maio 8, 2024

Blog do Prof. H

Adaptando conhecimento útil às necessidades da humanidade

As origens da besta que emerge da terra, tem dois chifres como cordeiro, mas fala como dragão (Apocalipse 13:11-18)

Esta cronologia tem o objetivo de auxiliar o estudioso do Apocalipse de João, em particular do capítulo 13, apresentando eventos históricos referenciados e suas datas numa crescente identificação do poder político simbolizado pela “besta da terra”, e do cumprimento cirúrgico desses símbolos com o passar dos séculos.

Também estão disponíveis outras três cronologias a respeito da besta que emerge do mar, as quais estão intimamente associadas entre si e com esta cronologia da besta da terra, uma vez que será ela, a besta da terra, a protagonista maligna antes da volta do Senhor Jesus, ao ponto de ela ser parte da cura da ferida mortal infligida à besta do mar. São elas:

I. Do chifre pequeno à besta do mar – as origens do império católico globalista romano.

II. Do auge do império globalista católico romano até a “ferida mortal”.

III. Da “ferida mortal” infligida ao império papal (Ap 13) até sua completa cura e novo auge, onde ele receberá adoração por parte de “toda a terra”.

Todas estas cronologias estão em contínua atualização. (Hendrickson Rogers)

1584O Grande Conselho (High Commission) criado em 1584 para servir de vanguarda contra os trabalhos dos partidários de Roma estendeu sua ação raivosa a todos os dissidentes da igreja oficial. As reuniões dos separatistas foram dissolvidas em tôdas as partes e perseguidos os que a elas assistiam, pelo que mui logo só se atreveram a reunir-se secretamente e a maioria de seus membros, residentes em Nottingham, Lincoln e York, conceberam a idéia de abandonar sua pátria e buscar um país onde pudessem professar sua religião sem se verem molestados, coisa difícil por estar proibida a imigração, sem licença expressa do govêrno, por um decreto da rainha Izabel. [2]
1610"Todo homem e mulher assistirá pela manhã ao culto divino e aos sermões pregados no dia do repouso, e à tarde ao culto divino, e ao catecismo, sob pena de à primeira falta perder sua provisão e quota de alimento para toda a semana seguinte; à segunda, perder a dita quota e também sofrer açoites; e à terceira condenação à morte" (Artigos, Leis e Ordens Divinos, Políticas, e Marciais, para a Colônia em Virginia: estabelecida por Sir Thomas Gates, Knigth, Lieutenant-General, 24 de maio de 1610). P. 431. [7]
1620Para iludir a lei trasladaram-se em pequenos grupos à costa; ali embarcaram para a Holanda, onde havia liberdade de culto, e em Amsterdam um de seus pregadores mais notáveis, João Robinson, fundou uma pequena comunidade composta quase em totalidade de artífices e lavradores, que sendo estrangeiros ganhavam escassamente sua subsistência com seu trabalho.

Formou-se pouco a pouco outra comunidade em Leiden e novos adeptos foram chegando da Inglaterra, ainda que não gostavam muito do país nem do modo de vida de seus habitantes que nada tinham de puritanos. O pastor Robinson ficou na Holanda com uma parte da comunidade. Dos dois navios que fretavam um era inútil para a travessia e houve de regressar com seus passageiros à Holanda, e o outro denominado Flor de Maio, chegou à costa norte-americana no mês de novembro, depois de uma travessia muito grande. Até 16 de dezembro não encontravam os emigrantes um sítio conveniente para desembarcar. O ponto elegido foi chamado Nova Plymouth.

Antes de desembarcar firmaram os emigrantes um pacto solene pelo qual todos se obrigaram a respeitar e cumprir as disposições e leis justas e prudentes que conviesse adotar para o bem comum; ao próprio tempo nomearam um governador por um ano, a João Carver, e um lugar tenente ou suplente para quando fôsse necessário. Feito isto, desembarcaram (a 21 de dezembro de 1620) em número de 101 naquela costa inóspita e na estação mais cruel. A laboriosidade daqueles homens e a perseverança e a paciência com que suportaram tôdas as penalidades, seu entusiasmo religioso, seus costumes puros e sua vida simples tem-lhes valido expressivos louvores.

Estava fundada assim a primeira colônia que até aos seus quatro anos, contava com apenas 32 casas e um total de 184 habitantes. [2]
1620 e 1627Pouco antes da grande reforma dos dias de Martinho Lutero, há mais de quatrocentos anos, foi descoberto este hemisfério ocidental. A Reforma despertou as nações, agrilhoadas sob as pesadas cadeias da superstição, para o fato de que todo homem tem o divino direito de adorar a Deus segundo os ditames da sua própria consciência. Mas os governantes não queriam perder a sua força, e a intolerância religiosa ainda oprimia o povo. Em tais circunstâncias um corpo de heróis religiosos determinou por fim procurar nas selvas americanas aquela medida de liberdade civil e religiosa que tanto almejavam.

Na busca do seu nobre intento cem desses exilados voluntários desembarcaram do Mayflower nas costas de Nova Inglaterra, em 21 de dezembro de 1620. “Ali”, diz Martyn, “nasceu a Nova Inglaterra”, e este foi “o seu primeiro balbuciar de criança uma oração e ações de graças a Deus.”

Outra colônia inglesa permanente foi estabelecida em Jamestown, Virgínia, em 1627. [1]
1630Em 1630 chegaram mais 416 emigrantes que fundaram novas colônias. Grande era o interêsse que despertavam as colônias transatlânticas, onde os colonos dissidentes, como se dizia na Nova Inglaterra, podiam servir a Deus à sua maneira. A sociedade concessionária do território decidiu trasladar a direção à Nova Inglaterra e nomeou governador a João Winthrop, o qual em 1630 marchou a seu destino com 17 navios e 1500 emigrantes. O tempo encarregou-se de trazer novos colonos que iam fundando novas colônias. [2]
1635 - 1639Roger Williams cria que a religião devia ser totalmente voluntária. Era errado, afirmava ele, que o governo civil impusesse doutrinas e práticas religiosas. Williams foi um dos primeiros defensores da separação entre igreja e Estado, não apenas na história norte-americana, mas também na história mundial.

Em 1635, Williams era o pastor atuante de uma igreja em Salém, Massachusetts, mas seus conceitos eram tão controvertidos que, em 9 de outubro, a colônia votou que o baniria no mês de janeiro seguinte. A união entre igreja e Estado ainda era forte demais nas colônias, e a ideia de um Estado laico era demasiadamente radical para as sensibilidades dos líderes puritanos. Temendo que pudessem mandá-lo de volta para a Inglaterra, Williams fugiu de Salém na metade do inverno, apesar de que havia acabado de se restabelecer de uma doença grave. Durante os meses seguintes, morou no deserto com amigos índios. Mais tarde escreveu: “Fiquei de um lado para outro durante catorze semanas, não sabendo o que era comer ou dormir” (Roger Williams, theologian: https://en.wikipedia.org/wiki/Roger_Williams).

No mês de junho seguinte, Williams negociou com os índios uma terra para estabelecer uma colônia. Ele deu a sua colônia o nome de Providence (“providência”, em inglês), porque cria que Deus havia cuidado dele e de seus seguidores, e havia lhes proporcionado a terra que haviam obtido dos índios. A carta régia que Williams elaborou para sua colônia fazia providências para liberdade de consciência e separação entre a autoridade eclesiástica e a civil. Posteriormente Rhode Island se uniu a Providence, sendo que completa liberdade de religião era elemento essencial da carta régia da colônia.

Muitas pessoas vinham a Rhode Island em busca de liberdade para praticar sua religião de acordo com os ditames de sua própria consciência. Entre estes estavam batistas, quakers e judeus. Williams foi batizado como batista em 1639, e organizou a primeira igreja batista dos Estados Unidos. P. 60 e 61. [5]
1643Em 1643 formaram as colônias de Nova Inglaterra um projeto de união, com o nome de “Colônias Unidas de Nova Inglaterra”, de mútuo conselho e apoio em tôdas as coisas justas, para a conservação e propagação da verdade e dos direitos baseados no Evangelho, e para sua prosperidade e segurança mútua. Esta união foi um passo dado para fazer frente às exigências da mãe pátria, que não consideravam razoáveis.
[2]
1649Citação pertencente ao Ato de Tolerância promulgado em 1649 por uma das treze colônias norte-americanas originais:

Sendo que o ato de forçar a consciência em assuntos de religião tem frequentemente se demonstrado ser de consequências perigosas nas comunidades onde tem sido praticado, seja, portanto, ordenado e promulgado que nenhuma pessoa dentro desta província que professe crer em Jesus Cristo será daqui por diante perturbada, molestada ou envergonhada de qualquer forma por sua religião ou a respeito dela, nem em seu livre exercício da mesma dentro desta província.

Maryland, predominantemente uma colônia católica! Os católicos eram uma pequena minoria religiosa no início da história da nação – menos de 1% da população na época da Guerra da Independência dos Estados Unidos (1775-1783). Muitos norte-americanos haviam chegado ao Novo Mundo para escapar da perseguição católica. Assim sendo, tinham forte preconceito contra os católicos, o que tornava extremamente difícil para os membros dessa igreja encontrar verdadeira liberdade religiosa. Como solução para esse problema, em 1649 Lorde Baltimore, um católico, estabeleceu Maryland como uma colônia onde eram bem-vindas as pessoas de todas as religiões, inclusive os católicos. P. 89. [5]
1656A primeira lei dominical nos Estados Unidos foi emitida no estado de Virginia em 1610, como já citado, e previa para a primeira transgressão a perda das provisões por uma semana; na segunda transgressão o culpado perderia as provisões permitidas e ainda seria açoitado; e na terceira seria morto (G. Edward Reid, Sunday's Coming!, p. 15). A lei dominical do estado de Connecticut em 1656 também previa pena de morte para o transgressor (G. Edward Reid, Sunday's Coming!, p. 16). P. 261. [3]

Confira o ano de 1789.
Metade do séc. 17O capitão Kemble havia acabado de retornar de uma viagem de três anos em alto-mar. Durante todo esse tempo, não havia visto sua esposa nem uma vez. Assim, quando ela abriu a porta para lhe dar as boas-vindas ao lar, o primeiro impulso dele foi tomá-la nos braços, e dar- lhe um abraço apertado e um beijo. E o fez. Infelizmente, sua comunidade desaprovou a demonstração de afeição do capitão Kemble por sua esposa. Esse ato “indecente” custou ao capitão Kemble duas horas no tronco por “comportamento obsceno e indecoroso”. Afinal de contas, ele havia beijado a esposa “publicamente” no dia de descanso!

O capitão Kemble vivia na Nova Inglaterra, Estados Unidos, na metade do século 17, um tempo em que a cultura era dominada por noções puritanas sobre a observância adequada do dia de descanso (o domingo), que era imposta pelo governo civil.

Um viajante chamado Burnaby teve sorte ainda pior. O código sobre a guarda do domingo (chamado por eles de “sábado”) em sua colônia estipulava que “quem quer que profane o dia do Senhor fazendo qualquer obra servil [isto é, comum] ou abusos semelhantes, perderá, para cada falta destas, dez xelins, ou será açoitado”. Assim, quando Burnaby beijou a esposa na rua em sua cidade da Nova Inglaterra em um domingo, foi duramente chicoteado.

A seguir se encontram algumas das outras ofensas do dia de descanso que receberam punição na Nova Inglaterra puritana:

• O capitão Dennison, de New Haven, Connecticut, foi multado em quinze xelins por não ter ido à igreja.
• Um soldado foi multado em cinco xelins por “molhar um pedaço de chapéu velho para colocar no sapato” a fim de proteger o pé.
• Elizabeth Eddy, de Plymouth, foi multada em dez xelins por torcer e pendurar roupas no varal.
• Outro homem de Plymouth foi arrastado perante a corte porque puxou uma junta de bois “sem necessidade” no dia de descanso", p. 60. [5]

As minorias religiosas como os batistas e os quakers eram vítimas da perseguição puritana durante esse período colonial. Vários quakers haviam sido enforcados em Massachusetts no final da década de 1650 e início da de 1660, incluindo Mary Dyer, que foi executada nos Jardins Públicos de Boston, Massachusetts, em 1° de junho de 1660, porque recusou renunciar à sua fé (Mary Dyer:https://en.wikipedia.org/wiki/Mary_Dyer). P. 62. [5]
1670Em 1670, John Lewis e Sarah Chapman foram acusados e julgados por “se sentarem juntos no dia do Senhor [o domingo] sob uma macieira no pomar de Goodman Chapman” (Sobre a observância de um dia de guarda pelos puritanos, veja Alice Morse Earle, The Sabbath in Puritan New England (Project Gutenberg Literary Archive Foundation, 2005), capítulo 10, disponível AQUI), p. 60. [5]
1693Um clérigo puritano, Increase Mather, publicou em 1693 um documento intitulado “Casos de Consciência a Respeito de Espíritos Maus”, em que argumentava que “seria melhor dez suspeitos de bruxaria escaparem do que um inocente ser condenado” (Salem witch trials: https://en.wikipedia.org/wiki/Salem_witch_trials). A declaração de Mather reflete o conceito de “inocente até que se prove o contrário”, que se tornou um princípio básico da jurisprudência norte-americana. O impacto dos julgamentos das bruxas de Salém “foi tão profundo que ajudou a acabar com a influência da fé puritana sobre o governo da Nova Inglaterra” (ibidem). P. 61. [5]
1754 - 1765Wesley nas suas notas sobre Apocalipse 14, escritas em 1754, diz da besta de duas pontas: ― Ainda não veio, embora não possa estar longe, porque deve aparecer no fim dos quarenta e dois meses da primeira besta. ― John Wesley, Explanatory Notes Upon the New Testament, pág. 735, Comment on Revelation 13:11. [1]

Em 1755 atingiam os colonos a mais de 50.000. Em 1765, o congresso geral reunido em Nova York, contra a lei do timbre do Parlamento Inglês, resolveu não pagar impostos além dos já decretados e não enviar mais representantes das colônias ao Parlamento como incompatível com as condições geográficas. Começou a revolta contra a Inglaterra numa excitação cada vez mais crescente. A Inssurreição atingiu afinal tôdas as colônias. As importações da Inglaterra foram canceladas. Os exportadores inglêses para as colônias recorreram ao Parlamento solicitando medidas urgentes para a aflitiva situação em que se viam. O Parlamento revogou a lei do timbre, o que deu lugar a júbilo na Inglaterra e muito mais nas colônias americanas. Mas as relações das colônias com a metrópole não tardaram a azedar novamente numa sedição ainda maior. [2]
1765 - 1778Até a própria época da Revolução, os batistas em Massachusetts ainda eram frequentemente multados, açoitados e presos por “crimes” relacionados a sua fé (Forrest Church, ed., The Separation of Church and State: Writings of a Fundamental Freedom by America’s Founders (Boston: Beacon Press, 2004), p. 17).

Entre 1765 e 1778, os clérigos na Virgínia tinham de obter licença do estado para realizar sermões, e a licença era recusada aos batistas. Mais de cinquenta ministros batistas foram presos durante esse período simplesmente porque pregavam sem licença.

Cinco ministros batistas foram presos em Fredericksburg, Virgínia, em 1768, porque, como o perseguidor disse, “estes homens são grandes perturbadores da paz; não podem encontrar um homem na estrada que precisam enfiar-lhe um texto da Bíblia garganta abaixo”. O juiz se ofereceu para suspender a sentença sob a condição de os ministros batistas jurarem que deixariam de pregar por um ano e um dia. “Recusando-se a aceitar a condição colocada para sua liberdade, foram cantando hinos durante todo o caminho do tribunal até a prisão" (Forrest Church, ed., The Separation of Church and State: Writings of a Fundamental Freedom by America’s Founders (Boston: Beacon Press, 2004), p. 3 e 4).

Os dissidentes religiosos foram perseguidos na Europa medieval e durante o período colonial norte-americano porque o governo apoiava a religião financeiramente e impunha as doutrinas e códigos morais desta. Além disso, os líderes religiosos tinham grande parte na elaboração das leis e indicação de governantes. Assim, as leis da religião se tornaram as leis do governo civil. O governo e a religião estavam entrelaçados num relacionamento ao qual chamamos de “união entre igreja e Estado”. Isso levou inevitavelmente à perseguição dos dissidentes e a conflitos entre os interesses do Estado e os interesses da igreja. P. 62 e 63. [5]
1772 - 1774Em 28 de dezembro de 1772, um navio com 340 caixas de chá, chegado ao pôrto de Boston, foi assaltado e todo o carregamento, no valor de 18.000 libras esterlinas, foi arrojado ao mar. Tôdas as colônias aprovaram o ato e recusaram o chá por excessivo que era o seu preço. Os colonos suprimiram todo o tráfico com a Inglaterra e fomentaram sua própria indústria. Um exército inglês desembarcou nas colônias em 1774. O congresso das colônias autorizou a George Washington e alguns outros a organizarem o exército de resistência. Washington foi unanimemente aclamado general em chefe do “exército continental americano”. [2]
1775 - 1777Em 17 de junho de 1775 começaram a terçarem armas os exércitos inglês e americano, nas cercanias de Boston. O congresso americano encarregou uma comissão para redatar a declaração de independência, cujo redator Thomas Jefferson, a apresentou à apreciação do congresso. E a 4 de julho de 1776 foi lançada a histórica proclamação de independência, pelas treze colônias unidas. [2]

A ideia de que o Estado deve apoiar a religião ainda estava viva e ativa na Nova Inglaterra no século 18. No tempo da Revolução Norte-Americana em 1776, sete das treze colônias originais haviam estabelecido igrejas cujos pastores eram pagos pelo governo colonial ou estatal (Connecticut, Geórgia, Massachusetts, New Hampshire, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Virgínia). Quando essas colônias se tornaram estados, conservaram suas igrejas estabelecidas. P. 61. [5]

Adam Weishaupt, quando fundou o Iluminismo em 1776, tinha o objetivo de estabelecer uma nova ordem secular (Novus Ordo Seclorum). À semelhança do sistema de castas do hinduísmo e a teoria da raça ariana de Hitler, ambas baseadas na antiga mitologia maçônica, o ensino Iluminista inclui a teoria de que alguns homens são superiores a outros. Estes seres superiores são aqueles dotados com a “Razão.” O Iluminismo ensina que os homens cujo único deus é a Razão tornam-se “superhomens”, um tipo de divindade. Foi por causa dessa crença gnóstica de que essa Razão divina é o único sublime guia espiritual e moral para o aperfeiçoamento do homem, que a Deusa da Razão foi entronizada na Revolução Francesa e quadros e pinturas dela foram distribuídos por toda a Europa e Estados Unidos. [3]

Alguns que defendem que a América foi fundada sobre o cristianismo apresentam como prova a Declaração de Independência, e a razão é óbvia, o documento menciona Deus. Contudo, o Deus que aparece na Declaração não poderia ser o Deus do cristianismo. O documento descreve 'as leis da natureza e o deus da natureza'. Esta visão natural de Deus concorda com a filosofia deísta, e qualquer tentativa em usar a Declaração de Independência como apoio ao cristianismo fracassará por esta única razão (Jim Walker, Liberty, julho/agosto, 2002, p. 12). [3]

Quando o Novo Mundo foi descoberto, os Europeus chegaram para as colônias com duas visões diferentes para essa nova terra:

• Os puritanos e outros vieram buscando a liberdade religiosa e visavam uma chance de estabelecer uma civilização baseada na Bíblia.

• Mas outros viram a América como um lugar onde o ocultismo poderia prosperar sem que o cristianismo pudesse inibi-lo.

Muito antes de 1776, foi fundada uma colônia de rosacruzes em Ephrata, Pensilvânia! A América colonial estava cheia de grupos ocultistas, e tanto a bruxaria quanto a maçonaria chegaram bem cedo com os navios.

“Quase como no nascimento de Esaú e Jacó, desde o nascimento da América tem havido uma luta entre duas forças, desde o útero. A América nasceu do difícil acordo entre o cristianismo, por um lado, e o ocultismo, pelo outro. Essa tensão existe até hoje" (William Schnoebelen, Maçonaria: Do Outro Lado da Luz, p. 259) [3]

A luta das colônias americanas pela independência iniciou-se em 1775. Em 1776 foram declarados nação livre e independente. Em 1777 se reuniram em Congresso e adotaram os artigos de sua Confederação, os delegados dos treze estados originais: New Hampshire, New Jersey, Pennsylvania, Delaware, Maryland, Virginia, North Caroline e South Caroline, e Georgia. [1]

A Revolução Francesa foi uma feroz rebelião contra toda religião. O parlamento francês baniu a religião e proclamou um Estado ateu – uma condição que existiu por vários anos durante a década de 1790. A Revolução Norte-Americana, que ocorreu entre dez e quinze anos antes da Revolução Francesa, foi muito diferente, pois ao manter a igreja e o Estado separados, os constituintes não estavam motivados por qualquer hostilidade para com a religião. Na verdade, eles reconheciam que sua experiência na democracia só poderia ser bem-sucedida em uma nação onde as pessoas fossem essencialmente religiosas.

James Madison escreveu, por exemplo, que “a crença num Deus todo-poderoso, sábio e bom é essencial para a ordem moral do mundo” (on Meacham, American Gospel: God, the Founding Fathers, and the Making of a Nation (Nova York: Random House, 2006), p. 228).

George Washington disse: “A razão e a experiência nos proíbem de esperar que possa prevalecer uma moralidade nacional com exclusão do princípio religioso” (ddress of George Washington, President of the United States... Preparatory to His Declination (Baltimore: George and Henry S. Keatinge, 1796), p. 22, 23).

John Adams afirmou: “Nossa Constituição foi feita somente para um povo moral e religioso. Ela é totalmente inadequada para o governo de qualquer outro povo” (Charles Frances Adams, ed., The Works of John Adams, Second President of the United States (Boston: Little, Brown and Company, 1854), v. 9, p. 229).

Isso não quer dizer que os constituintes eram cristãos devotos que queriam converter os outros a todo custo e que iam à igreja toda semana. Eles eram um tipo singular de defensores do Estado laico que apreciavam a contribuição positiva que a religião poderia dar à vida da nação.

Thomas Jefferson era um deísta que certa vez passou várias noites na Casa Branca com uma Bíblia numa das mãos e uma lâmina na outra, cortando fora os textos dos evangelhos que contradiziam sua compreensão dos ensinos de Jesus (os deístas possuíam a compreensão do “Deus relojoeiro”: Deus criou o mundo e o abandonou para ser conduzido pelas leis estabelecidas por Ele). Contudo, na introdução da Declaração de Independência, que ele escreveu, pôde falar das “leis da natureza e do Deus da natureza” e, no preâmbulo, disse: “Todos os homens são criados iguais [...] por seu Criador”.

Benjamin Franklin também era um deísta que atacava o dogma religioso. Contudo, disse também: “Se os homens são tão ímpios com a religião, o que seriam sem ela?” (Numa carta a Thomas Paine; veja “Benjamin Franklin’s Letter to Thomas Paine”, WallBuilders: https://wallbuilders.com/benjamin-franklins-letter-thomas-paine/). E um dos itens de sua lista de virtudes a serem praticadas era “imitar Jesus [religião] e Sócrates [secular]” (Benjamin Franklin: https://en.wikipedia.org/wiki/Benjamin_Franklin#Public_life).

Os elaboradores da Constituição dos Estados Unidos reconheciam a importância da religião, mas também estavam convencidos de que seu novo governo não podia patrocinar a religião. James Madison resumiu esse princípio em uma curta frase: “A religião floresce com maior pureza sem a ajuda do governo do que com ela” (James Madison, carta a Edward Livingston, 10 de julho de 1822, citado em “Pure Religion”, Liberty, dezembro de 2005, p. 13). Também disse: “O número, a operosidade e a moralidade do sacerdócio, bem como a devoção do povo, aumentam manifestamente pela total separação entre a igreja e o Estado” (Citado em Church and State, abril de 2006, p. 24).

O Estado deve permanecer fora do caminho da religião – libertá-la, deixá-la seguir seu próprio caminho. O papel do Estado é proteger a religião, não promovê-la. O Estado deve especialmente proteger a liberdade da religião para ensinar, persuadir e evangelizar, mas o Estado não deve se envolver com a pregação, o ensino ou a condução de quaisquer atos de adoração pública, nem deve financiar quaisquer dessas atividades. É isso que significa a expressão “separação entre igreja e Estado”. P. 63 e 64. [5]

Fundadores como Jefferson, Franklin, Madison e outros eram pessoas não religiosas que reconheciam o bem tanto no laicismo quanto na religião. Em seu livro American Gospel [Evangelho Norte-Americano], Jon Meacham, editor-chefe da revista Newsweek, escreveu:

Nem convenientemente devoto nem inteiramente descrente, Jefferson inspecionou e manteve sob vigilância um meio-termo norte-americano entre, por um lado, a ferocidade dos cristãos evangelizadores e, por outro, o desprezo à religião por parte dos philosophes seculares. Os philosophes (palavra francesa para “filósofos”) eram intelectuais franceses do Iluminismo do século 18 que criam na supremacia da razão humana e questionavam a autoridade religiosa. Muitos deles eram deístas, e alguns deles eram totalmente críticos do cristianismo. Veja https://en.wikipedia.org/wiki/Philosophes.

Os da direita gostariam que Jefferson fosse um soldado da fé; os da esquerda gostariam que ele fosse como um Voltaire americano. Ele era, dependendo do momento, ambos ou nenhum dos dois; ele era, em outras palavras, grandemente semelhante a muitos de nós (Meacham, American Gospel, p. 4). P. 64. [5]
1781Blue laws – Na História dos Estados Unidos este é um termo geral para as leis que proíbem atividades seculares aos domingos. O nome originou-se de um relatório impresso em papel de côr azul publicado em 1781 com propósito de listar as regulamentações do repouso semanal em New Haven, Connecticut.

De forma mais estrita nas comunidades de orientação bíblica, as leis azuis usualmente proibiam o trabalho regular aos domingos, bem como a compra, venda, viagens, diversões públicas ou esportes. Leis semelhantes existiam, em vários graus, em todas as colônias americanas. Em geral, essas leis deixaram de vigorar após a guerra da Independência, mas sua influência tem persistido nos tempos atuais como se vê sempre que é regulada a atividade pública aos domingos (ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA, MICROPAEDIA. Verbete Blue Laws. vol. II, p. 99). P. 191. [6]
1783Em 1783 terminou a guerra da Independência com um tratado de paz com Grã-Bretanha, que reconhecia a independência dos Estados Unidos e lhes concedia mais de milhões de quilômetros quadrados de território. [1]
1784Havia cerda de 25 mil católicos no ano de 1784, no qual o reverencio John Carroll foi nomeado prefeito apostólico para o território que então ocupava a jovem república norte-americana. [2]
1787 e 1788A Constituição Americana na primeira Emenda diz: “O Congresso não fará nenhuma lei concernente ao estabelecimento de uma religião, ou proibindo o livre exercício dela”, e o Artigo VI declara: “Nunca nenhum teste religioso será requerido como uma qualificação para qualquer cargo de confiança ou público nos Estados Unidos”.

Embora a Constituição Americana separe muito bem a Igreja e o Estado, poucos percebem que a maçonaria é uma religião, uma forte religião profundamente enraizada na própria sede governamental dos Estados Unidos. Albert Mackey, considerado por muitos o maior arquiteto da maçonaria moderna, disse o seguinte: “A maçonaria pode corretamente designar-se uma instituição religiosa. [...] Quem pode negar que ela é eminentemente uma instituição religiosa? [...] Abrimos e fechamos nossas lojas com oração; invocamos a bênção do Altíssimo sobre todos os nossos trabalhos; exigimos de nossos neófitos uma profissão de fé confiante na existência e no cuidado providencial de Deus" (J. Scott Horrell, Maçonaria e Fé Cristã, p. 58).

Tendo defendido a maçonaria como religião, o próprio Albert Mackey declara em termos enfáticos: “A religião da maçonaria não é o cristianismo” (J. Scott Horrell, Maçonaria e Fé Cristã, p. 58).

Como a maioria das pessoas não considera a maçonaria uma religião, ela ficou completamente livre para se infiltrar e trafegar junto às autoridades do legislativo, judiciário e presidentes. Albert Pike, supremo pontífice da maçonaria universal declarou: “A maçonaria [é a religião] em cujos altares hebreus, muçulmanos, hinduístas, seguidores de Confúcio e Zoroastro agrupam-se, une a todos em oração como irmãos” (Dave Hunt, Global Peace and the Rise of Antichrist, p. 159).

A maçonaria tem preparado, claramente, muitos daqueles que hoje são líderes mundiais para desempenharem um papel chave nestes eventos porque eles já têm estado praticando secretamente aquilo que o mundo um dia abraçará abertamente. Considere a seguinte oração feita na cerimônia de abertura do trigésimo primeiro grau do rito Escocês: 'Ouça-nos com indulgência, Ó infinita Divindade. [...] Deixe que o grande dilúvio da luz maçônica flua numa perpétua corrente sobre o mundo inteiro e faça com que o credo maçônico seja o credo de toda a humanidade' (Dave Hunt, Global Peace and the Rise of Antichrist, p. 159). [3]

Em 1787 foi elaborada uma Constituição; em 26 de julho de 1788 haviam ratificado onze dos estados originais; e entrou em vigor em 1° de março de 1789. Os Estados Unidos começaram, pois, com algo mais que dois milhões de quilômetros quadrados de superfície e menos de quatro milhões de habitantes. [1]

John Adams, o segundo presidente dos Estados Unidos, escreveu na Defesa das Constituições dos Governos dos Estados Unidos da América (1787 - 1788): “Os Estados Unidos da América tem mostrado, talvez, o primeiro exemplo de governo construído nos simples princípios da natureza... Nunca se pretenderá que qualquer pessoa envolvida naquele serviço tivesse tido entrevistas com os deuses, ou que foram em qualquer grau influenciados pelo céu [...] será para sempre conhecido que estes governos (os 13 estados originais) foram impulsionados meramente pelo uso da razão e dos sentidos" (Jim Walker, Liberty, julho/agosto, 2002, p. 10 e 11).

Jim Walker, escritor especialista em história da religião, diz que, embora muitos líderes da América colonial fossem cristãos, a maioria dos mais influentes líderes políticos pioneiros não praticava a religião cristã: “Eles eram fortemente guiados pelas idéias do grande iluminismo da Europa. [...] Líderes do pensamento iluminista tais como Locke, Rousseau, e Voltaire influenciaram grandemente nossos fundadores; e os fundamentos matemáticos e mecânicos de Isaac Newton lhes serviram de base para o raciocínio científico. Eles raramente praticavam o que hoje nós podemos chamar de ortodoxia cristã. Embora eles defendessem o livre exercício de qualquer religião, eles entendiam os perigos da religião. A maioria deles cria no deísmo, e muitos frequentavam lojas maçônicas”. [3]

Em 1788, o papa Pio VI enviou um emissário a Paris a fim de se encontrar com um diplomata da nova república norte-americana, os Estados Unidos, que para ali havia sido recentemente designado. O diplomata era Benjamin Franklin, e a solicitação do papa a ele era curta e simples: “Estaria bem para o presidente George Washington se o papa nomeasse um bispo na nova terra?” Franklin obedientemente consultou o presidente George Washington, e veio a resposta para que ele dissesse ao papa que este podia nomear qualquer bispo que quisesse para os Estados Unidos, uma vez que a revolução nas colônias era exatamente em função disso – a liberdade, inclusive a liberdade religiosa. O papa prontamente nomeou o frei jesuíta John Carrol como o primeiro bispo católico dos Estados Unidos. (Jim Nicholson, “The United States and the Holy See: The Long Road, a Brief History of U.S.-Holy See Relations”). P. 167. [5]
1789Quando George Washington, recém eleito presidente dos Estados Unidos da América do Norte em 1789, cavalgava em seu cavalo num domingo pela manhã em Connecticut, ele foi parado por um guarda que o advertiu de que ele não poderia viajar mais do que a distância que o separava da igreja que pretendia freqüentar. Segundo a lei de Connecticut, a polícia poderia prender qualquer pessoa que caminhasse ou cavalgasse mais do que o necessário no domingo (Warren L. Johns, Dateline Sunday, U.S.A (Mountain View, California: Pacific Press, 1967), p.1). Confira o ano de 1656.

“Tenho observado que, quando os ministros religiosos deixam os deveres de sua profissão para tomar parte ativa em assuntos políticos, geralmente caem em desprezo” (Citado em Timothy A. Byrnes, Catholic Bishops in American Politics (Princeton: Princeton University Press, 1991), p. 13).

Em 1789 o papa nomeou John Carroll como bispo de Baltimore. Carroll tornou-se, assim, o primeiro bispo católico norte-americano. Durante a maior parte do segundo milênio, a Igreja Católica havia dominado a política europeia, e por muito tempo havia anunciado sua oposição à separação entre igreja e Estado e à liberdade religiosa. Tendo em vista essa história, o que motivou essas extraordinárias declarações feitas por católicos? A resposta é simples.

Os católicos eram uma pequena minoria religiosa no início da história da nação – menos de 1% da população na época da Guerra da Independência dos Estados Unidos (1775-1783). Muitos norte-americanos haviam chegado ao Novo Mundo para escapar da perseguição católica. Assim sendo, tinham forte preconceito contra os católicos, o que tornava extremamente difícil para os membros dessa igreja encontrar verdadeira liberdade religiosa. O preconceito contra os católicos em todas as colônias era ainda muito forte 140 anos depois, quando John Carroll se tornou o bispo de Baltimore. Os católicos eram considerados um elemento estranho na terra dos livres, o que explica o comentário de Carroll sobre a importância de os clérigos se manterem fora da política.

Carroll era o líder dos católicos norte-americanos nos anos que se seguiram imediatamente à Guerra da Independência. Uma de suas estratégias primárias foi disseminar um senso de que os católicos eram norte-americanos genuínos. Esse era um grande desafio, porque todo o problema do preconceito anticatólico era a ideia de que os membros dessa igreja, sendo sujeitos ao papa, não podiam ao mesmo tempo ser súditos leais do governo dos Estados Unidos. As pessoas temiam que, se tivessem a chance, os católicos tentariam transformar os Estados Unidos em uma teocracia que fosse leal ao papa. Para mitigar esse temor, os católicos norte-americanos tiveram de se distanciar da filosofia católica de união entre igreja e Estado e adotar o espírito norte-americano de liberdade religiosa. P. 89 e 90. [5]
1792 e 1793Roger Williams e os puritanos refletem dois conceitos opostos do relacionamento que deve existir entre a religião e o governo, entre a igreja e o Estado. Williams, como vimos [cf. 1635 - 1639], foi um dos primeiros visionários de um Estado laico, com separação entre a religião e o governo. O conceito puritano dominou os anos coloniais. Um dos lados mais sombrios do conceito puritano sobre a relação igreja-Estado ocorreu em Salém, Massachusetts, entre janeiro de 1792 e janeiro de 1793. A maioria das pessoas já ouviu falar dos julgamentos das bruxas de Salém. Esses julgamentos não eram uma questão entre igreja e Estado no sentido estrito, porque as acusações contra as “bruxas” eram trazidas por indivíduos, não pela igreja. Contudo, as acusações, os julgamentos, as condenações e as resultantes execuções refletiam noções puritanas de uma religião adequada e da imposição dessa religião pelo governo. Os julgamentos ocorriam no contexto de uma histeria da comunidade com respeito a supostas atividades satânicas por parte dos acusados. Quando a histeria se acalmou, dezenove pessoas já haviam sido executadas – seis homens e treze mulheres. P. 61. [5]
1796 e 1797O Tratado de Trípoli explicitamente revela a natureza secular dos Estados Unidos da América. O artigo 11 declara: “Como o governo dos Estados Unidos da América não está em nenhum sentido fundado na religião Cristã". O tratado foi feito no final da última gestão do presidente George Washington, 04 de novembro de 1796. O Senado aprovou-o em 07 de junho de 1797, e foi oficialmente ratificado pelos Estados Unidos com a assinatura do presidente John Adams no dia 10 de junho de 1797. Durante todo esse processo, as palavras do Artigo 11 nunca despertaram a mais leve preocupação. O tratado tornou-se público pela sua publicação na Gazette de Filadélfia no dia 17 de junho de 1797 (Jim Walker, Liberty, julho/agosto, 2002, p. 10). [3]

As relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a Santa Sé começaram no século XVIII quando os Estados Papais (antes de serem absorvidos pela Itália) concordaram em abrir diversos portos mediterrâneos para os navios americanos. Em 1797 John B. Sartori, um italiano, foi nomeado Consul Americano (Dave Hunt, A Woman Rides the Beast, p. 225 e 226). [3]
1798Se a besta semelhante ao leopardo, significa o papado, como comprovamos, e a ida em cativeiro encontra seu cumprimento na destruição temporária do papado pelos franceses em 1798, então temos definidamente especificado o tempo em que devemos procurar o nascimento deste poder de Apocalipse 13.11. A expressão “subir” deve significar que o poder a que se refere era recém organizada, e assumia então preeminência e influência. [1]
Início do séc. 19O historiador e pensador político francês Alexis de Tocqueville, após viajar pelos Estados Unidos no
início do século 19 e conversar com muitos clérigos norte-americanos, disse que “todos atribuíram o
pacífico domínio que a religião exerce em seu país principalmente à completa separação entre igreja e
Estado” (Meacham, American Gospel, p. 78 e 80), p. 65. [5]
1802Numa carta datada de 1º de janeiro de 1802, Thomas Jefferson escreveu para a Associação Batista de Danbury, na Virgínia: Encaro com solene reverência o ato de todo o povo norte-americano que declarou que sua legislatura não devia fazer “nenhuma lei referente ao estabelecimento da religião, ou proibindo o livre exercício dela”, construindo assim um muro de separação entre a igreja e o Estado (Meacham, American Gospel, p. 264), p. 65. [5]
1812Historicamente, os católicos também tentaram se apresentar como leais cidadãos dos Estados Unidos ao darem forte apoio aos esforços de guerra da nação. John Carroll deu entusiástico apoio ao lado norteamericano na Guerra da Independência, e durante a guerra de 1812 “foi inabalável em sua defesa da causa norte-americana” (Byrnes, Catholic Bishops in American Politics, p. 13).

O escritor católico Timothy Byrnes comentou: O primeiro bispo católico dos Estados Unidos entendeu, como também muitos de seus sucessores, que nada seria mais eficiente para demonstrar a lealdade dos católicos norte-americanos a seu país do que o entusiástico patriotismo por parte dos líderes da igreja em tempos de guerra (ibid., p. 13), p. 91 e 92. [5]
1803 - 1819Em 1803 Samuel B. Wylie, doutor em teologia, comparava em um sermão os autores daquele documento (a declaração da independência dos Estados Unidos da América do Norte) aos loucos mencionados nos salmos, que no seu coração dizem: ‘Não há Deus’. Oito anos depois o dr. Samuel Austin declarava o fato da Constituição dêsse país não se envolver com a religião ‘a falha capital’ nesse documento, a qual inevitavelmente acarretaria a queda da nação.

Em 1812 o presidente Dwight, do Yale College, lamentava em um sermão a falta de se haver deixado de reconhecer a Deus na Constituição, dizendo: ‘Debaixo do atual regimento começamos a nossa existência nacional sem Deus’.

Em 1819 o dr. Duffiel declarava a Constituição ‘absolutamente ateísta’. [2]

“Thomas Jefferson cria no materialismo, na razão e na ciência. Ele nunca admitiu qualquer religião exceto a sua própria. Numa carta a Ezra Stiles Ely, dia 25 de junho de 1819, ele escreveu: 'você diz ser um Calvinista. Eu não sou. Tanto quanto eu saiba eu sou da minha própria seita" (Jim Walker, Liberty, julho/agosto de 2002, p. 10). [3]
1817 - 1837Outro líder católico que adotou essa política de lealdade ao país mais do que ao papa foi John England, que se tornou bispo de Charleston, Carolina do Sul, em 1820. England “trabalhou de maneira clara para comunicar a harmonia entre os princípios católicos e as bases constitucionais do governo norte-americano” (Peter Guilday, The Life and Times of John England (Nova York: America, 1927), v. 1, p. vii, viii; citado em ibid., p. 14).

Ele citou a Primeira Emenda à Constituição dos Estados Unidos no cabeçalho do primeiro número de seu boletim eclesiástico Catholic Miscellany [Miscelânea Católica]. E a Carta Pastoral de 1837 dos líderes católicos norte-americanos, escrita por John England, fez uma declaração notável: “Nós não reconhecemos qualquer supremacia ou poder civil ou político sobre nós por parte de qualquer potentado estrangeiro, mesmo que esse potentado seja o chefe-geral de nossa igreja” (ibid., p. 15).

England tinha boas razões para desejar demonstrar ao público norte- americano que os católicos eram leais ao governo dos Estados Unidos e não ao papa. A imigração irlandesa para os Estados Unidos já estava começando na década de 1830. Devido ao fato de que a maioria desses imigrantes era formada por católicos, os protestantes se sentiram ameaçados, e logo se desenvolveu uma forte reação militante anticatólica.

Por exemplo, os católicos construíram um convento de freiras ursulinas em Charlestown, Massachusetts, em 1817, com o propósito de educar meninas entre seis e catorze anos. Tudo correu bem por mais de 15 anos, mas em 1834 espalhou-se um boato de que as freiras estavam maltratando suas alunas, e, em 14 de agosto, uma turba queimou completamente o convento. As autoridades não intervieram. O bispo John England escreveu a afirmação citada no parágrafo anterior três anos após o incidente. P. 90. [5]
1822Os elaboradores da Constituição dos Estados Unidos reconheciam a importância da religião, mas também estavam convencidos de que seu novo governo não podia patrocinar a religião. James Madison resumiu esse princípio em uma curta frase: “A religião floresce com maior pureza sem a ajuda do governo do que com ela” (James Madison, carta a Edward Livingston, 10 de julho de 1822, citado em “Pure Religion”, Liberty, dezembro de 2005, p. 13). Também disse: “O número, a operosidade e a moralidade do sacerdócio, bem como a devoção do povo, aumentam manifestamente pela total separação entre a igreja e o Estado” (Citado em Church and State, abril de 2006, p. 24). P. 63. [5]
1840No tempo da Revolução Norte-Americana em 1776, sete das treze colônias originais haviam estabelecido igrejas cujos pastores eram pagos pelo governo colonial ou estatal (Connecticut, Geórgia, Massachusetts, New Hampshire, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Virgínia). Mas, até 1840 todas elas já haviam abandonado o apoio à religião. Assim, o conceito de Williams da relação entre igreja e Estado [cf. 1635 - 1639] tem predominado durante a maior parte da história norte-americana. P. 61. [5]

Nem todas as pessoas religiosas estavam felizes com respeito à separação entre igreja e Estado. Os dois grupos religiosos majoritários no país, os episcopais e os congregacionalistas, não gostaram de renunciar ao apoio que recebiam do Estado. Contudo, os batistas, quakers e membros de outros grupos religiosos minoritários que haviam sido severamente reprimidos durante o período colonial eram fortes defensores da separação entre igreja e Estado. P. 64. [5]

Duas forças no século 18 contribuíram para a cooperação entre a religião e o laicismo. No lado religioso, desde o tempo em que os primeiros colonizadores se estabeleceram no continente norte- americano, o país sempre foi religioso. Uma notável manifestação disso – o Grande Reavivamento – ocorreu sob a liderança de Jonathan Edwards e George Whitefield no início do século 18. Ao mesmo tempo, durante a maior parte desse século, um movimento laico chamado Iluminismo estava ocorrendo em toda a Europa e América do Norte. Essas duas forças se fundiram na formação do governo norte- americano. A conclusão é que, historicamente, nos Estados Unidos, as pessoas religiosas têm apreciado as não religiosas, e estas têm apreciado as religiosas. Cada um se dispôs a dar e receber, e a ceder a fim de alcançar uma acomodação que deu a cada lado, em grande parte, o que desejavam. Cada um aceitou certa quantidade de expressão pública dos conceitos do outro como o preço a ser pago pela paz entre ambos. P. 64. [5]

O grande número de imigrantes vindos da Europa durante a última metade do século 19 e as primeiras duas décadas do século 20 desafiou a liderança católica dos Estados Unidos de duas formas: primeiro, essas pessoas tiveram que fornecer apoio pastoral para esses vários grupos étnicos. E segundo, tiveram que defender seus membros contra o antagonismo nativista. Este último desafio foi tornado muito mais fácil pelo fato de que a maioria dos católicos imigrantes se congregou nas grandes cidades norte-americanas, especialmente Nova York, Boston e Chicago. Isso deu aos bispos católicos nessas cidades enorme poder político em nível local, e eles muitas vezes usaram esse poder eficientemente para proteger seus membros de ataques hostis.

Quando os protestantes de Nova York ameaçaram fazer uma revolta contra os católicos durante a década de 1840, o bispo Hughes ameaçou a prefeitura da cidade, dizendo que se uma só igreja católica fosse danificada, seus membros incendiariam a cidade. Timothy Byrnes tirou a seguinte conclusão significativa: “Hughes entrou com os dois pés no processo político a fim de defender os interesses católicos que sentiu estarem sob ataque” (Byrnes, Catholic Bishops in American Politics, p. 31).

Várias décadas depois, Hughes desafiou a prática comum dos professores das escolas públicas da cidade de Nova York de ler cada dia para suas classes passagens da versão King James da Bíblia, que é protestante. Hughes afirmou que isso ofendia as sensibilidades dos católicos. Como os dirigentes das escolas recusaram-se a reconhecer isso, Hughes tentou conseguir com que o estado ajudasse financeiramente os católicos no estabelecimento de suas próprias escolas. Isso criou uma tempestade entre os protestantes, e Hughes formou sua própria chapa de candidatos para a Assembleia Legislativa do estado de Nova York e conclamou todos os católicos a votarem nela. Quando os candidatos do bispo perderam, ele ficou sem escolha, a não ser estabelecer seu próprio sistema de escolas confessionais sem o benefício do apoio estadual. P. 91 e 92. [5]
1847Em 1847, a pedido do presidente James K. Polk, o Senado dos Estados Unidos estabeleceu um posto diplomático nos Estados Papais até 1867 quando elementos anti- católicos nos Estados Unidos resultaram na eliminação dessa missão diplomática (Dave Hunt, A Woman Rides the Beast, p. 225 e 226). [3]
1848Em 1848, na cidade de Hydesville, estado de Nova York, na residência da família de João D. Fox, foram ouvidas, certa noite, pancadas estranhas no quarto de suas duas filhas, Marta e Kate. Aborrecidas pelas persistentes pancadas, noite após noite, uma das moças atreveu-se a interrogar o intruso que as perturbava. Inquiriu- o dizendo: “O’ seu pé lascado, faça como eu faço”, e deu um estalo com os dedos. Imediatamente alguém respondeu idênticamente estalando os dedos. A família Fox percebeu que alguém em oculto, inteligente e real, produzia as pancadas. Trataram de interrogá-lo mais, estabelecendo que suas respostas deviam ser dadas com certo número de pancadas convencionais. E tudo era respondido’ corretamente pelo invisível ser inteligente interrogado.

O resultado foi que, naquela casa de Hydesille, ou na América do Norte, como descreveu León Denis, “nasceu o espiritismo”. Aquelas duas filhas do fazendeiro João D. Fox tornaram-se as duas primeiras médias ou médiuns do espiritismo moderno.

Da América do Norte o espiritismo alastrou-se por todo o mundo. Na França fêz rápidos progressos. Em Paris, um francês, de nome Hipolité León Denizar Rivail, começou a frequentar as sessões e, logo, tornou-se médium de fama, sendo posteriormente conhecido pelo nome comum de Allan Kardec, a quem é atribuída a organização do espiritismo moderno, escrevendo êle grande número de obras sôbre a matéria. [2]
1852 - 1854Em 1852 quando o Papa Pio IX enviou um bloco de granito para ser colocado no monumento a Washington, que estava sendo construído, o povo americano protestou em massa. Os protestos foram tão intensos que os construtores não ousaram colocar a pedra no lugar. Dois anos mais tarde, os sentimentos de revolta ainda eram tão fortes que alguns americanos encontraram onde a pedra tinha sido guardada, amarraram-na com uma corrente e a afundaram nas águas do Rio Potomac. [3]
1859Em 1859 o professor J. H. Mc. IIvaine deplorava em um artigo publicado no Princeton Review que ‘o efeito prático da Constituição’ fôsse ‘a neutralidade do govêrno perante tôdas as religiões’, mostrando-se muito desgostoso por ‘não poder-se empregar a menor influência do govêrno pró ou contra alguma forma de fé religiosa'. [2]
1863 e 1864A Igreja Adventista do Sétimo Dia foi organizada em 1863, e logo naquele tempo, conta Warren L. Johns, foi também organizada em Shady Side, estado de Maryland, uma “Associação de Espias” para observar que tipo de conduta teriam os guardadores do sábado durante o dia de domingo, com o objetivo de descobrir neles atitudes ilegais que os levassem à prisão (Warren L. Johns, Dateline Sunday, U.S.A (Mountain View, California: Pacific Press, 1967), p. 49 e 50). P. 263. [3]. Confira o ano de 1893.

Em 1863 uma reunião de preeminentes protestantes teve por único objetivo influir para que uma emenda na Constituição federal viesse a ser votada pelo Congresso, a fim de que fizesse dos Estados Unidos uma nação “cristã”! No ano seguinte surgiu uma completa organização sob o nome de “Liga para a consecução de uma emenda religiosa à constituição”, passando a chamar-se Liga de Reforma Nacional. [2]

Em 1863, os Contratantes (Covenanters: os membros da Igreja da Escócia que assinaram o Pacto Nacional Escocês de 1638, que os obrigava a manter a Igreja da Escócia como foi organizada durante a Reforma, isto é, presbiteriana (N. do T.)) um pequeno grupo que saiu da Igreja Presbiteriana em Allegheny, Pensilvânia, propôs uma emenda ao preâmbulo da Constituição dos Estados Unidos. As palavras da emenda proposta estão entre colchetes:

Nós, o povo dos Estados Unidos, [reconhecendo o Ser e atributos do Deus todo-poderoso, a divina autoridade das Sagradas Escrituras, a lei de Deus como a regra suprema, e Jesus, o Messias, o Salvador e Senhor de todos], a fim de formar uma união mais perfeita [...] (“The NRA (National Reform Association) and the Christian Amendment”,https://candst.tripod.com/nra.htm).

Essa proposta não saiu do lugar, mas os Contratantes se mesclaram a outros partidos interessados para formar, em 1864, a Associação da Reforma Nacional (ARN). O objetivo primário da ARN era emendar a Constituição dos Estados Unidos de forma a reconhecer a Deus como a divina autoridade da nação e estabelecer o cristianismo como a religião oficial do país. O preâmbulo da constituição da ARN, embora um pouco extenso, é relevante à luz de esforços semelhantes que estão sendo feitos atualmente nos Estados Unidos:

Crendo que o Deus todo-poderoso é a fonte de todo poder e autoridade no governo civil, que o Senhor Jesus Cristo é o Governante das nações, e que a vontade de Deus revelada é de suprema autoridade em assuntos civis;

Lembrando que este país foi estabelecido por homens cristãos, com objetivos cristãos em vista, e que eles deram um caráter distintamente cristão às instituições que estabeleceram [esta cronologia apresenta evidências históricas de que isso não é verdade, pois nem todos os pioneiros da nação eram cristãos, com objetivos cristãos];

Percebendo as tentativas sutis e perseverantes que são feitas para se proibir a leitura da Bíblia em nossas escolas públicas, para subverter nossas leis sobre o dia de descanso [domingo], para corromper a família, para abolir o juramento, a oração em nossas legislaturas nacional e estadual, dias de jejum e ações de graças e outras características cristãs de nossas instituições, e assim divorciar o governo norte-americano de toda ligação com a religião cristã; [...]

Crendo que uma constituição escrita deve conter evidências explícitas do caráter e propósito cristão da nação que a elabora, e percebendo que o silêncio da Constituição dos Estados Unidos a esse respeito é usado como um argumento contra tudo que é cristão no costume e administração de nosso governo;

Nós, cidadãos dos Estados Unidos, nos unimos sob os seguintes artigos, e nos comprometemos com Deus e uns com os outros, a trabalhar, por meios sábios e lícitos, para os fins aqui expostos (ibidem).

O documento prosseguia alistando vários artigos a serem incorporados. O artigo II é particularmente significativo:

O objetivo desta sociedade será manter características cristãs existentes no governo norte-americano, promover as reformas necessárias na ação do governo no que respeita ao dia de descanso [o domingo], à instituição da família, ao elemento religioso na educação, ao juramento e à moralidade pública, segundo afetada pelo tráfico de bebidas e outros males semelhantes; e assegurar uma emenda à Constituição dos Estados Unidos que declare a lealdade da nação a Jesus Cristo e sua aceitação das leis morais da religião cristã, e assim indicar que esta é uma nação cristã, e colocar todas as leis, instituições e costumes cristãos de nosso governo sobre uma inegável base legal na lei fundamental do país (ibidem).

Na verdade, a ARN conseguiu submeter sua proposta de emenda constitucional ao Comitê Judiciário do Senado no final de 1864. Contudo, o comitê se recusou a passá-la para o Senado. Minha razão para mencionar essa informação sobre a Associação da Reforma Nacional é chamar a atenção para o fato de que ela basicamente não chegou a lugar algum. A maioria dos leitores deste livro provavelmente nunca nem ouviu falar da Associação da Reforma Nacional. O ponto essencial é que o princípio de manter o governo e a religião separados um do outro – ou seja, a separação entre igreja e Estado – conseguiu sucesso, e o fez muito facilmente. P. 66. [5]
1867 - 1888Em 1867 foi fundado o "The Christian Stateman", órgão oficial da supradita Liga, que, em 1884, inseria um artigo, com esta declaração: "Dê-se a entender a todo o mundo que constituímos uma nação cristã e que, por acreditarmos não poder subsistir sem o cristianismo, nos vemos na contingência de conservar por todos os meios o nosso caráter cristão. Inscreva-se isto no pavilhão de nossa Constituição... Obrigue-se a todos os que vierem ter ao nosso país a obedecer às leis da moral cristã".

Num artigo publicado no mesmo jornal, em data de 13 de janeiro de 1887, dizia o Rev. M. A. Gaul, um dos vultos mais eminentes dessa Liga e advogado da Reforma Nacional: "O nosso remédio contra tôdas as influências perniciosas está em decretar o Govêrno a Lei Moral e reconhecer a autoridade de Deus que está por detrás desta, deitando mão a tôda a religião que se não conformar com a mesma".

A 21 de março de 1888, o vice-presidente dessa Liga, num discurso publicado no mesmo jornal, dizia o seguinte: "Podemos acrescentar com todo o direito: Se os adversários da Bíblia não se agradarem de nosso govêrno e de sua lei cristã, que vão para um país selvagem e deserto e o conquistem em nome do diabo e para o diabo, fundando aí para si um govêrno baseado nas suas idéias incrédulas e ateístas, e se o puderem suportar, que continuem lá até morrer".

Numa convenção realizada pela Liga a 26 de fevereiro do mesmo ano, em New York, o dr. Jonathan Edwards declarava sem rebuços: "Queremos uma união de Igreja e Estado e havemos de tê-la. Até onde os negócios do Estado necessitam de religião, esta deve ser a religião revelada de Cristo. O juramento cristão e a moral cristã devem ter neste país uma base legal iniludível".

Em resposta a um pedido pró emenda religiosa constitucional, a Comissão de Assuntos Judiciais da Câmara deu em 18 de fevereiro de 1874 a seguinte resposta: “Como êste país, de cujo govêrno estavam lançando o fundamento então, devia ser pátria dos oprimidos de tôdas as nações da terra, fossem cristãos ou pagãos, e compreendendo plenamente os perigos que a união entre a Igreja e o Estado havia imposto a tantas nações do Velho Mundo com grande unanimidade (concordaram) que não convinha pôr na Constituição ou a forma de govêrno algo que pudesse interpretar-se como referindo-se a qualquer credo religioso ou doutrina” (Las Profecias de Daniel y el Apocalipse, U. Smith, Tomo II, p. 226).

Em 1877 a Liga da Reforma Nacional aliou-se com a Liga de Temperança das Mulheres Cristãs, um dos mais eminentes vultos da qual foi a Snra. Francis Willard, que, num relatório dessa Liga, publicado em 1886, disse o seguinte: "Ainda havemos de ter uma verdadeira teocracia... A bem da humanidade importa que, na lei, Cristo seja elevado ao trono pelos legisladores. Por isso solicito, como patriota cristã, o direito de voto para as mulheres".

Em outubro de 1888 realizou-se em New York uma convenção dessa Liga, na qual foi tomada a seguinte resolução: "Resolvemos que Cristo e Seu Evangelho devem dominar soberanamente, o primeiro como Rei Universal e o segundo como Código Geral, no nosso govêrno e nos negócios do Estado".

“O objetivo principal dessa Liga transpira ainda mais nitidamente de um discurso proferido numa assembléia geral pela mesma Snra. Francis Willard, então presidente da Liga: "A Liga de Temperança das Mulheres Cristãs local, estadual, nacional e universal se inspira num pensamento vivo e orgânico, num objetivo que faz perder de vista todos os demais, num entusiasmo imorredouro, a saber, que Cristo deve ser o Rei dêste mundo".

“O reino de Cristo tem de ser estabelecido na lei, entrando pela porta da política. Por isso suplicamos a Deus que não lhes dê sossêgo (aos partidos contrários) até que jurem vassalagem a Cristo, e, formados num único e grande exército, marchem para as urnas a fim de glorificar a Deus". [2]
1870"A Igreja Católica Romana, com todas as suas ramificações pelo mundo inteiro, forma vasta organização, dirigida da sé papal, e destinada a servir aos interesses desta. Seus milhões de adeptos, em todos os países do globo, são instruídos a se manterem sob obrigação de obedecer ao papa.

Qualquer que seja a sua nacionalidade ou governo, devem considerar a autoridade da igreja acima de qualquer outra autoridade. Ainda que façam juramento prometendo lealdade ao Estado, por trás disto, todavia, jaz o voto de obediência a Roma, absolvendo-os de toda obrigação contrária aos interesses dela. A História testifica de seus esforços, astutos e persistentes, no sentido de insinuar-se nos negócios das nações; e, havendo conseguido pé firme, nada mais faz que favorecer seus próprios interesses, mesmo com a ruína de príncipes e povo", p. 505 e 506. [4]

"O expediente de Satanás neste conflito final com o povo de Deus é o mesmo que empregou no início da grande controvérsia no Céu. Pretendia estar buscando promover a estabilidade do governo divino, enquanto secretamente aplicava todo o esforço para conseguir sua subversão. E da mesma obra que assim se estava esforçando por cumprir, acusava os anjos fiéis. Idêntica política de engano tem assinalado a história da Igreja de Roma. Tem esta professado agir como substituta do Céu, ao mesmo tempo em que procura exaltar- se sobre Deus, e mudar Sua lei. Sob o governo de Roma, os que sofreram a morte pela sua fidelidade para com o evangelho eram denunciados como malfeitores; declarava-se estarem eles coligados com Satanás; e todos os meios possíveis foram empregados para cobri-los de infâmia, para fazê-los parecer aos olhos do povo, mesmo aos seus próprios, como os mais vis dos criminosos.

"Assim será agora. Enquanto Satanás procura destruir os que honram a lei de Deus, fará com que sejam acusados como violadores da lei, como homens que estão desonrando a Deus e acarretando juízos sobre o mundo. Deus nunca força a vontade ou a consciência; porém o recurso constante de Satanás para alcançar domínio sobre os que de outra maneira não pode seduzir, é o constrangimento pela crueldade. Por meio do medo ou da força, procura reger a consciência e conseguir para si mesmo homenagem. Para realizar isto, opera tanto pelas autoridades eclesiásticas como pelas seculares, levando-as à imposição de leis humanas em desafio à lei de Deus.

"Os que honram o sábado bíblico serão denunciados como inimigos da lei e da ordem, como que a derribar as restrições morais da sociedade, causando anarquia e corrupção, e atraindo os juízos de Deus sobre a Terra. Declarar-se-á que seus conscienciosos escrúpulos são teimosia, obstinação e desdém à autoridade. Serão acusados de deslealdade para com o governo. Ministros que negam a obrigação da lei divina, apresentarão do púlpito o dever de prestar obediência às autoridades civis, como ordenadas de Deus. Nas assembléias legislativas e tribunais de justiça, os observadores dos mandamentos serão caluniados e condenados. Dar-se-á um falso colorido às suas palavras; a pior interpretação será dada aos seus intuitos.

"Ao rejeitarem as igrejas protestantes os argumentos claros das Escrituras Sagradas, em defesa da lei de Deus, almejarão fazer silenciar aqueles cuja fé não podem subverter pela Bíblia. Embora fechem os olhos ao fato, estão agora a enveredar por caminho que levará à perseguição dos que conscienciosamente se recusam a fazer o que o resto do mundo cristão se acha a praticar, e a reconhecer as pretensões do sábado papal.

"Os dignitários da Igreja e do Estado unir-se-ão para subornar, persuadir ou forçar todas as classes a honrar o domingo. A falta de autoridade divina será suprida por legislação opressiva.

"A corrupção política está destruindo o amor à justiça e a consideração para com a verdade; e mesmo na livre América do Norte, governantes e legisladores, a fim de conseguir o favor do público, cederão ao pedido popular de uma lei que imponha a observância do domingo. A liberdade de consciência, obtida a tão elevado preço de sacrifício, não mais será respeitada. No conflito prestes a se desencadear, veremos exemplificadas as palavras do profeta: 'O dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao resto da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo'. Apocalipse 12:17", p. 516 e 517. [4]
1878Samuel Mitchel, membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Quitman, Condado de Brooks, na Georgia foi sentenciado a trinta dias de prisão em 1878 por ser encontrado arando sua própria terra no domingo (Warren L. Johns, Dateline Sunday, U.S.A (Mountain View, California: Pacific Press, 1967), p. 50). P. 263 e 264. [3].
1884Durante a segunda metade do século 19, a imigração católica proveniente da Europa alcançou grandes proporções: não só vinda da Irlanda, mas também da Alemanha, Polônia, Itália e partes católicas dos Bálcãs. Esse afluxo de católicos provocou um forte movimento “nativista” entre os protestantes, os quais criam que os católicos defendiam conceitos políticos que eram uma ameaça ao estilo de vida norte-americano. Novamente, vários líderes católicos fizeram o máximo para apresentar os católicos ao público como leais norte-americanos (Nem todos os líderes católicos da época apoiavam essa posição liberal. Alguns achavam que a igreja devia se isolar da cultura norte-americana).

O arcebispo John Ireland, da cidade de St. Paul, Minnesota, fez a seguinte declaração em 1884: Não há conflito algum entre a Igreja Católica e os Estados Unidos. Eu não poderia proferir uma sílaba sequer que caluniasse, ainda que remotamente, a igreja ou a República, e quando afirmo, como solenemente agora o faço, que os princípios da igreja estão em completa harmonia com os interesses da República, sei, no fundo de minha alma, que digo a verdade (James H. Moynihan, The Life of Archbishop John Ireland (Nova York: Harper, 1953), p. 33, 34; citado em Byrnes, Catholic Bishops in American Politics, p. 15).

Essas são declarações notáveis, devido ao fato de que, durante o século 19 e início do século 20, o papado condenou fortemente a forma democrática de governo. Ratificar a experiência norte-americana com a democracia foi uma das formas de os católicos tentarem apresentar a si mesmos e sua igreja como verdadeiramente norte-americanos durante os primeiros 150 anos da história da nação. P. 90. [5]
1885Vejamos o que dissera o papa Leão XIII aos católicos dos Estados Unidos em uma pastoral de 7 de novembro de 1885: “Se os católicos dão prova de indolência as rédeas do govêrno cairão em mãos de pessoas cujas idéias são pouco favoráveis ao bem estar (da igreja). Suficiente motivo têm os católicos para intervir na vida política, para que o sangue vivo da ciência e da virtude católicas penetre em todo o organismo dos Estados. Todos os católicos que se prezam sê-lo hão de ter sempre em mente êste fim e hão de trabalhar e influir até que cada um dos Estados se torne transformado conforme a imagem descrita por nós” (Gazeta de Colônia, 13 de julho de 1896). [2]
1887Para que o leitor possa fazer uma idéia de como se procede naquele país [EUA] contra infratores dessas leis atentatórias da liberdade religiosa proclamada pela Constituição, e que nada mais são do que a imagem da besta em embrião, já em franca evolução nalguns Estados, vamos transcrever aqui a narração de um desses casos, feita por testemunha insuspeita, o nobre senador Crockett, perante o Senado de Arkansas. Ei-la:

"Senhor presidente, consenti que por um ou dois exemplos eu vos pinte os efeitos dessa lei. Um tal Sr. Swearigen, procedente de um dos Estados do Norte, havia-se mudado para um sítio no condado de (...). O seu sítio distava quatro milhas da cidade mais próxima e estava bastante retirado de qualquer das casas de oração. Era um membro da Igreja dos Adventistas do Sétimo Dia; e como houvesse observado o dia de repouso de sua Igreja, que é o sábado do sétimo dia, abstendo-se nele de todo o trabalho secular, entregou-se, ele mais o seu filho, um mancebo de 17 anos, tranquilamente ao serviço de sua lavoura, no primeiro dia da semana. Não incomodavam a ninguém, não prejudicavam os interesses de quem quer fosse.

"Mas, foram espiados, sendo o caso denunciado aos magistrados, que os mandaram prender. No julgamento foram condenados a multas e como não tivessem com que pagar, esses honrados cidadãos cristãos foram lançados na prisão onde, quais vis criminosos, permaneceram encarcerados por espaço de 25 dias, e por que? – Porque tiveram a ousadia de no ano da graça de nosso Senhor Jesus de 1887 adorar a Deus segundo os ditames de sua consciência na chamada terra da liberdade.

"E acaso foi isto o fim da história? Ah, não, Sr. presidente. Postos que tinham sido em liberdade, confiscou-se ao pobre velho o único cavalo que possuía para ganhar a subsistência de seus filhos, a fim de com o seu produto pagar as custas do processo e a multa, o que tudo importava em 35 dólares, (cerca de 140$000 de nossa moeda). O cavalo foi vendido em hasta pública por 27 dólares.

"Dias depois chegou o oficial de justiça e requereu ao velho mais 38 dólares, sendo onze para completar a soma anteriormente fixada, e mais vinte e cinco para as despesas de alimentação do pai e filho durante o tempo de sua prisão.

"E ao protestar o pobre velho com os olhos lacrimejantes que não tinha dinheiro, confiscou-se-lhe também a vaca, pela qual posteriormente foi aceita uma garantia, cuja importância foi coletada entre seus irmãos na fé.

"Senhor presidente, todo o meu coração se revolta ao repetir essa história infame" (JONES, William Mead. A Chart of the Week, 1886, p. 885 e 886). P. 189 e 190. [6]
1889 - 1892Em 1889, Day Conklin, de BigCreek, Condado Forsyth na Georgia, foi condenado por comprar madeira no domingo. Na sexta-feira anterior, enquanto ele e sua família estavam se mudando, muito da sua mobília e bens foram ensopados pela forte chuva. Fazia muito frio e eles não tinham lenha para a lareira, e Conklin saiu para comprar lenha para aquecer a casa. Por isso ele foi condenado, pagando uma multa de $83,00 dólares! No domingo seguinte ao seu julgamento, uma das testemunhas que falara contra ele, e um dos jurados que havia participado no veredito, também compraram lenha para a casa deles e não foram condenados e nem ameaçados. A causa dessa discriminação era simplesmente porque Conklin era um adventista do sétimo dia (Warren L. Johns, Dateline Sunday, U.S.A (Mountain View, California: Pacific Press, 1967), p. 50). P. 264. [3].

Um incidente em Illinois em 1889 terminou muito bem para os católicos. O Partido Republicano conseguiu aprovar um projeto de lei na Assembleia estipulando que a exigência de frequência compulsória à escola podia ser satisfeita apenas por alunos que frequentassem escolas aprovadas pela Secretaria de Educação local. Assim, se a comissão escolar de uma escola pública não aprovasse o currículo de uma escola católica, os alunos que frequentassem aquela escola seriam considerados não frequentadores. Os bispos de Illinois condenaram a lei como uma violação dos direitos dos católicos, e, na eleição de 1892, usaram seu voto para tirar os republicanos do poder. A lei foi logo revogada.

O poder político dos católicos nas grandes áreas urbanas cresceu junto com o crescimento da população católica. A sociedade Tammany Hall, a máquina política democrata em Nova York, é um ótimo exemplo. Embora tenha sido muito caluniada, Tammany Hall forneceu aos imigrantes serviços sociais vitais.

“Os políticos católicos compreenderam que seu povo estava preocupado com empregos, com a remoção do lixo, com moradia e com centenas de outros assuntos, grandes e pequenos. Os políticos que organizavam as subdivisões políticas de uma cidade estavam, especialmente através dos líderes de sua zona eleitoral, em íntimo contato com as necessidades do povo” (Marlin, The American Catholic Voter, p. 147).

Tammany Hall era controlada pelos católicos, o que dava aos líderes enorme poder político. Nas grandes cidades, tornou-se quase impossível para qualquer candidato a um cargo político ganhar as eleições sem a aprovação do bispo ou do arcebispo.

Para resumir, durante quase duzentos anos após o estabelecimento dos Estados Unidos como nação independente, os católicos do país e seus líderes fizeram todos os esforços para ser vistos como leais cidadãos.

Fizeram isso através de fortes afirmações de apoio ao sistema democrático norte-americano e a seus conflitos militares. O único desafio que os católicos fizeram ao governo durante esse período foi em nível local, onde protegeram seu próprio povo do preconceito anticatólico por parte da maioria protestante. Essa era uma política essencial, dado seu pequeno número nos primeiros anos da república e dada a hostilidade exibida contra os católicos durante o século 19, enquanto os imigrantes católicos chegavam em grande número ao país, vindos da Europa.

Contudo, na metade do século 20 as circunstâncias já haviam mudado dramaticamente. Os esforços para serem vistos como norte-americanos leais finalmente deu resultado, tornando possível aos líderes católicos adotarem uma abordagem muito diferente em relação ao país e a seu governo. P. 92. [5]
1893(Confira o ano de 1863).

Um tal de Sr. Ford, do Condado de Queen Anne, em Maryland, jurou que processaria o primeiro adventista do sétimo dia que ele achasse trabalhando no domingo. Conseqüentemente ele foi o responsável pela prisão do seu próprio irmão no dia 5 de junho de 1893, por estar ele carregando alguns materiais para a proteção das janelas da igreja que estava sofrendo ameaças. (Warren L. Johns, Dateline Sunday, U.S.A (Mountain View, California: Pacific Press, 1967), p. 49 e 50). P. 263. [3].
1898A frase Em Deus Nós Confiamos apareceu nas cédulas de dólar somente após a Guerra Civil, e mesmo assim ninguém pode definir ao certo a que deus estão se referindo. Os livros da maçonaria dizem claramente que o deus que aparece na nota de dólar não é o Deus da Bíblia, e sim o deus da razão (Valton Sergio von Tempski-Silka, Historial da Franco Maçonaria, Curitiba, PR: Juruá Editora, 2002, p. 70). Obviamente não é mesmo, pois se os políticos fundadores da nação eram, na sua maioria maçons, o deus que adoravam era o pretenso deus da luz, Lúcifer, o deus do iluminismo. [3]

Durante a Guerra Civil, os líderes católicos do Norte apoiaram a causa do norte, e os líderes do Sul
apoiaram a causa do Sul (1861 - 1865). Até a Guerra Hispano-Americana de 1898 teve forte apoio católico – apesar do fato de que a Espanha, contra a qual os Estados Unidos estavam lutando, era uma nação católica. Antes da guerra, o papa, temeroso das consequências da guerra para os católicos espanhóis, alistou a ajuda do arcebispo John Ireland, de Minnesota, para fazer a mediação entre os governos norte-americano e espanhol. Infelizmente os esforços de Ireland fracassaram, e irrompeu a hostilidade entre os dois países. Contudo, depois que a guerra começou, “na tradição de apoio católico aos esforços de guerra norte-americanos, Ireland declarou que era ‘a favor da guerra – a favor da bandeira dos Estados Unidos’” (Byrnes, Catholic Bishops in American Politics, p. 23).

Assim, os bispos norte-americanos publicaram uma carta pastoral em maio de 1898 que incluiu o seguinte parágrafo, expresso em fortes palavras: Qualquer que possam ter sido as opiniões individuais dos norte-americanos antes da declaração de guerra, agora não pode haver duas opiniões quanto ao dever de todo cidadão leal. [...] Nós, membros da Igreja Católica, somos verdadeiros norte-americanos, e como tais somos leais a nosso país e a nossa bandeira, e obedientes aos mais altos decretos e à suprema autoridade da nação (Frank Reuter, Catholic Influence on American Colonial Policies, 1898-1904 (Austin: University of Texas Press, 1967), p. 7; citado por George J. Marlin em The American Catholic Voter (South Bend: St. Augustine’s Press, 2004), p. 150). P. 91. [5]
1910Acerca da questão de fazer dos Estados Unidos uma “nação cristã” o bispo Earl Cranston, doutor em teologia da igreja metodista episcopal, fez as seguintes observações num discurso em Washington em 13 de março de 1910:

― Suponhamos que esta nação fosse declarada cristã por uma intervenção constitucional de fato. Que significaria? Qual das duas definições rivais do cristianismo seria a indicada pela palavra "cristã"? É claro, a idéia protestante; porque sob nosso sistema as maiorias governam e a maioria dos estadunidenses são protestantes. Muito bem. Mas suponhamos que pelo acréscimo de certos territórios contíguos com doze milhões ou mais de católicos, a anexação de algumas ilhas mais com outros seis milhões, e a mesma proporção de imigrantes que agora, chegassem os católicos a ser a maioria dentro de alguns anos, quem duvida por um momento de que o papa reinante assumiria o controle da legislação e do governo? Diria com toda confiança e lógica: "Está é uma nação cristã. Assim se chamou desde o começo e se declarou faz muitos anos. Uma maioria definiu então o que era o cristianismo, agora uma maioria definirá o que é o cristianismo e o que há de ser". Essa "maioria" seria o papa. – The Church and the Government, pág. 7. P. 218. [1]
1914Em janeiro de 1914 reuniram-se em New York os representantes de tôdas as corporações religiosas constituídas para a defesa do domingo a fim de discutirem as bases e assentarem os planos para o grande Concílio Internacional do Dia do Senhor a realizar-se proximamente em Washington. Foi convidado para assistir a êsse Concílio, na qualidade de seu presidente honorário, o presidente Wilson, que aceitou o convite. O Jornal de Providence (Rhode Island) dando notícia dessa reunião, assim a comenta em seu número de 13 de julho do mesmo ano:

“Reuniram-se em New York, a 22 de janeiro, os representantes das diversas organizações do Dia do Senhor a fim de acordarem nas medidas preliminares para a celebração do Concílio. Os planos já vão adiantados. Organizou-se uma Comissão geral de projetos e elegeu-se uma Comissão Executiva, à qual foi cometido o trabalho principal no aperfeiçoamento dos planos para o futuro Concílio”.

“O domingo será discutido sob todos os seus aspectos mundiais. Far-se-á primeiro um estudo geral de cada país e das condições de cada nação. Em seguida o Congresso abordará o problema do domingo, considerando-o sob os seus múltiplos aspectos — religioso, moral, industrial, econômico, higiênico, social, legal e governamental. Tentar-se-á também organizar um programa para uma ação combinada e para direção da cooperação ativa daqueles que estão interessa dos em promover a legítima observância do domingo. Já um bom número das denominações religiosas principais endossou o movimento, insistindo em que tôdas as associações, não importa de que espécie, religiosas ou profanas, devem alistar-se no mesmo ao lado dos seus promotores, enviando delegados às suas assembléias” (O Sábado, G. Stein Filho, p. 190 e 191). P. 388 e 389. [2]
1917A Primeira Guerra Mundial trouxe aos católicos norte-americanos tanto problemas quanto uma oportunidade singular. O problema foi o medo da comunidade protestante dos Estados Unidos de que os católicos de origem alemã fossem norte-americanos desleais. A guerra proporcionou uma oportunidade para os católicos demonstrarem sua lealdade. E eles o fizeram.

Os bispos deram seu pleno apoio à guerra, e os soldados norte-americanos católicos se portaram bravamente em favor de sua nação no campo de batalha. A igreja foi um passo além e organizou um esforço nacional para apoiar a guerra. Em 1917, sob a liderança do cardeal Gibbons, os bispos estabeleceram o Conselho Nacional de Guerra Católico. O conselho capacitou os católicos norte-americanos a doarem fundos e dedicarem pessoas para prover cuidado espiritual e serviços de recreação aos que estavam servindo durante a guerra. O total apoio da igreja à guerra compensou. O anticatolicismo diminuiu significativamente após a Primeira Guerra Mundial.

Timothy Byrnes comentou que, “durante a Segunda Guerra Mundial, novas alturas foram alcançadas na identificação do catolicismo com os objetivos de guerra norte-americanos” (Byrnes, Catholic Bishops in American Politics, p. 31).

O arcebispo Francis Spellman se distinguiu como capelão não oficial para as forças norte-americanas além-mar e serviu como representante pessoal do presidente Roosevelt junto ao Vaticano. Citando Byrnes novamente: Nada agradou mais a Spellman do que esta oportunidade de promover simultaneamente os interesses de sua igreja e os de sua nação, e de servir como uma personificação da compatibilidade entre os dois. Os sacrifícios dos católicos em geral em tempos de guerra ilustraram de tal forma essa compatibilidade que George Flynn argumentou que “o patriotismo dos católicos na grande cruzada [Segunda Guerra Mundial] seria tão brilhante que nunca mais ninguém ousaria questionar o norte-americanismo deles” (ibid., p. 30).

Assim, uma segunda forma em que muitos dentre os líderes católicos procuraram aquietar os temores anticatólicos dos protestantes norte-americanos foi dando irrestrito apoio a todas as guerras da nação. P. 91. [5]
1925George Rappleyea era o gerente de uma empresa de mineração, a Companhia de Carvão e Ferro Cumberland, no distante Tennessee de 1925. George gostava de publicidade; tinha talento natural para a dramaticidade. E viu uma oportunidade para isso na Lei Butler, que a legislatura estadual do Tennessee havia acabado de aprovar. A lei declarava:

Será ilegal para qualquer professor, em qualquer das universidades, escolas normais e em todas as outras escolas públicas do estado que são mantidas inteiramente ou em parte pelos fundos públicos estaduais, ensinar qualquer teoria que negue a história da criação divina do ser humano ensinada na Bíblia, e ensinar, em vez disso, que o homem descendeu de uma ordem inferior de animais (Tennessee Sixty-Fourth General Assembly, 1925, House Bill nº 185, https://famous-trials.com/scopesmonkey).

Você provavelmente está pensando que tipo de oportunidade para publicidade George Rappleyea viu na lei antievolução do Tennessee. Precisamente isto: a União Norte-americana pelas Liberdades Civis tinha se oferecido para defender qualquer pessoa que violasse a nova lei. George abordou os pais de alunos da cidade com uma proposta: Por que não combinar com um professor da escola secundária que ele ensinasse evolução em sua disciplina, fazer com que ele fosse preso e acusado, e depois chamar a União Norte-Americana pelas Liberdades Civis para defendê-lo? A controvérsia que o julgamento gerasse colocaria a cidade de Dayton em destaque no mapa. Os habitantes gostaram da ideia e encarregaram George de fazer os arranjos. Assim, George lançou a ideia para John Scopes, um professor de Ciências substituto na escola secundária local. Scopes concordou, e alguns dias mais tarde dedicou uma aula à teoria da evolução. Em 25 de maio, foi preso e acusado de violar a Lei Butler do Tennessee. Então a União Norte-Americana pelas Liberdades Civis cumpriu sua promessa.

“O julgamento do macaco”, como se tornou conhecido, teria sido uma ocorrência incomum mas insignificante na história da jurisprudência norte-americana se não fosse por um simples fato: colocou a religião conservadora contra o liberalismo secular. A publicidade foi enorme. Os principais jornais da nação enviaram mais de uma centena de repórteres para fazer a cobertura do julgamento, e estes mandaram mais de 165 mil palavras telegrafadas por dia para seus escritórios jornalísticos. Durante dias o julgamento permaneceu na primeira página de quase todos os principais jornais do país, e de muitos dos jornais menores. A estação de rádio WGN de Chicago e seu anunciante, Quin Ryan, davam relatórios ao vivo diariamente sobre o andamento – a primeira cobertura ao vivo de um julgamento na história dos meios eletrônicos de comunicação (Para detalhes sobre o julgamento, veja “Scopes Trial”, https://en.wikipedia.org/wiki/Scopes_Trial).

Dayton, no Tennessee, tem sido um nome famoso na cultura norte-americana desde então. Livros têm sido escritos sobre o julgamento; Hollywood fez um filme sobre ele; e a pequena e velha Dayton tem um lugar seguro garantido nos livros de história mundial até que o Senhor venha.

A teologia liberal fez profundas incursões no protestantismo norte-americano tradicional, começando na segunda metade do século 19 e avançando até o século 20. Os teólogos liberais negavam o sobrenatural, inclusive os milagres de Jesus, Seu nascimento virginal e Sua ressurreição corporal. Também negavam a inspiração e autoridade da Bíblia como a Palavra de Deus, e abandonavam cada vez mais o relato bíblico da criação, substituindo-o pela teoria da evolução. No início do século 20, os líderes religiosos conservadores responderam com uma coleção de quatro livros chamada Os Fundamentos. Esses livros exaltavam os ensinos cristãos tradicionais que o liberalismo negava. O movimento que surgiu com sua publicação veio a ser conhecido como fundamentalismo, e as pessoas que defendiam essas crenças ficaram conhecidas como fundamentalistas.

O júri decidiu que John Scopes era culpado do crime do qual foi acusado. Assim, os fundamentalistas ganharam na corte legal. Mas perderam na corte da opinião pública. Até hoje o “julgamento do macaco” é considerado um ganho importante para a ciência e o secularismo e um enorme revés para a religião conservadora. As pessoas não religiosas lançaram ridículo sobre o fundamentalismo e os fundamentalistas. É por isso que, após o julgamento, os fundamentalistas se afastaram quase completamente da política e do envolvimento em questões sociais. Sua tarefa, diziam eles, era a proclamação do evangelho e a salvação de almas, não a ação política.

Porém, embora em certo sentido o julgamento tenha sido uma perda imensa e embaraçosa, prestou aos conservadores religiosos um grande benefício: deu-lhes a causa perfeita em torno da qual arregimentar suas tropas. Outro benefício que os fundamentalistas ganharam com o “julgamento do macaco” de Scopes foi a relutância dos editores de livros didáticos em lidar com a teoria da evolução durante as próximas três décadas, a fim de não serem levados a julgamento. Só foi na década de 1960 que os livros didáticos das escolas públicas passaram a tratar extensivamente da evolução.

A questão não era simplesmente a controvérsia entre criação e evolução, importante como fosse. A questão era todo um interesse liberal, incluindo sua rejeição do sobrenatural, a negação do nascimento virginal de Cristo e Sua ressurreição, seu tratamento da Bíblia como qualquer outro exemplar de literatura em vez de a Palavra inspirada de Deus, etc. Todas essas questões estavam desafiando o cristianismo na época, especialmente o protestantismo. Os adventistas do sétimo dia partilham das convicções básicas dos cristãos conservadores, inclusive a confiabilidade do relato de
Gênesis sobre a criação e o dilúvio, o sobrenatural, o nascimento virginal e a ressurreição de Cristo, e a inspiração da Bíblia.

Assim, os fundamentalistas arregaçaram as mangas e puseram mãos à obra para conquistar interessados em seu tipo fundamentalista de religião. Entre 1926 e 1940, os batistas do Sul alcançaram 1,5 milhão de membros, e as Assembleias de Deus quadruplicaram o número de seus adeptos.

Kevin Philips, no livro American Theocracy [Teocracia Norte-Americana], comentou que “os grupos evangélicos, fundamentalistas e pentecostais, longe de se evaporarem ou estagnarem durante o início do século 20, parecem ter sido uma força de ajuntamento, como uma maré que está subindo” (Kevin Philips, American Theocracy (Nova York: Viking, 2006), p. 115. Philips é a fonte, neste capítulo, para as estatísticas sobre o crescimento do protestantismo fundamentalista e o declínio da vertente principal do protestantismo).

Durante esse mesmo período, a vertente principal do protestantismo encolheu de maneira tão significativa quanto o protestantismo conservador se expandiu. Mas há um importante aspecto a notar: apesar do declínio em seu número de membros, os pastores, sacerdotes e membros das denominações protestantes da vertente principal constituíam a elite culta da nação, e dominaram sua política durante os primeiros três quartos do século 20. Os evangélicos e os protestantes fundamentalistas não estavam interessados em política. Estavam muito ocupados ganhando almas. Estavam ocupados crescendo. Mas o crescimento dos protestantes fundamentalistas não estava sendo detectado. Poucos cientistas sociais prestavam qualquer atenção a eles. Afinal de contas, presumia a elite, eles eram simplórios, ignorantes – talvez úteis como servos e trabalhadores braçais, mas não muito mais do que isso.

Assim, a maior parte da classe alta estava ingenuamente inconsciente do que estava acontecendo bem no seu quintal dos fundos. Deixaram de perceber que o declínio no número de membros de suas próprias denominações tradicionais e o dramático crescimento no número de membros das denominações fundamentalistas e evangélicas iria certamente se traduzir, com o tempo, numa significativa mudança de poder político. P. 71 e 72. [5]
1933Uma das mais significantes realizações de Franklin Roosevelt (quatro vezes eleito presidente dos Estados Unidos 1932, 1936, 1940, 1944) e Henry Wallace foi a revolucionária mudança no desenho da nota de um dólar. O Olho-Que-Tudo- Vê de Horus, o grande deus sol egípcio, e a pirâmide inacabada do iluminismo foram pela primeira vez impressos na nota de dólar a partir de 1933. A inscrição em latim Novus Ordo Seclorum, ou Nova Ordem Mundial Secular, foi inscrita na nota de um dólar diretamente sob a pirâmide (Texe Marrs, Dark Majesty, p. 220) [3]

Henry Wallace, um místico da Nova Era e seguidor de Nicholas Roerich, o maior ocultista daquela era, estava extasiado com isso (o grande Selo dos Estados Unidos) porque ele percebeu que milhões de americanos e na verdade muitos milhões de pessoas no mundo iriam ser diariamente condicionados por aquele símbolo do ocultismo que Wallace acreditava possuir poderosas propriedades e poderes mágicos (Texe Marrs, Dark Majesty, p. 220).

O Grande Selo dos Estados Unidos que aparece na nota de um dólar não é desprovido de significado, basta olhar o verso de qualquer nota de um dólar (Valton Sergio von Tempski-Silka, Historial da Franco Maçonaria, p. 70). Nota-se que o Olho-Que-Tudo-Vê, que é um símbolo do ocultismo, está colocado no alto da pirâmide incompleta com a data de 1776 A.D. em algarismos romanos na sua base. É bom lembrar que 1776 também é o ano em que Weishaupt fundou o iluminismo! O trapézio, o que a pirâmide inacabada realmente representa, é um dos símbolos mais significativos do satanismo.

O escritor maçom Valton Sergio explica o significado da pirâmide: “A pirâmide tem quatro lados. São os quatro pontos cardeais. Há alguém neste ponto, alguém naquele, outrem naquele outro. Localizando-se na parte baixa da pirâmide, nós estaremos de um lado ou do outro. Mas quando nós chegarmos ao topo, os pontos se reúnem e então o olho de deus se abre. Para os idealizadores da nação americana, era o deus da razão. Esta foi a primeira nação do mundo que se edificou com base na razão e não no espírito guerreiro. [...] Na parte de cima da cédula de um dólar lemos: 'Confiamos em Deus'. Mas não é o Deus da Bíblia. Aqueles homens não acreditavam na Queda”. [3]
1935Um jornal protestante brasileiro publicou em 1935 um artigo em que se lia estas palavras: “O protestantismo caminha certo para um dêstes dois fins: Ou a formação de um papismo protestante ou a inteira reconciliação com Roma” (O Batista Paulistano, 13 de Março de 1935). [2]

O Jesuíta E. Boyd Barret, escreveu em 1935: “A presente fase da ação católica é animar os católicos a se lançarem na política. [...] É necessário que nossas autoridades públicas percebam que nós somos uma potente corporação de cidadãos sob a bandeira da Igreja Católica" (E. Boyd Barrett, Rome Stoops to Conquer, p. 150, 152). E na página 4: "“Pio XI está bem consciente de que a Igreja Católica não pode jamais sonhar em dominar novamente o mundo civilizado até que a América se ajoelhe, humilde e penitente aos seus pés.". [3]
1939Relações informais entre os EUA e o Vaticano recomeçaram em 1939 quando o presidente Franklin D. Roosevelt apontou Myron C. Taylor como seu 'enviado pessoal' junto à Santa Sé (Dave Hunt, A Woman Rides the Beast, p. 225 e 226). [3]
Décadas de 1950 e 1960A legislação de direitos civis das décadas de 1950 e 1960, que à primeira vista parece não ter relação nenhuma com a separação entre igreja e Estado, na verdade contribuiu significativamente para a mudança de atitude da direita cristã em relação a esse princípio. Vejamos o porquê.

Durante o século 19 e grande parte do 20, o apoio protestante à separação entre igreja e Estado incluía a recusa de destinar fundos do governo para a educação religiosa confessional, que era em grande parte católica na época. Os católicos haviam estabelecido seu sistema de escolas para que seus filhos não fossem expostos ao protestantismo que tendia a permear a educação pública. Eles objetaram que estavam sendo forçados a pagar duas vezes pela educação de seus filhos: uma vez através dos impostos que mantinham as escolas públicas, e uma segunda vez através do estipêndio e dos subsídios que tinham de pagar para manter suas próprias escolas confessionais.

Os protestantes responderam que esse era o preço que as igrejas que mantinham escolas confessionais tinham de pagar para que o país mantivesse a separação entre igreja e Estado. Os protestantes acharam fácil dizer isso, porque não possuíam muitas escolas confessionais.

Então veio a legislação de direitos civis das décadas de 1950 e 1960, e as decisões da Suprema Corte que exigiam a integração das escolas públicas, mesmo que significassem que os estudantes tivessem de ir de ônibus de uma parte da cidade para outra. E os pais de etnia branca ficaram furiosos! Eles não queriam que seus filhos tivessem de sair de ônibus de seus distritos escolares só para alcançar equilíbrio racial. Os brancos do Sul, que ainda mantinham muitos de seus preconceitos contra os negros, ficaram particularmente irados.

O resultado foi um movimento difundido de escolas confessionais entre os protestantes evangélicos. As igrejas em toda parte começaram a estabelecer suas próprias escolas. Essas escolas forneciam dois benefícios: conservavam as crianças perto de casa e tornavam possível que as crianças estudassem em suas escolas a Bíblia e os conceitos bíblicos da criação, da sexualidade humana e outras questões morais. De repente, o sapato estava no outro pé. Agora os protestantes conservadores começaram a compreender o embaraço financeiro de pagar duas vezes pela educação de seus filhos, e o argumento da separação entre igreja e Estado, contra o uso de fundos públicos para a educação confessional, perdeu seu brilho. (Não é correto dizer que os pais que enviam os filhos para escolas confessionais têm de pagar duas vezes pela educação de seus filhos. Todos pagam os impostos que sustentam a educação pública, inclusive pessoas que não têm filhos: solteiros, casais recém-casados, idosos, etc.).

Esse é um importante fator na meia-volta dos conservadores protestantes sobre a separação entre igreja e Estado. P. 84. [5]
1951Em 1951 quando o presidente Harry S. Truman pediu ao Senado para aprovar sua indicação de um embaixador americano no Estado do Vaticano, a América novamente protestou e o presidente Truman retirou sua proposta. [3]
1958 - 1963Alguns atos do Vaticano também contribuíram para a diminuição do preconceito contra os católicos. João XXIII foi extraordinariamente popular nos Estados Unidos durante seu curto pontificado (1958- 1963), assim como João Paulo II o foi durante a última parte do século 20. P. 169. [5]
1960Em 1960 o povo americano elegeu como presidente John F. Kennedy, um católico romano. [3]

Em 1960, quando John F. Kennedy, um católico, foi candidato à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Democrata, os protestantes conservadores do país, inclusive batistas do Sul e a maioria dos grupos carismáticos, ficaram tão receosos do perigo que seu catolicismo representava para uma separação entre igreja e Estado que se recusaram a apoiá-lo na eleição até que ele fizesse um voto endossando esse princípio constitucional. Kennedy fez esse voto numa reunião da associação ministerial de Houston, Texas, em setembro de 1960. Ele disse:

Creio em um país onde a separação entre igreja e Estado seja absoluta, onde nenhum prelado católico diria ao presidente (caso ele seja católico) como agir, e nenhum ministro protestante diria aos membros de sua igreja em quem votar; onde nenhuma igreja ou escola confessional receba fundos públicos ou preferência política; e onde não seja negado a nenhuma pessoa um cargo público simplesmente porque sua religião difere da do presidente que o nomearia ou do povo que o elegeria. Creio em um país que oficialmente não seja nem católico, nem protestante, nem judaico; onde nenhum oficial público solicite ou aceite instruções sobre política pública do papa, do Concílio Nacional de Igrejas ou de qualquer outra fonte eclesiástica; onde nenhuma corporação religiosa procure impor sua vontade direta ou indiretamente à população geral ou aos atos públicos de seus oficiais; e onde a liberdade religiosa seja tão indivisível que um ato contra uma igreja seja tratado como um ato contra todas (Citado em George J. Marlin, The American Catholic Voter: 200 Years of Political Impact (South Bend: St. Augustine’s Press, 2004), p. 254).

O que pretendo mostrar é que, em 1960, a maioria dos protestantes conservadores e evangélicos dos Estados Unidos ainda apoiava fortemente o princípio da separação entre igreja e Estado. Infelizmente, hoje [2013] um número significativo de conservadores e evangélicos estão criticando fortemente a separação entre igreja e Estado. P. 66 e 67. [5]

Na época da campanha presidencial de 1960, os conservadores haviam ganhado força suficiente para conseguir colocar, na Convenção Nacional Republicana, o nome de seu partidário como uma das possíveis opções para candidato à presidência. Barry Goldwater não ganhou a nomeação para a candidatura, mas eletrizou suas tropas quando tomou a tribuna para fazer um discurso. Ele falou:

Este país, e a majestade que ele possui, é grande demais para qualquer homem, seja ele conservador ou liberal, ficar em casa e não trabalhar só porque não está de acordo. Vamos crescer, conservadores! Desejamos tomar novamente a posse desse partido, e acho que um dia conseguiremos. Ao trabalho! (Citado por Richard A. Viguerie and David Franke, em America’s Right Turn: How Conservatives Used New and Alternative Media to Take Power (Chicago: Bonus Books, 2004), p. 67).

A história começou cerca de dez anos antes, em meados da década de 1950. Na época, os políticos liberais do leste controlavam tanto o partido Democrata quanto o Republicano. Contudo, um pequeno movimento conservador começou a crescer, alimentado pela crescente ameaça do comunismo. Os poucos cabeças-duras conservadores do país objetaram ao que consideravam ser a acomodação dos liberais ao comunismo, e começaram a conversar entre si. Escreveram alguns livros e publicaram várias revistas, as mais influentes das quais foram Human Events [Eventos Humanos] e a National Review [Revista Nacional], esta última de William F. Buckley. No final da década de 1950, Barry Goldwater emergiu como o líder desse movimento conservador. P. 69. [5]

Ele foi senador pelo estado do Arizona por duas vezes: 1953-1965 e 1969-1987, https://pt.wikipedia.org/wiki/Barry_Goldwater.

O mínimo que se pode dizer é que aquela declaração de Barry foi um prenúncio das coisas que viriam. P. 69. [5]

Bem depois do início do século 20 os protestantes conservadores dos Estados Unidos ainda eram fortes defensores da separação entre igreja e Estado. Também estavam suficientemente temerosos em relação a qualquer comprometimento desse princípio por parte dos católicos para exigir que John F. Kennedy fizesse um voto favorecendo a separação entre a igreja e o Estado antes que pudessem apoiá-lo na eleição presidencial de 1960. Contudo, essa foi a última apreensão significativa dos protestantes com respeito às intenções católicas. A curta presidência de Kennedy [1961 a 1963] apagou qualquer anticatolicismo que restasse por parte da maioria dos norte-americanos.

Assim, 1960 foi um ano divisor de águas para os católicos dos Estados Unidos. Antes de 1960, uma importante função dos bispos católicos tinha sido proteger sua igreja e seus membros de sentimentos anticatólicos, e, durante o século 19, de incidentes isolados de franca perseguição. Desde 1960, contudo, o anticatolicismo virtualmente desapareceu, e houve apenas episódios ocasionais comumente tratados na mídia como violência de religiosos fanáticos. O voto de apoio de Kennedy à separação entre igreja e Estado e sua popularidade como presidente foram fatores importantes que contribuíram para a diminuição do anticatolicismo. P. 167 e 168. [5]

Nos cem anos anteriores a 1960, os católicos tinham estado educando seus filhos em suas próprias escolas. Após a Segunda Guerra Mundial, essa educação começou a mostrar resultados, à medida que os católicos foram entrando nas profissões e posições um pouco mais elevadas do governo e da indústria.

"Os católicos deixaram a era da imigração para trás na década de 1960, no que [o bispo Andrew] Greeley denominou uma 'notável história de sucesso'. Na verdade, eles emergiram de sua longa história de imigração como um dos setores da população mais bem remunerados e cultos dos Estados Unidos.

“Se a igualdade com o desempenho nacional é um sinal de aculturação”, concluiu Greeley, “então os católicos norte-americanos estão agora plenamente aculturados à sociedade norte-americana” (Timothy Byrne, Catholic Bishops in American History (Princeton: Princ eton University Press, 1991), p. 36. As citações de Andrew Greeley são de Catholic Schools in a Declining Church (Kansas City, MO: Sheed and Ward, 1976), p. 74, 47). P. 168 e 169. [5]
1961“No dia 19 de maio de 1961, a Suprema Corte dos Estados Unidos tomou por maioria de votos uma decisão de caráter histórico, que tem um grande significado do ponto de vista profético: declarou que as leis dominicais são de caráter civil e não religioso, sendo, pois, constitucionais. Este acórdão abriu de par em par as portas para o estabelecimento da legislação dominical sem travas em todos os Estados do país” (Fernando Chaij, Preparação para a Crise Final, 92). P. 260. [3]

Confira o ano de 2006.
1962 e 1963A revolução sexual da década de 1960 fez os conservadores religiosos se convencerem de que os Estados Unidos estavam em uma derrocada moral. Entre os fatores que contribuíam para esse declínio, achavam eles, estavam as decisões da Suprema Corte em 1962 e 1963, que baniram a oração e a leitura da Bíblia das escolas públicas. De repente, o envolvimento político passou a não parecer uma ideia tão má assim! Era improvável que gritar do púlpito trouxesse muita mudança. Se os líderes religiosos conservadores realmente desejavam reverter o declínio moral do país através da legislação, teriam de arregaçar as mangas e pular na arena política. P. 74. [5]
1962 - 1965O Concílio Vaticano II (1962-1965) foi outro fator básico resultante do espírito ecumênico do papa João XXIII. Depois do Vaticano II a Igreja Católica desempenhou um papel mais ativo encorajando o retorno dos “irmãos separados”. Também durante seu reinado o papa enviou observadores católicos para a assembléia do Concílio Mundial das Igrejas em Nova Deli e estabeleceu um Secretariado para promover a unidade cristã (G. Edward Reid, Sunday's Coming, p. 39-41). [3]

Os vigorosos pronunciamentos do Concílio Vaticano II em apoio da liberdade religiosa do indivíduo deram fim à maioria dos temores que ainda restavam nos protestantes sobre os católicos e a separação entre igreja e Estado.

Finalmente, a Constituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo Moderno, lançada no Concílio Vaticano II, revolucionou a maneira de a igreja encarar os governos democráticos. Durante 150 anos, os papas haviam atacado verbalmente as democracias e quase proibido os sacerdotes e bispos de se envolverem na política democrática.

“O Vaticano havia repetidamente advertido os bispos norte-americanos a não envenenarem a igreja através do contato com a cultura do país.” No entanto, após o Concílio Vaticano II, “os bispos não mais deviam ver a cultura norte-americana como uma força contra a qual a igreja tinha de se defender. Ao contrário, deviam ver essa cultura como a própria arena na qual a igreja devia levar avante sua missão” (Byrne, Catholic Bishops in American History, p. 40).

Durante duzentos anos antes disso, vários bispos norte-americanos haviam endossado a experiência democrática no país como compatível com o pensamento político católico. A Constituição Pastoral não chegou a esse ponto, mas “considerou a igreja como sendo desafiadora e crítica da cultura moderna” (Ibid., p. 41). A Constituição Pastoral incluiu uma lista de assuntos da cultura contemporânea nas quais encorajou a igreja a se concentrar – uma lista que Byrne diz que “parece um projeto esquematizado da agenda política dos líderes da igreja nos Estados Unidos nas décadas de 1970 e 1980” (Ibidem).

Tudo isso se traduziu em outro benefício para os bispos: eles podiam dedicar mais de sua energia à atividade política sem ter que se preocupar com uma reação violenta por parte dos protestantes. Nem mesmo o escândalo de abuso sexual dos sacerdotes no final do século 20 e início do 21 provocou um preconceito anticatólico da maneira como o teria feito três ou quatro gerações antes. P. 169. [5]
1964Em 1964, o movimento conservador já havia ganhado força suficiente para conseguir nomear Barry Goldwater como candidato à presidência. Entretanto, sendo que o movimento conservador estava em sua infância, e que tanto os partidos políticos quanto a imprensa e os meios eletrônicos de comunicação eram quase totalmente controlados pelos liberais, Goldwater teve sorte em haver vencido em seis estados. Longe, porém, de ficarem desencorajados pela esmagadora derrota do defensor de seus princípios, os conservadores ficaram exultantes – não pela perda, mas pelo fato de que haviam conseguido colocar um dos seus como candidato ao mais alto cargo do país. Essa foi uma vitória e tanto, e encorajou as tropas a seguirem em frente. Afinal, o próprio Goldwater não lhes havia dito: “Desejamos tomar novamente a posse desse partido, e acho que um dia conseguiremos”?2 As tropas decidiram que um dia conseguiriam. Afinal de contas, haviam acabado de persuadir mais de 27 milhões de eleitores norteamericanos a apoiar seu candidato. Não havia maneira, porém, de os conservadores fazerem sua mensagem chegar até o público norteamericano através da imprensa e dos meios eletrônicos de comunicação. Esses eram firmemente controlados por editores e políticos liberais. P. 69. [5]
1965Em 1965, cerca de 100 000 pessoas lotaram o Yankee Stadium para assistir a uma missa realizada pelo Papa Paulo VI. [3]
1970Durante a década de 1970, Ronald Reagan substituiu Barry Goldwater como o político favorito dos conservadores, e o movimento continuou a crescer, especialmente através da mala direta. P. 70. [5]

Se esses cristãos conservadores tivessem adotado os interesses dos conservadores não religiosos, a separação entre igreja e Estado não teria sido ameaçada, pois, como observei no capítulo 10, a versão norte-americana da separação entre igreja e Estado é resultado de uma mistura singular entre o religioso e o laico. Contudo, os cristãos conservadores levaram todo o movimento conservador para uma direção significativamente diferente. Querem que o governo norte-americano e suas principais instituições sejam controladas por mais do que uma filosofia política conservadora. O objetivo deles é um interesse religioso conservador. D. James Kennedy afirmou:

Nossa tarefa é recuperar os Estados Unidos para Cristo, qualquer que seja o custo. Como os representantes de Deus, devemos exercer domínio e influência piedosos sobre nossa vizinhança, nossas escolas, nosso governo, nossa literatura e arte, nossos ginásios esportivos, nossa mídia de entretenimento, nossa mídia de notícias, nossos esforços científicos – em resumo, sobre todos os aspectos e instituições da sociedade humana (Citado em The Rise of the Religious Right in the Republican Party, http://www.theocracywatch.org/). P. 83 e 84. [5]
1971Durante as duas décadas posteriores ao Concílio Vaticano II, os bispos norte-americanos publicaram várias cartas pastorais sobre tópicos como economia, moradia de baixa renda e trabalho rural, que tornavam claras as convicções morais e éticas da Igreja Católica nesses pontos. Uma Resolution on Southeast Asia [Resolução sobre o Sudeste da Ásia], em 1971, expressou forte desacordo com o conflito no Vietnã. P. 170. [5]
1973Mais uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos que deixou irada a direita cristã foi em relação ao caso Roe versus Wade em 1973, que permite às mulheres o direito de fazer aborto. P. 84. [5]

O Comitê de Defesa da Vida da Conferência Nacional dos Bispos Católicos se reuniu pela primeira vez no dia seguinte ao da decisão da corte sobre o aborto. O comitê condenou imediatamente a decisão da corte e insistiu para que fossem explorados todos os meios legais para revertê-la, inclusive a adição de uma emenda em defesa da vida à Constituição dos Estados Unidos. Os bispos também não pararam de fazer pronunciamentos oficiais. P. 171. [5]
1975Em 1975, publicaram um Pastoral Plan for Pro-Life Activities [Plano Pastoral para Atividades de Defesa da Vida]. Esse ato “tem sido chamado de a mais ‘focada e agressiva liderança política’ já exercida pelos dirigentes católicos norte-americanos” (Byrne, Catholic Bishops in American History, p. 58).

Um breve exame do plano revela que essa é uma avaliação válida. O Pastoral Plan pede ação por parte dos católicos em nível estadual, da diocese e da paróquia local. Alista as responsabilidades a serem cumpridas em cada um dos níveis, sendo o alvo final a reversão do caso Roe versus Wade pela Suprema Corte dos Estados Unidos e a adição de uma emenda em defesa da vida à Constituição do país.

[...] A maioria dos norte-americanos não está ciente da extensão em que o Pastoral Plan e atividades semelhantes dos líderes católicos têm contribuído para as atividades antiaborto dos protestantes da direita cristã.

[...] Os bispos não concordavam com a nova direita em muitas questões sociais, mas quando a nova direita começou a moldar o movimento de direito à vida para novos propósitos políticos, ela estava lidando com um movimento cuja estrutura institucional original e cujos recursos financeiros haviam vindo diretamente da Conferência Nacional dos Bispos Católicos. (Ibid., p. 90, 91).

Connie Paige escreve: A Igreja Católica Romana criou o movimento do direito à vida. Sem a igreja, o movimento não existiria como ele é hoje. A igreja forneceu a ele, desde o começo, a infraestrutura organizacional, a rede de comunicações, o apoio logístico, os recursos, a ideologia e as pessoas, bem como uma máquina política nacional já pronta que de outra forma seria impossível de duplicar. A igreja sempre contribuiu com grande quantia de dinheiro através de suas próprias organizações e através de doações para grupos independentes, mas relacionados à causa. (Connie Paige, The Right to Lifers: Who They Are, How They Operate, Where They Get Their Money (Nova York: Summit Books, 1983), p. 51).

Portanto, é correto dizer que o movimento do direito à vida nos Estados Unidos, que geralmente é considerado pelos norte-americanos como um movimento protestante fundamentalista, na verdade é, em grande parte, criação da Igreja Católica norte-americana e de seus bispos. Connie Paige estava certa. Sem o apoio da Igreja Católica em todos os níveis, o movimento pró-vida como o conhecemos hoje simplesmente não existiria. P. 171-172. [5]
1976Durante as duas décadas posteriores ao Concílio Vaticano II, os bispos norte-americanos publicaram várias cartas pastorais sobre tópicos como economia, moradia de baixa renda e trabalho rural, que tornavam claras as convicções morais e éticas da Igreja Católica nesses pontos. Em 1976, os bispos também prepararam um documento intitulado Political Responsability: Reflections on an Election Year [Responsabilidade Política: Reflexões sobre um Ano Eleitoral]. Esse documento afirmava a responsabilidade dos bispos de tomar uma posição firme sobre questões políticas atuais. P. 170. [5]
1977A influência de Billy Graham, o mais notável protestante do mundo, tem desempenhado o principal papel em aquecer as relações com os católicos. Após a eleição de John F. Kennedy, Billy Graham começou a trabalhar para melhorar as relações com os católicos. Grande parte da audiência nas campanhas evangelísticas de Billy Graham eram católicos. Em 1977 Graham teve permissão para realizar uma cruzada no estádio de futebol da Universidade de Notre Dame, o lugar na América mais sagrado para os católicos (G. Edward Reid, Sunday's Coming, p. 39-41). [3]
1979Surgimento do movimento conservador político Maioria Moral.

Nos anos seguintes, Falwell passou bem mais tempo viajando e promovendo os interesses políticos fundamentalistas do que pastoreando sua igreja batista de Thomas Road. Em alguns anos ele chegava a viajar 500 mil quilômetros, falando frequentemente várias vezes por dia em igrejas e encontros de pastores, e ajudando a estabelecer filiais de sua Maioria Moral ao redor do país. Jerry Falwell estava disposto a dar as mãos a qualquer pessoa que apoiasse interesses políticos conservadores, mesmo que fosse um judeu, mórmon ou católico. Alguns líderes conservadores ficaram chocados.

O Dr. Bob Jones, da Universidade Bob Jones, achou que era “a coisa mais herética que já ouvi”. Contudo, Falwell tinha uma resposta:

Não é uma violação de suas convicções, nem desagrada ao Senhor que você trabalhe com pessoas que não concordam com você teologicamente, se ao fazê-lo você melhora seu país, melhora sua sociedade, ajuda famílias e realiza coletivamente coisas que não conseguiria realizar sozinho (William Martin, With God on Our Side: The Rise of the Religious Right in America (Nova York: Broadway Books, 1996), p. 204).

E funcionou. “Após um ano da explosão da Maioria Moral”, ele disse, “nosso povo compreendeu que isso era o que a oposição vinha fazendo o tempo todo”. E concluiu: “Levá-los da política como questão individual para a negociação e acordo coletivo foi um processo de cerca de um ano, mas foi feito, e não precisa ser feito novamente” (William Martin, With God on Our Side: The Rise of the Religious Right in America (Nova York: Broadway Books, 1996), p. 200).

Quando os conservadores políticos partiram para a união com os conservadores religiosos, conectaram-se a um imenso reservatório de poder político que tem revolucionado a política norte-americana. Uma das primeiras histórias de sucesso advindas desse casamento foi a eleição de Ronald Reagan como presidente dos Estados Unidos em 1980. P. 75 e 76. [5]
Década de 1980Importante mudança ocorreu na década de 1980: os católicos começaram a mudar seu voto do Partido Democrata para o Partido Republicano. Entre 1980 e 1984, a proporção de católicos que se consideravam republicanos subiu de 17% para 26% (Marlin, The American Catholic Voter, p. 303).

Obviamente, essa mudança de eleitorado não constituiu uma saída em massa do Partido Democrata, mas foi suficientemente significativa para a Organização Gallup concluir que “os católicos haviam se tornado uma igreja bipartidária” e “nenhum candidato, democrata ou republicano, pode tomar como certo o voto dos católicos” (Ibid., p. 306, 307). P. 175. [5]
1980Em 1980, o movimento conservador já havia evoluído a tal ponto que Ronald Reagan foi nomeado como o candidato presidencial do Partido Republicano e obteve uma vitória esmagadora: 50,7% dos votos populares contra 41% de Jimmy Carter. E o que é ainda mais significativo é que Reagan ganhou a eleição em todos os estados com exceção de seis, ou seja, ele acumulou 489 votos eleitorais contra os 49 de Carter. P. 70. [5]

Para o desapontamento dos conservadores religiosos, Reagan foi mais um conservador político do que um conservador religioso. Durante a campanha ele honrou com os lábios as questões debatidas pelos religiosamente conservadores, tais como o aborto, a dispensa do imposto educacional para pais que tivessem filhos em escolas confessionais e a oração nas escolas públicas, mas depois de ter assumido o governo não implementou quase nada. Os militantes da direita cristã também ficaram desapontados porque ele nomeou poucos deles para os cargos importantes de gabinete, (James Watt, secretário de Assuntos Internos, era membro das Assembleias de Deus), mas o presidente provavelmente teve pouca escolha. Os cristãos fundamentalistas e evangélicos haviam se mantido fora da política por mais de cinquenta anos, e poucos deles tinham a experiência necessária para assumir uma nomeação política importante no governo nacional.

Reagan foi reeleito em 1984 por maioria esmagadora. Assim, os conservadores políticos tiveram seu representante na Casa Branca durante a maior parte da década de 1980. Os conservadores religiosos ainda precisariam esperar alguns anos. P. 76. [5]
1981Em 1981, o presidente Reagan nomeou para o posto um católico, William A. Wilson. Wilson serviu até 1984, quando o Vaticano e os Estados Unidos começaram a ter plenas relações diplomáticas e Wilson se tornou o primeiro embaixador dos Estados Unidos na Santa Sé (Dave Hunt, A Woman Rides the Beast, p. 225 e 226).

Em 1981 Billy Graham conseguiu uma audiência no Vaticano com o papa João Paulo II, que alguns anos antes ainda era o cardeal Karol Wojtyla e tornou possível ao evangelista pregar nas igrejas católicas durante sua campanha evangelística na Polônia (G. Edward Reid, Sunday's Coming, 39-41). [3]
1983Depois do Concílio Vaticano II a Igreja Católica começou a dialogar com as outras igrejas. O diálogo entre os luteranos dos Estados Unidos e os católicos romanos sobre justificação pela fé, publicado em 1983, é um dos exemplos mais significativos. O documento (pode ser lido AQUI) argumenta que a maioria dos desacordos neste assunto entre protestantes (neste caso luteranos) e católicos estavam baseados em condições que não mais existem (G. Edward Reid, Sunday's Coming, p. 39-41). [3]

Em uma carta pastoral de 1983 intitulada The Challenge of Peace [O Desafio da Paz], os bispos tomaram firme posição contra o uso de armas nucleares. Essa carta foi uma resposta direta à plataforma de Ronald Reagan na eleição de 1980, que exigia uma série completamente nova de sistemas de armas nucleares. Um dos últimos parágrafos da carta declarava:

As decisões sobre armas nucleares estão entre as questões morais mais urgentes de nossa época. [...] Bons fins (defender o próprio país, proteger a liberdade, etc.) não podem justificar meios imorais (o uso de armas que matam indiscriminadamente e ameaçam sociedades inteiras). Tememos que nosso mundo e nossa nação estejam tomando uma direção errada. (National Council of Catholic Bishops, “The Challenge of Peace: God’s Promise and Our Response – Part 2”, par. 332).

Vimos que em todos os conflitos militares anteriores, da Guerra da Independência em 1776 à Segunda Guerra Mundial na década de 1940, os líderes católicos tomaram firme posição em apoio das guerras norte-americanas. Essa foi uma das formas em que eles apresentaram os católicos à nação como norte-americanos leais. O conflito no Vietnã foi a primeira guerra na qual os líderes católicos nos Estados Unidos se opuseram abertamente a uma guerra norte-americana, e o desafio à construção de armas nucleares norte-americanas foi a primeira vez em que eles confrontaram um procedimento militar importante. Nessa época, já não precisavam provar a lealdade católica. P. 170 e 171. [5]
1984Em Março de 1984, trinta e três anos depois da proposta do presidente Truman, o presidente Ronald Reagan nomeou William A. Wilson como embaixador no Vaticano e esta proposta foi rapidamente aprovada pelo Senado (81 votos contra 13). [3]

Ronald Reagan ganhou em todos os estados exceto Minnesota, o estado natal de seu oponente democrata, Walter Mondale. Nessa reeleição, Reagan ganhou 525 votos eleitorais contra 13 de Mondale! P. 70. [5]

Os católicos votaram fortemente em apoio a Ronald Reagan em 1980 e 1984, e Reagan recompensou os esforços deles de várias formas. A mais significativa foi o estabelecimento de relações diplomáticas entre o governo dos Estados Unidos e o Vaticano em 1984. Reagan também nomeou vários católicos para postos de gabinete e embaixadas, inclusive William Casey como chefe da CIA, Richard Allen e William Clark como conselheiros nacionais de segurança, Alexander Haig como secretário de Estado, Vernon Walters como embaixador itinerante para casos especiais, e William Wilson como o primeiro embaixador para o Vaticano. (John W. Swomley, “One Nation Under God”, https://blogdoprofh.com/2021/12/06/estrategias-catolicas-para-o-controle-politico-dos-eua/). Eles estavam entre os membros-chave da equipe de política externa de Reagan.

Essa equipe teve uma influência significativa na introdução de princípios éticos e morais católicos na política de governo norte-americana. A revista Time publicou que uma das conquistas da equipe em favor de sua igreja foi conseguir que a administração alterasse seu programa de ajuda externa para que esse se adequasse aos ensinos da igreja sobre controle de natalidade. [...] Os Estados Unidos deixaram de financiar, entre outras, duas das maiores organizações de planejamento familiar do mundo: a Federação Internacional de Paternidade Planejada e o Fundo das Nações Unidas para a População. (“The U.S. and the Vatican on Birth Control”, Time, 24 de fevereiro de 1992, p. 35).

William Wilson, o embaixador do presidente para o Vaticano, declarou: “A política norte-americana foi mudada como resultado de o Vaticano não concordar com a nossa política” (Ibid.). E foram os católicos no governo que fizeram com que isso acontecesse em favor de sua igreja.

Pense nisto: o governo dos Estados Unidos recuou diante da pressão católica e colocou em vigência um dogma moral católico! E eles alcançaram isso através dos esforços de membros da igreja que haviam sido nomeados para altas posições no governo. Cinquenta anos antes, esforços católicos semelhantes para influenciar uma política de governo teriam suscitado uma tempestade de protestos, e 150 anos antes poderiam ter suscitado até uma violenta perseguição. P. 174 e 175. [5]
1987Uma pesquisa publicada na revista Time do dia 7 de setembro de 1987, mostrava que enquanto na maioria dos países da Europa a frequência católica às missas semanalmente é de menos de 10%, nos Estados Unidos é de 54%. [3]
1988Em meados da década de 1980, a Maioria Moral já havia perdido sua influência, e deixou de existir
em 1989. Esse fato, junto com a aposta presidencial fracassada de Robertson em 1988, fez com que os
comentaristas liberais predissessem a morte do movimento conservador nos Estados Unidos. Não
podiam ter estado mais errados, pois Pat Robertson continuou a partir do ponto em que a Maioria Moral
parou. Sua campanha presidencial o havia deixado com uma imensa lista de endereços de milhares de
doadores que o haviam apoiado. Além disso, seus auxiliares haviam criado uma grande máquina política
com grupos organizados em setores por todo o país, e essas pessoas estavam prontas para trabalhar. P. 77. [5]

George W. Bush (Bush pai) foi eleito presidente em 1988, novamente com a ajuda de conservadores. P. 70. [5]

Ed Decker enfatizou o problema dos edifícios em Washington dedicados com pedras angulares maçônicas. Ele revela que até mesmo as ruas de Washington são dispostas em padrões maçônicos, incluindo o esquadro, o compasso e o pentagrama invertido, além dos grandes ídolos maçônicos adorados na forma de monumentos:

• O monumento de Washington, o maior símbolo fálico do mundo (o falo é a representação do pênis, adorado na maçonaria como símbolo da fecundidade da natureza).

• O Pentágono, um enorme talismã de guerra! (J. Edward Decker, Freemansonry, Satan's Door to America, Free The Masons Ministries, Issaquah, 1988).

• A Estátua da Liberdade em Nova Iorque é, inquestionavelmente, um dos maiores trotes perpetuados na humanidade. É uma homenagem à Deusa da Razão, a deusa do iluminismo; a majestosa estátua da dama pagã que segura a tocha de luz que ilumina e liberta a humanidade. Esse foi um presente da Ordem Maçônica, os herdeiros modernos da herança iluminista.

A Estátua da Liberdade foi esculpida por Frederic Bartholdi, um membro da Loja Maçônica de Alsace-Lorraine em Paris, França. A estátua é um ídolo esotérico de grande significado para as sociedades secretas que planejam a Nova Ordem Mundial, a mesma frase impressa na nota de um dólar Novus Ordo Seclorum (Texe Marrs, Dark Majesty, p. 211 e 212).

Fotografias e pinturas da Deusa da Razão foram espalhadas por toda a Europa e Estados Unidos nos séculos XVIII e XIX. Especialmente durante a Guerra da Revolução Americana, a deusa foi celebrada como um símbolo. Ela se tornou a protetora da rebelião, a Dama Liberdade. Hoje estátuas dessa Deusa da Razão iluminista podem ser encontradas nos Estados Unidos da América: uma está sobre o edifício do Capitólio em Washington, DC; outra pode ser vista sobre o Capitólio em Austin, Texas; essa estátua tem sido construída em praças e parques por todo o país (Texe Marrs, Dark Majesty, p. 211 e 212). [3]
1989A Maioria Moral de Falwell havia concentrado a maior parte de sua atenção em fazer com que seus líderes fossem eleitos em nível nacional. Mas Ralph Reed [Students for America] salientou para Robertson que “seria necessário mudar o enfoque do movimento ‘pró-família’, ou do movimento conservador religioso, para fora de Washington e do Escritório Oval e ir às raízes: comissões escolares, comitês municipais, comissões estaduais, e assim por diante” (William Martin, With God on Our Side: The Rise of the Religious Right in America (Nova York: Broadway Books, 1996), p. 300).

Como Paul Weyrich o expressou, “a única maneira de se tomar Washington é tomando a área rural” (ibidem, p. 331). Em janeiro de 1989, Pat Robertson convidou Reed para ser o líder no estabelecimento de uma nova organização que substituiria a Maioria Moral e também mudaria o enfoque da política da direita cristã: em vez de eleger presidentes, eleger membros de comissões estaduais e de comissões escolares. O resultado foi a Coalizão Cristã, que sem dúvida foi a mais bem-sucedida organização política da direita cristã durante a última década do século 20 e que continua a ter influência significativa na política religiosa conservadora no início do século 21. P. 78. [5]
Final do séc. 20 e início do 21Líderes da direita política e religiosa afirmam que a separação entre igreja e Estado é uma mentira da esquerda radical. Afirmam que os defensores do Estado laico o tomaram emprestado da Constituição da União Soviética e o impuseram aos norte-americanos. Será que eles têm amnésia? Será que se esqueceram do que os líderes religiosos conservadores exigiram de John F. Kennedy quando estava concorrendo à presidência? A verdade é que a separação entre igreja e Estado tem sido um princípio da legislação e jurisprudência norte-americana desde a fundação do país. Os adeptos da direita cristã radical é que são os revisionistas radicais.

Em 1960, os batistas do Sul eram alguns dos mais fortes defensores da separação entre igreja e Estado. Hoje, os batistas do Sul conservadores estão na vanguarda da oposição à separação entre igreja e Estado. E muitos dos líderes evangélicos e fundamentalistas dos Estados Unidos são tão diametralmente opostos à separação entre igreja e Estado que estão lutando para vê-la derrotada. P. 83. [5]
1991A Campanha Católica pela América (CCA) foi fundada em 1991 com a missão de ativar os cidadãos americanos católicos, aumentar a influência eleitoral católica na formulação de estatutos, e chamar a atenção pública para a riqueza e beleza dos ensinos católicos. [3]

Muito significativa para nosso estudo é a influência da religião no movimento conservador durante esse tempo. Como Timothy Byrne o expressou em seu livro Catholic Bishops in American Politics [Os Bispos Católicos na Política Norte-Americana], a aliança entre os líderes religiosos e os políticos atuantes que apareceram em cena no final da década de 1970 foi resultado de uma estratégia cuidadosamente implementada para mobilizar novos eleitores, construir novas coalizões políticas e efetuar um realinhamento duradouro do eleitorado norte-americano (Timothy Byrne, Catholic Bishops in American History (Princeton: Prince ton University Press, 1991), p. 90), p. 71. [5]
1992Bill Clinton em 1992, derrotou Bush facilmente. Com a derrota de Bush, alguns especialistas políticos escreveram o epitáfio do movimento conservador. P. 70. [5]

Na eleição de novembro, G. W. Bush perdeu para Bill Clinton, que se sentaria no Escritório Oval pelos próximos oito anos. Entretanto, mesmo nas más notícias os conservadores viram algo de bom. Guy Rogers, assistente de Ralph Reed, disse: O que o povo norte-americano não sabe é que, pela primeira vez na história deste país, acabaram de eleger para a presidência um liberal que é a favor do aborto e dos direitos homossexuais. Agora vocês terão uma amostra do liberalismo moderno, e todo mundo vai poder vê-lo de uma forma em que não o haviam visto antes. Outro militante da direita cristã observou: “Que maneira melhor há de galvanizar suas tropas do que ter Bill Clinton para lutar contra?” (Martin, With God on Our Side, p. 329), p. 79 e 80. [5]
1994Lançamento nos EUA do documento “Evangélicos e Católicos Juntos” (G. Edward Reid, Sunday's Coming, p. 39-41). [3]

A eleição intermediária de 1994 chocou os especialistas políticos que escreveram, dois anos antes, o epitáfio do movimento conservador, tirando-os de sua despreocupação. Os democratas haviam virtualmente monopolizado ambas as Casas do Congresso nos sessenta anos anteriores, mas em 1994 os democratas saíram e os republicanos entraram, tanto no Senado quanto na Câmara Federal! No Senado, os democratas perderam oito cadeiras para os republicanos, dando aos republicanos uma maioria de quatro cadeiras. A catástrofe dos democratas foi até pior na Câmara Federal, onde perderam quatro cadeiras para os republicanos, dando aos últimos uma maioria de 26 cadeiras. Todos os tipos de estudiosos políticos concordaram que foram os conservadores que fizeram a diferença. Os republicanos continuaram a dominar a Câmara Federal pelos próximos doze anos, e, com exceção do 108º Congresso, entre 2002 e 2004, dominaram também o Senado. P. 70. [5]
1995Os especialistas políticos em toda parte, muitos dos quais haviam predito a extinção da direita política cinco anos antes, agora reconheciam seu poder. Seis meses após a eleição de 1994, a revista Time publicou uma matéria de capa com Ralph Reed, acompanhada das palavras: “A Mão Direita de Deus: Conheça Ralph Reed. Sua Coalizão Cristã está numa cruzada para assumir a política dos Estados Unidos – e está funcionando” (Jeffrey H. Birnbaum, “The Gospel According to Ralph”, Time, 15 de maio de 1995, p. 1). O artigo descrevia a Coalizão Cristã como “formidável”, e “uma das mais poderosas organizações populares da política norte-americana” (ibidem, p. 28 e 30). O artigo citou as seguintes palavras do principal estrategista de Bob Dole, William Lacy: “Sem ter o apoio significativo da direita cristã, um republicano não pode conseguir tornar-se candidato ou ganhar a eleição geral" (ibid., p. 30). A Time concluiu seu artigo com a declaração de que “a direita cristã está se movendo em direção ao palco central na vida secular norte-americana” (ibid., p. 35). Os conservadores religiosos estavam finalmente obtendo a atenção – e o respeito forçado – da imprensa secular liberal! P. 80. [5]

Richard John Neuhaus, por 17 anos foi um ministro luterano e agora, convertido ao catolicismo, foi ordenado como sacerdote católico. Ele tem sido um dos principais líderes no trabalho de unir protestantes e católicos nos Estados Unidos. Ele e o protestante Chuck Colson foram os arquitetos do histórico documento "Evangélicos e Católicos Juntos".

Neuhaus foi um dos pregadores na Primeira Convenção Anual da Campanha Católica para a América que ocorreu nos dias 17-18 de novembro de 1995, em Washington D.C. Neuhaus falou: “Nós [católicos] estamos aqui na América a fim de mudar a maneira como as coisas tem sido feitas por tanto tempo na América. Os católicos têm uma responsabilidade distinta porque somos muitos e temos uma missão. A noiva de Cristo não está para ser alugada. Nós não podemos ser limitados por outras coalisões. [...] A grande questão é a verdade, a verdade moral. A verdade é determinada pela maioria de acordo com o que João Paulo II falou em sua encíclica Centisemus Annus. [...] Provavelmente daqui duas gerações João Paulo II será conhecido como 'João Paulo, o Grande.' Este pontificado fez avançar a fé católica” (G. Edward Reid, Sunday's Coming!, p. 69) [3]
2000No dia 24 de maio de 2000, Chris Smith introduziu no Congresso Americano a legislação apoiando dar o prêmio Medalha de Ouro do Congresso para o Papa João Paulo II; isto foi aprovado pelo Congresso e em seguida pelo Senado em julho de 2000. O presidente Bill Clinton assinou a medida no dia 17 de julho. No dia 8 de janeiro de 2001 mais de doze membros do Congresso Americano acompanhados pelo capelão da U.S. House of Representatives, o sacerdote católico Padre Daniel Coughlin, presentearam, no Vaticano, o Papa João Paulo II com a Medalha de Ouro, considerada por todos a mais notável de todas as homenagens. [3]

Ainda mais significativa foi a eleição de George W. Bush, o filho de George H. W. Bush, como presidente dos Estados Unidos em 2000 (George W. Bush na verdade obteve, nacionalmente, menos votos populares do que seu concorrente Democrata Al Gore, mas ganhou mais votos eleitorais. O estado-chefe foi a Flórida, onde o resultado dos votos foi tão próximo que os democratas o questionaram na justiça. Após várias idas e vindas, a Suprema Corte dos Estados Unidos autenticou os votos da Flórida, dando o ganho da eleição a Bush).

Bush filho foi um verdadeiro conservador. Muito mais que seu pai e Ronald Reagan, ele se conformava com os padrões políticos dos conservadores. Em uma das decisões mais significativas de sua carreira como presidente, Bush nomeou dois juízes conservadores para a Suprema Corte dos Estados Unidos: John Roberts como presidente da Suprema Corte, e Samuel Alito como juiz associado. Com essas nomeações, os conservadores passaram a ter influência dominante nos três ramos de governo dos Estados Unidos. Os conservadores haviam finalmente saído da sombra! P. 70. [5]

George Marlin resumiu o apoio de Bush aos interesses católicos durante o primeiro mandato:

Em seus quatro primeiros anos, o presidente Bush iniciou e promoveu programas e políticas que apelavam aos católicos. Ele reverteu as ordens executivas pró-aborto de Clinton, propôs iniciativas baseadas na fé, experiências com a isenção do imposto educacional e limites à pesquisa com células-tronco. Também assinou a lei proibindo o aborto com nascimento parcial (Marlin, The American Catholic Voter, p. 334). P. 176. [5]
2002Em 2002, o Vaticano lançou uma “Nota Doutrinária sobre Algumas Perguntas Relativas à Participação de Católicos na Vida Política”. A introdução dessa “Nota Doutrinária” afirma que ela é “dirigida a bispos da Igreja Católica e, de maneira especial, a políticos católicos e a todos os membros leigos dentre os fiéis que forem chamados a participar na vida política das sociedades democráticas” (Congregação para a Defesa da Fé, “Doctrinal Note on Some Questions Regarding the Participation of Catholics in Political Life”; https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_20021124_politica_en.html).

Ela declara também: “Uma consciência cristã [leia-se: católica] bem formada não permite que alguém vote em um programa político ou uma lei individual que contradiga os assuntos fundamentais de fé e moral” (Ibid.). Em outras palavras, os legisladores católicos precisam falar e votar de acordo com os ensinos da igreja.

A “Nota Doutrinária” continua dizendo: João Paulo II, continuando o constante ensino da igreja, reiterou muitas vezes que aqueles que estão diretamente envolvidos em um corpo legislativo têm “uma séria e clara obrigação de se opor” a qualquer lei que ataque a vida humana. Para eles, como para todo católico, é impossível promover tais leis ou votar a favor delas (Ibid.). P. 177 e 178. [5]
2003Outra decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos que deixou irada a direita cristã foi em relação à decisão em 2003, que descriminalizou a intimidade homossexual entre adultos que nela participassem por livre consentimento (Caso Lawrence versus Texas). P. 84. [5]
2004Finalmente, há a decisão da Suprema Corte estadual de Massachusetts em 2004, que permite o casamento entre homossexuais. Roberta Combs, a presidente da Coalizão Cristã, chamou essa decisão de “repreensível” e de “um desrespeito à vontade da esmagadora maioria do povo norte-americano, que acredita ser o casamento uma união apenas entre um homem e uma mulher” (U.S. Newswire, “Christian Coalition Condemns Massachusetts Supreme Court’s Approval of Homosexual Marriage”).

Essas decisões da Suprema Corte elevaram a ira da direita cristã contra a separação entre igreja e Estado a um estado de ebulição. A decisão da Suprema Corte permitindo a intimidade homossexual entre adultos que nela participassem por livre consentimento e a decisão da Corte de Massachusetts que permitiu o casamento homossexual não são questões ligadas à relação entre igreja e Estado, mas estavam entre uma série de decisões dos tribunais americanos em anos recentes que deixaram irados os protestantes e católicos da direita cristã que se opõem à separação entre igreja e Estado. P. 84 e 85. [5]

Na eleição de 2004, que a sabedoria convencional dizia que Bush iria perder [mas, ele] não perdeu. E os católicos tiveram muito a ver com isso. As pesquisas de boca de urna em novembro de 2004 indicavam que 63% dos católicos votaram na eleição de 2004, em comparação com os 53% da população geral. E os católicos apoiaram George W. Bush contra John Kerry por uma margem de 52 a 47%, apesar do fato de Kerry ser católico.

Dos que iam à missa uma vez por semana, 56% votaram em Bush. Cinquenta por cento dos que assistiam à missa com menos frequência também votaram em Bush (21 Center for Applied Research in the Apostolate, “Sixty-three Percent of Catholics Voted in the 2004 Presidential Election”, Georgetown University, 22 de novembro de 2004). E no estado de Ohio, que foi fundamental para a decisão da eleição, Bush ganhou 53% dos votos dos católicos, contra 46% de Kerry (Joe Feuerherd, “Cardinal Ratzinger as Presidential Kingmaker”, National Catholic Repórter online; http://www.nationalcatholicreporter.org/washington/wnb042105.htm). P. 176. [5]

A eleição naquele ano estabeleceu a direita cristã como um bloco poderoso muito real na política norte-americana, que não podia mais ser ignorado ou tratado como uma aberração. Essa eleição também demonstrou o poder político dos católicos norte-americanos, que cooperaram com protestantes da direita cristã para colocar Bush outra vez no poder, apesar do fato de sua guerra do Iraque ser altamente impopular diante da maioria dos norte-americanos.

Parte do problema para os democratas foi a posição de Kerry sobre o aborto e os direitos homossexuais, que o colocaram em desavença com a direita cristã e com os dirigentes de sua própria igreja. Esses líderes deixaram claro que preferiam ter um presidente protestante que apoiasse seus valores do que um presidente católico que não os apoiasse.

Na verdade, vários bispos e arcebispos declararam publicamente que Kerry não precisava aparecer para tomar a comunhão (a santa ceia) em suas igrejas, porque isso lhe seria recusado. Um desses bispos, o arcebispo Raymond Burke de St. Louis, disse: “Qualquer legislador que esteja apoiando publicamente leis que favoreçam o aborto ou a eutanásia não precisa se apresentar para a santa comunhão” (Rogers Cadenhead, “Bush Courts Catholics”, Workbench, https://workbench.cadenhead.org/news/2800/president-bush-courts-catholics).

Burke e seus colegas de liderança tinham o apoio do Vaticano. Por causa dos pontos de vista de Kerry sobre o aborto, o cardeal Theodore McCarrick, de Washington, DC, presidente da força-tarefa dos bispos sobre “Os Católicos na Vida Política”, pediu orientação ao Vaticano sobre como relacionar-se com Kerry e outros políticos que não apoiavam os princípios morais da igreja. O então cardeal Joseph Ratzinger respondeu que sacerdotes e bispos cujas congregações incluem políticos que apoiam o aborto ou a eutanásia devem dizer ao político que “ele não deve se apresentar para a santa comunhão até que ponha fim àquela situação objetiva de pecado, e devem adverti-lo de que, do contrário, a comunhão lhe será negada” (Joe Feuerherd, “Cardinal Ratzinger as Presidential Kingmaker”).

Assim, o cardeal Ratzinger, que é agora [em 2013] o papa Bento XVI, deu sua aprovação à posição do arcebispo Raymond Burke contra Kerry (Ibid.).

Note o que Ratzinger falou: o político deve ser informado de que não apoiar os pontos de vista da igreja sobre o aborto ou a eutanásia é um pecado. P. 176 e 177. [5]
2005Em 1995, na mensagem transmitida por Thomas Melady, o embaixador americano junto à Santa Sé de 1989 a 1993, ele relatou o assustador crescimento da Igreja Católica nos Estados Unidos. Em 1776 existiam somente 30.000 católicos nos Estados Unidos, hoje (1995) são cerca de 57 milhões e as últimas estatísticas (2005) mostram que existem atualmente cerca de 70 milhões de católicos no país. Esta é a maior igreja do país. A Igreja Batista do Sul ocupa o segundo lugar com 15 milhões de membros e a Igreja Metodista é a terceira maior igreja com 8 milhões de membros.

Melady concluiu sua mensagem dizendo: “Os leigos católicos tem a obrigação de fazer uma campanha para incorporar os ensinos básicos do catolicismo nas leis legislativas, institucionais e legais, tradições e leis do país. O conselho papal escrito na bela encíclica [Evangelium Vitae] pode agora ser simplesmente traduzida para os católicos americanos. Os membros deverão ser ativos no processo eleitoral nos níveis locais, estaduais e federais. A influência deles deveria ser no sentido de influenciar as leis públicas de forma que estejam o mais próximo possível dos ensinamentos católicos” (G. Edward Reid, Sunday's Coming!, 69.) [3]
2006(Confira o ano de 1961 antes de iniciar a leitura deste ano).

No momento, dentre os 50 estados americanos 49 possuem algum tipo de lei dominical, a única exceção é o Alaska. Estas leis restringem uma gama de atividades, algumas das quais incluem a venda de bebidas alcoólicas, venda de propriedades, entretenimento adulto, trabalho, atividade bancária, barbearia, criação de contratos, corridas, caça, cinema, esportes aquáticos e outras.

Na verdade 46 estados restringem a venda de bebidas alcoólicas aos domingos. Mais de 20 estados restringem alguma outra forma de negócio no domingo. Vinte e dois estados proíbem processos legais de compra de bens e contratos. Dezessete estados restringem a venda de carros, e 14 estados restringem corridas de cavalo no domingo.

Em Delaware, as máquinas de video loteria não podem funcionar aos domingos das 2:00 horas da manhã até 13:00 horas.

No Alabama, atividades tais como: caça, tiroteio, jogo de cartas, e corridas são todas proibidas no domingo.

Em Rhode Island as vendoras de carros são terminantemente proibidas de abrir nos domingos.

Na Georgia a lei prevê que uma pessoa pode ser considerada culpada de má conduta simplesmente por descarregar uma arma de fogo no domingo. Também alguém pode ter a licença revogada e estar sujeito a multas ou mesmo à prisão por um curto período de tempo por violar uma lei dominical.

Em Oklahoma qualquer pessoa que violar qualquer restrição imposta no domingo será culpada de má conduta e pode ser punida com multas ou prisão (Miriam Cho, Liberty, novembro/dezembro de 2003, p. 13).

"Alguns estados americanos tais como Nebraska, Minnesota, e Nova Iorque se referem abertamente ao domingo chamando-o de 'sábado' nas suas leis.

Em Massachusetts, a lei chama o domingo de 'o dia do Senhor', enquanto que em New Hampshire a lei se refere ao domingo como o 'dia de descanso'.

De acordo com a lei do estado de Nova Iorque, 'o primeiro dia da semana é colocado à parte, por consenso comum, para o descanso e uso religioso, e a lei proíbe fazer no domingo certas atividades específicas, que são sérias interrupções do repouso e liberdade religiosa da comunidade' (G. Edward Reid, Sunday's Coming!, p. 14).

"Onze estados mantém que a lei dominical que exige o fechamento do comércio neste dia não viola a constituição que prevê a separação da igreja e estado... Na verdade muitas cortes estaduais têm legislado que é apropriado para os estados imporem restrições dominicais com o propósito de promoverem a saúde pública, segurança, bem estar geral, e moral” (G. Edward Reid, Sunday's Coming!, p. 15). P. 260- 262. [3]

Em 28 de fevereiro de 2006, 55 dos 73 membros da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos
disseram aos principais bispos norte-americanos que “a primazia de sua consciência” os levou a apoiar
os direitos ao aborto, e perguntaram aos bispos se não seria possível que a igreja lhes desse a liberdade
de votar de acordo com sua consciência, apesar dos ensinos da igreja em contrário. A resposta, dada em
10 de março, foi um firme não (Christian Century, 4 de abril de 2006, p. 17). P. 178. [5]
2013Creio que a afirmação de que a atual exigência por parte dos conservadores da direita cristã norte-americana de anular a separação entre igreja e Estado e destituir a Suprema Corte de sua autoridade para considerar casos que tratem de religião está levando este país em direção a um direto cumprimento da interpretação adventista da intolerante besta da terra de Apocalipse 13. P. 87. [5]

Referências:

1. SMITH, Urias. As profecias de Daniel e Apocalipse, vol. 2. O livro de Apocalipse, 1979. 

2. MELLO, Araceli S. A Verdade Sôbre As Profecias Do Apocalipse, 1959. Disponível em: <https://pt.scribd.com/doc/264320586/Araceli-S-Mello-A-Verdade-Sobre-As-Profecias-Do-Apocalipse-pdf >. Acesso em: abr. 2020. 

3. RAMOS, Samuel. As Revelações do Apocalipse, v. 1, 2006.

4. WHITE, Ellen Gould. O Grande Conflito. 2013. Disponível em: <http://centrowhite.org.br/files/ebooks/egw/O%20Grande%20Conflito.pdf>. Acesso em: out. 2021.

5. MOORE, Marvin; LIRA, Rosangela. Apocalipse 13: leis dominicais, boicotes econômicos, decretos de morte, perseguição religiosa – isso poderia realmente acontecer? Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2013.

6. STEIN JÚNIOR, Guilherme. O Sábado ou o Repouso do Sétimo Dia: Sua história seu objetivo e seu problema atual. (Original em português de 1919). Segunda edição revista e comentada por Ruy Carlos de Camargo Vieira. Brasília: Sociedade Criacionista Brasileira, 1995.

7. ESTUDOS BÍBLICOS. 8ª ed. Casa Publicadora Brasileira, Tatuí – SP. 1985.

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