maio 8, 2024

Blog do Prof. H

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Apocalipse – Possibilidades (capítulo 12)

Apocalipse 12

ApTexto (ARA, 3ª ed)Leitura com a fundamentação das possibilidades que tentam alcançar a intenção do profeta João e a intenção do Revelador Jesus Cristo
12.1Viu-se grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça,Eu, João, vi imagens no telão do céu acima de minha cabeça: vi a igreja de Cristo, Seu povo que O aguardava desde Eva até Maria, em Sua primeira vinda, e Seu povo que Lhe seguiria os passos desde Maria até Sua segunda vinda. Esse pessoal compunha a igreja que ilumina o mundo, o corpo cuja cabeça é o Senhor da luz e, portanto, um corpo iluminado por Seu conhecimento, Sua justificação e Seu caráter incontaminado! Seus pés estão firmemente postos sobre a revelação profética dada aos profetas de Adão até João, o batizador, em especial no conhecimento adquirido pelo plano da redenção em miniatura exposto nas atividades do Santuário mosaico. Eles são filhos de Deus, herdeiros coroados de Seu reino por estarem vencendo na batalha contra o pecado e seguindo Sua liderança na Terra, aprendendo de Sua revelação às antigas doze tribos de Israel e à igreja dos doze apóstolos, vivendo-as e compartilhando-as.
12.2que, achando-se grávida, grita com as dores de parto, sofrendo tormentos para dar à luz.Esse povo há muito aguardava o Messias. Cada mãe ansiava que seu bebê fosse o Salvador, desde Eva ao conceber Caim! A igreja de Deus sabia que somente o Ungido a salvaria de seus pecados e traria justiça ao mundo, e cessaria todo sofrimento.

“Apocalipse 12:1 retrata a Igreja inteira iluminada com a presença de Deus. É tal espécie de Igreja que moverá o mundo e suscitará a ira do diabo” (COFFMAN, 1989b, p. 6 e 7).

“Apocalipse 12 retrata a igreja verdadeira de Deus como uma mãe ideal, em contraste com Babilônia, a mãe das meretrizes. […] Em Ezequiel 23, a igreja apóstata é representada por uma mulher impura. Em Apocalipse 17, Babilônia, a mãe da prostituição, é usada para representar uma igreja impura” (FEYERABEND, 2005, p. 101).

“Para João, a mulher provavelmente representava Israel ou seu remanescente fiel, uma vez que os profetas costumavam retratar o Israel justo como a mãe do futuro remanescente restaurado (ver Is 54.1; 66.7-10; Mq 4.9,10; 5.3), imagem que eles misturavam com a da noiva (ver Is 62.5). Na tradição judaica, Sião/Jerusalém sempre é representada por uma mãe. Certa ocasião, Deus prometeu que o Israel grávido e agonizante geraria nova vida no tempo da ressurreição, no dia da ira de Deus, em que a serpente será destruída (ver Is 26.17—27.1)” (BÍBLIA, 2013, p. 2061 e 2062).

“Apocalipse 12 relata uma nova visão, que dá início à parte escatológica do Apocalipse. Ao passo que a primeira metade do Apocalipse narra as lutas históricas da igreja em um mundo hostil, o foco principal da segunda metade do livro é o tempo do fim e os últimos eventos que levarão ao retorno de Cristo. A partir de então, o Apocalipse se concentra no conteúdo do livro aberto (Ap 10)” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p.68).

“O cap. 12 começa uma nova linha de profecia, que continua até o fim do livro. Esta seção de profecia mostra a igreja de Deus em conflito com os poderes do mal, e o seu final triunfo sobre eles” (NICHOL; FORTES, 1988, p. 197).

Por outro lado, Samuel Ramos (2006, p. 122) discorda da primeira linha do parágrafo acima, mas converge com esses autores nas últimas linhas do mesmo:

“O capítulo doze de Apocalipse não introduz nenhuma nova seqüência profética, mas é de vital importância na compreensão do conflito cósmico entre o bem e o mal porque revela a origem do mal, a origem de Satanás, sua rebelião celestial e expulsão do Céu. A profecia retrocede no tempo; revela a intromissão do pecado e o desafio lançado por Lúcifer contra Deus. A visão de Apocalipse 12 estabelece uma base sólida, um fundamento seguro para o que vai ser mostrado no capítulo treze, a saber, o verdadeiro elo que existe entre Satanás, a besta que surgiu do abismo, e as outras duas bestas do Apocalipse”.

“João teve uma visão extraordinária, que se lhe apresentou diante dos olhos como um quadro no céu. Também aqui encontramos o mesmo método de composição que já constatamos em outras passagens: os detalhes da visão provêm de diversas fontes. A mulher está vestida de Sol; a Lua é o ponto de apoio para seus pés; tem uma coroa de doze estrelas. O salmista diz com relação a Deus que se cobre de luz como com uma vestimenta (Salmo 104:2). Nos Cantares o amante diz que sua amada é tão clara como a Lua e tão clara como o Sol (Cantares 6:9). De maneira que pelo menos uma parte da visão que João teve provém do Antigo Testamento. Mas ele acrescentou de sua própria colheita algo que todos os pagãos da Ásia Menor eram capazes de reconhecer como parte da antiga representação babilônica da divindade. Muito freqüentemente representavam a seus deuses com uma coroa na qual eram representados os doze signos do zodíaco. É como se João tivesse tomado todos os símbolos da divindade e da beleza que conhecia e os tivesse reunido nesta descrição” (BARCLAY; BIAGINI, 2005, p. 298).

“Chegamos agora a parte central do livro de Apocalipse, os capítulos 12 a 14. Até aqui estudamos a porção histórica do livro: as sete igrejas, os sete selos e as sete trombetas. Depois desta parte central estudaremos a porção escatológica do livro: as sete pragas, a queda de Babilônia, o milênio e a Nova Jerusalém. Os capítulos 12 a 14 de Apocalipse não seguem uma clara progressão histórica. Em vez disso, ocorre uma espécie de montagem animada que nos conduz repentinamente para adiante e para trás, de modo a produzir em nós a impressão desejada. Seria como um filme sobre a vida de Ayrton Senna, que inesperadamente o mostrasse dirigindo seu Fórmula 1, depois apresentasse imagens do garoto dentro de um kart, uma outra cena que o apresentasse no pódio recebendo seu terceiro título mundial, e logo depois uma emocionante vitória de sua carreira debaixo de muita chuva. Enquanto estivermos estudando esta parte central do Apocalipse devemos estar atentos a estas transições abruptas na linha do tempo.

“Apocalipse 12 nos apresenta uma sinopse do grande conflito entre o bem e o mal, entre Deus e Satanás. Podemos dividir este capítulo em quatro tópicos: a) A origem do pecado e o início do conflito no Céu. b) Ataques de Satanás a Cristo, quando Este viveu entre os homens. c) Perseguição à igreja nos séculos subsequentes. d) Guerra final de Satanás contra o remanescente de Deus” (OLIVEIRA et al., 2015, p. 39).

“Na Bíblia, a palavra ‘mulher’ é usada como símbolo do povo de Deus (2Co 11:2): uma mulher pura representa cristãos fiéis, enquanto uma prostituta representa cristãos apóstatas. A mulher de Apocalipse 12 simboliza primeiramente Israel, a quem o Messias veio (Ap 12:1-5); nos versos 13 a 17 ela representa a igreja verdadeira que dá à luz o remanescente” (STEFANOVIC; MODZEIESKI, 2019, p. 101).

“O primeiro símbolo desta profecia é uma mulher vestida gloriosamente com vestes celestiais. No capítulo dezessete apresenta-se uma outra mulher vestida, não com vestes celestes, mas com roupagens e adornos humanos, a qual é simbólica da igreja apóstata aliada aos poderes civis da terra, e chamada Babilônia. Porém, a mulher do capítulo doze, é simbólica da verdadeira e pura igreja de Cristo na era cristã. Isaías já se referira, no seu tempo, à igreja, no símbolo de uma mulher (Is 54.5).

“E S. Paulo, confirmando Isaías, diz: ‘Porque estou zelozo de vós com zêlo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo’ (2ª Co 11.2). Note-se a clareza do apóstolo: A igreja — uma mulher virgem, pura aliás; e Cristo — marido, de sua igreja. Como podemos entender que a igreja seja simbolicamente esposa de Cristo quando no capítulo vinte e um do Apocalipse, é mencionada a Nova Jerusalém como Sua esposa? Isto se explica no fato de que a igreja de Cristo é referida também com os nomes de Sião ou Jerusalém e ‘cidade santa’ (Ap 11.2).

“A conclusão a que chegamos é que a igreja é representante da Nova Jerusalém, a verdadeira esposa de Cristo, pelo que como tal é denominada. Com isto é-nos revelado existir entre Cristo e Sua igreja a mesma intimidade, confiança e amor que há entre esposos reais. A igreja, considerada um componente do sexo frágil, é protegida e fortalecida por seu Todo-poderoso esposo nos seus combates seculares contra os poderes do mal” (MELLO, 1959, p. 299 e 300).

“‘Uma mulher’, significa a verdadeira igreja. (2 Cor. 11:2). Uma mulher corrupta é usada para representar uma igreja corrupta ou apóstata (Ezeq. 23:2-4; Apoc. 17:3-6, 15, 18). Semelhantemente, uma mulher pura, como neste capítulo, deve representar a verdadeira igreja. ‘O Sol’ a luz e glória da era evangélica. ‘A Lua’, a época mosaica. Como a Lua brilha coma derivada do Sol, assim a era anterior brilhou com a luz emprestada da atual. Aquela era o tipo e sombra; esta o antítipo e substância. ‘Uma coroa de doze estrelas’, os doze apóstolos” (SMITH, 1979, p. 179).

“No Antigo Testamento, o povo de Israel é muitas vezes identificado coletivamente com uma mulher. Por vezes o Israel, como um todo, é comparado a uma esposa infiel, cujo divino marido, o Senhor, Se dispõe a perdoá-la e a restaurar o relacionamento conjugal. Veja, por exemplo, Oséias 2:19 e 20; Isaías 54:1-8. Noutras ocasiões, Israel é comparado a uma formosa jovem, a quem Deus provisionou de deslumbrantes vestes novas e escolheu como Sua própria noiva. Veja Ezequiel 16:8-14.

“Ao longo do Novo Testamento, a igreja cristã, em seu conjunto, também é referida como uma noiva. Veja II Coríntios 11:2; Efésios 5:21-23. Não deveríamos imaginar, contudo, que existem duas noivas, a do Antigo e a do Novo Testamentos. Na verdade, existe uma só. Deus possui um povo, e não dois. Numa primeira instância, o Seu povo constituiu-se de um grupo local, pertencente a uma só etnia carnal; boje, esse mesmo povo tornou-se um grupo mundial, pertencente a todos os tipos étnicos. No renovado Israel de Deus, ‘não pode haver judeu nem grego, … nem homem nem mulher’. Gaiatas 3:28.

“A mulher de Apocalipse 12, tal qual a esplendorosa jovem de Ezequiel 16 (e à semelhança de Eva, vestida com as roupas de pele providenciadas por Deus), acha-se provida de luxuosas vestimentas. Ela se apresenta ‘vestida do sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça’. A luz constitui a veste do próprio Deus. Veja o Salmo H)4:2. Jesus é o ‘Sol da Justiça’. Malaquias 4:2. O povo de Deus constitui os ‘filhos da luz’. S. Lucas 16:8; I Tessalonicenses 5:5-8. Sol, Lua e estrelas constituem notáveis símbolos da luz. O relacionamento destes símbolos com a mulher de Apocalipse 12, mostra que ela é virtuosa e de bom caráter, uma fiel esposa e mãe genuína, gloriosamente revestida de radiante justiça. Veja Apocalipse 19:8.

“Na qualidade de símbolo da igreja, ela se apresenta em marcante contraste com as problemáticas igrejas de Pérgamo e Tiatira. Podemos concluir, assim, que ela representa a igreja de Deus naquilo que esta possui de melhor, ou seja, ela retrata a igreja verdadeira c ideal. Se as coisas são assim – e, de fato, o são – conclui-se que seu ‘filho’, Jesus Cristo, foi gerado para a igreja ideal. Ele foi dado ao fiel povo de Deus como um todo” (MAXWELL, 2004, p. 325 e 326).

“A imagem de uma mulher com belos adornos em trabalho de parto traz à memória diversas passagens do Antigo Testamento. Para começar, ecoa a descrição da noiva de Salomâo, que é ‘formosa como a lua, pura como o sol’ (Ct 6:10). Também reflete os textos que retratam Israel como uma mulher em trabalho de parto (Is 26:17, 18; 66:7-9; Jr 4:31; Mq 4:10).

Acima de tudo, porém, a imagem de uma mulher que suporta dores de parto para dar à luz o Messias consiste em uma alusão a Gênesis 3:15. Apocalipse 12 mostra o cumprimento da promessa divina de redimir a humanidade caída por meio da descendência da mulher” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p.68 e 69).

“Visto que ela é apresentada como prestes a dar à luz Cristo (ver os você. 2, 4 e 5), e posteriormente como sendo perseguida, após a ascensão de Cristo (vs. 5 e 13-17), ela representa tanto a Igreja do Velho como a do Novo Testamento. Compare-se Atos 7:38” (NICHOL; FORTES, 1988, p. 198).

“O Sol representa a glória do caráter de Cristo, a Sua justiça (Ml 4:2). Ele é ‘a luz do mundo’ (Jo 8:12), e Seu povo deve refletir a luz do Seu caráter amoroso (Mt 5:14-16). A Lua, um luzeiro menor (Gn 1:16), aponta para as promessas do Antigo Testamento, prefigurando a obra de Cristo” (STEFANOVIC; MODZEIESKI, 2019, p. 101).

“O sol, como fonte de luz, é símbolo do evangelho (2Co 4:6; cf. Jo 8:12; 12:46), e a lua reflete a luz do sol. Em outras palavras, a mulher está em pé sobre a revelação do Antigo Testamento, que reflete a luz do evangelho” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p. 69).

“A Coroa representa a vitória espiritual e a vida eterna concedidas aos crentes no tempo presente. (Ver S. João 3:36; 5:24; I S. João 5:4 e 11-13.) Estrelas, na Escritura, freqüentemente simbolizam o fiel povo de Deus como um todo. (Ver Dan. 8:10; 12:3.) O número 12 comumente se refere às doze tribos de Israel ou aos doze apóstolos que representam a Igreja Cristã. Esse número não se aplica, porém, exclusivamente aos doze patriarcas e aos doze apóstolos. Muitas vezes é usado para abranger todo o povo de Deus que é simbolizado pelos patriarcas e apóstolos. (Comparar S. Mat. 19:28 com I Cor. 6:2; ver também S. Tia. 1:1.) […] As doze estrelas de Apocalipse 12:1 são um símbolo da totalidade do fiel povo de Deus que está seguindo os princípios divinos dados a Israel e à Igreja Cristã, e que permite que a luz da verdade brilhe por seu intermédio” (COFFMAN, 1989b, p. 6 e 7).

“Como no Antigo Testamento os doze patriarcas ocupavam o lugar de representantes de Israel, assim os doze apóstolos representam a igreja evangélica” (WHITE, 2007a, p. 12).

“Vimos que a mulher é a igreja de Cristo. Assim a gloriosa veste que ostenta não é terrena mas celestial como indica o símbolo solar que a representa. É a santa veste da justiça de Cristo a Quem ela pertence. Cada verdadeiro crente de Sua igreja está vestido com esta santa vestimenta. ‘Quando nos submetemos a Cristo, nosso coração une-se ao Seu coração, nossa vontade funde-se com a Sua vontade, nossa mente chega a ser uma com a Sua mente, os pensamentos se sujeitam a Êle; vivemos Sua vida. Isto é o que significa estar vestido com o manto de Sua justiça’ (Christ Object Lesson, E. G. White, p. 312). Contemplada nas alturas siderais, entendemos que a igreja do Senhor, pôsto que no mundo, devia iluminá-lo com a luz de Sua justiça. ‘Vós sois a luz do mundo’, dissera Jesus à igreja (Mt 5.14). As brilhantes vestes da igreja ou o seu santo caráter, resplandecem através de suas obras feitas em harmonia com a justiça de Cristo” (MELLO, 1959, p. 300).

“Os ministros de Deus são simbolizados pelas sete estrelas que Aquele que é o primeiro e o derradeiro tem sob Seu especial cuidado e proteção [cf. Ap 1.16, 20]. As suaves influências que devem abundar na igreja, acham-se ligadas a esses ministros de Deus, aos quais cabe representar o amor de Cristo. As estrelas do céu acham-se sob a direção de Deus. Ele as enche de luz. Guia e dirige-lhes os movimentos. Se o não fizesse, essas estrelas viriam a ser estrelas caídas. O mesmo quanto a Seus ministros. Eles não são senão instrumentos em Suas mãos, e todo o bem que realizam é feito mediante o Seu poder. É para a honra de Cristo que Ele torna Seus ministros, mediante a operação de Seu Espírito, uma bênção maior para a igreja, do que o são as estrelas para o mundo. O Salvador tem de ser a eficiência deles. Se olham para Ele como Ele o fazia para Seu Pai, hão de fazer Suas obras. Ao dependerem de Deus, Ele lhes dará Sua luz para que a reflitam para o mundo” (WHITE, 2007b, p. 14 e 15).

“COROA. Gr. Stephanos, uma coroa de vencedor ([…] Mat. 27:29; Apoc. 2:10), não Diadema, uma coroa real ([…] 12:3)” (NICHOL; FORTES, 1988, p. 198).

“[…] ‘Céu’, o espaço em que o apóstolo viu esta representação. Não vamos supor que as cenas aqui apresentadas a João tiveram lugar no Céu, onde Deus habita, porque são eventos que ocorrem na Terra. Mas esta representação que passou perante os olhos do profeta parecia dar-se na região ocupada pelo Sol, Lua e estrelas, que chamamos o céu. Os versículos 1 e 2 abrangem um período de tempo que começa logo antes do início da era cristã, quando a igreja ardentemente esperava o advento do Messias [o profeta Simeão, a profetiza Ana, estudiosos do Oriente, pastores convidados por anjos, além de José e Maria; e certamente mais alguns poucos. Essa era a ‘igreja’ que esperava ‘ardentemente o advento do Messias’? Naquela época, muito provavelmente sim!], e que se estende até o tempo do completo estabelecimento da igreja do Evangelho com a sua coroa de doze apóstolos (Lucas 2:25, 26, 38).

“Seria difícil encontrar símbolos mais apropriados e impressionantes do que os empregados aqui. A era mosaica brilhou com uma luz recebida da era cristã, assim como a Lua brilha com a luz recebida do Sol. Quão adequado era, pois, representar a primeira pela Lua e a última pelo Sol. A mulher, a igreja, tinha a Lua debaixo dos pés, isto é, a era mosaica que acabava de terminar, e a mulher estava revestida com a luz do Sol do Evangelho, que acabava de nascer. Por antecipação, a igreja é representada como inteiramente organizada com os seus doze apóstolos, antes de Cristo, como criança, aparecer em cena” (SMITH, 1979, p. 179 e 180).

“Assim como a Lua reflete a glória do Sol, as Escrituras, escritas por ‘homens santos de Deus …, inspirados pelo Espírito Santo’ (II S. Ped. 1:21), refletem a glória de Cristo. (Ver S. João 5:39; S. Luc. 24:27 e 44). Dizer que a Igreja está firmada sobre a Palavra de Deus (a Bíblia) é apenas outra maneira de dizer que ela está fundada sobre Jesus Cristo. A Igreja está firmada em toda a Palavra de Deus – tanto o Antigo como o Novo Testamento. Não é convincente afirmar que, estando a mulher prestes a dar à luz de Cristo, a Lua representa somente o Antigo Testamento. Segundo indica Apocalipse 12, a mulher representa a Igreja no decorrer da Era Cristã. Esta Igreja expõe a pessoa de Cristo ao mundo da maneira pela qual Ele é apresentado nas Escrituras do Antigo e do Novo Testamentos.

“[…] A Lua constitui um símbolo apropriado do fundamento sobre o qual se encontra a Igreja. Assim como a Lua reflete a luz do Sol, as Escrituras, usando linguagem humana, refletem as grandes verdades que Deus revelou sobre Si próprio e sobre o plano da salvação. […] O Antigo Testamento era a Bíblia usada tanto por Jesus como pelos apóstolos. Seu sistema cerimonial temporário deixou de Ter validade na cruz, mas as suas permanentes verdades morais e espirituais continuam sendo nossa herança cristã” (COFFMAN, 1989b, p. 6, 7 e 8).

“A expressão — tendo a lua debaixo de seus pés — revela que a igreja do Senhor Jesus funda-se numa base tão gloriosa e eterna como a própria lua. S. Pedro descobre-nos o alicerce básico da igreja de Cristo, nestas palavras: ‘E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrêla da alva apareça em vossos corações’ (2ª Pe 1.19). E S. Paulo, confirmando S. Pedro, declara: ‘Edificados sôbre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de esquina’ (Ef 2.20).

“Pela palavra dos dois apóstolos dos quais não é possível duvidar, vemos a existência e tôda a vida da verdadeira igreja cristã dependentes exclusivamente do Velho Testamento — a palavra dos profetas — como seu indiscutível alicerce. Foi o Velho Testamento que Cristo tomou como base de Sua pregação e Sua vida. Foi o Velho Testamento que Êle mandou Seus apóstolos pregarem ao mundo, pôsto que não existia o Novo Testamento. O Novo Testamento é em realidade a pregação do Velho Testamento pelo ministério apostólico. O Velho Testamento é o pedestal do Novo Testamento; é o alicerce do edifício do Novo Testamento.

“Portanto, rejeitar o Velho Testamento como base da vida religiosa cristã, significa rejeitar incontinentemente o Novo Testamento, que é a estrutura do Velho Testamento. Dêste modo, a igreja cristã, resplendente da luz solar da justiça de Cristo, lança sua luz para a lua do Velho Testamento como seu irremovível alicerce luminoso na noite dos séculos. E quão apropriado é dizer-se aqui que a Era Mosaica, longe de ter sido relegada, brilha pela luz refletida da era cristã, como a lua brilha refletindo a luz solar” (MELLO, 1959, p. 302).

“A Lua é uma representação do sistema de sacrifícios do Antigo Testamento que refletia a obra de Jesus (Hebreus 9:9-12, 23-24), assim como a lua reflete a luz do Sol. 4 – As doze estrelas da coroa representa a realeza. Doze é o número do reino de Deus. O povo de Deus no Antigo Testamento, Israel, estava dividido em 12 tribos. Jesus, ao fundar Sua igreja, o novo Israel, escolheu doze apóstolos (Lucas 6:13), que passaram a constituir o fundamento da igreja (Efésios 2:20)” (OLIVEIRA et al., 2015, p. 39).

“A coroa representa, em si mesma, a vitória da igreja cristã através dos séculos em todos os seus combates contra as forças do mal, bem como o seu triunfo final sôbre elas. A constelação de doze estrêlas que forma a coroa é emblema dos doze apóstolos, fato que em primeiro lugar confirma que a mulher é um símbolo da igreja cristã. Porém, ao usar estrêlas para figurar os doze apóstolos, a revelação indica o glorioso labor daqueles doze homens. As estrêlas incontáveis dos céus estão sob os cuidados do Criador, que a cada uma determinou um lugar para um determinado propósito nas imensidades siderais.

“Suas brilhantes luzes tiveram nÊle a sua origem, e, ao luzirem na vastidão da noite, declaram a Sua glória e anunciam as obras das Suas mãos. Assim sucedeu com os doze apóstolos. Fazendo-se discípulos dAquele que dissera — Eu sou a luz do mundo — tornaram-se luzes, e, levando a tôdas as terras a Sua luz, tornaram-se astros na noite dos tempos. Sôbre os que iluminam o mundo com a pregação da justiça divina, lemos: ‘Os entendidos pois resplandecerão, como o resplandor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como es estrêlas sempre e eternamente’ (Dn 12.3)” (MELLO, 1959, p. 302).

“Na profecia, a mulher pura representa a igreja verdadeira. O Sol simboliza a glória de Deus (Salmo 84:11). A Lua, que reflete a luz do Sol, significa o sistema de sacrifícios do Antigo Testamento (as Escrituras Sagradas, antes de o Novo Testamento ser composto) que refletia a obra de Jesus (Hebreus 9:9-12, 23, 24). As doze estrelas da coroa simbolizam as doze tribos de Israel e os doze apóstolos” (ROSSI; BARBOSA, 2012, p. 17).

“As 12 estrelas em sua cabeça representam as 12 tribos de Israel, bem como os 12 apóstolos. Nessa parte da visão (Ap 12:1-5), a mulher simboliza o Israel do Antigo Testamento trazendo o Messias ao mundo. No entanto, nos versos 6 e 13 a 17, ela representa a igreja cristã” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p. 69).

“Assim como a Lua brilha com a luz emprestada pelo Sol, assim também a dispensação mosaica brilhou com luz emprestada da dispensação evangélica. Cada cordeiro apontava para Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A lei cerimonial, com todos os seus sacrifícios, era uma sombra das coisas futuras (Colossenses 2:17). A Lua sob os seus pés significa que o antigo concerto acabou; a antiga lei cerimonial passou. A igreja estava entrando numa nova era, vestida do Sol” (FEYERABEND, 2005, p. 102).

“Na profecia, […] O conjunto de astros também representa a orientação profética, que marca os ‘sinais dos tempos’ (Gn 1:14; Mt 16:3; Lc 12:56; Ez 12:27; Jl 2:31; 1Ts 5:1)” (DONATO et al., 2018, p. 65).

“Que a mulher é a igreja cristã do novo pacto temos demonstrado sobejamente. Que êste novo pacto, porém, já fôra feito anteriormente com os velhos patriarcas, com os profetas e com os verdadeiros israelitas, também não há dúvida. Êstes sinceros e reais crentes é que formavam a igreja do Novo Concêrto antes da era cristã. A ela foram feitas as promessas messiânicas, desde Adão. Dela deveria surgir o prometido Filho de Deus” (MELLO, 1959, p. 302).

Exatamente! Com os “verdadeiros”. Mas, ainda não vi o autor ser específico quanto aos “verdadeiros cristãos (ads) de sua denominação”. O compromisso de Deus, Suas promessas e bênçãos, sempre foram e serão para os compromissados, nunca com os apenas matriculados.

“E como anelavam aquêles fiéis servos de Deus o aparecimento do Messias, dizem-nos com clareza as mensagens dos profetas do Velho Testamento. Isto confirmou Jesus a Seus discípulos quando lhes dissera: ‘E, voltando-Se para os discípulos disse-lhes em particular: Bem-aventurados os olhos que vêem o que vós vêdes; pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vêdes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram’ (Lc 10.23 e 24). Aqui, revela-nos o próprio Senhor Jesus a ânsia da mulher ou da igreja, em dar à luz. Quantas súplicas subiram ao céu rogando a vinda do Messias, só Deus sabe. Quantos cânticos proféticos expressivos do mesmo desejo ascenderam ao céu, dizem bem claramente os salmos de Davi.

“Durante 4.000 anos a igreja anelou ver e ouvir o Messias, que era a ânsia da mulher por dar à luz. Mas os bem-aventurados, dissera Jesus, eram os seus discípulos que, não só O viam e O ouviam, como O reconheciam verdadeiramente ‘Aquele de Quem Moisés escreveu na lei, e os profetas’ (Jo 1.45). Sim, afinal a mulher ‘deu à luz um filho’. E Jesus nasceu entre Seu povo, Sua igreja, como O tendo ela dado à luz. Tudo isto testifica de que a mulher desta profecia não é a virgem Maria como alguns ensinam, a não ser que tôda esta revelação esteja em franca contradição consigo mesma” (MELLO, 1959, p. 302).

“A mulher de Apocalipse 12 achava-se em estado de gravidez no momento em que João a contemplou; na verdade, ela estava ‘sofrendo tormentos para dar à luz’. Ela aguardava com muita ansiedade o bebê que logo nasceria. Os modernos cristãos sinceros, espalhados por todo o mundo, também esperam ansiosamente a segunda vinda de Cristo. Os israelitas leais do Antigo Testamento também desejavam ardentemente Sua primeira vinda. É-nos dito que todas as garotinhas fiéis almejavam que chegasse o dia de seu casamento, quando — assim esperavam — teriam a chance de se tornarem a mãe do Messias prometido. Longos séculos transcorreram, e parecia que Ele nem viria mais. Mas Ele veio. ‘Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher.’ Gálatas 4:4. Da mesma forma, é absolutamente certo que Ele virá segunda vez” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 327).

“Esse texto é uma referência ao nascimento de Jesus. ‘Vindo a plenitude dos tempos Deus enviou o Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei’ (Gal. 4:4). É o cumprimento da promessa feita no Jardim do Éden aos nossos primeiros pais (Gên. 3:15)” (RAMOS, 2006, p. 126).

“A ‘mulher’, o ‘filho’ e o ‘dragão’ de Apocalipse 12 nos trazem imediatamente à memória as figuras de Eva, sua prometida semente e a serpente mentirosa. Trazem-nos também à lembrança todos os pais cristãos cujos filhos são tentados por Satanás. Em Gênesis 3:15, Deus prometeu que ajudaria os filhos a se tornarem hostis à serpente. A mensagem de Apocalipse 12 a 14 provê critérios que auxiliam as famílias na educação dos filhos e na tomada de decisões. Adicionalmente, a partir de um outro ponto de vista, a mulher de Apocalipse 12 representa o povo de Deus como um todo, como um grupo completo” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 325).

12.3Viu-se, também, outro sinal no céu, e eis um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas.Depois dessas cenas do filme profético, eu, João, assisti ao desenrolar de Daniel 7. Meu conservo, o profeta Daniel, anteviu o levantar de um novo reino, posterior ao leopardo grego: o “espantoso” dragão vermelho de Roma. No entanto, o adversário de Deus, o usurpador do governo deste planeta e maior estelionatário do universo – o anjo pai da mentira –, manipula os políticos que não temem a Deus. Ele está na liderança desses impérios de tal modo que tais poderes humanos são apenas uma fachada usada por Satanás para esconder seus propósitos anti-humanos dos homens que lhe servem como marionetes. O império romano é a quarta cabeça no planejamento dos anjos maus cuja coroa foi herdada do império grego, mas as culturas pagãs dos derrotados seriam mantidas! Depois dessa quarta cabeça (e simultaneamente) viriam as dez tribos não romanas, bárbaras, que tomariam a coroa romana pela força (cf. 13.1), fariam os romanos sucumbirem e a Europa levantar-se.

“A cadeia de profecias na qual se encontram estes símbolos, começa no Capítulo 12 de Apocalipse, com o dragão que procurava destruir Cristo em Seu nascimento. Declara-se que o dragão é Satanás (Apocalipse 12:9); foi ele que atuou sobre Herodes a fim de matar o Salvador. Mas o principal agente de Satanás, ao fazer guerra contra Cristo e Seu povo, durante os primeiros séculos da era cristã, foi o Império Romano, no qual o paganismo era a religião dominante. Assim, conquanto o dragão represente primeiramente Satanás, é, em sentido secundário, símbolo de Roma pagã” (WHITE, 2013, p. 382).

“Os dragões povoam a mitologia dos povos antigos (o Leviatã do folclore cananeu, e Set-Tifão, o crocodilo vermelho do Egito). No AT, são em geral usados metaforicamente para retratar os inimigos de Deus e de Israel (ver SI 74.14; Is 27.1; Ez 29.3 e suas notas). A palavra ‘diadema’ não ocorre na NVI, mas a palavra grega diadema é usada três vezes em Apocalipse (12.3; 13.1; 19.12) como um emblema de poder absoluto, distinto da ‘coroa’ (gr. stephanos) mencionada em outras passagens do NT. A ‘coroa’ (stephanos) era concedida aos atletas, aos generais vitoriosos e aos antigos imperadores de Roma, até que Diocleciano (ca. 284-305 d.C.) adotou o diadema como símbolo de sua autocracia. Nosso Senhor também usará um diadema, em vez de uma coroa comum (19.12)” (BÍBLIA, 2013, p. 2062).

“Em oposição à mulher, está o dragão ou Satanás, que é a serpente de Gênesis 3. Suas sete cabeças representam os reinos na história, por meio dos quais ele trabalhou para se opor aos planos e propósitos divinos no mundo e para oprimir o povo de Deus (Ap 17:9-11). Os dez chifres em sua cabeça simbolizam autoridades políticas (v. 12). As sete coroas na cabeça do dragão se referem à falsa alegação de Satanás de ter domínio sobre este mundo (cf. Lc 4:6). Essas imagens revelam que o diabo estava por trás do império Romano quando houve a tentativa de destruir o Messias tão esperado, Jesus Cristo” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p. 69).

“Aqui temos a imagem do grande dragão vermelho, da cor das chamas. Em nosso estudo sobre os antecedentes do Anticristo vimos que os povos orientais entendiam a criação como uma luta entre o dragão do caos e o Deus da luz e da ordem. No templo de Marduk, o deus criador, em Babilônia encontra-se uma imagem da serpente de vermelho cintilante que representa o derrotado dragão do caos. Não pode restar dúvida que seja dali que João extrai sua imagem: encontrou-a nas concepções mais antigas da humanidade, que faziam parte da herança religiosa de todos os povos orientais. O dragão aparece em muitas formas no Antigo Testamento. É chamado Raabe em Isaías 51:9, Leviatã no Salmo 74:12-14 ou em Isaías 27:1 (Deus castigará com sua espada a Leviatã no dia do juízo), Beemote em Jó 40:15-24. O dragão que é o arquiinimigo de Deus faz parte do pano de fundo religioso de quase todos os povos do Oriente Médio.

“O dragão tem sete cabeças e dez chifres. Isto simboliza seu terrível poder. Tem sete diademas reais, que também simbolizam seu poder, esta vez sobre os reinos deste mundo opostos ao Reino de Deus” (BARCLAY; BIAGINI, 2005, p. 300 e 301).

“As cabeças, chifres e coroas. Apoc. 12:3. Comp. Apoc. 13:1; 17:3, 9,10.

a. Sete cabeças – poderes maiores. Apoc. 17:3, 10; Dan. 7:6. Comp. Dan. 8:8, 22.

b. Dez chifres- poderes menores. Apoc. 17:12; Dan. 7:24; 8:21, 22; Zac. 1:18,19.

c. Sete coroas – emblemas de realeza e governo. II Reis 11:12; I Crôn. 20:2; Eze. 21:26,27” (THIELE; BERG 1960, p. 244).

“Aqui, o símbolo representa Satanás, como operando através de Roma pagã, o poder que governava o mundo quando Jesus nasceu […]. O dragão é descrito como ‘vermelho’, provavelmente por causa do fato de que em toda a sua conexão com a igreja de Deus ele tem aparecido no papel de perseguidor e destruidor. Tem sido seu propósito deliberado destruir os filhos do Altíssimo.

“Sete cabeças aparecem também na besta que João viu emergindo do mar (Apoc. 13: 1), e na besta escarlate (cap. 17: 3). As cabeças no cap. 17: 9 e 10, são identificadas como ‘sete montes’ e ‘sete reis’. Parece razoável concluir-se que as sete cabeças do dragão representam poderes políticos que têm definido a causa do dragão, e mediante os quais o dragão tem exercido o seu poder perseguidor. Alguns defendem que o número ‘sete’ á aqui usado como um número redondo denotando perfeição, e que não é necessário acharem-se precisamente sete nações mediante as quais Satanás tem operado. […] O Talmud também menciona um dragão com sete cabeças (Kiddushin, 22b, ed. de Soncino pág. 141).

“As bestas dos caps. 13 e 17, também tinham dez chifres cada uma delas. Alguns defendem que os dez chifres do dragão são idênticos aos destas duas bestas, e que estes últimos são idênticos aos dez chifres da quarta besta de Daniel 7 (ARA – ‘animal’). […] Outros vêem nos dez chifres do dragão uma designação mais geral para os poderes políticos menores através dos quais Satanás tem operado, em contraste com as sete cabeças, que podem ser encaradas como representando poderes políticos maiores […]. Sugerem que o número ‘dez’, pode ser um número redondo, como frequentemente acontece noutras partes da Escritura […].

“COROAS. Gr. Diadēmata, sing. Diadēma, ‘algo atado em torno’, de Diadeō, ‘atar em torno’. A palavra era usada para descrever a insígnia de soberania usada pelos reis persas, uma fita azul de bordas brancas, usada no turbante. Daí a palavra vir a ser usada como uma insígnia de realeza. Diadēmata, ocorre somente aqui e nos caps. 13: 1 e 19: 12. Diadēma é contrastada com Stephanos, também traduzido ‘coroa’ no NT (Mat. 27: 29; I Cor. 9: 25; II Tim. 4: 8, etc.). Stephanos, é uma grinalda de flores ou folhas, significando em geral o laurel, ou coroa de louros, dado como prêmio pela vitória […]. O fato das cabeças estarem usando insígnias de realeza, pode ser tomado como evidência adicional de que representam reinos políticos” (NICHOL; FORTES, 1988, p. 199 e 200).

“Os pagãos romanos usavam a imagem de um dragão em seus estandartes, como também a de uma águia. Esses estandartes com dragão eram vermelhos. Roy Allan Anderson, O Apocalipse Revelado, 131” (RAMOS, 2006, p. 128).

“O dragão […] como pintado na tela da profecia do Apocalipse, é distinto de tudo quanto há na mitologia e na história sagrada concernente ao termo. O versículo nove do capítulo doze o define como figura de Satanás, ou, mais propriamente, segundo atestam suas características proféticas, como a personificação de um poder político liderado por Satanás para a consecução de seus fins. E a revelação não nos deixou às escuras quanto ao poder civil e religioso simbolizado pelo dragão sob a supervisão de Satã.

“Diga-se antes de tudo, que nenhuma profecia da inspiração trata de acontecimentos anteriores à sua anunciação. Pois do contrário não seria ela uma profecia. Portanto, a profecia do dragão, dada a São João cêrca de 94 A. D., deve aludir a um poder dominante de seu tempo, com prosseguimento futuro, ou inteiramente do futuro, nunca, porém, do passado. E isto é confirmado pela história profética do dragão (Apoc. 12) que o relaciona com a era cristã e o define como um poder perseguidor da igreja de Cristo do Novo Testamento” (MELLO, 1959, p. 303 e 304).

Êxodo 7 discorda dessa crença. Na verdade, a Bíblia em geral, pois a maioria de seus leitores é posterior à confecção dela. Profecia não é necessariamente uma predição do futuro, mas uma auditoria divino-humana de fatos passados, presentes e futuros. E por causa dessa crença esse autor defende que as cabeças do dragão simbolizam única e exclusivamente poderes romanos e pós romanos, como pode-se ler abaixo.

“Entre o dragão vermelho do Apocalipse doze e o quarto animal de Daniel sete, há perfeita identificação. Ambos não encontram paralelo na zoologia; ambos são terríveis e espantosos; ambos possuem 10 chifres [mas Daniel não menciona as 7 cabeças]; ambos estão ligados à história da Igreja Cristã. O quarto animal, segundo a própria revelação, é o quarto reino da terra que indubitavelmente é Roma Pagã (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 438). Consequentemente, o dragão, que se identifica com o quarto animal, é também, logicamente, Roma Pagã. Tanto o quarto animal como o dragão vermelho, representam um e o mesmo poder, aliás — Satanás com a toga romana’. Tôdas as suas características e ações proféticas são evidentes afirmativas de que êle é Satanás e Roma irmanados num único objetivo — guerrear a verdade e o povo de Deus. Em confirmação do exposto, refere a história que o dragão dos estandartes romanos era vermelho como o símbolo do Apocalipse. Ammianus Marcellinus escreveu — de ‘a púrpura padrão do dragão’ (Lib. 16, C. 12, Ammianus Marcellinus e Daniel 7:23).

“[…] as sete cabeças são absolutamente romanas. […] Os dez chifres vêmo-los primeiramente no quarto animal de Daniel sete, representativo de Roma Pagã. Êles, segundo o mesmo profeta, indicam a divisão décupla de Roma Pagã nos reinos que constituiriam a Europa moderna. Depois divisamos os dez chifres do quarto animal nas sete cabeças do dragão vermelho, o que comprova que o dragão e o quarto animal são, indubitavelmente, o Império Romano que se dividiria em dez partes. Em outras palavras, as sete cabeças dividir-se-iam em dez partes, pois os dez chifres nelas estão, o que indica que elas são o dragão e o próprio Império Romano.

“Outro fato notável, nos dez chifres, é que êles, tanto no quarto animal de Daniel sete como nas cabeças do dragão, não são coroados. Isto evidencia sobejamente que os reinos futuros por eles representados — a Europa atual — não exerciam nenhuma influência politicamente mundial na era do dragão ou enquanto se mantinha firme o poder romano dos Césares no Ocidente. A teologia popular, porém, fundada em idéias humanas divorciadas da inspiração, pretende que, cinco das sete cabeças, designam não Roma, mas os cinco impérios antecessores de Roma — Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Persa e Grécia. Todavia é evidente que os dez chifres estão divididos entre as sete cabeças e não somente entre as duas últimas” (MELLO, 1959, p. 304 e 305).

“‘No livro de Apocalipse, sob os símbolos de um grande dragão vermelho, um animal semelhante ao leopardo, e um com chifres semelhantes aos de um cordeiro, são representados aqueles governos que estão essencialmente envolvidos em pisar a lei de Deus e perseguir Seu povo. Esta guerra será levada avante por eles até acabar o tempo. O povo de Deus simbolizado por uma mulher santa e seus filhos, constitui a minoria’. – 4 Spirit of Prophecy, p. 276.

“O dragão é aqui descrito como sendo uma criatura composta. É formado por Satanás e seus adjuntos da terra. Certamente, Satanás não é um ser com várias cabeças, chifres e coroas. Satanás era originalmente, um ser celestial, um anjo. Hoje ele é um anjo caído. Neste mundo ele opera através de agentes humanos. Por meio de vários governos na Terra e poderes religiosos, ele tem procurado obter o controle do mundo e reunir toda a raça humana sob seu governo. Estes poderes – utensílios eficientes do príncipe do mal – são representados no livro de apocalipse como animais de rapina de múltiplas cabeças e chifres” (THIELE; BERG 1960, p. 243 e 244).

“Este grande dragão vermelho com sete cabeças e dez chifres é o argui-inimigo de Deus, Satanás. Sua primeira rebelião ocorreu no céu, quando se opôs ao governo de Deus e desejou estabelecer seu trono acima do trono de Deus e ser semelhante ao Altíssimo (Isaías 14:12-14; Ezequiel 28:14-17). Aqui mesmo em Apocalipse 12 somos informados de sua expulsão do céu […] (Apocalipse 12:7-9)” (OLIVEIRA et al., 2015, p. 40).

“No sentido primário o dragão é Satanás (verso 9). No sentido secundário, o dragão representa os poderes terrestres usados por Satanás para combater a Cristo, Sua verdade e Seu povo. Satanás agiu por meio do Império Romano para matar a Cristo e atacar o evangelho e a Igreja primitiva (verso 4). Ele usou também o papado medieval para impelir a Igreja ao deserto, onde ela foi perseguida por 1.260 anos (de 538 A.D. a 1798 A.D.). Versos 6 e 13-16. Ao nos aproximarmos do fim do tempo, Satanás usará uma união político-religiosa apóstata, na tentativa de destruir a Igreja cristã remanescente. (Apoc. 12:17; comparar com o capítulo 17.) Visto que o dragão de Apocalipse tem essa quádrupla aplicação (Satanás, O Império Romano, o papado e ‘Babilônia’ antitípica), ele se equipara aos poderes da ponta pequena mencionados em Daniel 7 e 8 […].

“O verso 9 claramente identifica o símbolo com Satanás. Ele age, porém, por meio de instrumentalidades secundárias. No livro de Daniel, animais e cabeças de animais são usados para simbolizar reinos (Dan. 7:23; 7:6; 8:8 e 22). Cornos ou chifres também representam poderes dominantes (Dan. 7:24 e 25; 8:8 e 22). Por isso, o dragão vermelho com várias cabeças e chifres pode ser interpretado como um poder político ou como uma variedade de poderes pelos quais Satanás, em tempos diferentes, opera para a realização de seus objetivos […].

“As mesmas sete cabeças e dez chifres são mencionados em três capítulos do Apocalipse: capítulos 12, 13 e 17. Sabemos que cinco das cabeças do dragão se referem a reinos ou nações que haviam caído por volta do tempo do apóstolo João. (ver Apoc. 17:10.) O Antigo Testamento expõe cinco poderes que, antes do tempo de João, atacaram e subjugaram sucessivamente o povo escolhido de Deus, procurando destruir suas crenças religiosas. Alguns declaram que essas nações foram o Egito, a Assíria, Babilônia, Média-Pérsia e Grécia.

“A sexta cabeça é considerada o poder político que existia no tempo do apóstolo João – o Império Romano. A sétima cabeça seria, portanto, o poder mundial mais significativo que se seguiu ao Império Romano: o Papado medieval. Como é salientado no livro de Daniel e no Apocalipse, o Império Romano foi dividido em numerosos fragmentos políticos, e o papado tomou o seu lugar como a principal influência no Ocidente.

“[…] Ao passo que as cabeças são representadas por poderes mundiais sucessivos, os chifres representam poderes que existem simultaneamente. (Ver Apoc. 17:12-14; comparar com Dan. 7:7, 20 e 24.) Devido à óbvia relação entre Apocalipse 12, 13 e 17, e Daniel 2 e 7, podemos dizer que os dez chifres representam as partes em que finalmente foi dividido o Império Romano. Essas partes tornaram-se Estados soberanos, os quais no fim do tempo desempenham importante papel em apoiar a Babilônia antitípica, ‘até que se cumpram as palavras de Deus’ (Apoc. 17:17)” (COFFMAN, 1989b, p. 10 e 11).

“As sete cabeças e os dez chifres do dragão são introduzidos pela primeira vez em Apoc. 12:3 sem nenhuma explicação do seu significado; a explicação é dada pelo próprio anjo em Apocalipse 17:9; da mesma forma Apoc. 13:1 introduz uma outra besta que subiu do mar, também com sete cabeças e dez chifres cuja interpretação é dada também pelo anjo em Apoc. 17:10” (RAMOS, 2006, p. 128).

Maxwell e Grellmann (2004, p. 491), no contexto do capítulo 17, apresentam a tabela abaixo (setas acrescentadas), colocando a visão de João sobre as 7 cabeças e os 10 chifres da besta que aparece ali (Ap 17) como: “O momento da visão é a hora do juízo, o tempo do fim, que inicia em 1798/1844, por ocasião do término dos 1.260 dias-anos”.

Fonte: Maxwell e Grellmann (2004, p. 491); setas acrescentadas.

12.4A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra; e o dragão se deteve em frente da mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho quando nascesse.Satanás e suas cabeças elaboram culturas suficientemente letais ao ponto de fazerem apagar a boa influência de homens e anjos de Deus. Por meio de seus enganos e da violência, anjos e homens deixaram de brilhar e cooperar com Deus, no Céu e na Terra. A experiência do anjo pai da mentira e seu êxito por milênios foram usados concentradamente na época do nascimento de Jesus, através de Roma e seus representantes. Como um predador ele viu a vulnerabilidade do Deus-Homem enquanto bebê, creu que poderia derrotá-Lo como fez com uma fração de Seus representantes e esse foi seu foco supremo!

“A imagem do dragão que varre as estrelas do céu com sua cauda provém de Daniel (3:10) [sic; Dn 8.10], onde o chifre pequeno é capaz de arrojar as estrelas ao chão e pisoteá-las. A cena dramática do dragão que espreita, à espera que o menino nasça, para devorá-lo, provém de Jeremias (51:34) onde Nabucodonosor devora a Israel como um dragão” (BARCLAY; BIAGINI, 2005, p. 301).

“O ancião e o homem de respeito são a cabeça, e o profeta que ensina a mentira é a cauda” (Isaías 9.15, Nova Almeira Atualizada).

“Parte de sua força está em sua cauda que representa a astuta maneira com que enganou a terça parte dos anjos, enquanto as cabeças e os chifres apontam seus agentes e colaboradores humanos especiais” (MELLO, 1959, p. 308).

“Literalmente, ‘ sua cauda está arrastando’. João viu a ação em progresso na visão profética” (NICHOL; FORTES, 1988, p. 200).

“‘Estrelas’ aqui significa anjos (Apocalipse 1:20). Existe um antecedente que nos permite dar dita interpretação a este símbolo apocalíptico. Jó, utilizando o estilo antigo da poesia hebraica de repetir a idéia a fim de ampliar seu sentido, declarou que ‘ … as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e rejubilavam todos os filhos de Deus’ (Jó 38:7). Em Judas 6, é-nos dito que Deus tem guardado a esses anjos de indigna rebelião para o dia do juízo, o que confirma o fato de que foram expulsos do Céu com Satanás” (BELVEDERE, 1987, p. 14).

“Se as pessoas forem tão merecedoras de ser separadas da igreja como Satanás o foi de ser expulso do Céu, terão quem lhes tome as dores. Há sempre uma classe que é mais influenciada por indivíduos, do que pelo Espírito de Deus e pelos sãos princípios; e, em seu estado não consagrado, essas pessoas estão sempre prontas a tomar o partido do erro, e pôr a compaixão e simpatia juntamente com os que menos a merecem. Esses simpatizantes exercem poderosa influência sobre outros; vêem-se as coisas sob um aspecto errado, ocasiona-se grande mal, e muitas são as almas arruinadas. Satanás em sua rebelião, levou consigo a terça parte dos anjos. Desviaram-se do Pai e de Seu Filho, e uniram-se ao instigador da rebelião” (WHITE, 2004, p. 291).

“Quando Satanás se tornou desafeto no Céu, não apresentou ele sua queixa perante Deus e Cristo; foi, porém, por entre os anjos que o julgavam perfeito, afirmando que Deus lhe fizera injustiça, preferindo Cristo a ele. O resultado dessa falsidade foi, por motivo de lhe terem aderido, um terço dos anjos perderem sua inocência, sua alta posição e seu lar feliz. Satanás instiga os homens a continuarem na Terra a mesma obra de inveja e ruins suspeitas que ele começou no Céu” (WHITE, 2008, p.97).

Mas esta fração, um terço, em todo o Apocalipse constitui um símbolo. Qual a razão para a considerarmos literalmente aqui?

“Suas estrelas são os seus anjos. A fração ‘um terço’ pode ser literal ou – tais como as frações um terço e um quarto nas sete trombetas – pode não representar a terça parte matemática dos anjos” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 340).

“Se as doze estrelas com que a mulher está coroada, em seu uso simbólico, representam os doze apóstolos, então as estrelas derribadas pelo dragão antes da sua tentativa de matar o Menino, ou seja, antes da era cristã, podem representar uma parte dos dirigentes do povo judaico. Em Apocalipse 8:12 já vimos que Sol, Lua e estrelas são algumas vezes usados em sentido simbólico. A Judéia tornou-se uma província romana uns sessenta anos antes do nascimento do Messias. Os judeus tiveram três classes de dirigentes: reis, sacerdotes e o Sinédrio. Um terço delas, a dos reis, foi suprimida pelo poder romano. Philip Smith, depois de descrever o cerco de Jerusalém pelos romanos e Herodes, e sua capitulação na primavera de 37 a. C., após uma obstinada resistência de seis meses, diz: ‘Tal foi o fim da dinastia dos asmoneus, exatamente 130 anos depois das primeiras vitórias de Judas Macabeus, e no sétimo ano da assunção do diadema por Aristóbulo I.’ – History of the World, vol. III, pág. 181” (SMITH, 1979, p. 180 e 181).

“Conhecedor profundo das profecias messiânicas, Satanás vigiou o tempo do nascimento de Jesus na esperança de tragá-Lo ao nascer. Que o Filho da mulher é Cristo, atesta o versículo cinco que diz ter Êle sido arrebatado para Deus e Seu trono. Através de Herodes, intentou Satanás na matança das criancinhas de Betleém, eliminar a Jesus entre elas (Mt 2:16-18). Herodes era um representante de Roma, e, através deste poder Satanás, por meio dele, procurou eliminar o Filho de Deus. Também Sua crucificação foi um ato resultante dum decreto de Roma” (MELLO, 1959, p. 308).

“Expulso do céu Satanás veio parar nesta terra e arrastou consigo a terça parte dos anjos de Deus. Disfarçado de uma serpente no jardim do Éden, conseguiu enganar também os nossos primeiros pais, Adão e Eva (Gênesis 3:1-6). Assim o pecado passou a fazer parte da história humana trazendo miséria e sofrimento aos descendentes de Adão. Todavia, mesmo antes de surgir o pecado, Deus já tinha estabelecido um plano caso o homem pecasse (1 Pedro 1:18-20; Apocalipse 13:8). Em Gênesis 3:15 Deus deu a conhecer esse plano. Aqui vemos a primeira promessa messiânica: ‘Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar’.

“Jesus é o descendente da mulher, o filho da igreja que Satanás estava ávido para devorar (Apocalipse 12:4). Satanás opera por meio de agentes terrenos para alcançar seus propósitos. Tão logo Jesus nasceu, Satanás usou o rei Herodes para destruir o menino (Mateus 2:16-18). José e Maria, avisados por um anjo de Deus, fugiram para o Egito, cumprindo assim as profecias do Antigo Testamento (Jeremias 31:15; Oséias 11:1) e o menino foi salvo” (OLIVEIRA et al., 2015, p. 40 e 41).

12.5Nasceu-lhe, pois, um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. E o seu filho foi arrebatado para Deus até ao seu trono.O Messias veio de Sua igreja na Terra. Jesus, o ungido, conduziu a história dela e dela nasceu como Seu salvador e juiz da História humana. Após 33 anos e meio como Ser humano, o Senhor retornou vitorioso ao Seu posto administrativo como Deus eterno, agora Deus-Homem, ao lado de Deus o Pai.

“A criança que regerá as nações com vara de ferro. Apoc. 12:5, 2:26, 27; 19:15,16; Sal. 2:7-9. […] A criança arrebatada para Deus e para o seu trono. João 14:28; 20:17; Heb. 8:1” (THIELE; BERG 1960, p. 245).

“As três razões para identificar o filho com Cristo, são as seguintes:

Cristo foi Aquele a quem o diabo procurou destruir (Apoc. 12:4; S. Mat. 2; S. João 18 e 19).

Cristo regerá ‘todas as nações com cetro de ferro’ (Apoc. 19:15; 2:27; Sal. 2:9; 89:23).

Cristo ‘foi arrebatado para Deus e para o Seu trono’ (S. Mar. 19:15; 2:27; S. Luc. 24:50 e 51; Atos 1:6-11)” (BATTISTONE, 1989, p. 9).

“Desde os dias do Antigo Testamento, o Messias estava prometido para livrar o ser humano da condenação imposta pelo pecado. Observe, por exemplo, como Isaías anuncia a vinda do Salvador: ‘Porque um Menino nos nasceu, um Filho se nos deu; o governo está sobre os Seus ombros; e o Seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz’ (Isaías 9:6). O Apocalipse faz referência, de forma específica, a promessa messiânica do Salmo 2:6-9: ‘Eu, porém, constitui o meu Rei sobre o meu santo monte Sião. Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão. Com vara de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro’. Jesus é o filho que nasceu da mulher” (OLIVIRA et al., 2015, p. 39).

“O testemunho acerca do ‘Filho varão’ que o dragão procura destruir é aplicável apenas a um Ser que apareceu no mundo: nosso Senhor Jesus Cristo. Nenhum outro foi arrebatado a Deus e o Seu trono, mas Ele foi assim exaltado (Efés. 1:20, 21; Heb. 8:1; Apoc. 3:21). Nenhum outro recebeu de Deus a missão de reger todas as nações com vara de ferro, mas Ele sim foi designado para essa obra (Salmos 2:7-9). Não pode haver dúvida de que o Filho representa Jesus Cristo. O tempo a que a profecia se refere é também evidente: foi o tempo em que Cristo apareceu neste mundo como uma criança em Belém” (SMITH, 1979, p. 181).

“O menino que a mulher deu à luz estava destinado a governar as nações com uma vara de ferro. Tal como se viu, esta é uma citação do Salmo 2:9, que sempre foi interpretado como uma visão antecipada da missão do Messias. O menino, portanto, é o Messias” (BARCLAY; BIAGINI, 2005, p. 301).

“Uma alusão ao Sal. 2: 8 e 9, e claramente aplicável ao Messias. Esta aplicação aos [os] próprios judeus reconheciam (Talmud Sukkah 52a, ed. de Soncino, pag. 247). Em Apoc. 19: 13-16, o ser descrito é identificado como a ‘Palavra de Deus’ e como ‘Rei dos reis’. Veja-se os coms. aos caps. 2: 27; 19: 15. ARREBATADO. Uma referência à ascenção [sic] de Jesus Cristo (Heb. 1: 3; 10: 12). Para o propósito desta profecia o simbolismo omite completamente a história da vida, obra, sofrimento, morte e ressurreição de Jesus” (NICHOL; FORTES, 1988, p. 201).

“Embora desejasse matar esse Filho, Satanás não conseguiu, uma vez que o Filho foi levado para o Céu (Ap 12:5) – uma referência à exaltação de Cristo ao trono celestial (Ef 1:20-22; 1Pe 3:21, 22). A exaltação de Cristo serve para introduzir a cena seguinte (Ap 12:7-12). A ida de Cristo ao Céu resultou na expulsão permanente de Satanás (v. 10)” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p. 69).

“Não devemos julgar que a existência de Cristo data apenas de Seu nascimento da virgem Maria. Diz o profeta: ‘E tu, Betleém, Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade’ (Mq 5.2). São Paulo declara que Êle ‘é antes de todas as coisas’, e Êle mesmo diz existir antes que o mundo existisse (Cl 1.16 e 17). Se Cristo não fora preexistente, Seu nascimento não teria sido sobrenatural e não poderia ser Êle o Salvador do mundo” (MELLO, 1959, p. 310).

“Quando o menino nasce é resgatado da ameaça do dragão mediante seu rapto ao céu, onde encontra proteção no trono de Deus. É interessante assinalar que a mesma palavra que se usa para dizer que o menino é arrebatado ao céu é a que se usa em 1 Tessalonicenses 4:17 para descrever como os cristãos serão arrebatados para sair ao encontro do Senhor nos ares. Paulo também usa a mesma palavra quando diz como ele mesmo foi arrebatado ao terceiro céu, em 2 Coríntios 12:2” (BARCLAY; BIAGINI, 2005, p. 301).

“O tempo que mediou entre o nascimento e a ascenção de Jesus, como mencionado no versículo cinco, foi o tempo da fundação do cristianismo. Não quer dizer isso que o cristianismo não existisse antes. Sua fundação remonta ao princípio do mundo, quando o homem caído ouviu pela primeira vez, no Éden, a primeira profecia messiânica ou cristã. Referindo-nos à sua fundação, porém, nos dias de Cristo e por Cristo, tão somente queremos dar-lhe o cunho de Cristo como seu fundador pessoal e pessoal expositor de suas bases aos homens.

“O poder do cristianismo é o próprio poder de Cristo. Como plano divino para salvar o impenitente pecador, não encontra êle rival em nenhuma religião de outro cunho, embora existam às centenas no mundo. Sua fôrça moralizadora não encontra paralelo na história da humanidade. Sua marcha vitoriosa através das inúmeras vicissitudes dos séculos, escuda-se, na própria vitória pessoal de Cristo sobre Satanás e seus agentes humanos.

“[…] Ao nos referirmos ao cristianismo queremos aludir ao cristianismo executor, na prática e na pregação, das idéias de Cristo e Seus ensinos contidos nas Escrituras do Velho e do Novo Testamento. Ambos os Testamentos foram inspirados por Cristo, e encerram, portanto, as bases do são e verdadeiro cristianismo. Mas, o estado do cristianismo historicamente dominante é constatado pelo estado do mundo de sempre, mòrmente [sic] em nossa geração. Evidentemente, o pomposo cristianismo da época é humano, pois não tem forças para erguer o mundo do caos em que se encontra e moralizá-lo. Os cristãos deixaram de viver e anunciar o sublime cristianismo de seu fundador, e daí os incrédulos e ateus zombarem dele como se fosse o que eles patenteiam nas vidas dos cristãos e religiões cristãs” (MELLO, 1959, p. 314).

12.6A mulher, porém, fugiu para o deserto, onde lhe havia Deus preparado lugar para que nele a sustentem durante mil duzentos e sessenta dias.Enquanto isso, aqui na Terra, a história do grande conflito continuou: a igreja de Deus como único alvo do predador mal sucedido, foi por ele perseguida através do pseudocristianismo romano, sua cabeça predileta, desde o ano em que Vitiges – líder ostrogodo do terceiro e último “chifre” ariano – foi derrotado e expulso de Roma, em 538, até a ferida mortal infligida pela Revolução Francesa ao papa Pio VI, em 1798. A Igreja de Deus fugiu dos centros urbanos, e durante todo esse período de 1260 anos foi conduzida e sustentada por Ele em regiões despovoadas e através de uma teologia não hegemônica, genuinamente bíblica!

“Ao ver-se vencido mais uma vez por Cristo e compreendendo que a morte do Filho de Deus assegurara a sua futura destruição no tempo que êle bem compreendia, Satanás enfureceu-se sobremaneira e procurou vingar-se na mulher, a igreja, que teve de fugir das vistas de seus agentes para um lugar provido por Deus, isto é, para o deserto. Durante 1260 dias ou 1260 anos, como temos demonstrado no capítulo onze, Deus a guardou num esconderijo seguro, tal a ira do dragão, para que ela pudesse subsistir. Os versículos treze a dezesseis pormenorizam mais os sucessos de todos estes séculos” (MELLO, 1959, p. 315 e 316).

“DESERTO. Gr. Erēmos, ‘um lugar vazio, abando nado e deserto’. Erēmos aqui representa, sem duvida, um lugar de sedução ou obscuridade, uma área ou condição em que a igreja estaria num lugar de obscuridade, fora do olhar do público. Ver o com. ao cap. 17: 3. UM LUGAR. Esse lugar é mencionado no v. 14 como ‘seu’ lugar’. A ideia é de que a proteção e o santuário em obscuridade ali encontrados pela mulher, foram divinamente designados e preparados. ELES. (ARA – subentendido). O sujeito é indefinido e sem dúvida refere-se aos vários agentes que Deus empregou para preservar, fortalecer e edificar a igreja durante o tempo em que ela foi duramente perseguida. ALIMENTEM. (ARA – ‘sustentem’). Gr. Trep, ‘fazer crescer’, ‘criar’, ‘educar’, e ‘alimentar’. Trep é traduzido ‘alimentar’ (ARA ‘sustentar’) no v. 14. Deus cuida dos Seus. Muito embora a igreja seja per seguida e forçada a ir para o exílio, o Senhor a alimenta” (NICHOL; FORTES, 1988, p. 201 e 202).

“João ao escrever isto teve em mente várias imagens. Uma é a história da fuga do profeta Elias ao Querite, onde foi alimentado pelos corvos (1 Reis 17:1-7); e a de sua segunda fuga, ao deserto, quando escapa da perseguição de Jezabel, onde há um anjo que o alimenta (1 Reis 19:1-8). A outra é a história da fuga ao Egito de Maria e José, quando estes arrebatam a seu filho da fúria de Herodes (Mateus 2:13). Mas há dois incidentes, em particular, que influem sobre João.

“(1) Nos tempos de Antíoco Epifânio, quando a prática da religião judia era castigada com a morte, muitos, desejosos de buscar a justiça e adquirir juízo foram ao deserto e habitaram ali (1 Macabeus 2:29). A história de Israel mostra momentos em que o Povo de Deus deve retirar-se ao deserto e habitar ali, num lugar preparado por Deus para ele.

“(2) Mas houve uma ocasião que está muito mais perto da história da Igreja. Jerusalém foi destruída pelos romanos no ano 70 de nossa era. Os anos anteriores a este desastre foram um período terrível de derramamento de sangue e revoltas; durante este período qualquer que tivesse olhos para ver e uma mente clara para pensar poderia prever o que estava a ponto de produzir-se. O historiador Eusébio de Cesaréia diz que durante esta época, antes de produzir-se o desastre final, a Igreja em Jerusalém foi advertida mediante uma profecia do que ocorreria com Jerusalém, e recebeu a ordem, da parte de Deus, de cruzar o Jordão, internar-se em Peréia e refugiar-se numa cidade chamada Pella (História Eclesiástica, 3:5).

“Esta circunstância aparece referida nas palavras de Jesus a seus discípulos sobre as últimas coisas: quando se produzissem os sinais do fim, os cristãos deviam fugir às montanhas (Marcos 13:14). E isto é, exatamente, o que fizeram. Quando João escreveu esta passagem pensava, então, em todos os momentos quando os crentes deveram fugir, sob a guia divina, para escapar aos terrores da perseguição” (BARCLAY; BIAGINI, 2005, p. 302 e 303).

“Usando o símbolo de uma mulher pura, em contraste com a mulher impura do capítulo 17, Cristo descreve as lutas e a perseverança da Igreja Cristã, especialmente durante os séculos depois de Sua encarnação. Embora o diabo se oponha a nós com grande ira, devemos lembrar-nos de que Cristo o derrotou. Em Apocalipse 12 é dada a fórmula para vitória sobre o maligno. […] A história do povo de Deus, desde o tempo em que nossos primeiros pais caíram em pecado até o fim do tempo da graça, é uma cena de contínuo molestamento causado por Satanás e suas forças.

“O dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, tem tido o mesmo alvo através da História: combater a Deus, a Cristo, ao Espírito Santo, a Sua Igreja e seus dirigentes, e a Seu povo fiel. A História relata derramamento de sangue, calabouços, prisões, decapitações, fogueiras, oposição de dentro e de fora. É lamentável que a história da Igreja nem sempre constituiu o cumprimento da oração de Cristo: ‘A fim de que todos sejam um.’ S. João 17:21” (COFFMAN, 1989b, p. 4).

“No século VI tornou-se o papado firmemente estabelecido. Fixou-se a sede de seu poderio na cidade imperial e declarou-se ser o bispo de Roma a cabeça de toda a igreja. O paganismo cedera lugar ao papado. O dragão dera à besta ‘o seu poder, e o seu trono, e grande poderio.’ Apocalipse 13:2. E começaram então os 1.260 anos da opressão papal preditos nas profecias de Daniel e Apocalipse. Daniel 7:25; Apocalipse 13:5-7. Os cristãos foram obrigados a optar entre renunciar sua integridade e aceitar as cerimônias e culto papais, ou passar a vida nas masmorras, sofrer a morte pelo instrumento de tortura, pela fogueira, ou pela machadinha do verdugo.

“Cumpriam-se as palavras de Jesus: ‘E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues, e matarão alguns de vós. E de todos sereis odiados por causa de Meu nome.’ Lucas 21:16, 17. Desencadeou-se a perseguição sobre os fiéis com maior fúria do que nunca, e o mundo se tornou um vasto campo de batalha. Durante séculos a igreja de Cristo encontrou refúgio no isolamento e obscuridade. Assim diz o profeta: ‘A mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil e duzentos e sessenta dias.’ Apocalipse 12:6” (WHITE, 2013, p. 45 e 46).

“Uma análise da história do Cristianismo revela que vários passos importantes ocorreram entre os séculos quarto e sexto no processo pelo qual a Igreja Romana tornou-se cada vez mais influente em questões seculares. Esse processo culminou na união entre a Igreja e o Estado. No tempo de Constantino, o Cristianismo obteve liberdade de culto, tornando-se uma das religiões oficiais do Estado. Os imperadores subseqüentes avançaram mais e mais na direção de transformar o Cristianismo na religião exclusiva do Estado.

“Após o saque de Roma pelos visigodos em 410, Agostinho escreveu sua famosa obra A Cidade de Deus, na qual ele expôs ‘o ideal católico de uma igreja universal em controle de um estado universal’, provendo ‘a base teocrática para o papado medieval’. [88] A conversão de Clóvis, rei dos francos, foi um evento muito significativo em prover a unificação da Europa Ocidental para apoiar o papado durante a primeira metade da Idade Média. E a guerra de Clóvis contra os visigodos arianos e sua vitória sobre eles em 508, representa um passo importante em prover um exército efetivo para a Igreja Católica Romana punir os ‘hereges’.

“A despeito do fato de o Papa Símaco ser fortemente acusado e ter de se submeter ao julgamento do herético rei ariano Teodorico, ele se considerava superior ao governante secular e foi chamado até mesmo de ‘juiz em lugar de Deus’ e ‘subgerente do Altíssimo’. [89] Já em 533, Justiniano, imperador do Império Bizantino, reconheceu a supremacia eclesiástica do papa quando o chamou de ‘a cabeça de todas as Sagradas Igrejas’, [90] e, no ano seguinte (534), esse status foi legalizado oficialmente na segunda edição do Codex. Mas foi somente em 538 que a cidade de Roma acabou sendo libertada do domínio de um ‘herético’ reino ariano, e a Igreja Romana foi capaz de desenvolver mais efetivamente sua supremacia eclesiástica” (TIMM, 2005, p. 15).

“Sir Edmund Barrow, The Growth of Europe Through the Dark Ages: A.D. 401-1100 (Londres: H. F. & G. Witherby, 1927), 71-72: ‘O cerco durou todo um ano, de fevereiro ou março de 537 a março de 538. … Os godos tentaram negociar, mas sem sucesso, e em março de 538 Vitiges suspendeu o cerco e se retirou na direção do norte’.” (TIMM, 2005, p. 17).

“Podemos concluir, com base nas discussões anteriores, que, se tomarmos os eventos ocorridos em 508 e 538 isoladamente, sem levar em consideração os seus respectivos contextos históricos, poderemos ser tentados a negar a validade de se escolher essas datas como pontos de partida para os períodos proféticos dos 1.290 e 1.335 anos, e para os 1.260 anos. Mas se considerarmos os anos de 508 e 538 à luz dos seus respectivos antecedentes históricos, perceberemos que não existe qualquer razão para negarmos a importância histórica de tais datas no longo processo de estabelecimento da autoridade temporal do Bispo de Roma” (TIMM, 2005, p. 15).

“Frustrado ao tentar matar o menino, Jesus, o grande dragão vermelho volta agora seu ódio contra a mãe, a mulher (igreja). Usando instrumentalidades humanas, Satanás arrojou uma sangrenta perseguição à igreja de Cristo. Jesus havia advertido aos Seus discípulos: ‘Sereis odiados de todos por causa do meu nome …’ (Mateus 10:22). E declarou ainda: ‘… lançarão mão de vós e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome’ (Lucas 21:12). Quase todos os apóstolos morreram como mártires. A cidade de Jerusalém foi destruída no ano 70 a.D. e milhares de cristãos foram mortos. Quando o Coliseu Romano foi inaugurado, por volta do ano 80 a.D., milhares de cristãos foram sacrificados durante os meses de festejos.

“Mas a profecia falava ainda de um longo período de perseguição que se abateria sobre a igreja. Uma perseguição que duraria por séculos. […] Aqui vemos o mesmo período profético mencionado por Daniel: ‘um tempo, tempos e metade de um tempo’ (Daniel 7:25). No Apocalipse este mesmo período aparece de três maneiras distintas:

3,5 tempos (12:14)

42 meses (13:5)

1.260 dias/ anos (12:6)

“Daniel 11: 13 deixa claro que ‘um tempo’ é igual a ‘um ano’, assim, temos o período de 3,5 anos. Se cada ano possui 12 meses, então temos um total de 42 meses e se cada mês do calendário judeu possui 30 dias, então temos 42 x 30 = 1.260. Todas estas expressões se referem a um mesmo período de tempo, ou seja, 1.260 anos em que o povo de Deus seria perseguido. Quando se cumpre este período na história?

“No século VI o papado se estabeleceu firmemente. Isso ocorreu no ano 533 a.D., quando o bispo de Roma foi declarado a cabeça de todas as igrejas e 538 a.D., quando os Ostrogodos, a última tribo bárbara que não aceitava a supremacia do papa foi expulsa de Roma. A partir daí, por 1.260 anos, o papado perseguiu aos cristãos que se opunham aos ensinos da igreja e buscavam apenas seguir os ensinamentos da Bíblia. Esta perseguição atingiu na Europa os povos Valdenses, Albigenses, Huguenotes entre outros. A perseguição somente teve fim em fevereiro de 1798, quando o papa Pio VI foi preso por ordem de Napoleão Bonaparte e seu poder foi tirado.

“[…] Durante séculos a igreja de Cristo encontrou refúgio no isolamento e obscuridade. Os fiéis filhos de Deus fugiram para as elevadas montanhas e vales dos Alpes e ali, em meio à natureza, nos ermos da terra, adoravam a Deus e seguiam Sua Palavra longe dos falsos ensinos e tradições do papado. A verdade foi preservada por estes povos (Valdenses, Albigenses, Huguenotes e outros) e o movimento de Reforma do século XVI, com Lutero e seus colaboradores vieram para expor o verdadeiro caráter do papado e quebrar o poder que tinha escravizado as mentes do povo com suas superstições” (OLIVEIRA et al., 2015, p. 41).

“Assim como o mar representa multidões (Apocalipse 17:15), o deserto significa lugares despovoados e secretos. Os fiéis de Cristo não podiam se reunir publicamente porque os matavam. Se aplicarmos aos 1.260 dias proféticos o princípio de um dia por ano (Ezequiel 4:6, 7; Números 14:34), estamos frente a um período de 1.260 anos de perseguição que se localizam historicamente desde que entrou em vigência o Edito de Justiniano, no ano de 538, até o ano de 1798, quando por intervenção napoleônica caduca o código de Justiniano. Durante este período existiam muitas igrejas cristãs que funcionavam abertamente como organizações; não obstante, não podemos assinalá-las como verdadeiras porque Deus disse que durante esse período Sua verdadeira Igreja estava sendo mantida em segredo (Apocalipse 12:·6, 14)” (BELVEDERE, 1987, p. 70).

“Historicamente, esse período começa quando entrou em vigência o Edito de Justiniano, no ano de 538, e termina em 1798, quando Napoleão envia suas tropas lideradas por Berthier e aprisiona o Papa Pio VI. Durante esse período, os fiéis de Cristo não podiam pregar abertamente as verdades bíblicas porque corriam o risco de serem mortos. Esse foi um tempo em que incontáveis mártires deram a vida por amor à Bíblia” (ROSSI; BARBOSA, 2012, p. 18).

“A Idade Escura durou de 538 até 1798. Durante esse período, existiu uma grande igreja mostrando sua autoridade, representada pelas catedrais. Não foi essa a igreja que fugiu para o deserto, escondendo-se em cavernas e montanhas. Escondidos nas cavernas das montanhas, os verdadeiros crentes podiam adorar a Deus de acordo com os ditames de sua consciência” (FEYERABEND, 2005, p. 104).

“Foi Roma, portanto, que tentou destruir Jesus. O grande dragão vermelho é Satanás – bem como Roma, agindo em favor de Satanás. Depois que Satanás e Roma assassinaram nosso Salvador, Ele ergueu-Se triunfantemente da sepultura e ‘foi arrebatado para Deus até ao Seu trono’ (verso 5), onde Ele vive ‘sempre para interceder’ por nós na qualidade de nosso Sumo Sacerdote. Veja Hebreus 7:25 e 26 e compare com Hebreus 8:1 e 2.

“Frustrado em sua tentativa de destruir o Filho, o grande dragão vermelho volveu agora a sua ira contra a mãe da Criança. Contudo, a mulher escapou para o ‘deserto’, ‘onde lhe havia Deus preparado lugar para que nele a sustentem durante mil duzentos e sessenta dias’. Apocalipse 12:6. Já ouvimos falar dos 1.260 dias cm algumas ocasiões, especialmente em Daniel 7:25 e Apocalipse 11:2 e 3. Eles representam os 1.260 anos durante os quais o cristianismo à moda de Roma oprimiu os cristãos verdadeiramente leais a Deus. A referência ao ‘deserto’, no versículo 6, traz-nos à lembrança o escape dos filhos de Israel do Egito, nos tempos do Antigo Testamento.

“Depois de terem sido mantidos como escravos dos egípcios por mais de um século, os israelitas, liderados por Moisés, cruzaram miraculosamente o Mar Vermelho. Durante a noite, as águas se abriram, constituindo verdadeiras muralhas de ambos os lados do ‘caminho’ pelo qual os fugitivos passaram. Depois disso, durante cerca de quarenta anos, o povo acampou-se, quais tribos nômades, no deserto do Sinai. Ao longo desses anos, eles foram sustentados fisicamente pelo maná (Êxodo 16) e espiritualmente pelos Dez Mandamentos (Êxodo 20) e pelos ensinamentos de Moisés.

“Na primeira cena da série do grande conflito, fomos apresentados à mulher (a igreja genuína ideal), a seu filho (Jesus) e ao grande dragão vermelho (que é, efetivamente, Satanás, mas que é representado aqui pelo Império Romano – e que constitui, também, um símbolo da Igreja Romana pelo fato de esta haver perseguido os verdadeiros seguidores de Cristo durante os 1.260 anos)” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 327 e 328).

12.7Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos;Eu, João, vi como o mal começou no universo. Antes de Satanás perseguir a Igreja aqui em nosso planeta, antes da própria existência dela, ele espalhou no Céu muitas mentiras contra Deus, o Pai, e o Anjo Javé, Miguel – Aquele ser divino que Se tornaria também o eterno Emanuel. Foi ali que o anjo perfeito se tornou pai da mentira, o caluniador, o adversário; e o universo perfeito começou a conviver com a transgressão das leis de Deus e a consequente desordem! Uma guerra de narrativas começou e outros anjos perfeitos escolheram dar ouvidos àquele que se tornaria a serpente, o dragão aqui na Terra. Deus foi caluniado. Sua Lei, Seu caráter e Sua gestão foram denunciados caluniosamente! Diante disso, o Anjo Javé – o Deus que Se tornara anjo para ser uma eterna ponte entre Deus e os anjos –, após um período de tempo enorme e de muitas chances de reconhecimento e arrependimento, houve um ponto de inflexão. O pai da mentira cometera o pecado contra o Espírito Santo, crime eterno. Então, houve uma última guerra de narrativas no Céu, seguido de um enfrentamento militar entre os exércitos liderados pelo Anjo Javé e pelo pai da mentira;
12.8todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles.no entanto, mesmo após essa primeira batalha, o caráter do pai da mentira não ficou claro para todas as criaturas perfeitas de Deus. Suas calúnias não foram de todo percebidas. Somente após o infinito sacrifício de Deus na cruz isso ocorreu, e um novo enfrentamento foi necessário, pois, com o sacrifício de Jesus, Ele teve o direito explicitado de reassumir o governo da Terra, mas o leviano usurpador desse título reagiu com uma nova batalha, nalguma região próxima do Céu! Nenhum anjo perfeito, nenhuma outra criatura não-caída tiveram mais dúvidas sobre a escolha obstinada e irreversível do originador da deformação. Sua intenção e estratégias anti-Deus foram expostas, e o adversário de Deus e seus seguidores perderam completamente a credibilidade perante seus ex congêneres.
12.9E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos.Sim, o pai da mentira foi expulso do Céu mais de uma vez e definitivamente! Ele e seus seguidores teimosos, avessos à Verdade. A partir da primeira expulsão eles inauguraram sua história como desertores e iniciaram seu governo paralelo à administração cósmica de Deus, agora fora do Céu, tentando alistar outras criaturas perfeitas no universo, por meio da fraude, da mentira e de toda sorte de sedução infame. Onde houvesse uma criatura perfeita, aquela tribo revolucionária tentaria torná-la imperfeita, maculada pelo engano e o pensamento de insurreição contra o governo de Deus. E quando a criação na Terra foi inaugurada, Deus permitiu a presença de Satanás ali como a mais clara evidência de que Ele não criou robôs, mas seres humanos à Sua imagem e semelhança, com perfeita liberdade e caráter divino, com absoluta ausência do mal, e que poderiam perder tudo isso caso quisessem e manifestassem interesse pela deformação. Então, a partir do sexto dia da criação aqui na Terra, a serpente ficou de frente a mulher elaborando um estratagema para dar-lhe o bote e ganhar para suas fileiras toda a humanidade! Ali começou o conflito entre a Igreja de Deus na Terra e o dragão, mas com este último já tendo sido derrotado uma vez na primeira guerra celestial, e prestes a ser derrotado definitivamente após a morte substitutiva de Jesus na cruz e o consequente engrandecimento da Lei de Deus.

“Isso não significa que a guerra no Céu começou no fim dos 1.260 dias, ou no tempo em que Jesus ascendeu ao Céu. Temos um parêntesis aqui, sem uma referência direta ao que aconteceu. O Antigo Testamento mostra que uma guerra começou há muito tempo (Ezequiel 18:12-17, Isaías 14:12-14). Jesus disse: ‘Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago’ (Lucas 10:18). O ponto principal de Apocalipse 12 não é o tempo quando o conflito começou, mas o fato de que o dragão foi derrotado” (FEYERABEND, 2005, p. 104).

“O conflito entre o bem e o mal não começou na Terra, mas no Céu. O pecado é um mistério, chamado na Bíblia de ‘o mistério da injustiça’ (II Tess. 2:7), para cuja existência nenhuma desculpa pode ser encontrada. Quando Lúcifer levantou suas acusações contra Deus o Pai, o Filho Se levantou em defesa do Pai, ‘e houve batalha no céu’” (RAMOS, 2006, p. 136 e 137).

“Os seis primeiros versículos deste capítulo, como vimos, levam-nos ao fim dos 1.260 anos em 1798, data que apontou o fim da supremacia papal. No versículo 7 é igualmente claro que somos levados para tempos anteriores. Até quando? Ao tempo introduzido no começo do capítulo, isto é, os dias do primeiro advento, quando com gênio infernal Satanás, operando por meio do poder de Roma pagã, procurava matar o Salvador da humanidade; e ainda mais atrás, ao próprio início do grande conflito entre a verdade e a iniqüidade, quando no próprio Céu Miguel (Cristo) e Seus anjos pelejavam contra o dragão (Satanás) e seus anjos. Para obter provas de que Miguel é Cristo, ver Judas 9; 1 Tessalonicenses 4:16; João 5:28, 29” (SMITH, 1979, p. 183).

“A guerra parece assemelhar-se ao inferno, mas o estado de guerra, na verdade, iniciou-se no Céu. Ocorreu através de um conflito entre ‘o dragão e seus anjos’, de um lado, e ‘Miguel e os Seus anjos’ do outro. Miguel deve ser identificado como Jesus Cristo. (O nome ‘Miguel’ significa: ‘Quem é igual a Deus?’ Miguel é um ‘Anjo’ apenas no sentido de ser o supremo Mensageiro de Deus.) A guerra iniciada no Céu constitui o grande conflito entre Cristo e Satanás, e que até hoje ainda prossegue.

“Há, no verso 7 do capítulo 12, uma expressão que precisa ser corretamente entendida. Vejamo-la em diferentes versões da Bíblia: ‘Houve então uma batalha no Céu.’ (A Bíblia de Jerusalém.) ‘Então houve guerra no Céu.’ (O Novo Testamento Vivo.) ‘Depois houve guerra no Céu.’ (A Bíblia na Linguagem de Hoje.) Como estas expressões aparecem após a referência aos 1.260 dias, poderiam conduzir-nos à errônea suposição de que as hostilidades celestiais começaram ao término dos 1.260 anos do verso 6, ou no momento em que Jesus foi levado para junto do trono de Deus, no verso 5.

“No original grego, porém, não há qualquer palavra que pudesse ser traduzida como ‘então’ ou ‘depois’. A única tradução correta é: ‘Houve peleja [ou batalha] no Céu’, segundo apresentada em nossa versão Almeida Revista e Atualizada – isto é, sem qualquer indicação precisa quanto ao tempo em que a controvérsia iniciou. O Antigo Testamento mostra que a guerra começou há bastante tempo. Quando entramos em contato pela primeira vez com as criaturas viventes que se assentam em tronos ao redor do trono de Deus, constatamos que o profeta Ezequiel (que viveu por volta do ano 600 a.C.) mostrou que uma das criaturas viventes (Satanás, por certo) já havia sido expelido do Céu. Veja Ezequiel 28:12 a 17” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 328 e 329).

Pecado eterno por parte dos anjos rebeldes que não aceitaram o ‘chamado’ de Deus e a eterna expulsão deles do Céu! ‘Houve peleja no céu. Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás’ (Ap 12:7-9). ‘Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno [tártaro no grego], os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o Juízo’ (II Pe 2:4, ARC)” (SILVA, 2012, p. 5).

“No livro de Ezequiel, Satanás é apresentado sob o símbolo do perverso rei de Tiro. Ali é mencionado que ele foi criado perfeito (Ezequiel 28:15), o que nos ajuda a entender que Deus não criou o diabo perverso, como o é na atualidade. Nos versos seguintes, descreve-se um processo de inexplicável autocorrupção que transformou esse ser perfeito, Lúcifer, em Satanás (adversário). A vaidade, o orgulho, a ambição e o querer colocar-se no lugar do Criador foram os passos degradantes que o levaram ao pecado (Ezequiel 28:16, 17), e fizeram dele o pai e iniciador do erro, da mentira e do pecado (João 8:44). Isaías 14:12-14, sob o símbolo do rei de Babilônia, mostra que a intenção de Satanás foi ser semelhante a Deus, estabelecendo seu trono ali onde está o Altíssimo” (ROSSI; BARBOSA, 2012, p. 2).

“Lúcifer, nome de origem latina que significa ‘portador de luz’, ou ‘estrela da manhã’, é apresentado nessa passagem [Is 14.12-14] simbolizado pelo rei de Babilônia. É mostrada sua intenção de ser semelhante a Deus, estabelecendo seu trono onde o Altíssimo está. Ele desejava elevar-se acima das estrelas de Deus e ser semelhante ao Altíssimo” (DONATO et al., 2018, p. 17).

“Neste contexto, tem início a rebelião cósmica, o grande conflito entre Cristo e Satanás, cujo desfecho é revelado no Apocalipse. […] Satanás lançou dúvida quanto à palavra de Deus, levando Eva, e posteriormente Adão, a desobedecerem à ordem divina. Esse ato de rebelião, que se chama pecado, trouxe como consequência a culpa e a morte (veja Romanos 6:23), que não eram conhecidas pelo ser humano até aquele momento” (ROSSI; BARBOSA, 2012, p. 2).

“Satanás foi expulso do Céu no início do grande conflito, quando se rebelou contra o governo de Deus. Ele queria tomar posse do trono no Céu e ser ‘semelhante ao Altíssimo’ (Is 14:12-15). O inimigo permaneceu em aberta rebelião contra Deus, mas foi derrotado e exilado na Terra. Contudo, ao enganar Adão e Eva, Satanás usurpou o domínio de Adão sobre este mundo (Lc 4:6). Como governante autoproclamado da Terra e representante dela (Jo 12:31), ele reivindicou o direito de comparecer ao concílio celestial (Jó 1:6-12).

“No entanto, desde sua derrota na cruz, Satanás e seus anjos caídos têm estado confinados à Terra como uma prisão, até receberem seu castigo (2Pe 2:4, Jd 6). Por Sua morte, Jesus redimiu o que havia sido perdido e o verdadeiro caráter de Satanás foi revelado diante do Universo. ‘Satanás viu que estava desmascarado. Sua administração foi exposta perante os anjos não caídos e o Universo celestial. Havia se revelado um homicida. Derramando o sangue do Filho de Deus, desarraigou-se Satanás das simpatias dos seres celestiais. Daí em diante sua obra seria restrita’ (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 761).

“O domínio sobre a Terra foi transferido de Satanás para Jesus perante todo o Universo, e Ele foi proclamado o governante legítimo sobre a Terra (Ef 1:20-22; Fp 2:9-11). Jesus previu esse acontecimento dizendo: ‘Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso’ (Jo 12:31). Com esse juízo sobre Satanás, ‘veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do Seu Cristo’ (Ap 12:10). O diabo ainda terá poder limitado para causar dano ao povo de Deus na Terra, mas com a percepção de que ‘pouco tempo lhe resta’ (Ap 12:12). No entanto, embora lhe reste, de fato, pouco tempo, ele está fazendo tudo que pode para causar dor, sofrimento e destruição aqui na Terra” (STEFANOVIC; MODZEIESKI, 2019, p. 102).

“[…] ao analisar-se a história de Satanás, qualquer que seja a versão que utilizemos, comprovamos que em realidade é uma tragédia. Numa das versões, Satanás é o anjo da luz. Num momento foi o maior dos anjos, mas seu orgulho o incitou a superar a Deus e foi preciso ser expulso do céu. Em outra versão, Satanás era um servo de Deus e obedecia seu juízo, mas perverteu seu serviço, convertendo-o por ocasião de pecado. Satanás é o exemplo máximo da tragédia que consiste em que o melhor se converta no pior. Tinha a possibilidade de ser o primeiro cidadão do céu e transformou-se no príncipe do inferno. Poderia ter chegado a ser o maior dos servos de Deus e transformou-se em seu mais acérrimo inimigo. Satanás é o melhor exemplo de um tipo de orgulho, que deseja fazer as coisas segundo sua própria vontade antes que obedecer à vontade de Deus” (BARCLAY; BIAGINI, 2005, p. 307).

“Êle não se contaminou pelo pecado de alguém; foi nele que se originou o pecado. E como se originou nele o mal, sendo êle perfeito, glorioso e grandemente honrado por Deus com a maior posição celestial? Isto o mesmo profeta nos responde: ‘Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor’ (Ez 28:17). Sim, Lúcifer olhou para si mesmo, viu-se coberto de glória e beleza, chamou a atenção para si mesmo e creu que sua posição era inferior à que êle achava merecer. Achou que Deus fora injusto em não igualá-lo em posição a Seu Filho, colocando-o no trono junto de Si e fazendo-o participante de Seu govêrno universal. Daí, não podendo, por direito, galgar a posição que ambicionava, formulou um plano para exaltar-se a si mesmo.

“‘Eu subirei ao céu’, dizia Lúcifer no seu ‘coração’; ‘acima das estrêlas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, da banda dos lados do norte. Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo’ (Is 14:13, 14). Sua revolta começou no seu coração. Seu plano no seu coração foi bem definido: 1) Galgar uma posição mais exaltada; 2) um reino onde êle fosse o soberano do trono; 3) ser igual a Deus. Iniciou então por espalhar o descontentamento entre os anjos, inocentes e apresentar-lhes o seu plano dum govêrno à parte, fazendo-lhes inúmeras promessas se o acompanhassem em derrubar o govêrno de Deus para estabelecer a chamada ‘nova ordem’ que tinha em vista. E na verdade conseguiu êle seduzir a têrça parte dos santos anjos e arrastá-los para a sua órbita.

“Deus, porém, fêz tudo para salvar Lúcifer e os anjos que o apoiaram, da ruína que se seguiria se persistissem na rebelião. Todavia os rebeldes recusaram todo o conselho para se submeterem ao amoroso amor infinito como até ali o haviam feito. Diante da ousada recusa, determinou Deus que os rebelados fossem expulsos do céu. Foi então que houve batalha no céu: ‘Miguel e os Seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhava o dragão e os seus anjos’. Miguel, que significa: ‘Semelhante a Deus’, é Cristo, o que pode ser comprovado por vários textos das Escrituras (Dn 10:13, 21)” (MELLO, 1959, p. 318 e 319).

“Com grande misericórdia, de acordo com o Seu caráter divino, Deus suportou longamente a Lúcifer. […] Embora tivesse deixado sua posição como querubim cobridor, se contudo estivesse ele disposto a voltar para Deus, reconhecendo a sabedoria do Criador, e satisfeito por preencher o lugar a ele designado no grande plano de Deus, teria sido reintegrado em suas funções. Chegado era o tempo para um decisão final; deveria render-se completamente à soberania divina, ou colocar-se em franca rebelião. Quase chegou à decisão de voltar; mas o orgulho o impediu disto. Era sacrifício demasiado grande, para quem fora tão altamente honrado, confessar que estivera em erro, que suas imaginações eram errôneas, e render-se à autoridade que ele procurara demonstrar ser injusta.

“Um compassivo Criador, sentindo terna piedade por Lúcifer e seus seguidores, procurava fazê-los retroceder do abismo de ruína em que estavam prestes a imergir. Sua misericórdia, porém, foi mal-interpretada. Lúcifer apontou a longanimidade de Deus como uma prova de sua superioridade, como indicação de que o Rei do Universo ainda concordaria com suas imposições. Se os anjos permanecessem firmes com ele, declarou, poderiam ainda ganhar tudo que desejassem. Persistentemente defendeu sua conduta, e entregou-se amplamente ao grande conflito contra seu Criador. Assim foi que Lúcifer, ‘o portador de luz’, aquele que participava da glória de Deus, que servia junto ao Seu trono, tornou-se, pela transgressão, Satanás, o ‘adversário’ de Deus e dos seres santos, e destruidor daqueles a quem o Céu confiou a sua guia e guarda.

“Rejeitando com desdém os argumentos e rogos dos anjos fiéis, acusou-os de serem escravos iludidos. A preferência mostrada para com Cristo declarou ele ser um ato de injustiça tanto para si como para todo o exército celestial, e anunciou que não mais se sujeitaria a esta usurpação dos direitos, seus e deles. Nunca mais reconheceria a supremacia de Cristo. Resolvera reclamar a honra que deveria ter sido conferida a ele, e tomar o comando de todos os que se tornassem seus seguidores; e prometeu àqueles que entrassem para as suas fileiras um governo novo e melhor, sob o qual todos desfrutariam liberdade. Grande número de anjos deram a entender seu propósito de o aceitar como seu chefe. Lisonjeado pelo apoio com que suas insinuações eram recebidas, esperou conquistar todos os anjos para o seu lado, tornar-se igual ao próprio Deus, e ser obedecido por todo o exército celestial.

“[…] Muitos estiveram dispostos a dar atenção a este conselho, arrepender-se de sua desafeição, e procurar de novo ser recebidos no favor do Pai e de Seu Filho. Lúcifer, porém, tinha pronto outro engano. O grande rebelde declarou então que os anjos que com ele se uniram tinham ido muito longe para voltarem; que ele conhecia a lei divina, e sabia que Deus não perdoaria. Declarou que todos os que se sujeitassem à autoridade do Céu seriam despojados de sua honra, rebaixados de sua posição. Quanto a si, estava decidido a nunca mais reconhecer a autoridade de Cristo. A única maneira de agir que restava a ele e seus seguidores, dizia, consistia em vindicar sua liberdade, e adquirir pela força os direitos que não lhes haviam sido de boa vontade concedidos.

“Tanto quanto dizia respeito ao próprio Satanás, era verdade que ele havia ido agora demasiado longe para que pudesse voltar. Mas não era assim com os que tinham sido iludidos pelos seus enganos. Para estes, os conselhos e rogos dos anjos fiéis abriram uma porta de esperança; e, se houvessem eles atendido a advertência, poderiam ter sido arrancados da cilada de Satanás. Mas ao orgulho, ao amor para com seu chefe, e ao desejo de uma liberdade sem restrições permitiu-se terem o domínio, e as instâncias do amor e misericórdia divinos foram finalmente rejeitadas.

“Deus permitiu que Satanás levasse avante sua obra até que o espírito de desafeto amadurecesse em ativa revolta. Era necessário que seus planos se desenvolvessem completamente a fim de que todos pudessem ver sua verdadeira natureza e tendência. Lúcifer, sendo o querubim ungido, fora altamente exaltado; era grandemente amado pelos seres celestiais, e forte era sua influência sobre eles. O governo de Deus incluía não somente os habitantes do Céu, mas de todos os mundos que Ele havia criado; e Lúcifer concluiu que, se ele pôde levar consigo os anjos do Céu à rebelião, poderia também levar todos os mundos.

“Tinha ele artificiosamente apresentado a questão sob o seu ponto de vista, empregando sofisma e fraude, a fim de conseguir seus objetivos. Seu poder para enganar era muito grande. Disfarçando-se sob a capa da falsidade, alcançara uma vantagem. Todos os seus atos eram de tal maneira revestidos de mistério, que era difícil descobrir aos anjos a verdadeira natureza de sua obra. Antes que se desenvolvesse completamente, não poderia mostrar-se a coisa ruim que era; sua desafeição não seria vista como sendo rebelião. Mesmo os anjos fiéis não podiam discernir-lhe completamente o caráter, ou ver para onde sua obra estava a levar.

“Lúcifer havia a princípio dirigido suas tentações de tal maneira que ele próprio não pareceu achar-se comprometido. Os anjos que ele não pôde trazer completamente para o seu lado, acusou-os de indiferença aos interesses dos seres celestiais. Da mesma obra que ele próprio estava a fazer, acusou os anjos fiéis. Consistia sua astúcia em perturbar com argumentos sutis, referentes aos propósitos de Deus. Tudo que era simples ele envolvia em mistério, e por meio de artificiosa perversão lançava a dúvida sobre as mais claras declarações de Jeová. E sua elevada posição, tão intimamente ligada com o governo divino, dava maior força a suas representações. Deus apenas podia empregar meios que fossem coerentes com a verdade e justiça. Satanás podia usar o que Deus não podia — a lisonja e o engano.

“Procurara falsificar a Palavra de Deus, e de maneira errônea figurara Seu plano de governo, pretendendo que Deus não era justo ao impor leis aos anjos; que, exigindo submissão e obediência de Suas criaturas, estava simplesmente a procurar a exaltação de Si mesmo. Era, portanto, necessário demonstrar perante os habitantes do Céu, e de todos os mundos, que o governo de Deus é justo, que Sua lei é perfeita. Satanás fizera com que parecesse estar ele procurando promover o bem do Universo. O verdadeiro caráter do usurpador e seu objetivo real devem ser compreendidos por todos.

“Ele deve ter tempo para manifestar-se pelas suas obras iníquas. A discórdia que sua conduta determinara no Céu, Satanás lançara sobre o governo de Deus. Todo o mal declarou ele ser o resultado da administração divina. Alegava que era seu objetivo aperfeiçoar os estatutos de Jeová. Por isso permitiu Deus que ele demonstrasse a natureza de suas pretensões, a fim de mostrar o efeito de suas propostas mudanças na lei divina. A sua própria obra o deve condenar. Satanás pretendera desde o princípio que não estava em rebelião. O Universo todo deve ver o enganador desmascarado” (WHITE, 2007, p. 13-16).

“Apocalipse 12 dá um resumo do grande conflito, através de quatro batalhas, nas quais Cristo e Satanás são as personagens principais” (COFFMAN, 1989b, p. 4).

“João agora apresenta rapidamente a história da grande controvérsia entre Satanás e Cristo no céu, desde a sua origem ate o tempo da vitória de Cristo na cruz (Apoc. 12: 7-9; cf. Col. 2: 14 e 15), o final lançamento de Satanás a esta terra nesse tempo (Apoc. 12: 10-12), e o desenrolar da controvérsia na terra até ao tempo do fim […].

“Embora o revelador esteja focalizando primariamente o ponto decisivo da controvérsia atingido no tempo da cruz, é próprio entenderem-se as palavras ‘houve guerra no céu’ como referindo-se também ao tempo anterior à criação da terra, quando se ciou a hostilidade do dragão, e Lúcifer aspirou a ser semelhante a Deus […]. Nesse tempo ele e os anjos que simpatizaram com ele foram expulsos do céu (ver II Ped. 2: 4; Judas 6). Os anjos leais não compreenderam então plenamente todos os pontos de controvérsia envolvidos. Mas quando Satanás vilmente derramou o sangue de Cris to, patenteou-se completamente, e para sempre, a sua natureza diante do mundo celeste. A partir de então, as suas atividades foram mais restritas […]” (NICHOL; FORTES, 1988, p. 203).

“Miguel é um arcanjo que derrota Satanás na guerra celestial. Em Dn 12.1, é o protetor de Israel que o livrará da tribulação dos últimos dias […]” (BÍBLIA, 2013a, p. 2062).

“A palavra traduzida por ‘anjo’, tanto a hebraica quanto a grega, significa ‘mensageiro’, indicando que o anjo é um mensageiro de Deus. Nos tempos bíblicos, às vezes era difícil distinguir se o mensageiro de Deus era humano ou angelical (Jz 13.2-22), porque os anjos costumavam se apresentar em forma humana, que podia ser masculina ou feminina (Zc 5.9). Também há certa confusão com respeito ao ‘anjo do Senhor’, uma vez que ele ora se assemelha a um simples anjo, ora se apresenta como o próprio Deus.

“No antigo Oriente Médio, os mensageiros humanos agiam como arautos, enviados especiais e embaixadores e representavam a autoridade de quem os enviava. De certa forma, os anjos agem na Bíblia como representantes de Deus. A ‘mensagem’ que um anjo transmitia podia ser verbal, mas também podia ser a execução de um castigo divino (2Sm 24.15-17), um serviço aos servos do Senhor (1 Rs 19.5-8) ou a tarefa de guardar o povo de Deus (SI 91.11).

“Criaturas semelhantes a anjos também eram comuns na mitologia dos povos vizinhos de Israel:

• Entre os deuses da Mesopotâmia [1], são mencionados os servos dos grandes deuses. Essas divindades menores aparentemente agiam como mensageiros e agentes dos deuses superiores. Às vezes, os mitos apresentam os deuses menores como uma classe de camponeses celestiais, que fazia o trabalho servil para os deuses superiores, mas que, por serem muito pressionados, eram propensos a se rebelar contra seus chefes [2].

• As deidades menores — ou ‘deuses pessoais’ — do mundo antigo também agiam como espíritos protetores dos humanos (ideia semelhante à dos anjos da guarda e dos santos protetores). Pensava-se que guardavam as vidas dos devotos em troca de lealdade [3].

• Outro grupo de deuses menores eram os porteiros, descritos como criaturas espantosas e híbridas: touros com asas e leões com cabeças humanas. Estátuas colossais de tais criaturas ladeavam as entradas dos templos e palácios, e pensava-se que impediam a entrada de espíritos maus, servindo como guardiães e servos de deuses e reis. O Museu Britânico agora possui várias dessas estátuas, cada uma com mais de 3 metros de altura. Seus equivalentes egípcios eram a esfinge e a serpente uraeus.

“Os querubins e serafins bíblicos assemelham-se aos porteiros sobrenaturais do antigo Oriente Médio. Os querubins guardavam o caminho do Éden após a expulsão do homem e da mulher (Gn 3.24), e figuras desses seres alados vigiavam simbolicamente a arca da aliança e o tabernáculo (Êx 25.18-22; 26.1) [4]. Na visão de Isaías, os serafins estavam a serviço na sala do trono divino (Is 6). Os querubins às vezes são descritos de maneira que lembram as criaturas híbridas da antiga arte do Oriente Médio (Êx 37.9; Ez 10.1-11); alguns intérpretes acreditam que os serafins tinham a forma de serpente. Os querubins e serafins estão associados intimamente com a santidade, a soberania e a pureza de Deus” (BÍBLIA, 2013b, p. 1529).

“MIGUEL. Gr. Michaēl, uma transliteração do hebraico Mika’el, significando ‘quem (é) como Deus?’ Miguel é mencionado como ‘um dos primeiros príncipes’ (Dan. 10: 13), como ‘o grande príncipe’ (Dan. 12: 1), e também como ‘o arcanjo’ (Judas 9). A literatura judaica descreve Miguel como o mais elevado dos anjos, o verdadeiro representante de Deus, e o identificava com anjo de Jeová (ver Talmud Yoma, 37ª, ed. de Soncino, pág. 172; Midrash Rabbah, sobre Gen. 18: 3; Êx. 3: 2, ed. de Soncino, págs. 411 e 53). De acordo com Midrash Rabbah sobre Ex. 12: 29, Miguel era o anjo que vindicava Israel contra as acusações de Satanás (ed. de Soncino, pág. 222). Um cuidadoso exame das referências escriturísticas a Miguel leva à conclusão de que ele não é outro senão o nosso bendito Senhor e Salvador Jesus Cristo […]” (NICHOL; FORTES, 1988, p. 203).

“Nessa profecia Cristo é retratado tanto em Seu estado preexistente como Miguel, Capitão do exército do Senhor (ver Jos. 5:13-15; comparar com Dan. 12:1; I Tim. 2:5), quando no Seu estado encarnado como ‘Filho varão’ (verso 5 [de Ap 12]). A expulsão inicial e física de Satanás e seus anjos por Cristo (Miguel) é agora plenamente confirmada pela expulsão moral efetuada pela morte expiatória de Cristo. Os versos 10 a 12 enfatizam esta expulsão moral realizada pela morte do Salvador” (COFFMAN, 1989b, p. 10).

“Visto que a frase ‘guerra no céu’ (v. 7) pode ter uma aplicação dupla, descrevendo tanto o conflito original no céu entre Lúcifer e Deus como o conflito aqui na Terra entre Satanás e o Cristo encarnado, a frase ‘não prevaleceram’ poderia, apropriadamente, aplicar-se a ambos os estágios do conflito. Satanás não foi bem sucedido em nenhum dos dois. LUGAR DELES. Pode-se compreender esta frase como uma referência ou ao lugar outrora possuído, ou ocupado, por eles; ou ao lugar que lhes fora uma vez designado. Lúcifer era anteriormente o querubim cobridor ([…] Ezeq. 28: 14), e os anjos que se lhe uniram na rebelião retinham várias posições de responsabilidade. Estas, Lúcifer e seus anjos perderam quando foram expulsos do céu” (NICHOL; FORTES, 1988, p. 203 e 204).

“Apocalipse 12:7 a 12 faz a transição para uma nova cena na história. A narrativa revela que, durante a ascensão de Cristo e Sua exaltação ao trono celestial, eclodiu uma guerra no Céu. Miguel e Seus anjos lutaram contra Satanás e seus anjos. Miguel (cujo nome significa ‘Quem é como Deus?’) é o comandante das hostes celestiais. Em outras partes da Bíblia, Ele é chamado de o grande principe (Dn 12:1; cf. 10:13, 21) e de arcanjo (Jd 9). Logo, a informação bíblica leva à conclusão de que Miguel é um nome escatológico para Cristo.

“Em Apocalipse 12, Cristo conduz o exército celestial no confronto contra Satanás. O inimigo e seus anjos revidam, mas perdem. Em consequência, Satanás e suas forças são expulsos do Céu e lançados para a Terra (v. 9). Quando aconteceu essa guerra, bem como a expulsão de Satanás e seus anjos? As pistas para responder a essa pergunta estão no hino que é ouvido no Céu após a expulsão do diabo (v. 10-12).

• ‘Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do Seu Cristo’ (v. 10). O reino de Deus e a autoridade de Cristo foram estabelecidos após a morte de Jesus na cruz.

• ‘Foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus’ (v. 10). A acusação de Satanás não pode ter acontecido no início do grande conflito, porque os seres humanos ainda não haviam sido criados. Com frequência, o Antigo Testamento retrata Satanás acusando o povo de Deus na presença do Senhor (Jó 1; 2; Zc 3).

• Após ser expulso do Céu, Satanás percebe que lhe resta pouco tempo (Ap 12:12). Ele só reconhece isso após a morte de Jesus na cruz.

• Depois de ser expulso, Satanás começa a perseguir a igreja, durante o período profético de 1.260 dias (v. 13). Esse período se refere à Idade Média. Ele começou em 538 d.C. e terminou com a Revolução Francesa e a captura do papa Pio VI por Berthier, general de Napoleão, em 1798 d.C.

“Tudo isso revela que a guerra e a expulsão de Satanás do Céu, retratadas em Apocalipse 12:7 a 9, aconteceram após a morte de Jesus na cruz e Sua ascensão subsequente. Satanás foi expulso do Céu pela primeira vez no início de sua rebelião contra o governo de Deus. Ele queria tomar o trono celestial, a fim de ser ‘semelhante ao Altíssimo’ (Is 14:14). Ele se revoltou de forma aberta contra Deus, mas foi derrotado e lançado à Terra.

“Ao enganar Adão, o inimigo usurpou o governo e o domínio sobre esta Terra (Lc 4:6). Jesus o chamou de ‘príncipe deste mundo’ (Jo 12:31, ARC; 14:30; 16:11). Mesmo após ser expulso, Satanás ainda tinha acesso ao Céu. O livro de Jó o retrata participando de assembleias celestiais na presença de Deus e fazendo acusações contra Jó (Jó 1:6-12; 2:1-7). De maneira semelhante, Zacarias o contemplou em visão acusando o sumo sacerdote Josué perante a corte celestial (Zc 3:1, 2)” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p. 71).

Silva (2012, p. 8) discorda da crença na qual Satanás, o pai do pecado, pode ir à presença de Deus sem ser fulminado! Para este autor “Satanás não foi ao Céu após sua expulsão de lá. Como representante da Terra, por usurpação (cf. Gn 2:15, 1:28 e Jo 14:30), ele levou sua questão a JAVÉ contra Jó num local onde a manifestação de Deus estava (lembre-se, Deus é onipresente!) ou, possivelmente, por meio dos anjos não caídos! Eu creio nesta última hipótese (embora ela não exclua necessariamente a primeira!) pelo fato de a Bíblia deixar muito claro que os anjos não caídos representarem muito bem ao próprio Deus!”. Na fundamentação da versão “Apocalipse – Possibilidades” dos versos Ap 12.10-12, este autor trata mais detalhadamente sua visão.

“A situação mudou com a morte de Jesus na cruz. O domínio sobre a Terra foi transferido de Satanás para Cristo. Sem dúvida, essa transferência de autoridade não ocorreu sem resistência da parte do inimigo, que, mais uma vez, se revoltou abertamente contra Deus. Na ocasião, Satanás e seus associados foram expulsos para sempre do Céu. Com a expulsão de Satanás, ‘veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do Seu Cristo’ (Ap 12:10). Desde então, Satanás e os anjos caídos foram confinados como prisioneiros na Terra até receberem seu castigo (2Pe 2:4; Jd 6).

“Satanás não tem mais acesso às cortes celestiais e não pode mais acusar o povo de Deus no Céu. Embora o destino de Satanás tenha sido decidido com sua expulsão do Céu, sua derrota ainda não é completa. Ele ainda reivindica o domínio sobre a Terra, por isso o Céu faz esta advertência: ‘Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta’ (Ap 12:12). A referência à terra e ao mar aponta para a dimensão global dessa advertência. A esse respeito, Apocalipse 13 é especialmente significativo, uma vez que um dos associados de Satanás surge da terra e o outro do mar, a fim de persuadir os habitantes da Terra a se aliar a ele na crise final” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p. 70 e 71).

“E’ êle o autor de toda a perversão que há no mundo. Suas primeiras vítimas foram os nossos primitivos pais no jardim do Éden. Fêlos crer que, obedecendo antes a êle do que a Deus, seriam mais felizes. E o resultado de ter o casal dado ouvidos antes às suas insinuações do que a Deus, tem o mundo visto por cêrca já de 6000 anos. Êle perverte os corações e transtorna os indivíduos, as sociedades, as corporações, as nações, etc.: joga uns contra os outros e faz crer que todos têm razão. Mantém a todos empenhados numa terrível batalha sangrenta. Ódio, orgulho, latrocínios, vingança, guerras, crimes, imoralidades, perversidade, desonestidade — é a sua ordem do dia ininterrupta através dos séculos, de milênios. ‘Todo o mundo’, diz S. João, ‘está no maligno’ (1ª Jo 5.19).

“Satanás é o verdadeiro autor de todo o sofrimento e da morte (Hb 2.14). Jesus adverte-nos contra os enganos de Satanás: ‘Acautelai-vos’, diz Êle ‘que ninguém vos engane’ (Mt 24.4). E o pior engano é o engano religioso. Deus e Seu Filho têm na terra uma única igreja. Satanás criou centenas de credos com dogmas anti-evangélicos e pôs nêles o nome de Deus e de Cristo, para confundir os homens e evitar que encontrem a verdadeira igreja cristã. Seus mais perigosos agentes são assim descritos: ‘Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito pois que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça: ao fim dos quais será conforme as suas obras’ (2ª Co 11.14, 15).

“Ao atormentar Satanás a humanidade com toda a sorte de males, o faz, não porque a odeie, mas porque ela pertence a Deus e a Jesus. Assim, nela, êle vinga-se da derrota que lhe infligiram o Pai e o Filho e também do futuro castigo que seguramente lhe sobrevirá” (MELLO, 1959, p. 319).

“Mas o plano da redenção tinha um propósito ainda mais vasto e profundo do que a salvação do homem. Não foi para isto apenas que Cristo veio à Terra; não foi simplesmente para que os habitantes deste pequeno mundo pudessem considerar a lei de Deus como devia ela ser considerada; mas foi para reivindicar o caráter de Deus perante o Universo. Para este resultado de Seu grande sacrifício, ou seja, a influência do mesmo sobre os entes de outros mundos, bem como sobre o homem, olhou antecipadamente o Salvador quando precisamente antes de Sua crucifixão disse: ‘Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo. E Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim. João 12:31, 32.

“O ato de Cristo ao morrer pela salvação do homem, não somente tornaria o Céu acessível à humanidade, mas perante todo o Universo justificaria a Deus e Seu Filho, em Seu trato com a rebelião de Satanás. Estabeleceria a perpetuidade da lei de Deus, e revelaria a natureza e os resultados do pecado. Desde o princípio a grande controvérsia fora a respeito da lei de Deus. Satanás procurara provar que Deus era injusto, que Sua lei era defeituosa, e que o bem do Universo exigia que ela fosse mudada. Atacando a lei, visava ele subverter a autoridade de seu Autor. Mostrar-se-ia no conflito se os estatutos divinos eram deficientes e passíveis de mudança, ou perfeitos e imutáveis.

“Quando Satanás foi arremessado do Céu, resolveu tornar a Terra o seu reino. Quando tentou e venceu Adão e Eva, achou que havia adquirido posse deste mundo; ‘porque’, dizia ele, ‘escolheram a mim como seu príncipe’. Alegava que era impossível ser concedido o perdão ao pecador, e, portanto, a raça decaída constituía legítimos súditos seus, e seu era o mundo. Mas Deus dera o Seu amado Filho — igual a Ele mesmo, a fim de suportar a pena da transgressão, e assim proveu um caminho pelo qual pudessem ser restabelecidos ao Seu favor, e de novo trazidos ao seu lar edênico.

“Cristo empreendeu redimir o homem, e livrar o mundo das garras de Satanás. O grande conflito iniciado no Céu devia ser decidido no próprio mundo, no próprio campo que Satanás alegara como seu. Foi maravilha para todo o Universo que Cristo Se humilhasse para salvar o homem decaído. Que Aquele que passara de uma estrela para outra, de um mundo para outro, dirigindo tudo, suprindo pela Sua providência as necessidades de toda a ordem de seres em Sua vasta criação — que Ele consentisse em deixar Sua glória e tomar sobre Si a natureza humana, era um mistério que os seres sem pecado de outros mundos desejavam compreender. Quando Cristo veio ao nosso mundo sob a forma humana, todos estavam profundamente interessados em acompanhá-Lo, ao percorrer Ele, passo a passo, a vereda ensangüentada a partir da manjedoura ao Calvário.

“O Céu observou o insulto e zombaria que Ele recebeu, e sabia que isto foi por instigação de Satanás. Notaram a operação das forças contrárias a avançar, impelindo Satanás constantemente trevas, tristezas e sofrimento sobre a raça, e estando Cristo a reagir contra isso. Observaram a batalha entre a luz e as trevas, enquanto a mesma se tornava mais forte. E ao clamar Cristo em Sua aflição mortal sobre a cruz: ‘Está consumado’ (João 19:30), um brado de triunfo repercutiu por todos os mundos, e pelo próprio Céu. A grande contenda que estivera em andamento durante tanto tempo neste mundo, estava agora decidida, e Cristo era vencedor. Sua morte resolveu a questão de terem ou não o Pai e o Filho amor suficiente pelo homem para exercerem a abnegação e um espírito de sacrifício. Havia Satanás revelado seu verdadeiro caráter de mentiroso e assassino.

“Viu-se que o mesmo espírito, com que governara os filhos dos homens que estiveram sob o seu poder, ele teria manifestado se lhe fora permitido governar os seres do Céu. Unanimemente o Universo fiel uniu-se no engrandecimento da administração divina. Se a lei pudesse ser mudada, ter-se-ia podido salvar o homem sem o sacrifício de Cristo; mas o fato de que foi necessário Cristo dar a vida pela raça caída prova que a lei de Deus não livrará o pecador de suas reivindicações sobre ele. Está demonstrado que o salário do pecado é a morte.

“Quando Cristo morreu, ficou assegurada a destruição de Satanás. Mas, se a lei foi abolida na cruz, como muitos pretendem, a agonia e morte do amado Filho de Deus foram suportadas unicamente para dar a Satanás exatamente o que ele pedia; triunfou então o príncipe do mal, foram sustentadas suas acusações contra o governo divino. O próprio fato de que Cristo suportou a pena da transgressão do homem, é um poderoso argumento a todos os seres criados, de que a lei é imutável; que Deus é justo, misericordioso, e abnegado; e que a justiça e misericórdia infinitas unem-se na administração de Seu governo” (WHITE, 2007c, p. 44-46).

Para um estudo paralelo sobre a guerra ou as guerras no Céu, a atuação de Satanás como príncipe bastardo da Terra e a relação disso com os anjos não caídos e as outras criaturas perfeitas extraterrestres, acesse o livro “O Plano da Redenção para os Anjos”.

12.10Então, ouvi grande voz do céu, proclamando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus.Quando finalmente a serpente seduziu nossos primeiros pais, então seu partido começou a governar um planeta do universo de Deus. Por alguns milhares de anos, até o nascimento do Emanuel, anjos de Deus observaram a filosofia desse partido, seu modo de operação e as alegações dos anjos ex perfeitos que optaram pelo partido de oposição. Mas na cruz do calvário, o altar do pátio terrestre do tribunal celeste, quando anjos perfeitos presenciaram os verdadeiros motivos da revolta do pai da mentira contra o Criador – inveja, orgulho e egolatria –, eles expulsaram os anjos maus do Céu outra vez! Os demônios não mais conseguiriam esconder deles seu ódio e sua crueldade contra Jesus e Suas criaturas. Para sempre estava rompida qualquer simpatia entre os anjos divinos e os anjos diabólicos. Eu, João, ouvi alguém proclamando em alta voz: “Através do sacrifício do Cordeiro de Deus no altar da cruz, todas as criaturas perfeitas, as quais não se deixaram enganar pelos anjos maus, reconhecem o direito que Deus tem legitimamente em salvar a humanidade caída, salvá-la da atuação dos anjos caídos! Todas elas enxergam como Deus tem usado seu ilimitado poder nesse plano de redenção. Todas elas concordam que este planeta e tudo o que nele há pertencem a Deus e que só Ele possui autoridade legal sobre a Terra, Ele e o Seu Ungido! Definitivamente nós expulsamos o tirano impostor que usurpou o governo da Terra, nós o expulsamos do Céu e não queremos mais contato com suas narrativas desonestas e traiçoeiras! Sua denunciação caluniosa contra a Lei de Deus, Seu caráter e Sua gestão foi refutada de uma vez por todas, e ele arcará com o crime doloso cometido, e todas as demais transgressões. O que ele tem feito desde que assumiu a administração do planeta caído foi o que ele fazia quando habitava no Céu: calúnias disfarçadas de apresentação sincera das faltas cometidas por aqueles que, na verdade, são suas próprias vítimas, nossos queridos irmãos caçulas terráqueos! Não permitiremos mais a vinda do pai da mentira aqui no Céu para tentar disfarçar sua tirania diabólica contra Deus e nossos irmãos. Chega!
12.11Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida.“Aí na Terra também o dragão tem sido derrotado por nossos irmãos, através da aceitação deles do sacrifício de Jesus em lugar da destruição da humanidade, e por seu estilo de vida obediente à revelação profética, pois mesmo sendo perseguidos e mortos por Satanás e suas cabeças político-religiosas, imitaram o Cordeiro e entregaram voluntariamente suas vidas por amor a Ele assim como Jesus voluntariamente entregou a Sua!
12.12Por isso, festejai, ó céus, e vós, os que neles habitais. Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta.Todas as criaturas perfeitas de Deus, as que habitam no Céu e as demais espalhadas pelo universo, devem comemorar a beleza infinita do amor e da sabedoria divinos em Sua administração do universo – em particular, mas também sobretudo, Seu sacrifício em prol da restauração da humanidade, o qual revela o que Deus teria feito por qualquer um dos outros mundos habitados! Comemorem também a beleza dos frutos das ações divinas – vidas sendo libertas das garras do dragão! No entanto, as criaturas do planeta Terra ainda não podem comemorar, pois ao perceber sua derrota na cruz e que sua máscara caiu diante do universo de Deus, o maior estelionatário percebeu que sua profissão e obra estariam limitadas à Terra, e que, após a morte expiatória de Cristo na cruz, seu tempo até a segunda vinda de Jesus é muito pequeno. Seu ódio e sua crueldade só aumentaram contra a Criação de Deus na Terra, suas únicas e últimas vítimas”.

“Satanás aparece como o acusador por excelência. Na imagem judia do céu que prevaleceu no período intertestamentário, Satanás é o acusador, aquele que se opunha às almas dos homens, e Miguel o defensor. A imagem de Satanás como o acusador eterno do homem contém uma verdade e um simbolismo eternos. Segundo as palavras do H. B. Swete, Satanás é ‘o crítico cínico de toda obra de Deus.’ E segundo a expressão de Renan, ‘é o crítico malévolo de toda a criação.’ […] Por outro lado, o pano de fundo histórico da época quando se escreveu o Apocalipse dá maior eloqüência e sentido a esta imagem de Satanás. Era a era do delator, o informante, era um período governado por tiranos e havia os que faziam carreira da denúncia. Constantemente se prendia, torturava e matava as pessoas porque alguém as tinha delatado. Estes informantes pagos eram muito conhecidos durante esse período do império. Alguns anos antes, Tácito tinha escrito: ‘Quem carecia de inimigos era traído por seus amigos.’ O mundo antigo sabia muito bem como eram os acusadores malignos, cínicos e venais” (BARCLAY; BIAGINI, 2005, p. 308).

g) Diálogo semiaberto entre os anjos não caídos e os caídos. ‘Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante JAVÉ, veio também Satanás entre eles’ (Jó 1:6). Vamos entender esse importante versículo! Satanás e seus anjos foram expulsos do Céu ao tentarem tomar o trono de Deus (Is 14:12-14) antes da criação na Terra (Gn 3:1 e Ap 12:9). Mas, onde eles ficaram nesse ínterim? ‘Com a cauda ele arrastou do céu a terça parte das estrelas e as jogou sobre a terra’ (Ap 12:4, NTLH). ‘Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera’ (Ap 12:12). Ao que parece, os anjos maus escolheram voluntariamente residir no planeta que, futuramente, abrigaria a nova criação de Deus – os seres humanos, juntamente com animais e plantas.

“Talvez por isso, quando o Senhor Espírito começou a criação aqui, algum tempo depois, ‘a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas’ (Gn 1:2, ARC)! É como se o ex-Lúcifer tivesse algum sentimento de inveja e vingança com relação a futura criação na Terra, por algum motivo, como por exemplo, querer participar desse plano divino e ter sido impedido já que ele era criatura enquanto Miguel, o Pai e o Espírito eram o Criador, Aqueles que formam o único Deus soberano em todo o universo!

“Em verdade a rixa de Lúcifer pelo visto é com Miguel, o arcanjo (Jd 9), um dos chefes dos anjos ou um dos ‘primeiros príncipes’ (Dn 10:13), em verdade o maior deles, ‘o grande príncipe’ do exército de JAVÉ (cf. Dn 12:1 e Js 5:14), Aquele que recebe adoração, o ‘Anjo de JAVÉ’ (cf. Êx 3:2-6)! As Escrituras insinuam que Lúcifer quis o lugar de Miguel, Um dos Três. Possivelmente pelo fato de Miguel além de ser Deus, como os versos acima afirmam, ter assumido a natureza angelical e viver como anjo entre os anjos!

“No entanto, na hora de criar, isso não era tarefa para quem não passava de uma criatura; isso era para quem era Deus, de modo que Miguel fora chamado para as reuniões da Trindade a respeito da criação do ser humano, enquanto que Lúcifer, como qualquer outro dos anjos, não recebeu tal convite! ‘No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ela estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito. Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram’ (Jo 1:1-5, NVI). Miguel é a Palavra. Miguel é Jesus – o ‘Deus único’ (Jo 1:18) que possui outras duas naturezas, a angélica, desde muito tempo, e a humana, obviamente, a partir da encarnação (cf. Lc 1:35)! Miguel é a resposta da pergunta que compõe Seu Nome em hebraico: ‘Quem é como Deus é?’ Lúcifer se tornou Satanás porque não Lhe foi permitido, por um motivo óbvio, ser Miguel!

“Então, ao usar a violência no Céu de Miguel (cf. Ap 12:7 e Ez 28:16) contra Ele, seu próprio Criador, Miguel o expulsou, e Satanás veio deformar a Terra, o novo projeto de Miguel! Foi ele quem arrastou com seu engano (cf. Ap 12:4 e Is 9:15) uma quantidade enorme de anjos para nosso planeta, não foi Miguel quem os confinou aqui (pelo menos até o momento desta narrativa). Como não havia anjos nem homens aqui, até então, Satanás estava sozinho e desempregado, e o máximo que ele pode fazer foi deixar a Terra ‘sem forma’, ‘escura’ como um ‘abismo’ (cf. Gn 1:2).

“Talvez Miguel tenha aproveitado para profetizar para os anjos rebelados o estado deles e da Terra exatamente igualzinho ao que eles estavam vivenciando naqueles dias, mostrando para eles o resultado de sua rebeldia após mais de 6000 anos da tirania satânica sobre o mundo habitado e aliado aos anjos caídos! Sim, João (Apocalipse 20:1-3), Isaías 24:21,22 e Jeremias 4:23-26 descreveram vividamente os demônios novamente desempregados e a terra novamente sem forma, vazia de sua criação e completamente destruída pelo mal e pela vinda do Senhor Jesus Cristo (cf. II Ts 2:8)!

“Mas, os anjos não estavam presos à Terra (confira o Apêndice no final da pesquisa). Moisés, autor do livro de Jó, o viu na presença de JAVÉ conversando com Ele (Jó 1:6 e 2:1). Seria esse encontro no Céu, novamente? Raciocine com a Bíblia: JAVÉ ou Miguel havia lutado, vencido e expulsado Satanás do Céu (Ap 12:7-9). Como aquele anjo ousado, suicida e, portanto, muito perigoso para a harmonia do universo, poderia viajar e fazer visitas regulares exatamente onde ele havia começado o terrível conflito contra Deus?! O bom senso bíblico pede que sejamos cautelosos e procuremos uma explicação para essa aparente contradição entre João e Moisés, os profetas autores dos livros em questão. E se a linguagem mosaica for figurada? Vários autores bíblicos a usaram em diferentes contextos, com diferentes significados, mas todos não literais!

“O próprio Moisés, escritor do Gênesis, descrevendo a fidelidade de Abraão, escreveu: ‘JAVÉ, em cuja presença eu ando, enviará contigo o seu Anjo e levará a bom termo a tua jornada,’ (Gn24:40). Paulo também fez uso desse método: ‘recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé’ (I Ts 1:3 e 3:9). Samuel, após declarar ao povo um traslado dos direitos do rei Saul, ‘escreveu-o num livro e o pôs perante JAVÉ’ (I Sm 10:25). Algo interessante ocorre neste e em vários outros textos bíblicos. Possivelmente os escritos do profeta Samuel foram colocados próximos ou dentro da arca da aliança (cf. Dt 31:26); ou seja, devemos entender que JAVÉ estava representado por aquele símbolo sacrossanto, e não que o livro escrito por Samuel foi arrebatado e colocado no Céu ‘perante JAVÉ’!

“Algo semelhante ocorreu com Salomão quando ele disse: ‘Bendito seja JAVÉ, o Deus de Israel, que falou pessoalmente a Davi, meu pai’ (I Rs 8:15). Porém, quando se lê II Samuel 7: 4,5,17 e 27, chega-se a conclusão que, por meio de uma ‘visão’ ou ‘revelação’, o profeta Natã recebeu de JAVÉ a incumbência de falar a Davi sobre a construção do Templo! Perceba que a expressão ‘pessoalmente’, lida isoladamente, dá um significado completamente diferente da realidade, donde vem a importância de termos uma visão geral da linguagem usada nas Escrituras para não darmos ao texto um significado não pretendido pelo seu autor! Satanás não foi ao Céu após sua expulsão de lá. Como representante da Terra, por usurpação (cf. Gn 2:15, 1:28 e Jo 14:30), ele levou sua questão a JAVÉ contra Jó num local onde a manifestação de Deus estava (lembre-se, Deus é onipresente!) ou, possivelmente, por meio dos anjos não caídos! Eu creio nesta última hipótese (embora ela não exclua necessariamente a primeira!) pelo fato de a Bíblia deixar muito claro que os anjos não caídos representarem muito bem ao próprio Deus!

“Alguns exemplos disso: JAVÉ disse a Abraão que desceria e veria o pecado de Sodoma e Gomorra que estava ‘vindo’ até Ele (cf. Gn 18:21). Duas lições implícitas aqui – Ele não desceu e viu fisicamente como [ou do mesmo jeito como] Ele estava conversando com Abraão (Gn 18), mas enviou os dois anjos que com Ele foram visitar fisicamente aquele patriarca! (Gn 18:21,22 e 19:1) Segundo ponto: o ‘clamor’ vindo daquelas cidades que estava chegando até JAVÉ, no Céu, possivelmente era o registro feito pelos anjos não caídos da maldade de seus habitantes e enviados a Deus! Não estou anulando a onipresença divina, muito menos definindo-a através dos anjos, mas estou destacando essa linda relação que existe entre JAVÉ e Seus anjos presente na Bíblia!

“Outro exemplo: Apocalipse 12:10 afirma que Satanás é ‘o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus’. Observe que, se entendermos o verso literalmente, cairemos em vários erros que a Bíblia não contém – Satanás praticamente vive no Céu ou ele é onipresente, pois vê nossos erros e ainda tem tempo de vomitá-los diante de Deus; o originador do pecado vê Deus face a face e permanece vivo!

“Talvez, o que o profeta ouviu ‘do céu’ (Ap 12:10) signifique: Satanás acusava, até aquele momento, diariamente os redimidos por Jesus, proferindo aos anjos não caídos o que ele bem queria dizer, os quais registram as ocorrências terrestres e as levam até Deus! Portanto, entendendo assim, os ministros angelicais da Trindade tanto a representam como levam até o Céu o que se passa aqui em nosso planeta, não anulando, obviamente, a onipresença e onisciência divinas (cf. Gn 6:5,11, ‘à vista de Deus’).

h) Fim permanente do diálogo entre os anjos não caídos e os caídos. Nova destruição das obras do diabo por parte do Senhor Jesus! Toda essa liberdade concedida a Satanás e seus anjos, de levar diante de Deus suas lorotas por meio dos anjos não caídos, segundo as Escrituras, teve um fim. ‘Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso’ (Jo 12:31). ‘Jesus respondeu: — De fato, eu vi Satanás cair do céu como um raio’ (Lc 10:18, NTLH). ‘E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos. Então, ouvi grande voz do céu, proclamando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus. “Por isso, festejai, ó céus, e vós, os que neles habitais. Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta’ (Ap 12:9,10 e 12).

“Você percebe que Jesus, João e a ‘grande voz do céu’ estão falando de uma expulsão de Satanás do Céu posterior a primeira expulsão, a qual teve seu lugar antes mesmo da criação na Terra?! Vou lhe ajudar a enxergar este fato importantíssimo, a segunda expulsão do dragão, apresentado pelas Escrituras.

“O Senhor Jesus em João 12 afirmou que o mundo estava prestes a ser julgado e Satanás – o usurpador do principado de Adão e Eva – seria expulso. Mas, o julgamento dos habitantes de nosso planeta não se daria nos dias de Jesus, pois, caso assim ocorresse, todos estaríamos condenados, já que o Substituto do pecador arrependido não teria morrido em seu lugar e o próprio Juiz não estaria em Seu tribunal celestial para determinar as sentenças! Segundo o profeta Daniel o tribunal abriria suas portas e o julgamento no Céu começaria somente após a queda do império romano (cf. Dn 7), o que ocorreu mais de 400 anos depois da encarnação de Deus aqui na Terra (476 d.C.)!

“Se nosso Salvador não estava se referindo ao julgamento celestial dos pecadores terráqueos (cf. At 17:31), então que julgamento Ele tinha em mente? Algum tempo depois, Jesus asseverou: ‘o príncipe deste mundo já está julgado’ (Jo 16:11) ou ‘condenado’ (NVI). No tópico anterior (g) nós vimos a aparente liberdade que Satanás possuía ao conversar com os anjos não caídos e ter suas palavras levadas até Deus por aqueles seres não contaminados. No entanto, o Senhor Jesus, o Miguel, previu em João 12:31 que Satanás estava prestes a perder essa regalia e não somente isto – estaria julgado pelos anjos não caídos como não merecedor de nenhum tipo de favor por parte deles, ou seja, condenado à completa rejeição do Céu! Isto deve ter acontecido nalgum momento anterior à cruz, pois em João 12:32 o Senhor a mencionou e em João 16:11 Ele ainda não havia sido ‘levantado’ ou crucificado!

“Possivelmente, desde a (primeira) expulsão do Céu, os anjos não caídos toleravam Satanás, ainda que minimamente, uma vez que eles observavam sua conduta cruel e destruidora aqui na Terra. Talvez eles pensassem que o ex-Lúcifer não trataria seu Criador assim quando Ele viesse revestido da humanidade. Quando observaram a maldade diabólica dos anjos maus contra Aquele que Se submetera às péssimas escolhas humanas e descera para sacrificar-Se de maneira máxima por eles, para dar-lhes certeza de que ainda existia esperança para sua situação, para revelar-lhes o caráter todo-amável da Trindade e Seu esforço divino em favor de todos os pecadores humanos, e mesmo assim, Satanás dirigir sua energia para atrapalhar esta obra de redenção e destruir a própria vida (humana) de Jesus, talvez, então, a partir dessas observações os anjos não caídos ‘julgaram’ e ‘condenaram’ seus ex-companheiros de perfeição e os ‘expulsaram’ para sempre da posição dialogável tolerada por eles!

“Deus deu livre arbítrio para Seus filhos mais velhos que nós também, e Ele permitiu que eles tomassem essa decisão, realizassem esse julgamento a respeito de seu relacionamento com Satanás na Terra no tempo deles! Talvez isto explique muitos dos acontecimentos que envolvem dor e sofrimento em nosso planeta – o desdobramento do plano divino entre os anjos! Não enxergamos nada disso, mas talvez o que vemos sejam os resultados desse conflito angelical, claro, muito bem administrado pela Trindade. Assim sendo, uma vez que Satanás perdeu perante (alguns dos) os anjos não caídos o que ele nunca teve perante Deus – o direito de representar o planeta Terra nas reuniões interplanetárias (cf. Jó 1:6), de tê-lo como seu reino (cf. Mt 4:8,9) e de enviar recados para Deus por meio dos santos anjos – ele ‘desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta’ (Ap 12:12)!

“Alguns detalhes esclarecedores: Apocalipse 12:7 e 8 se refere à guerra militar ocorrida no Céu e seu resultado, expulsão de Satanás e seus anjos. Apocalipse 12:9 também se refere à derrota de Satanás, mas já com o segundo sentido da expulsão de João 12:31, pois em Ap. 12:9 ele é chamado de títulos que até a primeira expulsão Satanás não possuía (‘serpente’, ‘sedutor de todo o mundo’)! Talvez Lucas 10:18 seja uma referência direta à segunda expulsão de Satanás, onde Jesus diz tê-lo visto caindo do Céu dias antes da Cruz! E Apocalipse 12:10-12 menciona que houve uma ordem de festa no Céu devido a salvação garantida para o pecador que a desejasse por meio da morte substitutiva de Jesus na Terra e a segunda expulsão de Satanás do Céu.

“Talvez vários anjos já não tolerassem o diálogo com o mal e as mensagens trazidas ao Céu enviadas por ele, e quando houve um consenso angelical quanto a isso, em algum momento próximo a crucifixão do Messias, então todos eles se alegraram naquele instante! Por outro lado, lamentaram profundamente pelos habitantes da Terra, pois, se os anjos maus mesmo divididos em destruir a humanidade e enviar recados para Deus já causavam tanta desgraça na vida das famílias humanas, quanto maior desgraça fariam eles após perderem o direito da segunda atividade, de modo que teriam todo o tempo para se concentrarem numa só realização!! ‘Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta’ (Ap 12:12).

“O ‘diabo’ ou o acusador não mais teria espaço no Céu. No entanto, acusaria um pecador por meio de outros e causaria grandes estragos no corpo de Cristo, na Igreja, por meio de discórdias! O mal sabe que após a Cruz “pouco tempo lhe resta”. Mas, e eu, vivo consciente disso? De que não tenho mais tempo a perder com as coisas deste mundo que são exatamente armadilhas do derrotado, porém, bastante vivo inimigo de Cristo e de Sua obra redentora? Talvez Satanás tivesse o direito de chegar até os portões do Céu (cf. Sl 24:7- 10). Mas os anjos unanimemente tomaram dele o passaporte que ele usava para sair do planeta Terra e o atiraram e o confinaram aqui, a ele e aos “seus anjos” (cf. Ap 12:9 e 13).

“A partir da Cruz, Satanás foi confinado ao único planeta, em todo o universo de Deus, que se desgarrou e se perdeu (cf. Lc 15:5-7), mas que em ‘pouco tempo’ será redimido e elevado por Miguel, pelo Cristo, ao posto de capital do universo, o ‘novo céu’ (cf. Ap 21:1)! ‘Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo’ (I Jo 3:8). Não é à toa que os anjos não caídos amam estudar o plano da redenção dos homens, ‘coisas essas que anjos anelam perscrutar’ (I Pe 1:12)!

“A morte de JAVÉ encarnado na cruz além de salvar o planeta Terra do mal, salva a todo o universo de uma ressurreição do mal, pois revela de modo singular e inesgotável o compromisso do Criador com TODAS as Suas criaturas, em especial com as racionais e livres! Portanto, quem em são juízo pode afirmar que a Cruz é um assunto que se limita apenas a redenção dos homens?” (SILVA, 2012, p.5-11).

“Os versos 10 a 12 de Apocalipse 12 são considerados como um hino que interpreta o significado da grande batalha descrita nos versos 7 a 9 […]. Apocalipse 12:10 não se refere exclusivamente à expulsão original de Satanás do Céu. O revelador está enaltecendo os eternos benefícios do Calvário. O Cordeiro conquistou a salvação por Sua morte. (Comparar com Apoc. 5:9 e 10.) A vitória da cruz resultou na expulsão do ‘acusador de nossos irmãos’. Agora a vida eterna pode ser concedida a todas as pessoas arrependidas, quer tenham vivido antes ou depois da cruz. (Ver I. Cor. 15:17-23; Heb. 9:15.) O Calvário não somente é fundamental para a nossa salvação, mas constitui também a garantia de que o Universo será para sempre purificado dos resultados da rebelião de Satanás.

“[…] Note estas evidências de que Apocalipse 12:10-12 se refere ao tempo da crucifixão de Cristo:

1. Nos versos 9 e 10 é declarado várias vezes que Satanás ‘foi expulso’. Jesus disse que Sua morte faria com que Satanás fosse ‘expulso’ (S. João 12:31-33).

2. A ênfase da palavra ‘agora’ (grego: arti – ‘agora mesmo’, ‘neste momento’). ‘Agora veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do Seu Cristo.’ Apoc. 12:10. A certeza absoluta da salvação humana só foi atingida no Calvário. Naquela ocasião o governo, a lei e a autoridade de Deus também receberam a confirmação do Universo leal. Depois de Sua vitória no Calvário, Jesus pôde dizer: ‘Toda a autoridade Me foi dada no Céu e na Terra.’ S. Mat. 28:18.

3. ‘Foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus.’ Apoc. 12:10. Esta declaração resume a longa história da atividade de Satanás entre o Éden e o Calvário. Isto seria verdade sob o aspecto da expulsão na cruz, mas são por ocasião da rebelião original de Satanás.

4. ‘Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro.’ (verso 11. Isto é uma referência direta ao Calvário (comparar com Apoc. 5:6 e 9). Pelos méritos da mesma morte expiatória que causou a queda de Satanás, o povo de Deus venceu as acusações de Satanás contra eles por causa de seus pecados. Jesus fez expiação pelos pecados no Calvário (I S. João 2:2; 4:10), e Satanás não pode fazer acusações plausíveis contra os crentes que estão em união com Cristo (ver Rom. 8:33 e 34).

5. A voz celestial convida todos os seres inteligentes dos domínios celestes a se alegrarem com a queda do inimigo universal (verso 12)” (COFFMAN, 1989b, p. 8-10).

“Na experiência de Jó, ficou revelado que, antes da morte de Jesus na cruz, Satanás exercia o direito de ser o representante da Terra ( Jó 1:6-9; 2:1-4), direito este, que perdeu quando Jesus morreu na cruz. Quando Jesus ressuscitou, tornou-Se então o legítimo representante deste mundo. A morte de Jesus trouxe a reconciliação, e o acusador dos irmãos de Jesus foi expulso do Céu. Não admira que uma exclamação de regozijo e triunfo se ouvisse no Céu. A primeira queda de Satanás foi como anjo querubim, antes da semana da criação; a segunda, foi como representante do planeta Terra, por ocasião da morte de Jesus na cruz. Jesus fez menção a esta segunda expulsão quando disse: ‘E disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu’ (Lucas 10:18)” (RAMOS, 2006, p. 145).

“Nosso grande segredo para vencer é apegar-nos a Cristo, pois Ele já venceu a Satanás nas tentações do deserto, na cruz e demonstrou Sua vitória ao ressuscitar dos mortos. O diabo sabe que está perdido, por isso se apresenta como um leão que ruge (I São Pedro 5:8), pois ao final do milênio apocalíptico será destruído no lago de fogo e enxofre (Apocalipse 20:10, 14; Ezequiel 28:18, 19)” (BELVEDERE, 1987, p. 12).

“Ao ser derribado o acusador e não lhe ser mais permitido galgar as cortes celestiais para acusar os servos de Deus, os habitantes dos céus regozijaram-se indizivelmente. Não mais veriam o indesejável pizar [sic] os átrios sagrados para depor contra aqueles pelos quais o Filho de Deus dera Sua vida na cruz. O inimigo estava definitivamente subjugado. À justiça de Deus no trato com o rebelde tinha sido reconhecida. A salvação estava assegurada ao gênero humano. ‘E o reino de Deus, e o poder do Seu Cristo’, estabelecer-se-iam na terra. Mas, ‘ai dos que habitam na terra e no mar’. Por que? ‘Porque o Diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo’. Avaliemos bem a declaração do céu: ‘Porque o Diabo desceu a vós…’ Êstes ‘vós’ são os habitantes da ‘terra’ e do ‘mar’ de que fala o texto. Sua ira é vibrada contra eles como uma vingança contra o Filho de Deus” (MELLO, 1959, p. 321).

“O ponto focal em Apocalipse 12 não é o tempo, ou ocasião, do início do conflito, e sim o fato de que o dragão fora derrotado. Este fora ‘atirado para a Terra’. A passagem faz seguidas referências ao mesmo faro. ‘Foi expulso o dragão. … Foi atirado para a Terra e, com ele, os seus anjos. … Pois foi expulso o acusador de nossos irmãos. … Eles, pois, o venceram.’ Face à notícia da derrota do dragão, ouve-se no Céu uma grande exclamação de júbilo. […] Este autêntico grito de louvor acha-se localizado no próprio centro do Apocalipse, ou afastado um ou dois versos do referido centro. […] Porventura não é o centro do livro o lugar apropriado para este cântico?

“O acusador de nossos irmãos foi vencido. A autoridade de Cristo foi firmemente estabelecida. E mesmo que Satanás continue a acusar nossos irmãos ‘dia e noite’, estes – que são nossos companheiros de jornada crista – estão aptos a triunfar sobre ele. Através de que meios? Pela virtude do sangue do Cordeiro, pela palavra do testemunho que deram, e por sua disposição em morrer, se necessário, antes que desapontar o seu Salvador. ‘Mesmo em face da morte, não amaram a própria vida.’ […]

“Vimos, em Apocalipse 4:8, que as quatro criaturas viventes exaltam a Deus ‘de dia e de noite’. E evidente que Satanás, enquanto foi uma dessas criaturas, fez o mesmo. Agora, porém, Satanás acusa as pessoas de dia e de noite, procurando incessantemente encontrar nelas alguma fraqueza que possa apontar. Ele acusa até mesmo os ‘nossos irmãos’, as pessoas que mais próximas se encontram de Jesus. Talvez você conheça alguém que está manifestando semelhante comportamento depois de volver suas costas à verdade de Deus” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 329 e 330).

“O foco do tempo é a cruz (ver os coms. aos vs. 7, 9). Bem podiam os habitantes do céu regozijar-se, pois a destruição de Satanás estava assegurada. Esta já era certa no plano de Deus antes, mas agora as inteligências celestiais juntaram-se ao coro, pois tinham visto a malignidade de Satanás contra Cris to revelada no Calvário.

“SALVAÇÃO. Gr. Sōtēria, ‘livramento’, ‘preservação’, ‘salvação’, aqui, talvez, ‘vitoria’. O grego traz o ar artigo, daí o devermos ler ‘a vitoria’.

“PODER. Gr. Dunamis, ‘poder’, ‘força’, ‘vigor’. A referência aqui é sem dúvida à manifestação de poder na vitória sobre o dragão.

“REINO. Satanás afirmara que era o governante por direito deste mundo. Seu fracasso em levar Jesus a pecar assegurou o reino para Cristo.

“[…] SEU CRISTO. Ou, ‘Seu Ungido’. Cristo ‘ungido’ […].

“Satanás era o acusador dos irmãos dias do VT (ver Jo 1: 8-12; Zac. 3: 1). Tem prosseguido nesse papel desde a cruz mas num sentido restrito […]. Os escritos rabínicos frequentemente representam Satanás como o grande acusador (ver Talmud Sanhedrin 89b, ed. de Soncino, pag. 595; Midrash Rabbah, sobre Êx. 32: 2, ed. de Soncino, pag. 494).

“IRMÃOS. Compare-se o cap. 6: 11.

“DE DIA E DE NOITE. Isto é, quando quer que sentasse a oportunidade.

“VENCERAM. A mente do profeta esta absorvida na contemplação dos que tem sido acusados pelo instiga dor do mal. Pensa em quanto tem sofrido, e nas indignidades as quais têm estado expostos. Relembra como venceram em meio as dificuldades, não pela sua própria força, mas ‘pelo sangue do Cordeiro’.

“PELO SANGUE. (ARA – ‘por causa do sangue’). Literalmente, ‘por causa do sangue’, ou ‘com base no sangue’. Os santos venceram por causa da vitória do Calvário.

“[…] PELA PALAVRA. (ARA – ‘por causa da palavra’). Literalmente, ‘por causa da palavra’, ou ‘com base na palavra’.

“SEU TESTEMUNHO. Isto é, seu testemunho pessoal concernente a Jesus e o evangelho.

“NÃO AMARAM A PRÓPRIA VIDA. Que fidelidade! Homens que preferem morrer a desobedecer a Deus.

“[…] POUCO. Gr. Oligos, ‘poucos’, ‘pequenos’, quando usado para números quantidades ou tamanhos; ‘curto’ quando usado para tempo. Oligos é um termo relativo e descreve aquilo com que está associado em termos de contexto. Assim, oligos descreve os ‘poucos peixinhos’ na narrativa da alimentação dos 4.000 em comparação com o número que seria preciso para alimentar aquela multidão (Mat. 15: 34). O número dos que encontram o caminho da vida são ‘poucos’ (oligos) comparado com o número dos que escolhem o caminho da destruição (Mat. 7: 14). Jesus impõe as mãos sobre uns ‘poucos’ (oligos) enfermos comparados com o número dos que poderiam ter sido curados não existisse ali tal incredulidade (Mar. 6: 5).

Oligos é usado com referência a tempo em oito exemplos no NT. Em cinco desses exemplos o elemento tempo está implicado na palavra em si (Mar. 6: 31; Tia. 4: 14; I Ped. 1: 6; 5: 10; Apoc. 17: 10), e a palavra é traduzida respectivamente ‘um pouco’, ‘por instante’, ‘por breve tempo’, ‘um pouco’, ‘pouco’. Em três exemplos o elemento tempo acha-se expresso pela palavra modificada por oligos (Atos 14: 28, que diz literalmente, ‘não pouco tempo’; Heb. 12: 10; Apoc. 12: 12). A extensão de tempo expressa por oligos depende daquilo com o que ele é comparado. Por exemplo, o repouso descrito em Marc. 6: 31 como durando oligos provavelmente só durou poucos dias, ou, no máximo, poucas semanas. Por outro lado, em Tiago 4: 14, oligos descreve a vida momentânea dum homem. Em Apoc. 12: 12, oligos define o período da crucifixão de Cristo, até ao fim da tirania de Satanás sobre os habitantes da terra. Esse período de tempo é descrito como oligos, em comparação com os mais de 4.000 anos que precedem a crucifixão.

“Pode parecer que os 2.000 anos desde a crucifixão, durante os quais Satanás tem estado a operar ativamente contra a igreja, dificilmente seja ‘pouco tempo’, quer tomado absolutamente, quer comparado com 4.000 anos precedentes à crucifixão; contudo, esta expressão poderia ser entendida contra o fundo do teor total do livro de Apocalipse, que apresenta a segunda vinda de Cristo como próxima […]. Se Jesus vem ‘sem demora’, então o tempo de que Satanás dispõe para operar é ‘pouco’ (NICHOL; FORTES, 1988, p. 207 e 210).

Certamente oligos em comparação com a idade de Satanás, de fato é oligos! Em comparação com a duração do grande conflito aqui na Terra, de fato é oligos! A idade de cada ser humano, mesmo a de Matusalém, é ainda menor que oligos. Portanto, a humanidade consegue sim aguentar este oligos que resta até que o mal seja erradicado da Terra, pelo poder de Deus.

12.13Quando, pois, o dragão se viu atirado para a terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão;De fato, o dragão com suas cabeças, ao reconhecer que não mais poderia estabelecer filiais de sua tirania em outros planetas, pois seria facilmente desmascarado pelas criaturas perfeitas devido seu histórico anticristão, anti-Deus e anti-Criação na História da humanidade, concentrou sua maldade contra a Igreja que Deus considera genuinamente Sua;
12.14e foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse até ao deserto, ao seu lugar, aí onde é sustentada durante um tempo, tempos e metade de um tempo, fora da vista da serpente.e do mesmo modo que Ele procurou conduzir, proteger e sustentar o povo de Israel nas regiões desabitadas, após libertá-lo velozmente do Egito, Deus fez exatamente o mesmo com a Igreja perseguida pela cabeça do dragão chamada romanismo papal. Ao conduzir Sua Igreja rapidamente para o abrigo dos montes, nas florestas e em vários outros territórios despovoados, Deus sustentou Seu povo com a teologia bíblica durante os 1260 anos da supremacia papal, de modo que a serpente não conseguiu destruir o cristianismo genuíno.

“O dragão pode machucar o filho machucando à mãe. De maneira que ofender à Igreja significa ofender a Jesus Cristo. Quando Paulo se defrontou com Cristo no caminho a Damasco, as palavras que foram: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’ (Atos 9:4). Até esse momento a ira e a perseguição de Paulo se dirigiam contra a Igreja. Nestas palavras, o Cristo ressuscitado estabelece com toda clareza que a perseguição contra sua Igreja dirige-se contra Ele próprio” (BARCLAY; BIAGINI, 2005, p. 310).

Salmos 55. 6-8 (Nova Almeida Atualizada): Então eu disse: “Quem me dera ter asas como a pomba! Voaria e acharia descanso. Eis que fugiria para longe e ficaria no deserto. Depressa eu me abrigaria do vendaval e da tempestade.”

Jeremias 48.9 e 28 (NAA): “Deem asas a Moabe, para que saia voando; as suas cidades se tornarão em ruínas, e ninguém morará nelas.” “Deixem as cidades e vão morar nos rochedos, ó moradores de Moabe. Sejam como as pombas que se aninham nos flancos da boca do abismo. […]”

“Essa linguagem ecoa a saída de Israel do Egito (Ex 19:4). Assim como Deus cuidou de Israel durante os anos que o povo passou no deserto (Dt 8:15-18), Ele cuida da igreja durante o período profético de 1.260 dias em que ela está no deserto (538-1798 d.C.). Durante aquele período, o povo de Deus sofreu perseguição pelo poder do anticristo (Ap 13:5). A igreja romana perseguiu aqueles que optavam pelos ensinos bíblicos em vez da tradição. Milhões de cristãos sofreram martírio por sua fidelidade ao evangelho. O povo fiel a Deus encontrou refúgio em lugares isolados, a fim de escapar da perseguição e das influências corruptoras da igreja instituída” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p. 78).

“Durante esses 1.260 anos, o papado foi eclesiasticamente supremo nalguns países europeus. Durante a Idade Média, a Europa ocidental prestou homenagem ao Bispo de Roma. Os cristãos que preferiram seguir a Palavra de Deus foram perseguidos por causa de sua fé. A Igreja e o Estado uniram-se para destruí-los. A mão de Deus esteve Sua Igreja verdadeira, livrando-a da extinção. […] Tempo, tempos e metade de um tempo = 360 + 720 + 180 = 1260 anos” (COFFMAN, 1989b, p. 12 e 13).

Um questionamento apropriado: o judaísmo – tão antagônico ao e algoz do cristianismo primitivo –, não deveria estar representado por uma das cabeças do dragão? De fato, as cabeças do dragão, como já detalhadas, são poderes usados por Satanás para perseguir o povo de Deus, mas poderes politicamente hegemônicos. Os judeus enquanto vassalos, escravos dos romanos, possuíam atuação política militar e poder jurídico para decretar a pena de morte completamente submissos aos ditames de seus patrícios. Não se vê os corruptos líderes do judaísmo perseguindo e matando cristãos. No máximo eles constrangiam com ameaças de exclusão do rol de membros de uma sinagoga (cf. Jo 9.22, 12.42) ou levavam o caso para o Sinédrio (cf. At 6.12). O caso de Estêvão parece ser uma exceção a essa regra e uma fonte momentânea de execução paramilitar sumária. Isto se evidencia através de histórias como:

João 18.29-31 (Nova Almeida Atualizada): Então Pilatos saiu para falar com eles e perguntou: — Que acusação vocês trazem contra este homem? Eles responderam: — Se este não fosse malfeitor, não o teríamos entregue ao senhor. Então Pilatos disse: — Levem-no daqui e julguem-no segundo a lei de vocês. Ao que os judeus responderam: — Não nos é lícito matar ninguém.

Atos 9.1 e 2 (NAA): Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho, tanto homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém.

“Desesperado Satanás por não poder vencer a Jesus na terra e também por não mais poder atingir as cortes celestes, procura vingar-se então na igreja. Imediatamente instou terrível perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém, empregando para isto o próprio povo judeu e o famigerado rei Herodes Antipas. As prisões foram abarrotadas de cristãos e se fizeram notar os primeiros mártires da fé. A igreja dispersou-se de Jerusalém e, onde quer que os apóstolos e inúmeros outros crentes anunciavam a Jesus, eram tenazmente perseguidos pelo judaísmo.

“Por fim os imperadores romanos, alarmados com os progressos do cristianismo, desembainharam a espada, desde Nero a Deocleciano, e fizeram correr rios de sangue em todo o império romano. Depois de usar Roma-pagã contra a igreja, Satanás usou Roma-papal. Durante mais de doze séculos a mulher — a igreja — ‘fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus’. ‘Foram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente’.

“As ‘duas asas de grande águia’ são evidências de que a igreja fôra obrigada a refugiar-se nas grandes alturas ou montanhas da Europa, para sobreviver às perseguições do dragão (Êx 19.4). Durante ‘1260 dias’ ou anos, os mesmos ‘um tempo, e tempos, e metade de um tempo’, era da supremacia papal de 538 a 1798, a verdadeira igreja cristã não era a dominante e perseguidora, mas a refugiada nos Alpes da Suíça e do norte da Itália, ou a ‘igreja do deserto’” (MELLO, 1959, p. 323).

“Aqui somos de novo levados ao tempo em que Satanás se convenceu absolutamente de que tinha fracassado em todas as suas tentativas contra o Senhor da glória na Sua missão terrestre. E vendo isso, voltou-se com decuplicada fúria, como já notamos, para a igreja estabelecida por Cristo. Logo vemos a igreja indo para aquela condição que aqui é denominada como uma fuga para ‘o deserto’. Isto deve representar um estado em que se encontra isolada dos olhos públicos e oculta dos seus inimigos.

“Aquela igreja que durante todos [toda] a Idade Média ditava suas ordens aos submissos ouvidos da cristandade, e ostentava seus ostentosos estandartes perante assombradas multidões, não era a igreja de Cristo. Era o corpo do mistério da iniqüidade. O ‘mistério da piedade’ foi Deus manifestado aqui como homem. O ‘mistério da iniqüidade’ foi um homem pretendendo ser Deus. Esta foi a grande apostasia produzida pela união do paganismo com a [o] cristianismo.

“A verdadeira igreja estava escondida. Adorava a Deus em lugares secretos. Podem considerar-se como bons exemplos disso as cavernas e lugares ocultos dos vales do Piemonte, onde a verdade do Evangelho foi apreciada como sagrada e era protegida da fúria dos seus inimigos. Ali Deus velava sobre a Sua igreja, e pela Sua providência a protegia e sustentava. As asas de águia que lhe foram dadas significam apropriadamente a pressa com que a verdadeira igreja foi obrigada a procurar refúgio quando o homem do pecado se instalou no poder. Para este fim lhe foi provida a assistência de Deus. A mesma figura é empregada para descrever as relações de Deus com o antigo Israel: ‘Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre as asas de águias, e vos trouxe a Mim.’ (Êxodo 19:4)” (SMITH, 1979, p. 185 e 186).

“Satanás continuou suas atividades na Terra, lançando sua fúria contra o grande objeto do amor de Cristo no mundo: a igreja. No entanto, a igreja encontrou proteção nos lugares desertos da Terra durante o período de 1.260 dias/anos. O período da perseguição empreendida por Satanás é mencionado duas vezes em Apocalipse 12 em termos de 1.260 dias/anos (Ap 12:6) e ‘um tempo, dois tempos e metade de um tempo’ (Ap 12:14).

“Ambos os períodos se referem à duração da ação perseguidora do chifre pequeno mencionado em Daniel 7:23 a 25. Na Bíblia, os dias proféticos simbolizam anos. O período da história que melhor se encaixa nesse período profético é 538 a 1798 d.C., durante o qual a Igreja Católica Romana, como poder eclesiástico e de Estado, dominou o mundo ocidental até 1798, ano em que Berthier, general de Napoleão, acabou com o poder opressivo de Roma, pelo menos temporariamente” (STEFANOVIC; MODZEIESKI, 2019, p. 103).

12.15Então, a serpente arrojou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, a fim de fazer com que ela fosse arrebatada pelo rio.Satanás e os demais demônios usaram inúmeras artimanhas para destruir a Igreja genuína nesse período, entre os anos 538 e 1798: encarceramento da Bíblia, enxurrada de crenças antibíblicas fabricadas pela usurpação papal da autoridade de Deus e outras superstições irracionais; alteração dos 10 mandamentos e outros revisionismos; globalização e aculturação sob o ubíquo mantra de pretensa autoridade divina e ameaças de castigos eternos; censuras e sanções econômico-político-religiosas; linchamento da reputação, humilhações e outras violências; torturas psicológicas e físicas e pena de morte.
12.16A terra, porém, socorreu a mulher; e a terra abriu a boca e engoliu o rio que o dragão tinha arrojado de sua boca.No entanto, a Igreja encontrou refúgio e alívio em: territórios desabitados; conflitos políticos mundanos nos quais a falsa Igreja papal se envolvia, os quais distraíam o pseudocristianismo perseguidor; a racionalidade e coerência da Reforma protestante; e a perda da popularidade decorrente dos irracionalismos em nome de Deus efetuados pelo catolicismo contra as nações. Tudo isso impediu a destruição da Igreja genuína a despeito das inúmeras tentativas satânicas.

“Vimos que nas imagens antigas o dragão do caos provinha do mar e por isso é bastante natural relacionar os rios com o dragão. Entretanto, aqui também temos outra imagem do Antigo Testamento. Nele, os juízos, as tribulações e as perseguições se comparam com rios caudalosos. ‘Todas as tuas ondas e vagas passaram sobre mim’ (Salmo 42:7; Salmo 32:6; Salmo 124:4; Isaías 43:2). O emprego que faz João da imagem do dragão que arroja água pode ser grotesco, mas procede de uma idéia que o Antigo Testamento conhecia muito bem e usava com freqüência” (BARCLAY; BIAGINI, 2005, p. 311).

“Em Sal. 74: 13 e Ezeq. 29: 3, um dragão é identificado como um animal aquático; daí, provavelmente, a figura da água como um símbolo de destruição. Satanás procurou destruir um a igreja cristã pela inundação de falsas doutrinas, bem como pela perseguição […]” (NICHOL; FORTES, 1988, p. 211).

“Durante o período da supremacia papal já aludido, êste poder procurou afogar a igreja do deserto com cruzadas sanguinárias compostas de reis e exércitos fanáticos, guiados por monges e prelados sedentos de sangue inocente” (MELLO, 1959, p. 325).

“A serpente lançou de sua boca água como um rio para arrebatar a igreja. Por suas falsas doutrinas o papado corrompeu de tal maneira todas as nações, que dominou absolutamente sobre o poder civil durante longos séculos. Por seu intermédio Satanás pôde arremessar uma poderosa inundação de perseguição contra a igreja em todas as direções, e não tardou em fazê-lo. Milhões de crentes fiéis foram arrebatados pelo rio, mas a igreja não foi completamente tragada, pois os dias foram abreviados por causa dos escolhidos (Mateus 24:22)” (SMITH, 1979, p. 187).

“Quando o dragão ou a serpente arrojou os rios de água a Terra os engoliu e salvou a mulher. Não é difícil saber de onde extraiu João esta imagem. Na Ásia Menor era costume suceder com freqüência que os rios fossem tragados pela areia durante algum trecho para voltar a reaparecer alguns quilômetros mais adiante. Havia um exemplo deste fenômeno perto de Colossos, uma região que João devia conhecer muito bem. Sabia que a terra podia engolir rios” (BARCLAY; BIAGINI, 2005, p. 311).

“No esforço de destruir a mulher, ‘a serpente arrojou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, a fim de fazer com que ela fosse arrebatada pelo rio’ (Ap 12:15). Essa torrente de água que vem da boca da serpente lembra as palavras enganosas que ela proferiu no jardim do Éden (Gn 3:1-5). Da mesma forma, Satanás está tentando destruir o povo de Deus com uma enxurrada de falsos ensinos. No Antigo Testamento, a imagem de uma tor- rente de água é usada com frequência como símbolo dos inimigos do povo de Deus, que o atacam e destroem (Sl 69:1, 2; 124:2-5; Is 8:7, 8; Jr 47:2).

“A água como um rio que sai da boca do dragão tem dois significados: perseguição e falsos ensinos. São essas as armas que Satanás utiliza contra o povo de Deus durante o período profético de 1.260 dias na era medieval. No entanto, a terra resgata a mulher de maneira providencial, ao tragar a água mandada pelo dragão (Ap 12:16). Mais uma vez, João utiliza a linguagem do êxodo. Assim como a terra tragou os egípcios que estavam perseguindo os israelitas (Ex 15:12), a amistosa terra engole a torrente de perseguição e falsos ensinos que o dragão usou para tentar destruir a mulher” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p. 72).

“Em linguagem profética, águas representam povos (Apocalipse 17:15). Grandes exércitos foram comissionados pela Roma cristã com o propósito de perseguir. Que dilúvio de perseguição! Três milhões de pessoas deram suas vidas pela fé que aceitaram! Infelizmente, não foi apenas a Roma pagã que foi usada pelo inimigo para atacar. A igreja matou mais cristãos naquela época do que os pagãos jamais o fizeram! Nenhuma outra instituição na Terra derramou mais sangue do que a igreja. Os piedosos valdenses, escondidos nas cavernas, lendo a Bíblia, guardando o sábado, foram caçados como animais. No ano 1280, uma cruzada foi organizada contra eles. Em um ano, um milhão de valdenses foram mortos. Seu único crime foi estudar a Palavra de Deus e obedecê-la. De 1540 a 1580, 900 mil cristãos foram mortos pelos jesuítas por obedecerem sua consciência. E 150 mil foram mortos só na Inquisição” (FEYERABEND, 2005, p. 106).

“As cenas do grande conflito projetam-se para frente e para trás. Na cena introdutória, foi-nos dito que o grande dragão vermelho perseguiria a mulher ao longo de 1.260 anos. Agora, este período é focalizado novamente, e em maiores detalhes. É identificado como ‘um tempo, tempos e metade de um tempo’. Veja abaixo. Durante esses longos e dolorosos anos, ‘a serpente arrojou de sua boca, atrás da mulher, água como um rio, a fim de fazer com que ela fosse arrebatada pelo rio. A terra, porém, … abriu a boca e engoliu o rio que o dragão tinha arrojado de sua boca’. Pelo fato de, muitas vezes, a água representar ‘povos, multidões, nações e línguas’, como em Apocalipse 17:15 e em outras partes deste livro e em Daniel, alguns comentaristas crêem que a ‘água’ arrojada da boca do dragão é um símbolo dos exércitos que muitas vezes foram comissionados pela Igreja Cristã Romana com finalidade persecutória.

“Segunda essa interpretação, a ‘terra’ que abriu a sua ‘boca’ e ‘engoliu’ a água, é considerada como símbolo de regiões relativamente desabitadas, para as quais os cristãos perseguidos fugiram em busca de refúgio. (Assim, o conceito de ‘terra’ acha-se cm oposição ao de ‘mar’. […]) É fato notório que muitos cristãos obtiveram alívio da perseguição ao fugirem para as elevadas montanhas e vales dos Alpes, bem como nas escassamente povoadas colônias britânicas da América do Norte.

“Uma outra interpretação da água lançada pela serpente focaliza a atenção na ‘boca’ da mesma, pois esta é a fonte de onde flui a água. Essa interpretação traz à cena as enganosas palavras que a serpente proferiu diante de Eva, em Gênesis 3, e vê a água como uma torrente de palavras enganadoras, um dilúvio de falsas doutrinas, uma cascata de mentiras. Segundo tal interpretação, a ‘boca’ da ‘terra’ que tragou a água, inclui a arqueologia e a geologia. A primeira provê evidências — encontradas na Terra — que ajudam a confirmar a exatidão histórica da Bíblia. A geologia provê evidências que ajudam a demonstrar a falência da teoria evolucionista, tais como a ausência de fósseis-chaves, a presença de dessemelhanças e a intensa complexidade até mesmo das mais elementares formas de vida.

“Observada como um todo, a linguagem simbólica pode ser considerada, em si mesma, como uma adaptação da história do Grande Dilúvio relatada em Gênesis 6 a 9. Se Deus não houvesse protegido a Noé e sua família, as águas do dilúvio universal teriam varrido da face da Terra a semente da mulher (tomando-se esta última expressão como sinônima da descendência de Eva, ou seja, a raça humana); consequentemente, esse evento teria impedido o aparecimento futuro de Jesus, a Semente especial. Entretanto, Deus protegeu uma família humana, e através desta preservou a raça como um todo.

“Depois que as águas do dilúvio prevaleceram por muitos dias, elas por fim cederam, sendo absorvidas pela face da Terra. Gênesis 8:13. Em Apocalipse 12:14, Deus preserva a mulher (símbolo, agora, da verdadeira igreja) de ser arrastada ao prover-lhe, não a arca de Noé, mas ‘as duas asas da grande águia’. Uma vez mais, a linguagem é adaptada do Antigo Testamento. Quando os israelitas escaparam da escravidão egípcia, Moisés expressou-se dizendo que Deus os havia conduzido ‘sobre asas de águia’. Êxodo 19:4. Noutro texto ele diz que Deus os sustentara sob os Seus ‘braços eternos’. Deuteronômio 33:27. Os poderosos e amoráveis braços de Deus preservaram a Noé e sua família durante o grande Dilúvio, protegeram o povo de Israel durante o Êxodo e guardaram a verdadeira igreja durante os 1.260 anos” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 331 e 332).

“Antes do século dezesseis, homens possuídos do Espírito de Deus ergueram corajosamente a voz contra os grosseiros erros do fanatismo de Roma e da pretensão do papado em equiparar-se a Deus. Um destes invulneráveis baluartes foi João Wycliff, que começou sua obra em 1360 na Inglaterra. ‘Wycliff destaca-se dentre todos os homens da cristandade, com característicos inconfundíveis. Aparece repentinamente em uma idade sombria, e sobressai diante dela com uma luz que não recebe emprestada das escolas, nem dos doutores da igreja, senão da Bíblia. Veio pregando um plano de reinstituição e reforma tão abarcante a que nenhum reformador tem podido acrescentar um só princípio essencial. Por êstes sólidos motivos tem direito a ser considerado como o pai da Reforma. Com sua aparição terminou a noite da cristandade, e amanheceu o dia que desde então tem continuado brilhando sempre mais’ (El Permanente Don de Profecia, Arturo G. Danielss, 238).

“Wycliff deu a Bíblia ao povo inglês na língua vulgar e escreveu e publicou muitos folhetos contra os abusos dos frades e as pretensões de Roma. Não temeu os trovões da ira romana; antes prosseguiu com destemor na obra que Deus lhe confiara, fazendo resplandecer nas espessas trevas a gloriosa tocha do evangelho de Cristo, colocando assim os fundamentos da Reforma que viria dois séculos depois dêle. Um século antes de Lutero levantou-se João Hus, na Boêmia, erguendo a sua voz num clamor contra os erros espalhados pela igreja dominante que o levou ao poste do suplício para ser queimado. Não tardou muito que outra fogueira se acendesse, em Constança, aliás para abafar a voz de Jerônimo que com veemência denunciara as especulações errôneas do clero. E numerosos foram os portadores de luz que sucumbiram ao denunciarem as superstições de Roma antes do século dezessete. Mesmo dentro da igreja reinante havia muitos que suspiravam por suas corrupções da sã doutrina e apegavam-se unicamente à verdade esperando uma reforma.

“[…] Vimos que o rio de que fala a profecia era simbólico das cruzadas papais contra a ‘igreja do deserto’, refugiada nos Montes Alpinos. Algo notável deveria ocorrer para refrear e anular as perseguições contra os valdenses das montanhas. A terra, no sentido da profecia, representava o mundo, a humanidade. Assim, um acontecimento na terra ajudaria a igreja. E que acontecimento tomou lugar naqueles dias de perseguição, que veio ajudar a igreja perseguida? A resposta, incontestável, é: A REFORMA DO SÉCULO DEZESSEIS. Sim, a Reforma que desde Wycliff manifestava seus clarões instala-se definitivamente” (MELLO, 1959, p. 327 e 328).

“‘A terra ajudou a mulher’, abrindo sua boca e tragando o rio. A Reforma protestante do século dezesseis começou a sua obra. Deus suscitou a Martinho Lutero e seus colaboradores para exporem o verdadeiro caráter do papado e quebrarem o poder com que a superstição tinha escravizado as mentes. Lutero afixou suas teses na porta da igreja de Wittenberg. A pena com que as escreveu, segundo o simbólico sonho do bom eleitor Frederico, da Saxônia, percorreu o continente e abalou a tríplice coroa sobre a cabeça do papa. Os príncipes começaram a abraçar a causa dos reformadores. Foi o amanhecer da luz e liberdade religiosa, e Deus não ia permitir que as trevas tragassem o seu fulgor.

“O encanto estava quebrado. Os homens viam as bulas e anátemas dos papas cair inofensivos a seus pés, à medida que ousavam exercer o direito recebido de Deus para reger suas consciências só por Sua palavra. Multiplicaram-se os defensores da verdadeira fé. E em breve houve suficiente terreno protestante na Europa e no Novo Mundo para engolir o rio da fúria papal e tirar-lhe o poder de danificar a igreja. Assim a terra ajudou a mulher, e tem continuado a ajudá-la até hoje, pois as principais nações da cristandade têm fomentado o espírito da Reforma e da liberdade religiosa” (SMITH, 1979, p. 187).

“Alguns defendem que a ‘terra’ aqui representa áreas em que havia escassez de pessoas, em contraste com ‘águas’, que por vezes representam ‘povos’, ‘nações’ e ‘línguas’ (cap. 17: 15). Apontam que no tempo da Reforma havia multidões de pessoas na Europa e no Extremo Oriente, mas que o continente norte-americano era dispersamente povoado. Assim apontam essa região como a ‘terra’ que traz alívio perseguida igreja do Velho Mundo. As terras protestantes da Europa Ocidental, que se tornaram abrigos da perseguição, podem também ser incluídas. Outros apontam a Reforma protestante em si como o maior fator na ruptura do fascínio da igreja apóstata. ENGOLIU. Isto é, tornou sem efeito os ardis de destruição” (NICHOL; FORTES, 1988, p. 211).

“Durante esse longo período de perseguição, o dragão fez jorrar de sua boca água como um rio a fim de destruir a mulher. Águas representam povos e nações (Ap 17:15). Roma enviou exércitos e nações para guerrear contra o povo fiel de Deus durante esse tempo. Próximo do fim desse período profético, uma terra favorável engoliu o rio e salvou a mulher, proporcionando- lhe um abrigo seguro. Essa provisão indica o refúgio que os Estados Unidos, com sua liberdade religiosa, proporcionaram (Ap 12:16)” (STEFANOVIC; MODZEIESKI, 2019, p. 103).

“Os primeiros dezesseis versos terminam em 1798 A.D., quando findaram os 1.260 anos que a Igreja passou no ‘deserto’. Em todas as épocas, até esse ponto, Deus teve verdadeiros seguidores que muito sofreram por Ele. Nalgumas ocasiões parecia que eles seriam eliminados da Terra, mas o diabo não teve permissão para extingui-los” (COFFMAN, 1989b, p. 17).

12.17Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus;A perseverança da Igreja de Deus só aumentou o ódio do pai da mentira, o qual, após o fim do período da tirania católica romana, depois de 1798, continuou guerreando abertamente contra os poucos cristãos persistentes, indivíduos espalhados pertencentes àquela Igreja! Nessa época eles serão caracterizados como estando a obedecer aos Dez Mandamentos de Deus, manter-se fiéis à revelação profética bíblica e receber o dom de profecia em seus dias também.
12.18e se pôs em pé sobre a areia do mar.Então eu vi a serpente bem perto das multidões, para continuar agindo entre elas.

“Os versos 1 a 16 salientam várias vezes que o diabo atacou furiosamente a Cristo e Sua Igreja no decorrer da História. O contexto do verso 17 indica que a ira de Satanás é manifestada contra a Igreja depois de 1798. A Igreja do ‘tempo do fim’ (Dan. 12:7 e 9) é o alvo especial dos ataques demoníacos” (COFFMAN, 1989b, p. 18).

“GUARDAM OS MANDAMENTOS. O fato de os restantes serem assim identificados indica que os mandamentos Deus serão objeto especial de controvérsia nessa luta entre o dragão e a igreja […]” (NICHOL; FORTES, 1988, p. 212).

“Desde o início do grande conflito no Céu, tem sido o intento de Satanás subverter a lei de Deus. Foi para realizar isto que entrou em rebelião contra o Criador; e, posto que fosse expulso do Céu, continuou a mesma luta na Terra. Enganar os homens, levando-os assim a transgredir a lei de Deus, é o objetivo que perseverantemente tem procurado atingir. Quer seja isto alcançado pondo de parte toda a lei, quer rejeitando um de seus preceitos, o resultado será finalmente o mesmo. Aquele que tropeçar em um só ponto’, manifesta desprezo pela lei toda; sua influência e exemplo estão do lado da transgressão; torna-se ‘culpado de todos.’ Tiago 2:10.

“Procurando lançar o desprezo sobre os estatutos divinos, Satanás perverteu as doutrinas da Escritura Sagrada, e assim se incorporaram erros na fé alimentada por milhares dos que professam crer nas Escrituras. O último grande conflito entre a verdade e o erro não é senão a luta final da prolongada controvérsia relativa à lei de Deus. Estamos agora a entrar nesta batalha — batalha entre as leis dos homens e os preceitos de Jeová, entre a religião da Bíblia e a religião das fábulas e da tradição” (WHITE, 2013, p. 508).

“‘E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra contra os demais de sua semente, que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo.’ Apocalipse 12:17. Num futuro não muito distante haveremos de ver estas palavras cumpridas, quando as igrejas protestantes se aliarem com o mundo e o poder papal contra os que guardam os mandamentos de Deus. O mesmo espírito que atuou nos romanistas em épocas passadas há de induzir os protestantes a adotarem as mesmas medidas contra os que se conservam leais à lei de Deus” (WHITE, 2008, p. 140).

“Ann Landers disse: ‘Se Deus não considerasse importante nossa obediência a Ele, teria nos dado apenas dez sugestões.’ Muitas pessoas consideram os Dez Mandamentos como um conjunto de leis que não se aplicam aos dias atuais. Alguns chegam a dizer que a tentativa de guardar os Dez Mandamentos é uma forma de legalismo. Pensam que a lei do amor nos leva a agir, algumas vezes, de forma contrária aos Dez Mandamentos. […] A obediência aos mandamentos nunca é apresentada na Bíblia como meio de salvação. Mas é muitas vezes apresentada como resultado e evidência da salvífica graça de Deus no coração. Está você desfrutando a salvação em Cristo no tempo presente? Em caso afirmativo, viver de acordo com os Seus mandamentos é uma alegria e um privilégio para você” (COFFMAN, 1989b, p. 21 e 25).

“O versículo 17 apresenta uma explosão final da sua ira, desta vez contra a última geração de cristãos que viveriam na Terra. Nós dizemos a última geração, porque a guerra do dragão é dirigida contra ‘os restantes de sua descendência’ [da mulher], ou seja, da verdadeira igreja, e só a última geração pode com verdade ser descrita como o resto. Se é correta a interpretação de que já alcançamos a geração que há de testemunhar o fim das cenas da Terra, esta guerra contra a igreja não pode estar num futuro muito longínquo. Este remanescente é caracterizado pela guarda dos mandamentos de Deus e por ter o testemunho de Jesus Cristo. Isto indica que nos últimos dias se realizaria uma reforma do sábado, porque só acerca do sábado, dentre os mandamentos, há uma diferença de fé e prática entre os que aceitam o Decálogo como lei moral” (SMITH, 1979, p. 187 e 188).

“Com o versículo quatorze chegamos ao ano 1798, até onde o dragão, por meio do papado, perseguiu a ‘igreja do deserto’, tendo vindo a Reforma amenizar os sofrimentos da igreja. O versículo dezessete, porém, leva-nos ao fim, ao fim da história da igreja de Cristo e bem assim ao fim da história do mundo, aliás, para além de 1798. E o dragão está novamente irado contra a igreja de Cristo, que é considerada um ‘resto’, evidência esta de que a ira do dragão predita no texto seria manifesta no fim da história secular e que neste fim a igreja não seria uma grande corporação, mas um ‘resto’, isto é, seria constituída de poucos membros em relação ao número de adeptos de igrejas anticristãs” (MELLO, 1959, p. 330).

Apesar desta constatação, o autor, nova e contraditoriamente, mantém a crença de que esse “resto”, esse povo pequeno e espalhado, é precisamente a denominação da qual ele faz parte.

“Ao tratarmos da profecia do capítulo dez, constatamos ali a anunciação de um grande movimento religioso no ‘fim do tempo’ iniciado em 1798 com a queda do papado, movimento êste que atingiu o ano de 1844. Nesta data, como pudemos apreciar, a pura pregação apostólica devia ser restaurada em sua perfeição e grandeza, sendo para isto imprescindível que surgisse um povo especial para restaurá-la. Certificamo-nos de que, em 1844, a única igreja que surgiu, aceitando tôda a Bíblia, ensinando-a e adorando no santuário celestial, que é o único centro de adoração da igreja de Cristo na era cristã, foi a igreja Adventista do Sétimo Dia, conforme as profecias de Daniel e do Apocalipse, como uma continuação da ‘igreja do deserto’ que mantinha os princípios apostólicos tanto na crença como na pregação. É, pois, contra esta igreja, que Satanás logo demonstrará sua terrível ira” (MELLO, 1959, p. 330).

De novo: os que cumprem Ap 10.11 e 11.1 e 2, bem como Ap 14.6-12 podem pertencer ao pequeno grupo de Ap 12.17. Tanto eles como os que, atendendo a mensagem deles, passam a obedecer a Deus e Sua revelação profética. Sem dúvida, alguns desses mensageiros foram/são/serão membros da IASD. No entanto, como atesta a própria história desta denominação (e de todas as outras), nem todos os matriculados foram/são/serão parte dos mensageiros espalhados de Ap 10, 11 e 14, e, portanto, não pertencem ao pequeno grupo de Ap 12.17. “Os que guardam” são os que cumprem, não os que estão matriculados numa denominação que professa guardar.

“Não pode haver nenhuma dúvida quanto à ira do dragão contra a igreja verdadeira de nossa geração. ‘Aquêles que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus, sentirão a ira do dragão e suas hostes. Satanás enumera o mundo como seus súditos, tem ganho contrôle das igrejas apóstatas; mas aqui está um pequeno grupo que está resistindo sua supremacia. Se êle pudesse eliminá-los da terra, seu triunfo seria completo. Ao influenciar as nações pagãs para destruir Israel, assim no próximo futuro êle comoverá os poderes ímpios da terra para destruir o povo de Deus’ (Testimonies for the Church, E. G. White, Vol. V, 472).

“[…] Os mandamentos de Deus referidos são os contidos na lei do Decálogo, a lei conhecida dos dez mandamentos. Esta lei é a carta magna do governo universal de Deus. Seus preceitos expressam o caráter de Deus, Seu legislador. Deus deseja que Seus filhos, através da obediência sincera de Sua lei, desenvolvam o Seu próprio caráter de Pai de amor e justiça. E foi o Senhor Deus mesmo Quem escrevera em tábuas de pedra, com Seu próprio punho, esta grande lei para Seus filhos. E a razão por que Deus mesmo preferiu escrever Sua lei, jaz no fato de ela ser uma parte da revelação demasiado sagrada e importante para ser escrita pela mão do homem. Aquilo que é a expressão de Seu caráter só Êle mesmo poderia escrever. Nisto jaz a importância da lei de Deus.

“Deus tem leis físicas e sábias para regular tôdas as Suas variadas obras em todo o Seu universo nos três reinos da natureza — mineral, vegetal e animal. Mas, para regular as relações morais e espirituais do homem para com Deus e do homem para com seus semelhantes, tem Êle a lei do Decálogo, os dez mandamentos. Os quatro primeiros preceitos põem o homem em harmonia com Deus e os seis últimos com o seu semelhante (Mt 22:35-39).

“Mas os homens estragaram o mundo de Deus fazendo-se legisladores em vez de aceitarem a lei do Decálogo para viverem felizes e em paz uns com os outros. Só Deus, que conhece a natureza e necessidade do homem, pode dar-lhe leis perfeitas que regulem sua vida, trazendo-lhe paz e bem estar completos. E isto Êle fêz por Sua divina lei. Esta é uma lei para tôdas as raças e culturas humanas.

“A urgente necessidade do mundo hoje é um retorno à lei de Deus, os dez mandamentos. E a igreja desta profecia foi por Deus apontada para restaurar na terra a observância do Decálogo como única salvaguarda da paz e felicidade mundiais. E haverá pronta obediência à lei de Deus quando o coração estiver cheio de amor para com Êle” (MELLO, 1959, p. 330 e 331).

“Os que guardam”, não os meramente matriculados numa denominação que professa guardar, são os que cumprem a profecia. Uma “igreja” ou denominação, a menos que possua 100% de seus membros matriculados guardando os mandamentos, estará fora do cumprimento dessa profecia, embora possa ter membros seus que estejam cumprindo com precisão a previsão de Ap 12.17.

“O TESTEMUNHO DE JESUS CRISTO. Em grego esta frase pode ser entendida ou como ‘o testemunho’ que os cristãos dão concernente a Jesus, ou como o ‘testemunho’ que provem de Jesus e é revelado a Sua igreja mediante os profetas […]. Uma comparação com о сар. 19: 10 favorece claramente a última interpretação. Ali o ‘testemunho de Jesus’ é identificado como sendo o ‘espírito de profecia’, significando que Jesus está testemunhando a igreja por intermédio da profecia.

“A estreita relação entre o ‘testemunho de Jesus’ e a profecia é ainda demonstrada por comparação entre caps. 19: 10 e 22: 9. No cap. 19: 10, o anjo identifica-se como ‘conservo teu e dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus’, e no cap. 22: 9, como ‘conservo teu, e dos teus irmãos, os profetas’. Assim, pela conclusão razoável de que estas duas expressões do anjo são paralelas, os que têm o testemunho de Jesus são identificados com os profetas. Visto que obra característica dos profetas é dar as mensagens de Jesus ao povo […], a interpretação de que o testemunho se refere ao ‘testemunho’ que Jesus confere à igreja é fortemente apoiada. Os adventistas do sétimo dia interpretam assim a passagem e creem que os ‘restantes’ serão distinguidos pela manifestação do dom de profecia em seu meio. O ‘testemunho de Jesus Cristo’, crêem, é o testemunho de Jesus em seu meio por intermédio do dom profético” (NICHOL; FORTES, 1988, p. 212).

“A revelação é denominada de — Testemunho de Jesus — porque os profetas proferiram-na inspirados pelo Espírito de Jesus, o Espírito Santo: ‘Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo’ (2ª Pe 1.21). De acordo com a profecia e o exposto aqui, a verdadeira igreja de Jesus nesta atual geração, da qual temos falado, tem o ‘Testemunho de Jesus’. Um profeta, pelo menos, deve ter-lhe falado e orientado em nome de Jesus. A igreja, que não tem o ‘Testemunho de Jesus’, embora se chame cristã, não é Sua igreja na terra” (MELLO, 1959, p. 332).

“[…] seria razoável que esperássemos um reavivamento do dom de profecia no tempo do fim, manifestado entre o povo que crê na necessidade de se guardar os mandamentos de Deus. Já observamos ao longo de todo o debate mais amplo que a guarda dos mandamentos envolve a decisão de receber a bênção do sábado do sétimo dia. Os adventistas do sétimo dia [asd] constituem o principal grupo que, no tempo do fim, crê na guarda do sétimo dia como sendo a do sábado. Os membros dessa igreja têm considerado os escritos de Ellen G. White como sendo divinamente inspirados. Sua produção literária, que ao longo da vida acumulou cerca de 100 mil páginas manuscritas, parece suportar plenamente os testes bíblicos de um profeta verdadeiro e de trazer em seu próprio bojo as evidências de que provêm de uma fonte divina. Esses escritos parecem ser o ‘testemunho de Jesus’.

“Os escritos de Ellen G. White têm falado com eficácia espiritual a pessoas de muitas culturas e idiomas. Caminho a Cristo já foi traduzido pata 145 línguas e dialetos, fazendo com que Ellen White tenha se tornado, na verdade, ‘o quarto autor mais traduzido na história da literatura, a mais traduzida dentre todas as escritoras, e o autor americano mais traduzido de ambos os sexos. Roger W Coon, A Gift of Light (Washington, D.C.; Review and Herald Publishing Assn., 1983), pág. 21.

“Por ocasião de sua morte em 1915, o jornal Independent, da cidade de Nova Iorque, disse a seu respeito: ‘Ela não demonstrou orgulho espiritual, tampouco buscou lucro corrupto. Ela viveu a vida e realizou o trabalho de uma genuína profetisa.’ Na década de 1950, o renomado arqueólogo William Foxwell Ãlbright (que escreveu mais de oitocentos artigos e foi distinguido com vinte e cinco títulos de ‘doutor honoris causa’) investigou a vida de Ellen White e declarou que ela foi uma autêntica profetisa. Sua filosofia de educação, conforme expressa no livro Educação (editado pela Casa Publicadora Brasileira), foi publicado com retumbantes elogios pelo Governo do Japão. Suas orientações quanto ao viver saudável – tão estranhas na época em que foram escritas, tão ‘normais’ nos dias de hoje – têm sido realçadas por vários especialistas. Roger W Coon, A Gift of Light (Washington, D.C.; Review and Herald Publishing Assn., 1983), págs. 52-60.)

“Entretanto, uma pessoa que tenha recebido o dom de profecia, não deve ser avaliada a partir de recomendações. Fidelidade à Bíblia é o teste decisivo. Deus, ‘que não pode mentir’ (Tito 1:2), jamais revelaria a um porta-voz do tempo do fim alguma coisa contrária àquilo que Ele mostrou aos profetas bíblicos. A melhor forma de você decidir se Ellen White escreveu sob o poder de Deus, é lendo os seus escritos! Para citar um exemplo, eu recomendaria Caminho a Cristo. Se você desejar obras mais substanciais, leia O Desejado de Todas as Nações – uma impressionante biografia de Cristo – e O Grande Conflito. Todos os livros mencionados são publicados pela editora do livro que você está lendo. Muitas pessoas têm considerado estas obras como extremamente proveitosas” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 422, 423 e 436).

“A Igreja Adventista do Sétimo Dia crê a respeito da obra de Ellen G. White (1827-1915): ‘Um dos dons do Espírito Santo é a profecia. Esse dom é uma característica da Igreja remanescente e foi manifestado no ministério de Ellen G. White.’ – ‘Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia’, Seventh Adventist Yearbook, 1987, pág. 7. Esta crença se baseia no fato de que a obra de Ellen G. White está à altura das provas bíblicas de quem um profeta é verdadeiro. Esta evidência inclui a harmonia de seus escritos com as Escrituras, os frutos de sua obra, o cumprimento de suas predições, sua exaltação de Cristo, bem como a natureza oportuna e prática e a exatidão de suas mensagens. Seu estado físico enquanto se achava em visão também constitui um fator corroborante. […] (Ver ainda Joel 2:28-32; Efés. 4:11-14). […] provas de um profeta verdadeiro […]: Isa. 8:20; Apoc. 22:18 e 19; S. Mat. 7:15-20; Deut. 18:21 e 22; Jer. 28:9; I S. João 4:1-3” (COFFMAN, 1989b, p. 25-27).

Concordo. No entanto, admoesto mais uma vez: os que professam “guardar o testemunho de Jesus” simplesmente por estarem matriculados numa denominação que possui um profeta verdadeiro, são iludidos e ineficazes, não apresentam o resultado esperado, tanto quanto os que têm o remédio em sua casa, mas morrem por não usarem-no. Somente os que tomam o remédio é que são realistas e eficazes, e não todos os que têm o remédio em casa pelo fato de terem o remédio em casa!Novamente a ilusão da coletividade guardando os mandamentos – crença falsa –, é agora estendida para o conceito do ‘testemunho de Jesus’. Será que todos os asd são exímios conhecedores da Bíblia ao ponto de conhecerem o testemunho de Jesus na vida e escritos da profetisa Ellen? Será que 100% dos asd guardam o testemunho de Jesus? A instituição/coletividade se sobrepõe sobre os indivíduos? Só para os iludidos as respostas dessas indagações são positivas.

Rossi e Barbosa (2012, p. 18), embora tentando dar ênfase ao coletivo, a despeito deste ser efeito e não causa da fidelidade/infidelidade dos indivíduos que o compõe, reconhecem que: “Uma igreja assim pode ser conhecida, não por suas afirmações pretensiosas de santidade ou autoridade, mas sim por dois sinais apostólicos da verdadeira adoração: por sua obediência a todos os mandamentos de Deus e por apegar-se ao testemunho e à fé de Jesus (Apocalipse 12:17; 14:12).

“Hoje, os adoradores de Deus que possuem essas duas características estão em identidade e harmonia com a igreja dos apóstolos. Isso quer dizer que a igreja remanescente está certa ao se igualar à igreja apostólica em suas crenças fundamentais e em sua adoração espiritual de Deus”. Se a missão de uma instituição fosse alcançada apenas por sua profissão e não pelo cumprimento dela na vida de seus membros, então o romanismo seria o corpo de Cristo na Terra e Satanás seria Deus. Os indivíduos espalhados que “guardam”, e não uma instituição (um monólito) que professa guardar – é assim, eu entendo, que a Ap 12.17 tem sido cumprido e se cumprirá.

Sem dúvida a existência de um CNPJ para administrar pessoas com crenças e práticas aparentemente comuns é uma ideia válida e até bíblica! A etnia abraâmica no passado pode ser relacionada aos procedimentos jurídicos da atualidade. No entanto, a ênfase que os autores asd dão ao CNPJ gera um campo cego que permite a esses autores e demais membros da IASD extrapolações do texto sagrado, como a crença de que Ap 12.17 se refere, não a CPFs espalhados pelo planeta, mas a um único CNPJ. Claramente se percebe isso em Oliveira et al. (2015, p. 41 e 42), Nichol e Fortes (1988, p. 213-219), para citar alguns. E mesmo fazendo ressalvas onde se diz que a denominação deles não crê que só seus membros serão salvos, e que pessoas sinceras de outras denominações também cumprem Ap 12.17, diante das declarações anteriores, as quais ultrapassam o que está escrito, tais ressalvas se aproximam de um pedido de desculpas demagógico.

E quando isso é colocado como uma condição para se matricular nesse CNPJ, na profissão pré-batismal, isso pode alastrar ainda mais a sensação de que a IASD monopoliza, em seu credo, o cumprimento de uma profecia que se refere à indivíduos dispersos, e não a um grupo que exige de seus membros a confiança no coletivo. Isso pode gerar uma psicologia fantasiosa.

“A lei de Deus e o Testemunho de Jesus não podem divorciar-se. A igreja que tem um deve ter o outro — um só não poderá possuir. […] E’ impossível uma igreja que rejeita a lei de Deus ou parte dela, que é o mesmo que rejeitá-la tôda, ter o Testemunho de Jesus. Quando na antiguidade Israel afastava-se da lei de Deus, o Testemunho de Jesus ou o Dom de Profecia, cessava, Deus não lhe despertava profetas. Há neste sentido textos muito claros e falam bem alto de que a violação da lei de Deus evita a comunicação com Deus através do Testemunho de Jesus — o Dom de Profecia (1° Sm 3:1; Lm 2:9; Ez 7:26; 20:1-3, 12-13, 18,-21). O último texto indicado enfatiza que a profanação do Sábado do sétimo dia, como dia santificado de Deus, afasta o Dom de Profecia e impede a comunicação com Deus (MELLO, 1959, p. 332).

Aqui também vejo com preocupação a mistura de ovelhas e bodes, trigo e joio feita. Colocar tudo dentro de um mesmo saco interpretativo revela como premissas falsas sustentam crenças igualmente falsas. De fato, o capítulo 20 do profeta Ezequiel representa e amplia o tema abordado nas outras passagens citadas acima por Araceli Mello. De fato, há um abismo entre a desobediência deliberada dos 10 Mandamentos e o dom de profecia. E é sobre isso que o profeta escreve! Ele não escreveu sobre qualquer desobediência aos 10 Mandamentos, e ele não colocou no mesmo saco a desobediência deliberada e a desobediência por desinformação/deformação. Moisés em Levítico deixou claro como Deus não coloca num mesmo saco desobediências de causas distintas, mas lida com cada um delas de modo diferente e igualmente sábio.

Aliás, no próprio capítulo 20 Ezequiel distingue entre “a casa de Israel” (v. 40) e os “rebeldes” (os que apostataram) contidos nela, mas prestes a serem “separados” (v. 38). Entre os indivíduos evangélicos (IASD inclusive) e romanistas, acredito que existam os rebeldes, ou seja, os transgressores voluntários e apóstatas; mas generalizar dizendo que ou a denominação obedece aos 10 Mandamentos ou ela não tem profeta verdadeiro, bem, isso não é bíblico. Confira mais sobre a distinção entre as causas da desobediência que a Bíblia faz em https://blogdoprofh.com/2015/10/31/o-que-e-pecado/.

“Era, pois natural, que, o Testemunho de Jesus — o Dom de Profecia — depois de ter cessado com a apostasia da igreja cristã, após a morte dos apóstolos, fôsse também restaurado. Na ilha de Patmos foi mostrada por antecipação a S. João, tôda a história da igreja cristã, como a temos neste capítulo doze. Viu êle a restauração da lei de Deus incluso o Sábado com ela, e o Testemunho de Jesus, nos derradeiros dias, na Sua igreja — a mesma mulher simbólica do primeiro versículo deste capítulo” (MELLO, 1959, p. 332 e 333).

Se não houve uma apostasia absoluta, se Deus sempre teve um “restante” antes do e durante o tempo do fim, então não houve a perda do dom profético no sentido colocado por Araceli Mello (e outros autores asd). Pelo menos um indivíduo evangélico ou romanista (e fora do cristianismo) recebeu alguma revelação genuinamente de Deus. Assim como os 10 Mandamentos não foram desobedecidos por 100% da humanidade e rejeitados por ela completamente, creio que acontece o mesmo com o dom profético: ele sempre existiu e existirá até a volta de Jesus (cf. 1ª Co 1.6-8; por favor, confira os próximos autores, nos parágrafos subsequentes).

Talvez Deus sempre tenha cultivado um pequeno jardim vistoso mesmo num vasto deserto, em todas as épocas, indivíduos dispersos entre as nações e culturas. De modo que a restauração da Lei e da revelação não é sinônimo da desobediência generalizada da primeira e inexistência da segunda. Embora o termo usado por João “os restantes” refute qualquer pretensão de grupo (coletividade) organizado, onde todos eles estão alinhados simultaneamente com a Bíblia e um único CNPJ, como citei mais acima, esse termo não significa a absoluta ausência da obediência aos 10 mandamentos e à revelação profética antes dos “restantes”, por um motivo muito simples: eles são “os restantes da sua descendência”, descendência da mulher, ou seja, antes deles a mulher leal de Ap 12.1 já existia. Um artigo que pode ser útil nessa discussão: https://blogdoprofh.com/2012/05/06/e-correto-afirmar-que-os-remanescentes_05/.

“O dragão não foi capaz de destruir totalmente a mulher, mas ele não desiste. Reposiciona-se para ‘pelejar com os restantes da sua descendência os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus’ (Ap 12:17). Essa passagem serve de introdução para Apocalipse 13, capítulo no qual Satanás se prepara para a batalha final contra o povo de Deus do tempo do fim. Ele se retira a fim de ficar pronto para o último ataque contra os fiéis. Para isso, escolhe a ajuda de dois aliados: a besta do mar (Ap 13:l-10) e a besta da terra (v. 11-18). Juntos, os três formam um triunvirato profano para travar a batalha final contra Cristo e Seu remanescente fiel.

“No Antigo Testamento, o termo ‘remanescente’ se refere àqueles que sobreviveram à destruição para dar sequência ao povo fiel a Deus (Is 10:20 22; 11:11, 12; Jr 23:3; Sf 3:13). Ao longo de todo o Antigo Testamento, à medida que a maior parte da nação de Israel apostatava, sempre havia pessoas que permaneciam fiéis ao Senhor (cf. 1Rs 19:18). João utiliza o termo ‘remanescente’ [‘os restantes’] (gr., loipos) para se referir aos cristãos que continuaram fiéis a Deus nas igrejas de Tiatira e Sardes (Ap 2:24; 3:4). Ele também usa essa palavra para dizer que, no tempo do fim, à medida que a maioria das pessoas se une a Satanás e seus aliados, haverá um povo que manterá a lealdade a Cristo.

“O remanescente do tempo do fim tem duas características. A primeira delas é a obediência aos mandamentos de Deus. Apocalipse 13 mostra que, no tempo do fim, os quatro primeiros mandamentos do Decálogo terão importância central no conflito. Uma vez que a crise final diz respeito a adoração – quem deve ser adorado e quando – o quarto mandamento se tornará um teste de lealdade e obediência a Deus (cf. Ap 14:7). A segunda característica do remanescente do tempo do fim é a posse do testemunho de Jesus. Esse atributo está relacionado ao ‘espírito da profecia’ (Ap 19:10; cf. Ap 22:9).

“A expressão ‘o espírito da profecia’ era usada na época de João para designar a atitude do Espírito Santo de falar por intermédio dos profetas. Já a expressão ‘testemunho de Jesus’ se refere ao testemunho que Cristo dá de Si mesmo por intermédio dos profetas (Ap 19:10). Satanás fará todo o esforço para enganar e destruir o remanescente, mas o Apocalipse mostra que o povo fiel a Deus terá o dom profético para guiá-lo em meio a esses tempos difíceis.

“Ocorre então uma mudança na estratégia de Satanás em relação à tentativa de conquistar pessoas para seu lado. A compreensão desse plano nos ajudará a evitar essa armadilha enganosa. Ao longo da história, Satanás tem atacado a igreja por meio de perseguição e coerção. Porém, quando começa seu ataque final contra o remanescente do tempo do fim, sua estratégia muda da coerção para o engano. Essa alteração de estratégia corresponde à transição do foco histórico para o escatológico no Apocalipse. É possível observar que o termo ‘seduzir’ não aparece nenhuma vez na seção histórica do livro (cap. 4-11), mas é usado com regularidade na seção escatológica (cap. 12-20), a fim de descrever as atividades de Satanás no preparo para a crise final.

“Na tentativa de ganhar a lealdade do mundo, o inimigo fará uma grande contrafação do Deus verdadeiro e de Seus esforços para salvar a humanidade. Apocalipse 13 observa que esse ataque é obra do dragão, da besta do mar e da besta da terra, um trio cuja missão é destruir a verdadeira Trindade (Ap 1:4-6). A partir de então, os membros dessa tríade satânica passam a estar inseparavelmente ligados na tentativa de enganar o mundo e afastar as pessoas do Senhor (Ap 16:13, 14; 19:20; 20:10)” (STEFANOVIC; NASCIMENTO, 2018, p. 72-74).

“Não está longe o tempo quando virá a prova a cada alma. A observância do falso sábado será imposta sobre todos. A controvérsia será entre os mandamentos de Deus e os mandamentos dos homens. Os que passo a passo têm-se rendido às exigências mundanas e se conformado a mundanos costumes, então render-se-ão aos poderes existentes, em vez de se sujeitarem ao escárnio, ao insulto, às ameaças de prisão e morte. Nesse tempo o ouro será separado da escória. A verdadeira piedade será claramente distinguida da piedade aparente e fictícia. Muitas estrelas que temos admirado por seu brilho tornar-se-ão trevas. Os que têm cingido os ornamentos do santuário, mas não estão vestidos com a justiça de Cristo, aparecerão então na vergonha de sua própria nudez.

“Entre os habitantes do mundo, espalhados por toda a Terra, há os que não têm dobrado os joelhos a Baal. Como as estrelas do céu, que aparecem à noite, esses fiéis brilharão quando as trevas cobrirem a Terra, e densa escuridão os povos. Na África pagã, nas terras católicas da Europa e da América do Sul, na China, na Índia, nas ilhas do mar e em todos os escuros recantos da Terra, Deus tem em reserva um firmamento de escolhidos que brilharão em meio às trevas, revelando claramente a um mundo apóstata o poder transformador da obediência a Sua lei.

“Mesmo agora eles estão aparecendo em toda nação, entre toda língua e povo; e na hora da mais profunda apostasia, quando o supremo esforço de Satanás for feito no sentido de que ‘todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos’ (Apocalipse 13:16), recebam, sob pena de morte, o sinal de submissão a um falso dia de repouso, esses fiéis, ‘irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e perversa’, resplandecerão ‘como astros no mundo’. Filipenses 2:15. Quanto mais escura a noite, com maior brilho eles refulgirão” (WHITE, 2007d, p. 114).

“[…] o povo de Deus do tempo do fim é descrito em Apocalipse 12:17 como aqueles que (a) guardam os mandamentos de Deus e (b) têm o testemunho de Jesus (que é o ‘Espírito de Profecia’, de acordo com o capítulo 19, ver só 10). Concluímos, assim, que Deus desejava que soubéssemos que os Seus ‘santos’ do tempo do fim se notabilizariam por esses dois aspectos. Paulo falou da igreja que aguarda o segundo advento como aquela a quem não falta ‘nenhum dom’. I Coríntios 1:7. Somos levados a crer que Apocalipse 12:17 prediz o surgimento, no tempo do fim, de um grupo de cristãos que se destacariam pela guarda dos mandamentos de Deus e também por possuírem (terem) o renovado dom profético, manifestado numa pessoa (ou pessoas), sobre a qual repousaria o dom de profecia, tal como ocorreu nos tempos bíblicos.

“Poderíamos dizer muito mais a respeito deste assunto. Atendo-nos às limitações de espaço e tempo, chegamos aqui à conclusão de que são corretas as traduções que mantêm o texto de Apocalipse 12:17 o mais próximo possível do grego correspondente, ou seja, ‘têm o testemunho de Jesus’, e de que o significado desse texto é que o movimento dos últimos dias, que enfatiza a guarda dos mandamentos de Deus, também experimentaria uma renovação do espírito de profecia” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 421 e 422).

Referências:

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FEYERABEND, Henry. Apocalipse, Verso por Verso: Como entender os segredos do último livro da Bíblia. 1. ed. Tradução de Delmar F. Freire. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2005.

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MELLO, Araceli S. A Verdade Sôbre As Profecias Do Apocalipse, 1959. Disponível em: <https://pt.scribd.com/doc/264320586/Araceli-S-Mello-A-Verdade-Sobre-As-Profecias-Do-Apocalipse-pdf >. Acesso em: abr. 2020.

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