maio 18, 2024

Blog do Prof. H

Adaptando conhecimento útil às necessidades da humanidade

Apocalipse – possibilidades (capítulo 4)

Apocalipse 4

Ap

Texto (ARA, 3ª ed)

Leitura com a fundamentação das possibilidades que tentam alcançar a intenção do profeta João e a intenção do Revelador Jesus Cristo

4.1

Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas.

Algum tempo depois da primeira visão (cf. Ap 1.10), eu olhei para cima e vi uma parte do conteúdo do Céu de Deus através de uma porta. E ouvi a mesma voz (que eu comparei com o sonido da trombeta) falando comigo: suba mentalmente/espiritualmente e entre por esta porta, pois quero continuar lhe revelando o futuro.

                    “Depois destas coisas, olhei” (meta. tau/ta ei=don). É difícil precisar se o “depois” significa uma situação imediata ou uma situação posterior. O modo como a expressão plural meta. tau/ta ocorre no NT, especialmente em João, parece contrastar-se temporalmente com a forma singular meta. tou/to. As ocorrências no singular parecem definir acontecimentos cronologicamente imediatos, enquanto as ocorrências no plural parecem indicar acontecimentos não imediatos. Ex. Compare João 19:28 que é um singular, com o verso 38 que é plural. Veja também [singular] Jo. 11:7 e 11; Heb. 9:27; Atos 5:37; [plural] Lucas 10:1; Jo. 3:22; 7:1; Atos 7:7. No Apocalipse a forma plural aparece em 4:1 (aparece duas vezes; a segunda parte aponta a extensão da profecia até ao futuro); 7:9; 9:12; 15:5; 18:1; 19:1; 20:3. No singular a expressão aparece em 7:1. Não se trata de uma certeza absoluta, mas uma possibilidade de que as visões de João tenham ocorrido em períodos ou dias diferentes. Começou num sábado e se estendeu noutras ocasiões como no caso de Daniel (evidentemente sem o hiato de “anos” entre uma e outra visão). Seja como for, a repetição da fórmula euvqe,wj evgeno,mhn evn pneu,mati em 4:2 parece confirmar esta possibilidade (comp. com. 1:10)” (SILVA, 2009, p. 98). 

                            “Logo após Sua ascensão, Cristo foi entronizado no lugar santo do templo celestial, através dessa primeira porta aberta. Quando Jesus aparece pela primeira vez no livro do Apocalipse, Ele está diante dos candelabros, no primeiro compartimento no santuário celestial (veja Ap 1:10-18)” (GULLEY, 2018, p. 23). 

4.2

Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém sentado;

Naquele mesmo instante eu recebi a segunda visão divina. A parte dentro do Céu que eu vi era um trono e uma Pessoa sentada nele;

                     ”[…] esta segunda visão desenrolou-se no lugar santíssimo do santuário, enquanto a primeira se desenrolou no lugar santo” (MELLO, 1959, p. 119).

                            ”A palavra trono ocorre 62 vezes no Novo Testamento. Destas, 47 aparecem no livro do Apocalipse e, no capítulo 4, temos 14 ocorrências, ou seja, trono é uma palavra-chave neste capítulo. Este é o trono de Deus e suas várias referências servem para nos lembrar que existe um trono exaltado acima de todos os tronos, de onde Deus governa este planeta conduzindo sua história para um final feliz para todos os que aceitam Seus planos. O cenário da visão do capítulo 4 e 5 de Apocalipse é o próprio Santuário Celestial, onde se encontra o trono de Deus e Cristo ministra em favor de Seus filhos” (OLIVEIRA et al., 2015, p. 13).

                            “Ele é móvel como se fosse uma carruagem de movimento próprio (Salmo 68:4; 104: 3 e 4; Isa. 66:15) ou puxada pelos querumbins (veja Salmo 18:6-14)175 sob o comando de Deus. Embora, é claro, esta seja uma linguagem poética, os querumbins e serafins são reais e participam do movimento divino (Isa. 6:1-6; Apoc. 4:8). No templo de Salomão o propiciatório era com rodas como uma carruagem (compare Êxo 25:17-22 com I Crôn. 28:18). Deus é visto movimentando-se em seu trono como se fosse uma carruagem de guerra (cf. Hab.3:3-15). 

                            “[…] O trono é, por direito, ocupado por Jesus Cristo (Apocalipse 5). As carruagens de guerra, antigamente, tinham dois combatentes (veja 1 Reis 22:34). Jesus, conforme mostrado no capítulo 5, compartilha o trono com o Pai (cf. Apoc. 3:21; Salmo 110:1; Rom. 8:34; Efésios 1:20-22; Filipenses 2:9; Hebreus 1:3; 12:2; I Pedro 3:22)” (SILVA, 2009, p. 99).

                            “As últimas cenas mostradas a João em Apoc. 3:14-22 revelam especificamente a Era do Juízo, 1844 até a Volta de Jesus. Depois de revelar a condição espiritual da igreja laodiceana no período do juízo pré-advento, Deus segue revelando a João a grande Sala do Juízo Celestial, o Santíssimo do Santuário do Céu, onde Jesus deve penetrar para receber o Livro Selado com Sete Selos, e iniciar o juízo. O trono identifica o Santíssimo.

                            “O trono de Deus não é visto em movimento, encontramos testemunhos bíblicos de que Deus Se levanta e Se senta; Ele Se movimenta (Sal. 35:2; 44:26; 68:1; 102:13; Zac. 2:13; 6:13; Dan. 7:9-10 etc.) mas estes textos não falam do trono se movimentando; Alberto Treiyer afirma: “Apoc. 4 fala, não de um trono móvel, mas do trono eterno que não muda de lugar, ele sempre está no Santíssimo.” “O trono visto por João identifica-se como estando no Santíssimo, e o cenário visto é o do juízo, semelhante à visão de Daniel 7, em correspondência tipológica ao ritual do Dia da Expiação. Se os castiçais são vistos em frente do trono, é devido ao fato de que a porta que separava o Lugar Santo e o Santíssimo estava aberta (Apoc. 4:1).” “João recebe uma visão mais extensiva e detalhada do juízo do que Daniel. Depois de descrever o ‘contínuo’ ministério do Filho do Homem no Lugar Santo (Apoc. 1-3; cf. Dan. 8:11, 13), ele O vê aparecendo no final dos 2.300 anos no Santíssimo, para vindicar Seu povo e receber o livro da herança Daquele que está sentado no trono (Apoc. 4-5; cf. Dan. 8:14-19).”

                            “Todo o livro do Apocalipse diz respeito ao no Santuário Celestial, é dali que saem todas as ordens, é ali que se centraliza o ministério de Jesus. Há quinze referências ao Templo Celestial em Apocalipse, usando os seguintes nomes: Templo, Templo de Deus, o Templo que está no Céu, e o Templo do Tabernáculo do testemunho (Apoc. 3:12; 7:15; 11:1, 2, 19; 14:15, 17; 15:5, 6, 8; 16:1, 17; 21:22). Daniel e Apocalipse ‘se relacionam com os mesmos assuntos.’” (RAMOS, 2006, p. 183 e 184).

4.3

e esse que se acha assentado é semelhante, no aspecto, a pedra de jaspe e de sardônio, e, ao redor do trono, há um arco-íris semelhante, no aspecto, a esmeralda.

da Pessoa sentada irradia uma glória multicor que eu comparo às cores branca e vermelha, e rodeando Seu trono está o arco-íris cuja cor central é bem verde.

                     ”[…] foi ao profeta permitido ver, ao menos, a glória de Deus, que êle descreve como as pedras preciosas — jaspe e sardônica. O jaspe é transparente e resplandescente, um silex (duro), existindo de várias côres: — branco, vermelho, marrom, amarelo, verde, cinza, opaco, roxo e prêto. A sardônica é de uma variedade parda ou vermelho-sanguíneo da calcedônia” (MELLO, 1959, p. 120 e 121). “Jaspe – cor vermelha; última pedra no peitoral do sumo sacerdote. Sardônica – pedra preciosa avermelhada; primeira pedra no peitoral do sumo sacerdote” (THIELE, 1960, p. 109). 

                    “A esmeralda é uma pedra preciosa de uma bela côr verde transparente. O verde é a côr mais recreativa ao olhar, razão por que predomina na natureza. No arco-íris, a côr verde é a côr central, pelo que na visão predominou mais à vista do profeta, daí ter dito que o “arcoceleste” “parecia semelhante à esmeralda”. Como emblema da graça de Deus, a forma do arco-íris indica que a divina graça não se circunscreve a uma limitada porção do mundo, mas que o abraça inteiramente, e em suas sete belas côres deparamos a evidência da perfeita e abundante graça que alcança o pecador” (THIELE, 1960, p. 121).

                            “A descrição da aparência deste Ser, com vestes de diversas cores sugere imediatamente a idéia de um monarca vestido com as suas vestes reais. Em redor do trono havia um arco-íris, reforçando a majestade da cena, recordando-nos que, embora onipotente e absoluto, o que está sentado sobre o trono é também o Deus que cumpre a aliança” (SMTH, 1979, p. 65). 

4.4

Ao redor do trono, há também vinte e quatro tronos, e assentados neles, vinte e quatro anciãos vestidos de branco, em cujas cabeças estão coroas de ouro.

Também rodeando o trono eu vi e contei vinte e quatro outros tronos, e assentado sobre cada um estava um sacerdote humano glorificado com roupa branca e uma coroa de ouro sobre sua cabeça.

                     “Em Apocalipse 4 o número 24 é usado simbolicamente. A cena toda é uma representação simbólica da realidade. Não devemos deduzir que há um número literal de 24 anciãos no Céu. Esse número chama nossa atenção para as funções dos anciãos. Como havia 24 divisões ou classes de sacerdotes que labutavam no santuário antigo, assim a obra dos anciãos é auxiliar a Cristo, nosso Sumo Sacerdote, em Seu ministério celestial”. “Além de seus deveres sacerdotais no santuário, que outra função era exercida pelos sacerdotes israelitas? Deut. 17:8-12; comparar com 19:17; II Crôn. 19:8-10; Ezeq. 44:24. Os antigos sacerdotes israelitas eram juízes adjuntos. Assim também, os anciãos celestiais ajudam a Cristo em Sua obra de julgamento.” (BATTISTONE, 1989, p. 59 e 60).

                            “O número 24 não deve causar tanta celeuma, trata-se de uma duplicação do número doze que é símbolo do povo de Deus. Um emblema, portanto” (SILVA, 2009, p. 102). 

                            Os links seguintes apresentam um vídeo e um artigo, respectivamente, que acrescentam ao leitor do assunto: https://www.youtube.com/watch?v=JJB0DuQg2Ck e https://blogdoprofh.com/2011/06/29/quem-sao-os-vinte-e-quatro-anciaos-em-apocalipse-4/. 

                    “Coroas de ouro, o símbolo da vitória (II Tim.4:8). Há duas palavras gregas traduzidas por coroa: diadema é a coroa de um potentado, um rei ou rainha;stephanos é a coroa de um vitorioso. Em Apoc. 4:4 a palavra grega para coroa é stephanos, indicando a vitória dos anciãos sobre o pecado” (RAMOS, 2006, p. 196). 

4.5

Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus.

Eu comparo o que vi no trono aos relâmpagos e trovões, e às vozes que os profetas do Antigo Testamento viram e ouviram em outras manifestações divinas. E diante do trono eu vi o Senhor Espírito Santo com a função de auxiliar Jesus em preparar Sua Igreja na Terra e enchê-la de poder.

                             Moisés e todo o povo de Israel presenciaram “relâmpagos”, “trovões” e “trombetas” (vozes?) no Sinai, quando Deus desceu até aquele monte (Êx 19.16 e 20.18). Os quatro seres viventes se movimentam como “relâmpagos”, de acordo com o profeta Ezequiel (1.14). E ainda: havia aspecto de fogo e “relâmpagos” nesses seres (Ez 1.13). Um salmista também associa o reinar de Deus com “relâmpagos” (Sl 97.4). Davi relacionou o livramento de Deus com “relâmpagos” (Sl 144.6).

                            O profeta João também associou esses efeitos especiais com o lugar santíssimo do santuário celestial (Ap 8.5 e 11.19). Mateus descreve a aparência do anjo que removeu a pedra do sepulcro do Senhor como “relâmpago” (Mt 28.3), algo semelhante ao que o profeta Daniel fez em sua descrição de Miguel (Dn 10.6). Eliú compara a voz de Deus ao “trovão” (Jó 37.2-5), algo parecido com o que o próprio João fez (Ap 10.3, 4; 19.6). O profeta Isaías associa “trovões” ao julgamento/castigo divino (Is 29.6), e João da mesma forma (Ap 16.18). João em outros textos vincula “vozes” à informação pronunciada (Ap 8.13 e 11.15). 

                            Confira o comentário de Apocalipse 1.4 onde a expressão “sete Espíritos” aparece pela primeira vez, na nota 10. Rodrigo P. Silva (2009, p. 103) diz: “Note que ali os espíritos mencionados não participam do louvor e da adoração mencionada nos versos 8-11. Era de esperar, caso fossem anjos, que adorassem a Deus e ao Cordeiro juntamente com os demais. Talvez alguém pergunte, mas caso fosse Deus, era de se esperar que fossem adorados juntamente com Deus e o Cordeiro, ou que compartilhasse o mesmo trono. […] é curioso notar um aspecto da ação do Espírito na História da Redenção: ele age de modo discreto (veja João 14:17; 15:26 e 27; 16: 13, 14). Ademais note que o Pai se destaca na dispensação do Antigo Testamento e a menção do Filho (por exemplo nas visões de trono e demais episódios) é tímida ou quase inexistente. No Novo Testamento há um destaque maior para o Filho que deixa de ser “anônimo”. O Espírito, lembremos, está no período pós apostólico, exercendo sua fução na História. Ele agora é o enviado, por isso a tímida menção de sua pessoa no céu”.

4.6

Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal, e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás.

Vi também diante do trono algo que eu comparo a um mar de cristal. No meio do trono, e ao redor dele, eu vi quatro criaturas talvez capazes da onisciência divina!

                            Compare a menção do “mar de cristal” com Ap 15.2; Ez 1.22 e Êx 24.10. 

                            “Quatro – universalidade, número que tudo inclui: Apoc. 7:1; Ezeq. 7:2; Mat. 24:31; Mar. 13:27” (THIELE; BERG, 1960, p. 122). 

                            “Sôbre quatro criaturas viventes repousa o trono de Deus, pelo que elas assim estão no meio e ao redor do trono, com seus rostos voltados para as suas bordas. Ezequiel diz que as “quatro criaturas viventes” são “anjos querubins”. As características dêstes querubins são emblemas do caráter do trono de Deus ou do Seu govêrno universal. A vigilância do Seu govêrno sôbre Seus ilimitados domínios, é manifesta plenamente pelo número incomum de olhos — ao redor e por dentro — que têm os quatro querubins. E’ isto demonstração de que o govêrno de Deus, sôbre milhõesde milhões de mundos habitados, não está acéfalo no abandono, mas sob vigilância e cuidado perfeito do Todo-poderoso” (MELLO, 1959, p. 126).

                            “Do mesmo modo que havia querubins de ouro perto do trono no santuário terrestre (Êxo. 37:7-9), no Céu há querubins de posição superior aos anjos em geral. Desempenham a função de comandantes que transmitem aos outros anjos as ordens dadas pelo próprio Senhor. […] Os anjos diante do trono de Deus estão diretamente envolvidos nas questões terrestres. […] Embora estivessem sustendo o trono de Deus (Ezeq. 1:26-28), estavam em contato com os acontecimentos na Terra, pois Ezequiel viu ao lado de cada criatura vivente ‘uma roda na Terra’ (Ezeq. 1:15). A ‘roda dentro da outra’ (v.16), que se estendia do Céu à Terra [Ezequiel não disse isto, mas que eram “altas”, verso 18] era dirigida pela criatura vivente. As quatro rodas representam o controle dos acontecimentos terrestres que Deus exerce por meio das criaturas viventes” (BATTISTONE, 1989, p. 61 e 62).

                    “Grande em conselho e magnífico em obras; porque os teus olhos estão abertos sobre todos os caminhos dos filhos dos homens, para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas obras” (Jr 32.19). “Porque, quanto ao SENHOR, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele;” (2ª Cr 16.9a). “ Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e os teus companheiros que se assentam diante de ti, porque são homens de presságio; eis que eu farei vir o meu servo, o Renovo. Porque eis aqui a pedra que pus diante de Josué; sobre esta pedra única estão sete olhos; eis que eu lavrarei a sua escultura, diz o SENHOR dos Exércitos, e tirarei a iniqüidade desta terra, num só dia”. “Aqueles sete olhos são os olhos do SENHOR, que percorrem toda a terra” (Zc 3.8, 9 e 10b).Sobre a possibilidade de Deus ter dotado essas criaturas com Seu atributo onisciência, cf Ap 5.6 e 8, e os respectivos comentários. Talvez o número sete associado aos olhos confine a onisciência ao Renovo/Cordeiro, ou seja, somente a Deus. Parece ser uma possibilidade mais forte. 

4.7

O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando.

A primeira criatura se parece com o leão, lembrando a tribo de Judá (juntamente com Issacar e Zebulom, voltadas para o oriente de onde virá o Rei) na disposição das 12 tribos israelitas no deserto; a segunda se parece com um bezerro como a tribo de Efraim (juntamente com Manassés e Benjamim, voltadas para o ocidente); a terceira possui a face como a de um ser humano, símbolo da tribo de Rúbem (juntamente com Simeão e Gade, voltadas para o sul); e a quarta criatura se parece com a águia quando está voando, símbolo da tribo de Dã (juntamente com Aser e Naftali, voltadas para o Norte).

                             ”Segundo a tradição judaica mais antiga preservada tanto oralmente como por escrito, quando Deus apareceu no Sinai, ele estava cercado por 22.000 anjos divididos em grupos e cada grupo representado por um anjo superior diferente. Assim, foi desejo de Israel também estar dividido em grupos à semelhança do esquema celestial. No céu, o trono de Deus, segundo esta tradição ocupava o centro da multidão angelical e tinha quatro anjos em redor: Miguel, Gabriel, Uriel e Rafael. Esses quatro seres corresponderiam às quatro tribos representativas de todo o povo e que ficavam em torno do santuário a saber: Rúbwen [sic], Judá, Dan e Efraim, todas com seus respectivos estandartes. Um leão estampava o estandarte de Judá, uma águia o de Dã, um novilho o de Efraim e um homem o de Rúbem” (SILVA, 2009, p. 109 e 110). 

                            ”Muitos livros antigos apresentam uma serpente no estandarte de Dã e não uma águia. Porém, há de se notar que os estandartes não tinham apenas um animal desenhado mas vários deles. Efraim, por exemplo, tinha um novilho e um peixe além de letras e cores diversas e ocorria de certas descrições darem valor a apenas um detalhe em detrimento a outros. Além disso, João poderia ter propositalmente omitido ou mudado a figura da serpente para não confundir com o símbolo do Diabo que seria apresentado no capítulo 12” (SILVA, 2009, p. 110). 

                            ”Alguns comentaristas têm ligado estes quatro seres viventes a quatro aspectos do ministério de Cristo, realçados nos evangelhos. Mateus escreve sobre o caráter real de Jesus dando ênfase ao rei em seu reino (25:34; 27:37). Isto é bem simbolizado pelo Leão, o majestoso rei dos animais. Marcos retrata a Jesus principalmente como servo dos homens (9:35; 10:44), sendo o novilho (boi) o símbolo de serviço. O evangelista Lucas revela Jesus como filho do homem (4:1-2; 9:56), daí o o tosto como de homem. Por sua vez, João destaca a deidade de Jesus (1:1, 14; 10:1-2; 10:30). Essa característica de Jesus é simbolizada pela águia voando. Ainda outra aplicação pode ser feita às tribos de Israel. Embora o relato da organização delas no deserto, em Números 2, não mencione, a tradição judaica ensina que elas estavam sob os estandartes das quatro tribos líderes. O estandarte da tribo de Judá era um leão, da tribo de Ruben um homem, o estandarte da tribo de Efraim um boi e, da tribo de Dã, uma águia” (OLIVEIRA et al., 2015, p. 14 e 15). 

4.8

E os quatro seres viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite, proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir.

As quatro criaturas que vi, possuíam seis asas cada uma (como os serafins de Isaías 6.1-3) e talvez elas foram capacitados por Deus com Sua onisciência para testemunharem Seu trabalho como Juiz e Governador dos mundos. Elas, em sua auditoria e procuradoria, não paravam de testemunhar do amor, da santidade e da justiça da incomparavelmente sábia controladoria relacional otimizada de Deus, em Seu mister divino sobre toda Sua criação! Elas, com prazer, exclamavam: “Santo, Santo, Santo é Javé Deus, o Todo-Poderoso, Aquele que sempre existiu, existe e vive proativamente e que aparecerá na volta de Jesus!”

                     “Enquanto prossegue na Terra o conflito com o mal, louvor e devoção estão continuamente sendo oferecidos a Deus pelos habitantes do Céu que não tem pecado. […] As instrumentalidades do Céu estão continuamente em atividade, efetuando sua obra e prestando louvor a Deus. João Wesley chama isso de ‘feliz desassossego’. […] Eles enaltecem incessantemente a grandeza de Deus proclamando Sua santidade, poder e eternidade. Santidade é o principal atributo de Deus. (Ver Lev. 11:44 e 45). […] O reconhecimento da santidade de Deus por meio de adoração, louvor e ações de graça constitui algo aceitável a Ele. Sem apropriado conhecimento da santidade de Deus e de Seu amor e cuidado por Suas criaturas, é impossível prestar-lhe serviço” (BATTISTONE, 1989, p. 56, 63 e 65). 

4.9

Quando esses seres viventes derem glória, honra e ações de graças ao que se encontra sentado no trono, ao que vive pelos séculos dos séculos,

Enquanto as quatro criaturas dão glória, honra e agradecimentos a Deus em Seu trono, o Eterno,

 

4.10

os vinte e quatro anciãos prostrar-se-ão diante daquele que se encontra sentado no trono, adorarão o que vive pelos séculos dos séculos e depositarão as suas coroas diante do trono, proclamando:

os vinte e quatro sacerdotes humanos glorificados se prostram diante de Deus em Seu trono, adoram ao Eterno, tiram suas coroas de vitória e as colocam perante o trono, exclamando também com muito prazer:

                     ”Há duas palavras gregas traduzidas por coroa: diadema é a coroa de um potentado, um rei ou rainha;stephanos é a coroa de um vitorioso. Em Apoc. 4:4 a palavra grega para coroa é stephanos, indicando a vitória dos anciãos sobre o pecado” (RAMOS, 2006, p. 196).

4.11

Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas.

“Javé e Deus, Tu és merecedor de receber nosso reconhecimento, toda glória, honra e todo poder que possuis, pois és o único Criador, Mantenedor e Restaurador em todo o universo; o universo e seu conteúdo existem por causa da Tua vontade, a qual possui poder de ação imediatamente à Sua intenção e é por isso que existimos.”

 Referências:

BATTISTONE, Joseph J. Lições da Escola Sabatina, 2º Trimestre de 1989, nº 374, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, SP.

GULLEY, Norman. Prepaação para o Tempo do fim. Lição da Escola Sabatina. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, n° 492, abr., mai., jun., 2018. Adultos, Aluno.

MELLO, Araceli S. A Verdade Sôbre As Profecias Do Apocalipse, 1959.

OLIVEIRA, Arilton; BRANCO, Frederico; SOUZA; Jairo; QUEIROZ, Manassés; ANDRADE, Milton; IRAÍDES, Társis. Apocalipse. Escola Bíblica, Novo Tempo. Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, SP, 2015.

RAMOS, Samuel. As Revelações do Apocalipse, v. 1, 2006.

SILVA, Rodrigo Pereira. Comentário Gramático Histórico do Apocalipse – Anotações para acompanhamento de classes. Faculdade Adventista de Teologia, 2009. Disponível em: <http://www.adventistas.com/wp-content/uploads/2014/10/Comentario-Gramatico-Historico-do_Apocalipse-Rodrigo-P-Silva.pdf>. Acesso em: jan. 2017.

SMITH, Urias. As profecias de Daniel e Apocalipse, vol. 2. O livro de Apocalipse, 1979.

THIELE, Edwin R.; BERG, Henrique. Apocalipse – esboços de estudos, 1960. Disponível em: <http://www.iasdsapiranga.com.br/assets/esbo%C3%A7os-do-apocalipse.pdf>. Acesso em: fev. 2017.

 

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