o caráter sagrado e imutável da lei divina. Viram, como nunca dantes, a força das palavras do Salvador: ‘Até que o céu e a Terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei.” Mateus 5:18.’ (WHITE, 2013, p. 378).

“Ao acompanharmos a cadeia de profecias, a verdade revelada para o nosso tempo tem sido claramente vista e explicada. Somos responsáveis pelos privilégios que desfrutamos, e pela luz que incide em nosso caminho. Os que viveram nas gerações passadas foram [287] responsáveis pela luz que lhes foi concedida. Sua mente foi despertada acerca de vários pontos da Escritura que lhes serviram de prova. Não compreenderam, porém, as verdades que hoje entendemos. Não foram responsáveis pela luz que não tiveram. Tinham a Bíblia, como nós; mas o tempo para ser esclarecida a verdade especial quanto às cenas finais da história terrestre, é o das últimas gerações que vivem na Terra.

“Verdades especiais foram adaptadas às condições das gerações à medida que existiram. A verdade presente, que é uma prova para o povo desta geração, não era prova aos das gerações que longe ficaram. Caso a luz que hoje brilha sobre nós relativamente ao sábado do quarto mandamento houvesse sido dada às gerações do passado, Deus os teria considerado responsáveis por essa luz.

Quando o templo de Deus foi aberto no Céu, João viu em santa visão uma classe de pessoas cuja atenção foi atraída, e que olhavam com reverente temor a arca, que continha a lei de Deus. A prova especial sobre o quarto mandamento não sobreveio senão depois que o templo de Deus foi aberto no Céu. Aqueles que morreram antes de ser enviada luz sobre a lei de Deus e os reclamos do quarto mandamento, não foram culpados do pecado de violar o sábado do sétimo dia.

“A sabedoria e misericórdia de Deus em dispensar luz e conhecimento no tempo devido, como o povo a necessita, são insondáveis. Antes de Ele vir a julgar o mundo em justiça, envia uma advertência para despertar o povo e chamar-lhes a atenção para sua negligência quanto ao quarto mandamento, a fim de que seja esclarecido, e se arrependa de sua transgressão da lei de Deus, demonstrando lealdade para com o grande Legislador. Ele tomou providências para que todos possam ser santos e felizes, se assim o quiserem. A esta geração tem sido comunicada suficiente luz, para que conheçamos quais são nossos deveres e privilégios, e desfrutemos as preciosas e solenes verdades em sua simplicidade e poder.

Somos responsáveis somente pela luz que incide sobre nós. Os mandamentos de Deus e os testemunhos de Jesus estão nos servindo de prova. Se formos fiéis e obedientes, Deus Se deleitará em nós, e abençoará como Seu povo escolhido e peculiar. Quando existirem em abundância a fé, amor e obediência perfeitos, atuando no coração dos que são seguidores de Cristo, eles possuirão poderosa influência. Deles brotará luz, dissipando as trevas que os rodeiam, purificando e elevando todos quantos chegarem sob a esfera de sua influência, e levando ao conhecimento da verdade todos os que estiverem dispostos a ser esclarecidos e a seguir na trilha humilde da obediência” (WHITE, 2008b, p. 266 e 267, grifos acrescentados).

“Dêste modo, é anunciado na sétima trombeta a obrigatoriedade, para todo o cristão, de fidelidade ao concêrto de Deus contido na arca do templo celestial, os dez mandamentos” (MELLO, 1959, p. 296).

“Desde 1844 o povo de Deus tem visto pela fé a porta aberta no Céu e a arca do testamento de Deus ali. Tem procurado guardar todos os preceitos da santa Lei escrita nas tábuas ali depositadas. Que se encontram ali as tábuas da Lei, exatamente como na arca do santuário erigido por Moisés, é evidente pelos termos que João emprega ao descrever a arca. Chama-a a ‘arca da Sua aliança’. A arca era chamada a arca da aliança, ou testamento, porque fora construída para o expresso fim de conter as tábuas do testemunho ou dos Dez Mandamentos (Êxo. 25:16; 31:18; Deut. 10:2, 5). Não era destinada a nenhum outro uso, e devia o seu nome apenas ao fato de conter as tábuas da Lei. Se as tábuas não estivessem ali, não seria a arca do testamento de Deus, nem com verdade poderia ser assim chamada.

“João, porém, contemplando a arca no Céu, sob o som da última trombeta, chamou-a ainda a ‘arca da Sua aliança’, apresentando uma prova irrefutável de que a Lei está ainda ali, sem a alteração de um jota ou til da cópia que por certo tempo foi confiado ao cuidado dos homens na arca típica do tabernáculo durante o tempo de Moisés. Os seguidores da palavra profética receberam também a cana, e estão medindo o templo, o altar e os que nele adoram (Apoc. 11.1). Estão proclamando a sua última profecia perante nações, povos e línguas (Apoc. 10:11). E em breve terminará o drama com os relâmpagos, trovões, vozes, terremoto e grande saraiva, que constituirão a última convulsão da Natureza antes de todas as coisas serem renovadas agora no fim dos mil anos. (Apoc. 21:5). (Ver comentário sobre Apoc. 16:17-21)” (SMITH, 1979, p. 177 e 178).

Novamente, colocar a 7ª trombeta como dando início em vez do fim do julgamento no Santíssimo lugar do Santuário celestial é uma interpretação que ignora a teia cronológica ubíqua em todo o livro do Apocalipse. Ap 11.19, para mim, ocorre simultaneamente a Ap 10.10, enquanto a visão das Duas Testemunhas, AT e NT, cumpriu-se antes de Ap 10.10 e concomitantemente a Ap 12.13-17. Ap 11.19 como mais um flashback justifica a necessidade do cumprimento de Ap 11.1 e 2, para que Ap 10.11 faça sentido, bem como Ap 10.7. A menos que a sétima trombeta anuncie tanto o início quanto o fim do Dia das Expiações escatológico. Se conseguirmos demonstrar essa crença, então tudo se encaixará. A segunda mensagem angélica, Ap. 14.8, parece cumprir-se dessa forma também: em dois tempos (cf. Ap 18.1-4). Estaria essa característica presente na última trombeta? Precisamos estudar mais para responder a essa questão.

O Comentário Bíblico dos adventistas do sétimo dia crê que a sétima trombeta soou no início do julgamento celestial. No entanto, um parágrafo após, ele também manifesta a crença de que a exposição da arca em Ap 11.19 “fala eloquentemente que as últimas horas da terra a grande lei moral de Deus deverá ser central no pensamento e na vida de todos os que procuram servir a Deus em espírito e em verdade” (NICHOL, Francis D, 1980b, p. 820). Ora, ou a hipótese de a mesma última trombetar soar em dois tempos está correta, ou há uma contradição na crença supracitada.

A autora Ellen é mencionada por Battistone (1989, p. 167) como colocando um segundo cumprimento para Ap 11.19, um cumprimento literal! Observemos: “Em que outra ocasião será aberto o templo de Deus no Céu, e revelado o conteúdo da arca? Imediatamente antes da volta de Jesus. ‘Quando for aberto o templo de Deus no Céu, que ocasião triunfante será essa para todos os que têm sido fiéis e sinceros! No templo será vista a arca do concerto em que foram colocadas as duas tábuas de pedra, nas quais está escrita a lei de Deus. Essas tábuas de pedra serão tiradas de seu esconderijo, e nelas serão vistos os Dez Mandamentos gravados pelo dedo de Deus. Essas tábuas de pedra, que agora se encontram na arca do concerto, serão convincente testemunho da verdade e dos reclamos obrigatório da lei de Deus.’ – Comentários de Ellen G. White, SDABC, vol. 7, pág. 972”, o que parece evidenciar o toque contínuo da sétima trombeta, ou a partir de Ap 11.15 somente (fim do julgamento até o milênio) ou de Ap 10.10 (desde o início do julgamento, 1844, até o milênio).

“[…] a lei de Deus contida na ‘arca da Aliança’ celestial é o padrão do juízo final” (GULLEY, 1996, p. 4).

Outros autores também parecem associar Ap 11.19 com o exame das Escrituras por parte dos cristãos de Ap 10.10 e com a ênfase a ser dada na vigência dos 10 Mandamentos que estão na arca da aliança, sob o trono de Deus, pelos que cumprem Ap 10.11.

O destino dos seguidores de Miller. Triste é dizê-lo, porém muitos dos seguidores de Miller, crentes no advento, não prestaram atenção às passagens bíblicas que explicavam o seu desapontamento. Milhares decidiram, em vez disso, que haviam estado todos em erro. Desse grupo, alguns renunciaram a toda e qualquer fé, enquanto outros retornaram às suas igrejas de origem e passaram a esperar o regresso de Jesus para após o milênio, e não mais para o início desse mesmo período.

“[…] Outros, entretanto, concluíram que sua compreensão dos 2.300 dias era inquestionável. Ela se achava mui firmemente entrelaçada com as setenta semanas e os eventos relacionados com o primeiro advento de Cristo, para que sequer se pensasse em erro. E este grupo estava com a razão. Os crentes desse terceiro grupo, tendo sua mente comprometida com um amplo estudo da Bíblia, dedicaram crescente atenção ao ministério de Cristo como sumo sacerdote. O movimento milerita centralizara-se quase que inteiramente em Jesus Cristo — no segundo advento de Cristo, em Cristo como juiz, e em Cristo como nosso único Salvador.

“Nesse momento, a questão todo-absorvente passou a ser: ‘O que está Cristo fazendo agora?’ Eles basearam principalmente suas conclusões no estudo de Levítico 16 e 23, e Daniel 8:14. […] O outro texto que foi examinado é o de Apocalipse 11:19, a cena introdutória que focaliza o santuário na divisão que ora estamos estudando (Apocalipse 11:19 a 14:20). Díz este verso: ‘Abriu-se, então, o santuário de Deus que se acha no Céu, e foi vista a arca da aliança no Seu santuário.’ Os crentes refletiram quanto à viagem sumo-sacerdotal de Cristo em 1844, sobre as nuvens do Céu, em direção ao equivalente celestial do lugar santíssimo terrestre. O lugar santíssimo, no santuário do Velho Testamento, era o lugar de habitação da arca do concerto, a qual possuía em seu interior as tábuas de pedra com os Dez Mandamentos gravados.

“‘Pecado é a transgressão da lei.’ I S. João 3:4. A partir daí, esse grupo de crentes raciocinou nos seguintes termos: ‘Se Jesus acha-Se hoje realizando um trabalho especial para limpar Seu povo dos pecados deles, na verdade Ele está efetuando um esforço especial para renovar o nosso interesse por Sua lei!’ Eles examinaram o texto de Apocalipse 12:17, e perceberam que o povo de Deus do tempo do fim, o verdadeiro ‘remanescente’ da semente da mulher, deveria guardar os mandamentos de Deus.

A mensagem do terceiro anjo. Eles perceberam também, sob uma luz inteiramente nova, que os dois anjos eram sucedidos por um terceiro, e que este anjo adverte contra a marca da besta e também descreve os ‘santos’ de Deus do tempo do fim, exatamente da mesma forma como o faz Apocalipse 12:17, ou seja, como aqueles que guardam os mandamentos de Deus” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004,p. 382 e 383).

Samuel Ramos (2006, p. 118-120) relaciona algumas descrições da volta do Senhor Jesus, feitas por Ellen G. White, com este versículo, Ap 11.19, e o texto de Ap 10.7:

“‘Quando for aberto o Templo de Deus no céu, que ocasião triunfante será essa para todos os que têm sido fiéis e sinceros! No Templo será vista a Arca do Concerto em que foram colocadas as duas tábuas de pedra, nas quais está escrita a Lei de Deus. Essas tábuas de pedra serão tiradas de seu esconderijo, e nelas serão vistos os Dez Mandamentos gravados pelo dedo de Deus. Essas tábuas de pedra, que agora se encontram na Arca do Concerto, serão convincente testemunho da verdade e dos reclamos obrigatórios da Lei de Deus.’ (Ellen G. White, Seventh Day Adventist Bible Commentary, vol. 7, 972).

“‘A glória da cidade celestial emana de suas portas entreabertas. Aparece então de encontro ao céu uma mão segurando duas tábuas de pedra dobradas uma sobre a outra. […] Aquela Santa Lei, a justiça de Deus, que por trovões e chamas foi do Sinai proclamada como guia da vida, revela-se agora aos homens como a regra do juízo. A mão abre as tábuas, e vêem-se os preceitos do decálogo, como que traçados com pena de fogo. As palavras são tão claras que todos as podem ler. Desperta-se a memória, varrem-se de todas as mentes as trevas da superstição e heresia, e os Dez Preceitos divinos, breves, compreensivos e autorizados, apresentam-se à vista de todos os habitantes da Terra. É impossível descrever o horror e desespero dos que pisaram os santos mandamentos de Deus.’ (Ellen G. White, O Grande Conflito, 639).

“A revelação e exaltação da Santa Lei de Deus começou em 1844 com a abertura do Santíssimo, e continua durante todo o período em que as Três Mensagens Angélicas estão sendo proclamadas, porém, seu clímax acontecerá exatamente quando os Dez Mandamentos forem, literalmente, estampados no Céu, justo antes da Segunda Vinda de Jesus.

“[…] Depois da proclamação do Seu Concerto de Paz, e depois de ter sido Sua Lei reconhecida e lida por todos os habitantes da Terra, chega finalmente o momento de Deus revelar o ‘mistério’, o ‘segredo’ de Apoc. 10:7 a tanto tempo anunciado aos profetas: a declaração do Dia e da Hora da Volta de Jesus! ‘A voz de Deus é ouvida no céu, declarando o Dia e a Hora da Vinda de Jesus e estabelecendo concerto eterno com Seu povo. Semelhantes a estrondos do mais forte trovão, Suas palavras ecoam pela Terra inteira. O Israel de Deus fica a ouvir, com o olhar fixo no alto. Têm o semblante iluminado com a Sua glória, brilhante como o rosto de Moisés quando desceu do Sinai. Os ímpios não podem olhar para eles. E, quando se pronuncia a bênção sobre os que honraram a Deus, santificando o Seu sábado, há uma grande aclamação de vitória.’ (Ibidem., 640).

“O período da sétima trombeta não termina em Apoc. 11:19, ele se estende até a volta de Jesus, cobrindo todo o período das Sete Pragas e o tempo do terceiro ‘ai’ conforme Apoc. 16:19; 17:16 e 18:8 -10.”

Referências:

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BELVEDERE, Daniel. Seminário: As Revelações do Apocalipse. Edição do Professor, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, SP, 2ª ed., 1987. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/14s7DWbxGGSvt5h81TkGtG2mfcwW7wPZk/view>. Acesso em: abr., 2020.

BÍBLIA, Apocalipse. Português. Bíblia de Estudo Arqueológica NVI. Trad. Claiton André Kunz et. al. São Paulo: Editora Vida, p. 2042-2076, 2013.

COFFMAN, Carl. Triunfo no Presente e Glória no Futuro. Lição da Escola Sabatina, 3º Trimestre de 1989, nº 375, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, SP.

FEYERABEND, Henry. Apocalipse, Verso por Verso: Como entender os segredos do último livro da Bíblia. 1. ed. Tradução de Delmar F. Freire. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2005.

GULLEY, Norman R. Lições da Escola Sabatina, 3º Trimestre de 1996, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, SP.

MAXWELL, C. Mervyn; GRELLMANN, Hélio Luiz. Uma nova era segundo as profecias do Apocalipse. Casa Publicadora Brasileira, 2004.

MELLO, Araceli S. A Verdade Sôbre As Profecias Do Apocalipse, 1959. Disponível em: <https://pt.scribd.com/doc/264320586/Araceli-S-Mello-A-Verdade-Sobre-As-Profecias-Do-Apocalipse-pdf >. Acesso em: abr. 2020.

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OLIVEIRA, Arilton; BRANCO, Frederico; SOUZA; Jairo; QUEIROZ, Manassés; ANDRADE, Milton; IRAÍDES, Társis. Apocalipse. Escola Bíblica, Novo Tempo. Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, SP, 2015.

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(Hendrickson Rogers)

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