A explicação dos muitos universos
“Seria possível haver outros universos que não conhecemos? Seria possível haver diferentes tipos de universo e em grande quantidade? Tudo isso é possível. Com base na pura força dos números, poderíamos sugerir que existe um número infinito de universos, sendo o nosso o único que por mero acaso veio a ter as características exatas para a existência da vida. Essa ideia tem sido alvo de muitas considerações como resposta para o Universo com finos ajustes no qual vivemos.
Simplesmente aconteceu de estarmos no universo correto dentre muitos outros. Tal raciocínio não possui nenhuma força argumentativa e carece de validação. É possível explicar praticamente qualquer coisa com esse tipo de argumento, sendo, portanto, desprezível. Seja lá o que você encontrar, basta dizer que simplesmente surgiu por acaso em um dos infinitos universos.
O cerne da questão é onde estariam esses outros universos. Onde estariam as evidências científicas para a existência deles. Parece não haver uma sequer.
Cosmólogos de destaque como Martin Rees e Stephen Hawking ás vezes endossam com cautela o conceito de muitos universos. Alguns associam o conceito com interpretações do princípio antrópico forte, ao passo que outros discordam completamente. Trata-se de uma área em que não é possível chegar a um consenso. O conceito de muitos universos se tornou um campo fértil para muitas cogitações sobre nossa existência, a vida e o cosmos.
Não é difícil se perder nessas lucubrações, especialmente quando se pode misturar nelas uma pitada de realidade para fazê-las parecer mais plausíveis.[1] O humorista Mark Twain comentou que “há algo fascinante quando se trata de ciências. Obtêm-se retornos incríveis de conjecturas a partir de um investimento insignificante de fatos”.[2]
Talvez ele não esteja muito longe da verdade. Há um elemento de cautela a que deveríamos atentar no provérbio que diz que “os cosmólogos estão frequentemente errados, mas raramente em dúvida”. […]
Pode-se argumentar que há sempre a possibilidade de existir muitos outros tipos de universos, fornecendo todos os tipos de ideias mirabolantes, mas isso não é ciência; é pura imaginação. Quanto ao número infinito de universos, o cosmólogo Hugh Ross comenta com propriedade: “Esta proposta é um absurdo da teoria da probabilidade. Ela pressupõe os benefícios de uma amostra com dimensões infinitas sem possuir, contudo, qualquer evidência de que exista mais de uma amostra.” [3]
A única amostra que possuímos é o nosso próprio Universo, e não parece existir outro. É necessário postular um número gigantesco de universos _na tentativa de reduzir as inúmeras improbabilidades observadas no Universo com finos ajustes no qual vivemos.
Essa sugestão representa uma grave ofensa ao princípio científico conhecido como a navalha de Ockham (também conhecido como princípio da parcimônia). Esse princípio requer que as explicações não se multipliquem além do necessário. A proposta da existência de muitos universos não passa de especulação desenfreada, não é raciocínio cuidadoso baseado em fatos conhecidos” (Ariel A. Roth. A ciência descobre Deus: evidências convincentes de que o Criador existe. Casa Publicadora Brasileira, p. 68, 69, 2010).
[1] Para entender as complicações quando se exclui um designer, ver Strobel, p. 138-152.
[2] Conforme citado por Fripp M; Fripp D. Speaking of Science: notable quotes on Science, engineering, and the environment. Eagle Rock: LLH Technology Publishing, p. 56. 2000.
[3] Ross, The Creator and the cosmos, p. 99.