Quem foi Antíoco IV Epifânio?

Busto de Antíoco IV Epifânio Museu Antigo, Berlim

Museu Antigo, Berlim
Antíoco reinou sobre o que é conhecido como o império seleucida, uma das quatro no seções em que foi dividido o império grego após a morte de Alexandre, o Grande. Ele governou por 11 anos de 175 a C. até sua morte, em 164. Seu império consistia em grande parte da Síria e Judeia.
Uma das ambições de Antíooco era forçar os judeus a adotar a cultura secular grega, ou seja, ser “helenizados” (do termo grego Hellas, nome utilizado pelos gregos para seu império). Alguns judeus eram favoráveis à helenização, mas outros, os conservadores, eram ferrenhos opositores.
Antíoco apontou um homem chamado Menelau, favorável à helenização, como sumo sacerdote no templo em Jerusalém. Os judeus conservadores resistiram fortemente a Menelau, e, enquanto o rei estava em uma campanha militar no Egito, eles se amotinaram e forçaram o sumo sacerdote a fugir de Jerusalém.
Ao voltar do Egito, Antíoco executou os lideres do motim, erigiu uma imagem do deus grego Zeus no pátio do templo de Jerusalém e sacrificou um porco no altar de sacrificio. Também proibiu os judeus de oferecer seus sacrificios, baniu os sábados e dias de festas e tornou ilegal o rito da circuncisão. A imagem de Zeus ficou erguida por quase três anos.
Horrorizados pelo banimento de sua religião e pela profanação do templo, os judeus se uniram sob a liderança de um homem chamado Judas Macabeus, que organizou um exército para lutar contra Antíoco e os selêucidas. Os livros apócrifos de Macabeus contam a história da guerra contra os selêucidas. Os macabeus derrotaram Antíoco e, três anos depois do dia em que Antíoco levantou a imagem de Zeus, eles o expulsaram de Jerusalém, purificaram ritualmente o templo e restabeleceram a religião judaica conservadora.
Com a derrota do rei, os judeus desfrutaram cerca de cem anos de independência, seu único período de liberdade desde o cativeiro babilónico. Essa condição foi interrompida pelos romanos em 63 a.C.
Atualmente, a maioria dos eruditos bíblicos, tanto liberais quanto conservadores, entendem que o chifre pequeno de Daniel 8:9 a 12 representa Antíoco IV Epifanio. E as semelhanças são impressionantes. O chifre pequeno aparenta brotar de um dos quatro chifres que substituíram o grande chifre entre os olhos do bode, e Antíoco era um rei do império seleucida, que era uma das quatro divisões do império de Alexandre. A visão de Daniel também se encaixa com o ataque de Antíoco ao povo judeu (as “estrelas” e o “exército” da visão de Daniel), seu santuário e o banimento — a retirada — de seus sacrificios.
Essa é de longe, a interpretação mais aceita em relação ao chifre da visão do capítulo 8 de Daniel. Qualquer observador razoável pode entender por que essa interpretação faz sentido para tantas pessoas. Contudo, ela também tem problemas significativos, os quais veremos a seguir.
Problemas com a teoria de Antíoco
Embora Antíoco pareça se encaixar em algumas das especificações do chifre da visão de Daniel, apontarei seis problemas nessa interpretação.
1. A grandeza do chifre. Daniel 8:4 diz que o carneiro da Medo-Pérsia “fazia segundo a sua vontade e, assim, se engrandecia“. O verso 8 diz que o bode “se engrandeceu sobremaneira” e o verso 9 revela que o chifre pequeno “cresceu muito” (itálicos acrescentados). Note a progressão de “se engrandecia” para “se engrandeceu sobremaneira” e para “cresceu maito”. A Medo-Pérsia, representada pelo carneiro, era um grande império. A Grécia, representada pelo bode, era um império ainda maior e não foi por outra razão que ele conquistou a Medo-Pérsia. Entretanto, o maior de todos os poderes era o chifre pequeno. Antíoco simplesmente não se encaixa nessa descrição. Seu reino não era maior do que a Medo-Persia e a Grécia. Ele era um rei sem muita importância, de uma das quatro divisões do império grego de Alexandre.
2. O crescimento de chifre. Quando Antíoco começou seu reinado, o império seleucada incluía a Síria e a Judeia. Daniel 8:9 diz que o chifre “se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa” (itálicos acrescentados). A maioria dos intérpretes entende a expressão “terra gloriosa” como uma referência à terra dos judeus, isto é, a Judeia. No entanto, se Antíoco reinava sobre essa região no tempo em que começou seu reinado, então seria incorreto dizer que ele cresceu naquela direção. Na verdade, os macabeus reconquistaram a Judeia e expulsaram Antíoco. Assim, longe de crescer naquela direção, esse rei já havia perdido esse território no tempo de sua morte! Daniel também disse que o chifre pequeno cresceu na direção do sul e do oriente. Antíoco, de fato, conduziu uma campanha militar contra o Egito, que está ao sul da Siria, mas foi uma campanha muito curta. Ele retornou à Judeia, derrotado pelos romanos, sem travar nem mesmo uma batalha! Quanto ao oriente, o império selêucida havia se estendido até a Índia, mas os antecessores de Antíoco perderam o controle daquela região. Antíoco tentou reconquistá-la, mas seu êxito foi apenas parcial. Assim, ele não cresceu nas direções mencionadas por Daniel
3. O ataque do chifre ao santuário. Daniel 8:11 diz:”[O chifre] tirou o sacrificio diário e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo.” Antíoco, de fato, deu um fim aos sacrificios e a outros serviços no templo de Jerusalém. Contudo, ele não “deitou abaixo o lugar do Seu santuário”. A palavra “lugar” vem do hebraico makoun, que significa “alicerce”. A fun de cumprir esa parte da predição profética, Antíoco teria de destruir o próprio santuário: a estrutura, a edificação, mas ele não fez isso. No que diz respeito ao relato histórico, o rei deixou o templo intacto.
4. Os 2.300 dias. Daniel 8:14 dá um tempo específico ao período de 2.300 tardes e manhãs, depois do qual, o santuário seria restaurado. Interpretados como 2.300 dias literais, isso representa um período de 6,3 anos, mas a profanação do templo de Jerusalém por Antioco durou três anos, que são apenas 1.095 dias, não 2.300. Em um esforço para fazer com que o número 2.300 se encaixe nos fatos da história, muitos intérpretes presumem que as palavras “tardes” e “manhãs” se referem aos sacrificios da tarde e manhã, e contam cada sacrificio separadamente. Duas mil e trezentas tardes e manhãs correspondem a 1.150 dias, o que fica mais perto do período de tempo em que o santuário de Jerusalém permaneceu profanado. Entretanto, isso significa 55 dias a mais do que 1.095 dias. Assim, essa parte da profecia de Daniel não se alinha com os fatos históricos do ataque de Antíoco ao templo de Jerusalém. Isso é especialmente significativo, tendo em vista que os intérpretes preteristas afirmam que o livro foi escrito em meados do 2º século a.C. Nesse caso, um autor que escrevesse naquele período certamente saberia a quantidade exata de tempo em que o santuário ficou desolado, e teria mencionado o tempo com maior precisão.
5. O chifre e o tempo de fim. Quando Gabriel interpretou a visão do capítulo 8, uma das primeiras coisas que ele disse para Daniel é que “esta visão se refere ao tempo do fim” (17). O verso 19 diz: “Esta visão se refere ao tempo determinado do fim.” Assim, o anjo disse duas vezes para o profeta que sua visão no capítulo 8 devia se estender até o tempo do fim. Dificilmente, porém, os três anos da profanação do templo de Jerusalém por Antíoco se estenderiam até o tempo do fim!
6. O panorama completo. Uma das minhas mais significativas objeções à interpretação de Antíoco Epifânio é que as visões tanto de Daniel 7 quanto de Daniel 8 descrevem o conflito universal entre o bem e o mal e sua solução, o que os adventistas têm tradicionalmente chamado de “o grande conflito”. Isso fica evidente pelo fato de Daniel 7 mostrar Deus efetuando o julgamento do animal terrível e espantoso e de seu chifre pequeno, destruindo-os e estabelecendo, no lugar deles, Seu reino eterno. Isso descreve o processo pelo qual Deus dará fim à história do pecado. Obviamente, Daniel 7 e 8 não se referem às atividades de Antíoco IV Epifânio, que era, afinal, apenas um ator de menor importância nesse drama.
Os seis problemas com a interpretação Antíoco que compartilhei com você neste capitulo estão entre as razões pelas quais os adventistas do sétimo dia rejeitam Antíoco IV Epifânio como o chifre pequeno de Daniel 8.
Fonte: Na Corte Celestial – em defesa do Juízo Investigativo, p. 65-67.
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(Hendrickson Rogers)
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