Deus canta/louva para Si mesmo?
No ciclo da vida encontramos situações onde primeiro nós recebemos e somente depois temos a oportunidade de dar.
Uma mãe que amamenta sua filhinha é um exemplo dessas duas fases: a menininha está recebendo de uma mulher, a qual está dando o que ela mesma, possivelmente, recebeu em sua fase infantil!
A água que evapora da terra devolvendo às nuvens a chuva que recebera horas atrás, também salienta essa realidade da Criação de Deus.
Enquanto cantava para Deus, num culto pessoal, me veio, então a questão: Deus Se dá louvores de Seus próprios lábios? Ele, que recebe louvores, é louvado e adorado por inúmeros mundos não caídos, e por alguns filhos deste mundo caído, dá louvor a quem? Ou será que Ele é a exceção do ciclo que Ele mesmo deu origem?
A mente inquieta não descansa até encontrar algo que a satisfaça. Foi então que eu desbravei o mundo das ideias, mergulhei no mar das possibilidades e escalei o monte da razão, sem, contudo, fugir dos limites sensatos da Palavra de Deus.
Sim, é verdade que o Criador – cuja mente é a melhor definição da Matemática –, elaborou os ciclos da vida humana e da natureza.
Mas, Ele também é o Autor de eventos sem volta, ou seja, que parecem não ter um par; eventos diferentes dos ciclos marcados pelo binômio receber e dar.
No mesmo exemplo da mamãe amamentando seu bebê, encontramos a ideia de amor incondicional – um evento sem retorno ou sem emparelhamento!
Por mais que o filho cresça e honre seus pais, dificilmente poderá reciproceder, devolver à altura do que recebeu! (Num contexto de pais responsáveis…).
A chuva que cai das nuvens não é a mesma água que retorna para elas, nem em composição, nem em quantidade. Próximo ao núcleo da Terra há mais água que nos próprios oceanos.
O ponto é: Deus deu atributos à humanidade que Ele mesmo possui, mas há atributos Seus que nós não recebemos, assim como há atributos nossos que Ele não tem!
De novo, o que acontece com pais e filhos ilustra bem o que estou a discorrer.
Às vezes, a mente do filho é muito parecida com a de seu pai. Mas, é comum ver traços no filho que não foram herdados dos pais.
Deus é onipotente. Mas, Ele não Se louva, nem louva a alguém superior a Ele, já que Ele é insuperável.
Nós temos o privilégio de escolher louvá-Lo ou não. Mas, não temos a capacidade de criar algo a partir do nada.
O pai da mentira, desde que se deu à luz (Deus não criou Satanás. Ele criou um querubim perfeito e perfeitamente livre, o suficiente para escolher perder a perfeição e até a própria liberdade!), ele ataca os atributos de Deus que não recebeu Dele, e ataca nossos atributos que Deus não possui…
O resultado? Pessoas que louvam e exaltam a si mesmas, mesmo sem ter poder para criarem algo do nada, quanto mais criarem a si mesmas.
Pessoas que louvam e exaltam a outras pessoas, mesmo sem estas as beneficiarem com algo, quanto mais com a vida, a saúde, a inteligência e o perdão dos pecados!
Pessoas que louvam e exaltam coisas! Estátuas, animais, séries, games, o dinheiro e o que ele pode comprar, mesmo tais objetos sendo inferiores aos seus adoradores.
Por outro lado, algumas dessas pessoas não enxergam Deus nem as obras de Suas mãos.
Enquanto outras, até O enxergam, mas com filtros inventados pelo anjo caído, tornando Deus tão carrasco como elas mesmas, ou tão tolo e contraditório como esses pecadores o são.
E, ainda entre essas pessoas, estão os que amam a religião inventada pelos homens, mas não o Deus para O qual ela deveria apontar. São religiosos no templo, e demônios em casa. Ou santos em casa, mas pervertidos fora dela…
Já outros usam esses exemplos de religiosos maus para continuarem a ser maus, em vez de seguir a mesma lógica com os lindos exemplos dos religiosos de Deus!
Enfim, a variedade de distorções e deformidades em torno dos atributos de Deus e dos homens, que deveriam conservar Sua imagem neles, é interminável.
A solução está no binômio receber e dar, tanto quanto nos eventos sem volta.
Cada ser humano tem sua função. Ninguém vem ao mundo desprovido de função e propósito, seja participando do ciclo de receber e dar, seja recebendo de Deus o atributo de louvá-Lo, ainda que Ele mesmo não possua isso.
Viver disfuncionalmente é o estado da arte de Satanás: invencionices e criatividade usadas fora das atribuições; inúteis para quem vive e prejudiciais para quem recebe as influências desses disfuncionais.
O pai da mentira não louva a Deus, embora ele tenha o atributo do louvar.
Deus não louva a Si mesmo, pois não possui esse atributo.
E quanto a nós? O que fazemos com o atributo do louvor? Sabendo que temos essa capacidade; conhecendo minimamente as artimanhas daquele que também tem esse dom, mas não o usa e ainda deforma todo aquele que recebe sua influência; e diante da grandeza e da grande humildade de Deus, em nos trazer à existência, não como robôs, mas como agentes livres (razoavelmente livres, após o êxito da serpente no Éden), o que fazemos com o que recebemos?
E mais uma reflexão: nem todo o que canta louva, assim como nem todo o que louva canta! A mente divina, e sua Matemática, também criou a música e suas infinitas possibilidades.
Sendo assim, o bom Deus, certamente, faz Sua divina voz cantar as mais transcendentais notas, embora não louve. Mas, somente Suas criaturas racionais podemos cantar e louvá-Lo, ou sermos disfuncionais!
A música é Dele. O louvor é nosso.
Ou Aleluia, cujo significado é “louve tu a Javé”, ou a disfunção.
O salmista compôs: “O Senhor é a minha força e o meu escudo; nele confiou o meu coração, e fui socorrido; pelo que o meu coração salta de prazer, e com o meu canto o louvarei” (Salmo 28.7, ARC).
Na Bíblia, o louvor como gratidão e adoração é um dom humano exercido somente ao seu Fabricante, Mantenedor e Salvador.
Enquanto Ele nos salva, nós o louvamos. Cada um com seus atributos e suas funções!
Fonte: Hendrickson Rogers via Instagram.
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(Hendrickson Rogers)
