maio 20, 2024

Blog do Prof. H

Adaptando conhecimento útil às necessidades da humanidade

Apocalipse – Possibilidades (capítulo 10)

Apocalipse 10

Ap Texto (ARA, 3ª ed) Leitura com a fundamentação das possibilidades que tentam alcançar a intenção do profeta João e a intenção do Revelador Jesus Cristo
10.1 Vi outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com o arco-íris por cima de sua cabeça; o rosto era como o sol, e as pernas, como colunas de fogo; Eu, João, avistei outro anjo poderoso descendo do céu; era Jesus, o Anjo Javé (YHWH), cheio de misericórdia para salvar a humanidade; Sua face brilhava como o próprio sol, e Suas pernas, eu as comparo a pilares flamejantes;

“2. Seu rosto com o sol.

a. O rosto de Jesus brilha como o sol Apoc. 1:16; Mat. 17:2. Comp. Dan. 10:6.

3. Seus pés como colunas de fogo Apoc. 10:1.

a. Os pés de Jesus são com latão reluzente. Apoc. 1:15; Dan. 10:6” (THIELE, 1960, p. 229).

“O anjo é visto envolto em uma nuvem. As Escrituras freqüentemente relacionam nuvens às aparições de Cristo (Dan. 7:13; Atos 1: 9; Apoc. 1: 7; 14:14; cf. Sal. 104: 3; 1 Tes. 4:17). […] Como o sol. Compare a descrição de Cristo no cap. 1:16. Pés. A comparação dos pés como colunas parece um tanto incongruente, mas a palavra ‘pés’ (pous) também designa as pernas, que se assemelham a colunas de fogo (cf. Cant. 5:15; cf. com. Eze. 1: 7). Colunas de fogo. Compare a descrição dos pés de Cristo no cap. 1:15” (NICHOL, 1980, p. 812).

“O poderoso anjo [de Apocalipse 10], que instruiu João, era ninguém menos que Jesus Cristo. Colocando o pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre terra seca, mostrou a parte que está executando nas cenas finais da grande controvérsia com Satanás. Esta posição denota Seu supremo poder e autoridade sobre toda a Terra. A controvérsia tem-se tornado mais intensa e mais determinada de tempos em tempos, e assim prosseguirá até as últimas cenas, quando a obra magistral dos poderes das trevas atingirá o cume. Satanás, unido a homens maus, enganará toda a Terra e as igrejas que não receberem o amor da verdade. Mas o poderoso Anjo requer atenção. Grita com grande voz. Demonstrará o poder e autoridade de Sua voz a todos os que se uniram a Satanás na oposição à verdade” (WHITE, 2005, p.180).

“[…] este anjo é idêntico ao primeiro anjo de Apocalipse 14. Os detalhes dessa identidade são facilmente notados: Ambos têm uma mensagem especial a proclamar; ambos fazem a sua proclamação com grande voz; ambos usam a linguagem semelhante, referindo-se ao Criador como Autor do Céu e da Terra, do mar e do que neles há; ambos proclamam tempo, um jurando que não haveria mais tempo, e outro dizendo que tinha chegado a hora do juízo de Deus. Mas a mensagem de Apocalipse 14:6 é localizada além do começo do tempo do fim. É uma proclamação da vinda da hora do juízo de Deus, e por isso deve aplicar-se à última geração” (SMITH, 1979, p. 155 e 156).

“Quando o homem pela sua grande impiedade convida os juízos divinos, o Salvador, intercedendo junto ao Pai em seu favor, aponta para o arco nas nuvens, para o arco celeste em redor do trono e acima de Sua cabeça, como sinal da misericórdia de Deus para com o pecador arrependido” (WHITE, 2007, p. 80).

“Um anjo, nas profecias do evangelho que dizem respeito à evangelização geral do mundo, é emblema dum movimento religioso a ocorrer na terra. O símbolo dum anjo tão somente indica o movimento e sua natureza celestial. A expressão — anjo forte — designa o poder com que se manifestaria o movimento religioso desta profecia. E, sua vestimenta ‘de uma nuvem’, é simbólica da presença de Deus como guia do movimento, pois uma nuvem sôbre o acampamento de Israel e suas jornadas era evidência da presença de Deus como guia de Seu povo (Nm 10.11-12).

“O arco celeste da divina graça que se acha em tôrno do trono de Deus (Ap 4.3) aparece por cima da cabeça do anjo, como prova de que o movimento por êle representado traz uma mensagem de convite e perdão ao pecador. Porém, o anjo tem o seu rosto ‘como o sol e os seus pés como colunas de fogo’. Esta é a primeira vez que uma profecia refere um movimento religioso figurado num anjo como tal. Pôsto que a mensagem do movimento que êle representa seja de graça e de perdão, seu rosto e seus pés anunciam que também possui uma mensagem de juízo.

“O sol do seu rosto é figura de meticulosa investigação ou de juízo investigativo, enquanto o fogo dos seus pés é emblema de justiça ou de juízo executivo. [De onde você tirou essa ideia? Não há aqui em seus escritos uma tentativa de fundamentar essa ideia.] Todavia, ainda que a mensagem anuncie a proximidade do juízo, é acompanhada da misericordiosa graça: ‘Porque o juízo será sem misericórdia sôbre aquele que não fêz misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo’ (Tg 2.13)” (MELLO, 1959, p. 251 e 252).

10.2 e tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra, Ele tinha em uma das mãos o rolo desenrolado do profeta Daniel. Sua autoridade se estendia por todo o planeta, sobre pessoas e territórios;

“Mar e terra são usados repetidamente para abranger o mundo como uma unidade (Êx 20: 4,11; Sl 69: 34). O fato de o anjo estar de pé no mar e na terra, sugere a proclamação mundial de sua mensagem e também seu poder e autoridade sobre o mundo” (NICHOL, 1980, p. 813).

O livrinho. – ‘Tinha na mão um livrinho aberto.’ Desta linguagem conclui-se que o livro esteve durante algum tempo fechado. Lemos em Daniel acerca de um livro que devia estar fechado e selado até certo tempo: ‘E tu, Daniel, fecha esta palavra e sela este livro, até o tempo do fim: muitos correrão de uma parte para outra e a ciência se multiplicará.’ Daniel 12:4. Como este livro estaria fechado até o tempo do fim, deduz-se que no tempo do fim o livro devia ser aberto. Como este encerramento estava mencionado em profecia, nada mais razoável do que esperar que nas predições de acontecimentos que deviam ocorrer no tempo do fim, a abertura deste livro fosse também mencionada. Não se fala de nenhum livro, fechado e selado, além do livro de Daniel, e não há menção da abertura desse livro, senão aqui em Apocalipse 10.

“Vemos, além disso, que em ambos os lugares o conteúdo atribuído ao livro é o mesmo. O livro que Daniel recebe ordens de fechar e selar refere-se a prazos de tempo: ‘Que tempo haverá até o fim das maravilhas?’ (Dan. 12:6) E quando o anjo deste capítulo desce com o livrinho aberto, no qual baseia a sua proclamação, apresenta uma mensagem relativa a tempo, como se vê no versículo 6. Nada mais se podia exigir para mostrar que ambas as expressões se referem a um livro e provar que o livrinho, que o anjo tinha aberto em sua mão, era o livro da profecia de Daniel.

“Fica assim determinado um ponto importante para se estabelecer a cronologia deste anjo. Vimos que a profecia, e em particular os períodos proféticos de Daniel, não deviam ser abertos até o tempo do fim. Se este é o livro que o anjo tinha aberto na mão, segue-se que ele proclama a sua mensagem exatamente no tempo em que o livro devia ser aberto, ou seja, no começo do tempo do fim. O que resta sobre este ponto é certificar-nos de quando começou o tempo do fim, e vimos que o livro de Daniel fornece dados para estabelecê-lo. Em Daniel 11:30, apresenta-se o poder papal.

“No versículo 35 lemos: ‘E alguns dos entendidos cairão para serem provados, e purificados, e embranquecidos, até o tempo do fim’. O período aqui mencionado da supremacia do chifre pequeno, durante o qual os santos, os tempos e a lei deviam ser entregues na sua mão e dela sofrer terríveis perseguições. Declara-se que isto se realiza até o tempo do fim. Este período terminou em 1798, quando expiraram os 1.260 anos da supremacia papal. Começou então o tempo do fim e o livro foi aberto. Desde então muitos têm estudado o livro, e o conhecimento sobre estes assuntos proféticos tem aumentado maravilhosamente” (SMITH, 1979, p. 154 e 155).

“Prova mais incontestável de que o ‘fim do tempo’, chegou com o fim da supremacia temporal do papado em 1798, temos ainda no capítulo doze do livro de Daniel. No versículo sete é esclarecido que o povo de Deus seria perseguido até completar-se o período de ‘um tempo, dois tempos e metade de um tempo’, ou sejam 1260 anos de supremacia temporal de Roma papal, em realidade findos em 1798 pela espada de França. Como Daniel não entendesse isto e pedisse explicação ao anjo, êste lhe disse: ‘Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim’ (Dn 12.9).

“Note-se a clareza de Gabriel em dizer, em outras palavras, que o ‘tempo do fim’ chegaria com o fim do poder do papado — depois de ‘um tempo, dois tempos e metade de um tempo’, período findo em 1798. O ano de 1798 é, por conseguinte, o marco inicial do ‘fim do tempo’.

“Outra incontestável prova que estabelece êste ano como inicial do ‘fim do tempo’, encontramos no versículo quarenta do capítulo onze, onde a profecia, fazendo alusão à França da revolução, estabelece que ‘no fim do tempo, o rei do sul’, o Egito, lutaria com ela, ‘e o rei do norte, a Turquia, entraria no conflito contra a França. E, qualquer compêndio de história universal estabelece que foi no ano de 1798 que Napoleão Bonaparte invadiu o Egito.

“Outro sucesso ainda, que confirma o início do ‘fim do tempo’ em 1798, é o incremento da ciência; pois notamos que Daniel se refere, enfâticamente, que, ao chegar este tempo, a ciência se multiplicaria ou tomaria lugar a era das invenções modernas. Em verdade as maravilhas da ciência moderna que hoje conhecemos tiveram seu simples comêço nos primeiros anos do século dezenove, ao chegar o ‘fim do tempo’ predito.

“Exatamente ao chegar o fim do tempo, manifestou-se, tanto na América como na Europa, um grandioso incremento no estudo das profecias especialmente as do livro de Daniel. E agora, depois de tôdas estas considerações fundadas na própria palavra da profecia, podemos assegurar, que, em 1798 o sêlo do livro de Daniel foi removido, tornando-se êle aberto ao estudo de inúmeros pesquisadores da verdade, resultando no grande movimento religioso do qual falaremos pormenorizadamente no versículo oito.

“A posição do anjo com um pé na terra e outro no mar, denota a extensão mundial do movimento missionário por êle representado e também de que a mensagem do livro de Daniel deveria atravessar os mares e alcançar os continentes ao chegar o ‘fim do tempo’ (MELLO, 1959, p. 253 e 254).

“[…] a mensagem de Apocalipse 14:6 é localizada além do começo do tempo do fim. É uma proclamação da vinda da hora do juízo de Deus, e por isso deve aplicar-se à última geração. Paulo não pregou a vinda da hora do juízo. Lutero e seus auxiliares não a pregaram. Paulo falou de um juízo vindouro, num futuro indefinido; Lutero o colocava a 300 anos depois do seu tempo. Além disso Paulo adverte a igreja contra qualquer que pregasse que a hora do juízo de Deus tinha vindo, antes de certo tempo. Diz ele:

“―‘Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e pela nossa reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o Dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado’ (2 Tess. 2:1-3). Aqui Paulo dirige os nossos olhos para o homem do pecado, o chifre pequeno, o papado, e abarca com uma advertência todo o período da sua supremacia, que, como já notamos, continuou durante 1.260 anos, terminando em 1798.

“Nesse ano cessou, portanto, a restrição contra a proclamação de que o dia de Cristo estava às portas. Em 1798 começou o tempo do fim e foi tirado o selo do livrinho. Desde então o anjo de Apocalipse 14 saiu proclamando que vinda era a hora do juízo de Deus. E também desde então, o anjo do capítulo 10 tem estado de pé sobre o mar e na terra, e jurou que não haveria mais tempo. De sua identidade não pode haver dúvida. Todos os argumentos que servem para localizar um, são igualmente válidos no caso do outro.

“Não necessitamos entrar aqui em qualquer argumento para mostrar que a geração atual está presenciando o cumprimento destas duas profecias. Na pregação do Advento, mais especialmente de 1840 a 1844, começou o seu cumprimento pleno e circunstancial. A posição deste anjo, com um pé sobre o mar e o outro sobre a terra, sugere o amplo alcance da sua proclamação em mar e terra. Se esta mensagem fosse destinada a um só país teria sido suficiente que o anjo tomasse a sua posição só na terra. Mas ele tem um pé sobre o mar, donde podemos inferir que a sua mensagem devia atravessar o oceano e estender-se até as várias nações e divisões do globo. Esta inferência é confirmada pelo fato de que a proclamação do Advento, acima referida, se estendeu a cada estação missionária no mundo. Voltaremos a falar acerca deste assunto no capítulo 14” (SMITH, 1979, p. 156 e 157).

“As ‘palavras’ que se achavam encerradas nos dia de Daniel, não deveriam permanecer assim para sempre. Elas permaneceriam ‘fechadas’ apenas até o ‘tempo do fim’ (Daniel 12:9), até que se completasse o tempo especificado na profecia: ‘um tempo, dois tempos e metade de um tempo’ (Daniel 12:7), ou três anos e meio. Considerando o princípio de interpretação profética ‘dia-ano’ (Números 14:34; Ezequiel 4:6- 7), este período de tempo corresponde aos 1.260 anos de supremacia papal (Daniel 7:25), que vai de 538 até 1798 d.C.

“Ao eliminar os Ostrogodos, a última tribo ariana, em 538 d.C. [Dn 7.8], o papado não tinha mais obstáculos em seu caminho. Assim, em 538 deu-se início ao período de 1.260 anos de supremacia papal. No ano de 1798, em decorrência da Revolução Francesa, o papa Pio VI foi aprisionado pelo general Berthier, da França. Este episódio marca o fim deste tempo profético de supremacia papal. De acordo com a profecia de Daniel, as palavras seladas do livro seriam desseladas e compreendidas depois 1798 d.C., no tempo do fim: ‘muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará’ (Daniel 12:4)” (OLIVEIRA et al., 2015, p. 32).

10.3 e bradou em grande voz, como ruge um leão, e, quando bradou, desferiram os sete trovões as suas próprias vozes. Jesus ergueu Sua voz como o próprio Deus, e quando falou, eu escutei sete trovões que também falavam com estrondo universal.
10.4 Logo que falaram os sete trovões, eu ia escrever, mas ouvi uma voz do céu, dizendo: Guarda em segredo as coisas que os sete trovões falaram e não as escrevas. Assim que a voz dos sete trovões terminou de falar, eu, João, já ia escrever o que ela disse, mas imediatamente outra voz, vinda do céu, falou: “não revele o conteúdo da voz dos sete trovões”.

“O Anjo brada como o rugido de um leão. Um bramido de leão simboliza a voz de Deus (veja Os 11:10; Ap 5:5)” (STEFANOVIC; MODZEIESKI, 2019, p. 57).

“Os sete trovões fizeram soar suas vozes ao proferir o anjo poderosamente a sua mensagem. Isto denota que suas vozes estão ligadas ao grande movimento ou ao tempo da proclamação da mensagem do livro de Daniel aberto. Quais são em verdade suas sete vozes, não nos é dado conhecer, pois por ordem duma voz do céu não foram elas escritas para a

posteridade. Que seriam entretanto solenes acontecimentos, podemos prever por suas vozes simbólicas de trovões. Deus achou por bem silenciá-las para não serem seus filhos antecipadamente perturbados pelos acontecimentos a que elas diriam respeito. Todavia o Senhor fortaleceria a seus escolhidos para que pudessem enfrentar os “trovões” ao soarem êles suas poderosas vozes” (MELLO, 1959, p. 254).

Ou para cumprimento do “não fazer saber” de Mt 24.36 que Jesus profetizou. Só o Pai fará saber o dia da vinda de Jesus, não os profetas, anjos e nem mesmo o próprio Senhor Jesus!

“Sete trovões. Outra das várias séries de sete que caracterizam o Apocalipse (ver com. cap. 1: 11). […] eu ia escrever. João entende as vozes dos sete trovões e se prepara para gravar suas mensagem. Esta passagem indica que João registrou as visões do Apocalipse quando eles lhe foram revelados, e não mais tarde” (NICHOL, 1980, p. 813).

10.5 Então, o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a mão direita para o céu Então, Jesus, com toda Sua autoridade sobre o planeta Terra, ergueu Sua mão direita para o céu
10.6 e jurou por aquele que vive pelos séculos dos séculos, o mesmo que criou o céu, a terra, o mar e tudo quanto neles existe: Já não haverá demora, e prometeu por Deus, e, portanto, por Ele mesmo, o Criador do planeta e seu conteúdo, o seguinte: “após o término dos 2300 anos de Daniel 8.14, não haverá outra profecia de tempo,

“a. A hora para se cumprir a mensagem para um tempo solene.

(1) A vinda da hora do juízo de Deus. Apoc. 14:6,7.

(2) O santuário a ser purificado depois dos 2300 dias. Dan. 8:14,17,26.

(3) O mistério de Deus a ser terminado. Apoc. 10:7; Eze. 3:3-6; Rom. 16:25, 26” (THIELE, 1960, p. 230).

Que criou. Cf. Exo. 20:11; Sal. 146:6. Um juramento mais solene não poderia ter sido feito (ver Hebreus 6:13). Quando o anjo, que é Cristo, jura pelo Criador (veja com. Apoc. 10:1), ele está jurando por si mesmo” (NICHOL, 1980, p. 813).

“Outra vez, o verso 6 fala a linguagem do quarto mandamento, a qual diz que o Senhor fez o céu, a Terra e tudo o que neles há (Êxodo 20:8-11). Como no livro de Daniel, o Filho de Deus apóia o Seu juramento nos Dez Mandamentos” (FEYERABEND, 2005, p. 86).

“A primeira e a segunda mensagens (Apocalipse 14:6-8) foram dadas em 1843, 1844, e estamos agora sob a proclamação da terceira; mas todas as três mensagens devem ainda ser proclamadas. É tão essencial agora, como sempre o foi, que sejam repetidas àqueles

que estão em busca da verdade. Mediante a pena e a voz devemos fazer soar a proclamação, mostrando sua ordem e a aplicação das profecias que nos levam à terceira mensagem angélica. Não pode haver uma terceira sem a primeira e a segunda. […] O livro que foi selado não foi o livro do Apocalipse, mas aquela porção da profecia de Daniel relacionada com os últimos dias. […] Quando o livro foi aberto, fez-se a proclamação: ‘Já não haverá demora.’ Apocalipse 10:6. O livro de Daniel está agora aberto, e a revelação feita por Cristo a João deve ir a todos os habitantes da Terra. Pela multiplicação do saber, um povo deve ser preparado para permanecer em pé nos últimos dias” (WHITE, 2001, p. 698).

“Não haveria mais tempo.’ [Figueiredo] […] Certamente num anúncio feito com tanta ênfase como o do verso 6, se se quisesse dizer demora em vez de tempo (profético), a palavra usada seria anabolé, demora, (Atos 25:17) ou talvez okneo, (Atos 9:38). É verdade que o verbo derivado de chronos, a saber chronizo é usado no sentido de demorar (Mat. 24:48; Luc. 12:45).

“Mas chronizo significa somente ‘passar o tempo’ ou ‘deixar o tempo passar’, e por isso adquire o significado de ‘demorar’ ou ‘dilatar’. Mas a palavra chronos indica o ‘tempo’ no absoluto, e existe motivo para crer que é este o significado (em sentido profético) e no verso 6; e visto que se usa uma predição relacionada com uma profecia muito importante, estamos justificados a entendê-lo como tempo profético. Não que o tempo nunca mais será usado no sentido profético, porque os ‘dias da voz do sétimo anjo’, de que se fala logo em seguida, significam sem dúvida os anos do sétimo anjo. Significa que nenhum período profético se estenderá para além do tempo desta mensagem. Podem ler-se, nos comentários de Daniel 8:14, argumentos mostrando que os mais longos períodos proféticos não se estendem, com efeito, para além do outono de 1844” (SMITH, 1979, p. 157 e 158).

“Êste anjo do capítulo dez identifica-se precisamente com o primeiro anjo do capítulo quatorze. Ambos conduzem uma mensagem de graça e de juízo para proclamá-la. Ambos proferem sua proclamação com poderosa voz. Ambos exaltam a Deus como Criador dos céus, da terra, do mar e tudo o que nêles há. Assim o anjo do capítulo dez é o mesmo primeiro anjo do capítulo quatorze, onde é apresentada sua obra de extensão mundial e a sua mensagem da hora do juízo. […] A expressão — que não haveria mais tempo — relacionada com êste anjo do capítulo dez e sua obra, é indicativa de que o movimento que êste anjo representa está ligado ou fundamentado em um período de tempo especial, depois do qual não haveria outro que se estendesse além de seu término.

“E não há dúvida de que o movimento neste capítulo predito surgiu nos derradeiros dias do maior período de tempo — tempo profético — da revelação, como encontrado no livro de Daniel capítulo oito versículo quatorze, concluído em 1844. E não encontramos, quer no Velho quer no Novo Testamento, outro período de tempo profético que vá além de 1844. Atualmente vivemos na hora do juízo, iniciado em 1844, findo o qual findará a graça salvadora e a corrompida civilização encontrará o seu fim. E não há outro período ou ‘tempo profético’ anunciando a duração do tempo do juízo ou outra qualquer ocorrência” (MELLO, 1959, p. 255).

“Quando o Anjo declara que ‘já não haverá demora’ (Ap 10:6), a palavra grega chronos mostra que Ele Se refere a um período de tempo. Isso remete novamente a Daniel 12:6, 7, em que um anjo declara que a perseguição dos santos duraria um tempo, dois tempos e metade de um tempo, ou 1.260 anos (538 a.C. – 1798 d.C.), durante os quais a igreja foi perseguida pelo papado (compare com Dn 7:25). Visto que em Daniel e em Apocalipse um ‘dia’ profético simboliza um ano (Nm 14:34; Ez 4:6), 360 ‘dias’ equivalem a 360 anos, e três tempos e meio (ou ‘anos’) representam 1.260 ‘dias’ ou anos. Algum tempo depois desse período profético, viria o fim.

“A afirmação de que ‘já não haverá demora’ (Ap 10:6) se refere às profecias de tempo de Daniel, especialmente os 2.300 dias proféticos de Daniel 8:14 (457 a.C. – 1844 d.C.). Após esse período, não haverá mais períodos de tempo proféticos. Ellen White declarou: ‘Esse tempo, que o Anjo mencionou com solene juramento […] é […] tempo profético, que precederia o advento de nosso Senhor. Ou seja, o povo não terá outra mensagem com tempo definido. Após o fim desse período de tempo, que vai de 1842 a 1844, não pode haver um esboço definido de tempo profético. O mais longo cômputo chega ao outono de 1844’ (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 7, p. 1.085)” (STEFANOVIC; MODZEIESKI, 2019, p. 57).

“Já não haverá demora”. “Esta declaração misteriosa tem sido interpretada de várias maneiras. Muitos expositores entenderam que ela marca o fim dos tempos e o começo da eternidade. Outros fizeram uso da palavra ‘tempo’ no sentido do tempo que passa imediatamente antes dos eventos finais da história e traduziu: ‘não haverá mais’. Os adventistas do sétimo dia geralmente entendem que essas palavras descrevem particularmente a mensagem proclamada nos anos 1840-1844 por Guillerme Miller e outros, a respeito do fim da profecia dos 2.300 dias. Eles entenderam que ‘tempo’ é tempo profético e que seu fim significa a conclusão da profecia cronológica mais longa da Bíblia: o período dos 2.300 dias de Dan. 8:14. Após essa profecia, não haveria outra mensagem fundamentada em um tempo exato e definido. Não há outro período profético que se estende além de 1844” (NICHOL, 1980, p. 813).

“Ele declarou: ‘Já não haverá demora’. Esta profecia não se refere ao fim da história, mas ao ponto na história em que as profecias de tempo de Daniel 8-12 se cumpririam (Daniel 8:13-14; 12:7-12). Usando o historicismo como método de interpretação profética, identificamos o cumprimento das duas maiores profecias de Daniel (1.260 dias/ anos e 2.300 dias/anos) em 1798 a.D. e 1844 a.D. O período que se segue é chamado de ‘tempo do fim’ (Daniel 11:40; 12:4, 9)” (OLIVEIRA et. al., 2015, p. 32).

“O tempo da profecia: Quando o papa Pio VI foi capturado por Bertier, general de Napoleão, e foi exilado, a profecia de 1.260 anos passou a ter um novo significado para os estudantes da Bíblia. Muitos chegaram à conclusão de que o período começou no reinado do imperador romano Justiniano, em 538, e terminou com a Revolução Francesa, em 1798. Os 2.300 dias de Daniel 8:14 foram considerados 2.300 anos por rabinos judeus já no século 9. No século 13, Arnold Villanova, um teólogo cristão e médico, também considerou os 2.300 anos como sendo dias. Em 1769, Johann Petri, um ministro da Igreja Reformada Alemã, percebeu que as 70 semanas de Daniel 9 foram dadas para que compreendêssemos os 2.300 dias de Daniel 8.

“Baseados em suas conclusões sobre a profecia de 2.300 dias, centenas de pregadores na Europa, América e em muitos outros lugares predisseram a volta literal de Cristo no ano de 1844, ou por volta disso. Entre esses pregadores estavam líderes congregacionalistas, metodistas, batistas, presbiterianos, episcopais e católicos. Era uma mensagem que tocava o coração e apelava às congregações mais espirituais. O anúncio do anjo não era a respeito do fim do tempo literal, mas do fim do tempo profético. Não há profecia cronológica na Bíblia que se estenda além de 1844” (FEYERABEND, 2005, p. 86 e 87).

10.7 mas, nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para tocar a trombeta, cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo ele anunciou aos seus servos, os profetas. pois, quando o sétimo anjo for tocar sua trombeta, ou seja, quando o Sumo sacerdote Jesus concluir Seu ministério no lugar santíssimo, pouco antes disso, Deus terá conseguido separar um povo para Si, mesmo na pior época de toda a história da humanidade! O evangelho terá sido anunciado em todo o planeta para oportunizar a redenção divina a todos de todas as gerações, em particular das gerações da sétima trombeta, as últimas antes do retorno de Jesus! Desde Adão e Eva Ele tem anunciado isso por Seus profetas e cumprirá nos dias finais do tempo do fim”.

O início da sétima trombeta ocorre em Apocalipse 11.15. Para uma compreensão do entorno dessa trombeta, confira esse texto e seus respectivos comentários. Um dos comentários que ali se verá é o parágrafo seguinte, de Ellen G. White (2013, p. 263):

“Em torno de Sua vinda agrupam-se as glórias daquela ‘restauração de tudo’, de que ‘Deus falou pela boca de todos os Seus santos profetas desde o princípio.’ Atos 3:21. Quebrar-se-á então o prolongado domínio do mal; ‘os reinos do mundo’ tornar-se-ão ‘de nosso Senhor e de Seu Cristo, e Ele reinará para todo o sempre.’ Apocalipse 11:15. ‘A glória do Senhor se manifestará’, e toda carne juntamente a verá. ‘O Senhor Jeová fará brotar a justiça e o louvor para todas as nações.’ Ele será por ‘coroa gloriosa, e por grinalda formosa, para os restantes de Seu povo.’ Isaías 40:5; 61:11; 28:5.”

“Deveríamos observar, em primeiro lugar, que o Anjo de João não anunciou o fim último de tempo. Ele estabeleceu enfaticamente que o longamente aguardado cumprimento do mistério de Deus (a pregação final do evangelho a todo o mundo) ainda estava por ser alcançado nos ‘dias’ em que o sétimo anjo tocaria a sua trombeta. Apocalipse 10.7” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 284 e 285). Ao final dos comentários sobre este verso, esses autores se detalharão sobre “o mistério de Deus”.

“A sétima trombeta marca um destaque no grande conflito entre Cristo e Satanás, como revelado pela proclamação das vozes do céu naquele tempo (cap. 11:15). ‘O mistério de Deus.’ Para um comentário sobre a palavra ‘mistério’, cf. com. Apoc. 1:20; cf. com. Rom. 11:25. Jesus usou uma frase semelhante: ‘o mistério do reino de Deus’ (Marcos 4:11), e Paulo também fala do ‘mistério de Deus’ (Col. 2:2), e o ‘mistério de Cristo’ (Colossenses 4:3). O mistério de Deus, que Ele revela aos seus filhos, é o Seu propósito para eles: o plano de salvação. Cf. 1ª Tim. 3:16; […] ‘Seus servos, os profetas.’ A declaração e exposição do ‘mistério de Deus’ (ver com. 11 ‘o mistério de Deus’) sempre foi a missão de seus servos, os profetas em suas mensagens para os homens (veja em Rom. 3:21)” (NICHOL, 1980, p. 813 e 814).

“A sétima trombeta. – Esta sétima trombeta não é aquela de que se fala em 1 Coríntios 15:52 como sendo a última trombeta, que desperta os mortos, mas é a sétima da série das sete trombetas, e como as outras desta série, ao soar ocupa dias proféticos (anos). Nos dias em que comece a tocar, estará terminado o mistério de Deus. Não no dia em que ela há de começar a soar, nem no próprio começo do seu sonido, mas nos primeiros dias do seu sonido, o mistério de Deus há de estar terminado.

“Pelos acontecimentos que devem ocorrer sob o toque da sétima trombeta, o seu início pode ser fixado, com suficiente precisão, no fim dos períodos proféticos em 1844. Não muitos anos depois dessa data o mistério de Deus deve, pois, estar terminado.

“[…] O mistério de Deus. – Alguns testemunhos diretos do Livro, que foi dado como lâmpada para os nossos pés, mostrarão em que consiste este mistério. ‘Descobrindo-nos o mistério da Sua vontade, segundo o Seu beneplácito que propusera em Si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos Céus como as que estão na Terra’ (Efés. 1:9, 10). Aqui o propósito de Deus de congregar todas as coisas em Cristo é chamado o ‘mistério’ da Sua vontade. Isto se realiza pelo Evangelho (Efésios 6:19); ‘E por mim [Paulo pede que se façam orações], para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do Evangelho’ (Efés. 6:19).

“Afirma-se aqui claramente que o Evangelho é um mistério. […] É, pois, o mesmo que se o anjo declarasse: Nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá o Evangelho. Mas que é o cumprimento do Evangelho? Vejamos primeiro para que foi ele dado. Foi dado para tomar das nações um povo para o nome de Deus (Atos 15:14). Seu cumprimento deve, portanto, ser o fim desta obra. Terminará quando se completar o número do povo de Deus, quando deixar de se oferecer a misericórdia e terminar o tempo de graça” (SMITH, 1979, p. 159 e 160).

“Mistério – ‘Os textos mencionados a seguir contêm a palavra mistério:

Rom. 11:25: ‘Esse mistério’ – o trato de Deus com Israel e sua salvação futura.

I Cor. 15:51: ‘Eis que vos digo um mistério’ – a transformação pela qual passarão os crentes quando Cristo voltar.

Efés. 1:9 e 10: ‘O mistério da Sua vontade’ – o povo de Deus unido com Ele na herança eterna.

Efés. 6:19: ‘O mistério do evangelho’ – a graça de Deus que tinha estado oculta aos gentios, mas agora lhes foi revelada.

Coloss. 4:3: ‘Mistério de Cristo’ – as coisas de Deus reveladas por meio de Cristo.

II Tess. 2:7: ‘O mistério da iniqüidade’ – refere-se a um poder que se caracteriza pela ilegalidade; Satanás e seus agentes.

“A palavra mistério, no Novo Testamento, se refere aos segredos de que os servos de Deus se tornam conhecedores por revelação divina. Em Apocalipse 10:7, ‘o mistério de Deus’ é o Seu propósito salvífico, que será plenamente conhecido no fim da história humana. Com o toque da sétima trombeta, Deus efetuará o cumprimento do plano da redenção, que Ele concebeu antes da Criação do mundo e pôs em execução imediatamente depois que nossos primeiros pais caíram em pecado. Este plano encontrará sua finalidade no estabelecimento do reino de Deus para todo o sempre.

“[…] Se cumpriria o mistério de Deus – ‘O fim do tempo profético. O soar da sétima trombeta anuncia a etapa final da obra redentora da parte de Deus: ‘Nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver para tocar a trombeta, cumprir-se-á, então, o mistério de Deus, segundo Ele anunciou aos Seus servos, os profetas. ‘ verso 7. Esta proclamação assinala o fim das profecias e inicia os últimos dias” (BATTISTONE, 1989 p. 151 e 152).

“No capítulo dez vemos que o movimento simbolizado no anjo alcançaria até o ano de 1844 e que, de acordo com as palavras do juramento do angélico ser, a voz do sétimo anjo não seria ouvida durante o referido movimento que encontrou seu fim na primavera de 1844. Disto nos certificamos de que a voz do sétimo anjo começaria a fazer-se ouvir da primavera de 1844 em diante, imediatamente ao concluir-se a obra do anjo do capítulo dez. Desde 1844 para cá, portanto, se está consumando o ‘segrêdo de Deus’. Todavia perguntamos: O que é o ‘segrêdo de Deus?’

“O ‘segrêdo de Deus’ é também nas Escrituras Sagradas chamado — mistério de Deus. Os textos aqui indicados certificam que o ‘segrêdo’ ou o “mistério de Deus” é o grande plano da salvação em Jesus Cristo (Rm 16.25, 26). Esteve oculto no passado, mas, manifestou-se em sua glória pela pregação do evangelho ao mundo gentílico, e, ‘Cristo em vós’, ou Cristo recebido no coração do contrito pecador, é considerado ‘as riquezas da glória dêste mistério’.

“Mas o anjo do Apocalipse dez, em seu juramento, proclama que ‘nos dias da voz do sétimo anjo’, se cumpriria ‘o segrêdo de Deus’. Quer isto dizer que, de 1844 ao final, seria consumada a obra do evangelho no mundo. Não foi consumada na Velha Dispensação chamada Mosáica, por incredulidade do antigo povo de Deus que por isso mesmo foi rejeitado como Seu povo. Não foi consumado na era cristã até antes de 1844, porque o cristianismo deixou de cumprir a sua missão, apostatando.

“Mas seria consumado de 1844 ao final, na voz do sétimo anjo, o que implica em dizer que um glorioso movimento mundial tomaria lugar desta data em diante, proclamando o ‘mistério de Deus’ e consumando a obra da redenção entre as nações, através da pureza do evangelho isento de erros e tradições humanas. E êste movimento predito surgiu em 1844, exatamente depois do primeiro movimento que findou nesta data, tem abrangido todo o mundo, e logo terminará a sua tarefa quando tôdas as coisas serão novamente congregadas em Cristo Jesus” (MELLO, 1959, p. 255 e 256).

Jesus foi o único ser/movimento capaz de ter “pureza do evangelho isento de erros e tradições humanas”. Onde que a Bíblia afirma que outro ser/movimento teria algo semelhante?

Segundo Feyerabend (2005, p. 87 e 88) a sétima trombeta já tocou: “O grande mistério do evangelho é Jesus Cristo. Ele é o único mexo de salvação, não apenas para os gentios, mas também para os judeus. ‘E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo’ (Mateus 24:14). Desde o século 19, vivemos no tempo da sétima trombeta. Durante o século 19, a pregação do evangelho começou com poder especial, e a cada dia esse poder está aumentando. Vivemos nos dias em que o mistério de Deus acabará […] Muito em breve o mistério de Deus acabará. A pregação do evangelho estará concluída”.

“Mas… o que é o ‘mistério de Deus’? Em o Novo Testamento, ‘mistério’ é uma verdade maravilhosa ou um extraordinário plano divino que jamais chegaríamos a conhecer se o próprio Deus não no-lo houvesse revelado. ‘A vós outros’, disse Jesus a Seus discípulos, ‘é dado conhecer os mistérios do reino de Deus.’ S. Lucas 8:10. Paulo faz referência ao ‘mistério que… agora… se manifestou aos Seus santos’. Colossenses 1:26.

“Também Pedro, a exemplo de João, falou do interesse dos profetas do Antigo Testamento pela graça que mais tarde seria revelada através de Jesus Cristo. Veja I S. Pedro 1:10-12. O maior de todos os mistérios é o ‘mistério de nossa religião’: ‘Aquele [Cristo] que foi manifestado na carne, foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória.’ I Timóteo 3:16.

“Outro mistério estupendo é a confortadora, e ainda assim impelente, transformadora e inteiramente maravilhosa relação que os cristãos podem desfrutar com seu Senhor e Salvador, este ‘mistério … que é Cristo em vós, a esperança da glória’. Colossenses 1:27. Paulo fala a respeito do ‘mistério do Evangelho’, o qual, segundo ele, produz ‘a obediência por fé’. Efésios 6:19; Romanos 16:25 e 26. Noutra parte, Paulo fala do divino plano que deveria ocorrer na ‘plenitude do tempo’, de fazer convergir nEle ‘todas as coisas, tanto as do Céu como as da Terra’. Efésios 1:9 e 10. Aqui, tal qual o Anjo que segura o livrinho, Paulo situa o cumprimento final do mistério de Deus no tempo do fim, ou ‘plenitude do tempo’, o tempo durante o qual estamos vivendo agora.

“Numa das mais excitantes expressões de todos os seus escritos, Paulo diz que faz parte do mistério de Deus que ‘pela igreja a multiforme sabedoria de Deus se torne conhecida agora dos principados e potestades nos lugares celestiais’. Efésios 3:10. Já nos acostumamos a observar o gracioso e amigável interesse que os seres celestiais têm por nós. Aqui, entretanto, somos levados à empolgante constatação de que os anjos também têm algo a aprender de nós, nesse grande plano de Deus!

“Quando os seres celestiais passam a observar o desdobramento do mistério de Deus em nossa vida, em nossa família, em nosso trabalho e adoração, eles aprendem algo a respeito do que Deus pode fazer cm favor dos pecadores. Os seres celestiais vêem como é possível a pessoas comuns, que entretanto se apegam pela fé às promessas da Palavra viva, apossarem-se da sempiterna vida que pertence ao próprio Deus” (MAXWELL; GRELLMANN, 2004, p. 304 e 305).

10.8 A voz que ouvi, vinda do céu, estava de novo falando comigo e dizendo: Vai e toma o livro que se acha aberto na mão do anjo em pé sobre o mar e sobre a terra. Novamente aquela voz do céu que falou comigo, me disse: “João, pegue o pergaminho desenrolado que está na mão de Jesus, Aquele que tem influência sobre o planeta.”
10.9 Fui, pois, ao anjo, dizendo-lhe que me desse o livrinho. Ele, então, me falou: Toma-o e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago, mas, na tua boca, doce como mel. Eu fui até Jesus e Lhe pedi o livro de Daniel. Ele me disse: “Aqueles que farão parte de Meu corpo antes do início do tempo do fim, estudarão com empenho aquilo que Eu revelei ao profeta Daniel. Isso será prazeroso inicialmente, mas também causará à Minha igreja amarga tristeza e desapontamento.”
10.10 Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e, na minha boca, era doce como mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo. E aconteceu como Jesus falou: os que examinaram as Escrituras de Daniel, depois da sexta trombeta mas antes do término segundo “ai” e antes do toque da sétima trombeta, entre 1840 e 1844, se deliciaram da promessa da segunda vinda de Jesus, mas por marcarem data para ela, muito sofreram.

“O próprio João é levado a desempenhar o papel de representante da igreja, provavelmente por causa da experiência particular que havia de suceder à igreja, que o Senhor da profecia queria registrar, mas que não era fácil de se apresentar sob o símbolo de um anjo. Quando só é apresentada uma proclamação direta, sem incluir a experiência particular por que a igreja tenha de passar em relação a ela, podem ser usados anjos como símbolos para representar os ensinadores religiosos que proclamam essa mensagem, como em Apocalipse 14.

“Mas quando tem de ser apresentada alguma experiência particular da igreja, o caso é diferente, vindo mais a propósito que fosse apresentada na pessoa de algum membro da família humana. Daí João ser chamado a desempenhar um papel nesta representação simbólica. Sendo este o caso, o anjo que aqui apareceu a João pode representar aquele divino mensageiro que, na ordem observada em toda a obra de Deus, tem a seu cargo esta mensagem; ou pode ser aqui introduzido com o fim de representar a natureza da mensagem, e sua origem.

O doce e o amargo. – O anjo deste capítulo tem na mão um ‘livrinho aberto’. Nos comentários sobre o versículo 2, demonstramos que fora selado ‘até o tempo do cumprimento’ (Dan. 12:9). Ia abrir-se quando se deveriam entender as profecias do livro. Nos comentários sobre Daniel 8:14 ficou demonstrado que a obra de purificação do santuário celestial começou em 1844. Os estudantes da profecia que fizeram esta descoberta entendiam que o santuário significava a Terra, e consideravam erroneamente que esta predição significaria purificar a Terra de sua contaminação e do pecado nesta data.

“Esta mensagem da vinda do Senhor em 1844, rapidamente se espalhou por toda a América e outras partes do mundo. Comoveu os corações dos homens e agitou as igrejas protestantes daquele tempo. Dezenas de milhares esperavam que o Senhor viria no final do grande período profético dos 2.300 dias, em 1844 (ver Dan. 8:14; 9:25-27). Fizeram todos os preparativos para recebê-Lo com grande alegria, e logo se produziu a amargura do desapontamento, porque o Senhor não veio. Seu erro foi em não compreender a natureza do acontecimento que deveria ocorrer no fim do período profético, e não no método de calcular o tempo” (SMITH, 1979, p. 161 e 162).

“O anjo desta profecia é, como já dissemos, representante do grande movimento que envolveu a igreja de Deus nos começos do século XIX. O profeta, porém, toma o lugar de representante pessoal e físico do mesmo movimento. Pôsto que São João vivesse dezessete séculos antes do alvorecer do ‘fim do tempo’ para que tomasse lugar o grande movimento missionário da igreja de Deus nos primeiros anos do século XIX, é êle escolhido, como um de seus representantes, para desempenhar simbolicamente o papel que a igreja devia desempenhar a seu devido tempo conforme esta profecia. Deste modo, temos aqui o profeta, pròpriamente, como a igreja de Deus e seu inteiro movimento missionário iniciado no ‘fim do tempo’. Tudo o que daqui em diante, dos versículos oito a dez, nos referirmos ao profeta, devemos aplicar à igreja de Deus.

“Como vimos na explanação do versículo dois, êste livrinho é o livro de Daniel, aberto no ‘fim do tempo’ iniciado em 1798. O ato de o profeta ser ordenado a tomar o livrinho da mão do anjo e comê-lo, bem representa os piedosos homens da igreja de Deus que, inspirados por Seu Espírito, tomariam, a princípio do século XIX, o livro de Daniel e estudariam com fervor as suas profecias. Pôsto que o livro de Daniel estivesse aberto, pois o tempo para isso chegara, havia, entre suas solenes profecias uma que dizia respeito exatamente àqueles primeiros anos do ‘fim do tempo’, sendo que, antes de tôdas, deveria chamar-lhes especialmente a atenção.

“E esta profecia era a das ‘duas mil e trezentas tardes e manhãs’ do capítulo oito versículo quatorze, que reza o seguinte: ‘E êle me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado’. ‘As duas mil e trezentas tardes e manhãs’, são dois mil e trezentos dias (Gn 1: 5, 8, 13, 19, 23, 31). Porém, como se trata de uma profecia, cada dia representa um ano literal (Ez 4.6). Temos assim 2300 anos no fim dos quais, diz a revelação, a verdade ou a pura pregação do evangelho deveria ser restaurada e o santuário purificado” (MELLO, 1959, p. 256 e 257).

A purificação do santuário ou início do julgamento do planeta é descrita sucintamente em Dn 8.14. Mas, onde está a afirmação de que o sistema de crenças falsas do chifre pequeno (papado) seria trocado ou mesmo confrontado por outro sistema de crenças verdadeiras e ilibado?

“O capítulo nove do livro de Daniel, que contém a explanação de Gabriel relativa à primeira parte dos 2300 anos, diz-nos que êste grande período da profecia iniciar-se-ia com a ‘saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém’. E esta ordem, dada aos judeus que eram cativos no Oriente ao tempo da dominação mundial da Pérsia, foi emitida pelo rei Artaxerxes I, Longimano, na primavera ou na última parte do ano 457 A. C. Contando desta data inicial, os 2300 anos alcançaram a primavera ou a última parte do ano de 1844, quando, então, a verdade seria restaurada pela pregação e o santuário seria purificado. A restauração da verdadeira pregação não temos dúvida de que trata da anunciação mundial do evangelho tal como êle foi inspirado do céu e anunciado outrora pelos profetas e apóstolos do Senhor Jesus. Mas, o que é a purificação do santuário?” (MELLO, 1959, p. 257).

Ótimo. Estamos de acordo quanto a isso. De fato, Deus sempre levanta disseminadores ou oráculos de Suas revelações, as quais são “puras”. No entanto, há uma diferença abissal e intransponível entre essa pureza e a daqueles que a disseminam. A água é potável, o copo não. E o resultado é que a água oferecida sempre será incomparavelmente impura em relação à água antes de ser derramada no copo. Pretender “pureza” ao anunciar o evangelho puro é como crer que o instrumento odontológico continua esterilizado após o manuseio e tratamento.

Flagrantemente é uma crença falsa! Mas, graças ao poder de Deus e a pureza de Sua revelação, a “pureza” da transmissão de Sua revelação/Seu evangelho não é critério para a obtenção de êxito em Sua obra de restaurar a humanidade (e a própria Verdade). O sol ilumina e aquece independentemente do óculos que eu uso (escuro ou não), e do abrigo no qual eu estou (sombrio ou não); e o sol faz isso também paralelamente à pregação daqueles que falam sobre o sol, sua iluminação e seu calor! Ou seja, assim como essa estrela, o Sol da justiça é Quem garante o sucesso do oferecimento da graça e justiça divinas a cada membro da humanidade, muito embora Deus conte com o serviço de membros dela.

“João é colocado em uma situação em que ele expressa seu desejo de ter o livro. Desempenha o papel daqueles que proclamaram a mensagem adventista nos anos 1840-1844. Embora esteja errado quanto à hora do evento que proclamaram, foram dirigidos por Deus, e a mensagem do breve do advento era preciosa para suas almas. Seu cálculo da cronologia profética de Dan. 8:14 estava correto (veja o comentário respectivo), mas eles estão errados quanto à natureza do evento que aconteceria com o final dos 2.300 dias.

Coma. Compare com o simbolismo de Eze. 3: 1 (cf. Jer. 15:16). Comer o livro é

uma figura da linguagem que representa a total compreensão do significado da mensagem contida no rolo. A experiência de João em Apoc. 10:10 descreve exatamente a dos crentes adventistas quando eles entenderam mais totalmente o significado das mensagens dos três anjos (cap. 14: 6-12) em relação ao verdadeiro cumprimento da profecia de 2.300 dias.

“[…] Doce como mel.Ver Eze. 3: 3. As mensagens de Deus para Seus servos têm sido freqüentemente, como em o caso de Ezequiel, uma mistura de doçura e amargura, porque eles podem revelar Seu amor e também Seus castigos. Os profetas de Deus experimentaram o êxtase da visão divina como a amargura de ter que dar mensagens de repreensão. A experiência que João passou nessa visão pode ser considerada, em um sentido específico, como um símbolo daqueles crentes adventistas nos anos 1840-1844. Quando eles ouviram pela primeira, a mensagem da iminência da segunda vinda foi para eles ‘doce como mel’; mas quando Cristo não veio como o esperado, sua experiência foi realmente amarga” (NICHOL, 1980, p. 815).

“Segundo o ritual do santuário do antigo Israel, a purificação do santuário significava a remoção simbólica dos pecados do povo de Deus do santuário, através de um sacrifício especial, oferecido no dia dez do sétimo mês judaico, correspondendo a outubro do nosso calendário. O Santuário terrenal, feito por Moisés conforme o modêlo do celestial (Êx 25.9,40) era uma figura do santuário da dispensação cristã, no céu, onde Cristo ministra por Sua igreja desde que para lá ascendeu, depois de sua ressurreição. Assim a purificação simbólica do santuário de Israel realizada pelo sumo-sacerdote uma vez ao ano, era emblema da purificação do santuário celeste que Cristo, como oferta sacrifical e Sumo-sacerdote do mesmo, devia realizar a partir do final dos 2300 anos ou de 1844.

“Como no santuário terrenal os serviços diários eram efetuados no lugar santo e a purificação no lugar santíssimo, de modo idêntico, Cristo, desde que ascendeu ao céu, efetuou sua obra de intercessão no lugar santo do santuário celestial até 1844. Nesta data, em outubro, Êle deixou o lugar santo e penetrou no lugar santíssimo para efetuar a purificação do santuário ou seja a remoção dos pecados de seu povo contrito e que nÊle confia como Mediador entre Deus e o homem. Esta obra de purificação continuará até o fim da graça, finda a qual estará concluída a purificação do santuário e a segunda vinda de Cristo tomará lugar imediatamente. Depois de tôda esta exposição acima, perguntamos: Como entenderam a questão da purificação do santuário, segundo a profecia de Daniel, os servos de Deus dos princípios do século XIX?

“A resposta enfática e histórica é esta: Eles entenderam que o santuário a ser purificado no final dos 2300 anos, em 1844, era a própria terra e que, para que isto pudesse ser realizado, Jesus deveria voltar naquele ano e atear fogo e enxofre ao mundo para purificá-lo da maldade humana. Porém, como chegaram a esta conclusão sobre a terra como sendo o santuário a ser purificado? Simplesmente pelo fato de não haver, em 1844, mais santuário na terra e desconhecerem a sublime doutrina do santuário celestial figurado pelo terrenal do antigo Israel. O fato de conceberem, pelo livro de Daniel, que Jesus voltaria em 1844 para purificar a terra e salvá-los, é que cumpre a profecia de ter o profeta achado o livrinho doce como o mel ao tomá-lo da mão do anjo e comê-lo. Nada mais glorioso e mais doce para êles do que um livro que lhes indicava matematicamente não só a volta de seu amado Senhor como também o ano certo de Seu aparecimento. Tiveram a grata satisfação de repetirem as experiências dos profetas Jeremias e Ezequiel ao comerem também a mensagem celestial (Ez 3.1-3 e Jr 15.16).

“Esta descoberta que julgavam incontestavelmente verídica, acharam por bem levá-la a todo o mundo, pois o anjo fôra visto na visão com um pé na terra e outro no mar. […] Em primeiro lugar mencionaremos os Estados Unidos da América do Norte, onde a proclamação da volta de Cristo, em 1844, foi mais intensiva. Ali, Guilherme Miller, um fazendeiro de cêrca de 50 anos, de Low Hampton, estado de Nova York, que se tornou pastor da igreja Batista, estudou ardorosamente as profecias de Daniel. ‘A profecia que mais claramente parecia revelar o tempo do segundo advento era a de Daniel 8:14: ‘Até duas mil e trezentas tardes e manhãs, e o santuário será purificado’.

“‘Seguindo sua regra de fazer as Escrituras seu próprio intérprete, Miller descobriu que um dia na profecia simbólica representa um ano (Números 14:34; Ezequiel 4:6); viu que o período de 2300 dias proféticos, ou anos literais, se estenderia muito além do final da dispensação judaica, donde o não poder êle referir-se ao santuário daquela dispensação. Miller aceitou a opinião geralmente acolhida, de que na era cristã a terra era o santuário, e, portanto, compreendeu que a purificação do santuário predita em Daniel 8:14 representa a purificação da terra pelo fogo, à segunda vinda de Cristo’ (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 324 e 335). […] Vários outros ministros, além dos da igreja batista que se uniram a Miller e sua obra, das igrejas Cristã, Metodista, Congregacionalista, etc., aceitaram de bom grado as idéias de Miller da próxima vinda de Cristo para purificação da terra.

“O chuveiro de Estrêlas predito por Jesus (Mt 24.29) e S. João (Ap 6.13) como precursor do segundo advento, ocorrido a 13 de novembro de 1833, foi recebido como evidência do dia do juízo próximo anunciado pela pregação de Miller. Porém, a profecia da queda da Turquia, cumprida em 11 de agosto de 1840 pelos acontecimentos internacionais, levou multidões a se convencerem ‘da exatidão dos princípios de interpretação profética adotados por Miller e seus companheiros, e maravilhoso impulso foi dado ao movimento do advento. Homens de saber e posição uniram-se a Miller tanto para pregar como para publicar suas opiniões, e de 1840 a 1844 a obra estendeu-se rapidamente’ (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 324 e 335)” (MELLO, 1959, p. 257-260).

“Em 1821, três anos depois de Miller chegar à sua explicação das profecias que apontavam para o tempo do juízo, o dr. José Wolff, ‘o missionário a todo o mundo’, começou a proclamar a próxima vinda do Senhor. […] Em suas viagens em Búcara encontrou a doutrina da próxima vinda do Senhor, professada por um povo remoto e isolado. Os árabes do Yemen, diz êle, ‘acham-se de posse de um livro chamado ’Seera’, que dá informação sôbre a segunda vinda de Cristo e Seu reino em glória; e esperam ocorrerem grandes acontecimentos no ano de 1840’ O Conflito dos Séculos, E. G. White, 368-370,.

“[…] ‘Em Wurtemberg, há uma colônia cristã que conta com centenas de membros que esperam o próximo advento de Cristo; também há outra que tem a mesma crença nas margens do mar Cáspio. Os ‘molocanes’, corpo numeroso de dissidentes da igreja grega russa, que residem nas praias do Báltico e são um povo muito piedoso, do qual se diz que ‘toma a Bíblia só como credo, e a norma de sua fé é simplesmente as Santas Escrituras’, se caracteriza por ‘esperar o reinado imediato visível de Cristo na terra’. Na Rússia, a doutrina da vinda de Cristo e seu reinado pregava-se até certo ponto, e a recebem muitos da classe humilde’ (Las Profecias de Daniel y el Apocalipsis, U. Smith, Vol. II, 68-269). ‘Outro missionário verificou existir crença semelhante na Tartária. Um sacerdote tártaro perguntou ao missionário quando Cristo viria pela segunda vez. Ao responder o missionário que nada sabia a respeito, o sacerdote pareceu ficar grandemente surpreso com tal ignorância de quem professava ser ensinador da Bíblia, e declarou sua própria crença baseada na profecia de que Cristo viria aproximadamente em 1844.

“‘Já em 1826 a mensagem do advento começou a ser pregada na Inglaterra. O movimento ali não tomou forma definida como na América; o tempo exato do advento não era geralmente tão ensinado, mas proclamava-se, vastamente, a grande verdade da próxima vinda de Cristo em poder e glória. E isto não somente entre os dissidentes e não-conformistas. Mourant Brock, escritor inglês, declara que mais ou menos setecentos ministros da Igreja Anglicana estavam empenhados na pregação dêste ‘evangelho do reino’. A mensagem que indicava 1844 como o tempo da vinda do Senhor, foi também dada na Grã-Bretanha. Publicações sôbre o advento, provenientes dos Estados Unidos, eram amplamente disseminadas. Livros e revistas reeditavam-se na Inglaterra’.

“‘Na América do Sul, em meio da desumanidade e artimanha dos padres, Lacunza, jesuíta espanhol, teve acesso às Escrituras, e recebeu assim a verdade da imediata volta de Cristo. Constrangido a fazer a advertência, e desejando contudo escapar das censuras de Roma, publicou suas idéias sob o pseudônimo de ‘Rabbi Ben-Israel’, representando-se a si mesmo como judeu converso. Lacunza viveu no século dezoito, mas foi aproximadamente em 1825 que seu livro, encontrando acesso em Londres, foi traduzido para a língua inglêsa. Sua publicação serviu para aprofundar o interêsse que já se despertava na Inglaterra pelo assunto do segundo advento. ‘Na Alemanha, a doutrina fora ensinada no século dezoito por Bengel, ministro da igreja luterana e célebre sábio e crítico da Bíblia’. ‘A luz brilhou também na França e Suíça. Em Genebra, onde Farei e Calvino tinham propagado as verdades da Reforma, Gaussen pregou a mensagem do segundo advento’.

“‘Na Escandinávia, também, a mensagem do advento foi proclamada e suscitou grande interêsse. Muitos despertaram do descuidoso sentimento de segurança para confessar e abandonar seus pecados, buscando perdão em Cristo. O clero da igreja do Estado, porém, opôs-se ao movimento, e por meio de sua influência alguns que pregavam a mensagem foram lançados na prisão. Em muitos lugares, onde os pregadores da próxima vinda do Senhor foram desta maneira silenciados, Deus Se serviu enviar a mensagem de um modo miraculoso, por meio de criancinhas.

“‘Como fossem menores, a lei do Estado não as poderia proibir, e foi-lhes permitido falar sem serem molestadas. O movimento ocorreu, principalmente, entre as classes mais humildes, e o povo se reunia nas modestas moradas dos trabalhadores para ouvir a advertência. Os mesmos pregadores infantis eram na maior parte pobres habitantes de cabanas. Alguns dêles não tinham mais de seis ou oito anos de idade; e, ao mesmo tempo que sua vida testificava que amavam o Salvador e procuravam viver em obediência aos santos mandamentos de Deus, manifestavam, de ordinário, apenas a habilidade e inteligência que usualmente se vêem nas crianças daquela idade. Quando se encontravam em pé diante do povo, evidenciava-se, entretanto, que eram movidos por uma influência acima dos seus dotes naturais.

“‘O tom da voz e as maneiras se transformavam, e com poder solene faziam a advertência do juízo, empregando as próprias palavras das Escrituras: ‘Temei a Deus, e dei-lhe glória; porque vinda é a hora de Seu juízo’. Reprovavam os pecados do povo, não sòmente condenando a imoralidade e o vício, mas repreendendo o mundanismo e a apostasia, admoestando os ouvintes a que fugissem apressadamente da ira vindoura’ (O Conflito dos Séculos, E. G. White, 362-367, 400-401)” (MELLO, 1959, p. 261-264).

“Aquêles que aguardavam a Cristo em 1844, nos Estados Unidos, estabeleceram a data de 21 de março para encontrarem-se com o Senhor. […] Mas a data prefixada de 21 de março de 1844 passou e Jesus não apareceu. Os sinceros crentes ficaram por algum tempo envoltos em indizíveis perplexidades e com angústia d’alma voltaram a investigar novamente a palavra de Deus e buscar nas profecias as provas de sua fé. Estudaram diligentemente e oraram com fervor, pedindo luz. S. S. Snow abraçou a opinião de que, como os tipos que apontavam ao segundo advento do Salvador eram observados pelos judeus no décimo dia do sétimo mês do ano sagrado judaico, assim os 2300 dias terminariam no décimo dia do sétimo mês (tempo judaico) ou seja a 22 de outubro de 1844.

“Ora, como haviam êles chegado a êsse tempo de tardança? — Cometeram o engano de colocar o princípio dos 2300 dias na primavera em lugar de o fazer no outono. O decreto para restaurar e edificar Jerusalém, foi dado ‘por Ataxerxes Longimano no sétimo ano de seu reinado. Entrou em vigor no outono do ano 457 A. C. Assim o dia 22 de outubro de 1844 foi fixado pelos crentes do advento como data definida em que Jesus devia vir’ (O Grande Movimento Adventista, Ema E. Howell, 27-28). […] O clamor da meia noite — Aí vem o Esposo, saí-lhe ao encontro — tornou-se então a nota tônica do movimento no verão de 1844 próximo ao grande dia.

“[…] O grande êrro do movimento consistiu em não compreenderem seus dirigentes a natureza do acontecimento que tomaria lugar no fim do período profético das 2300 tardes e manhãs ou anos, findo na primavera, isto é, em outubro de 1844. Porém, o versículo onze do capítulo dez e os dois primeiros do capítulo onze, elucidam-nos com afinco sobre o verdadeiro acontecimento daquele memorável ano e abrem-nos o caminho para encontrarmos o verdadeiro povo de Deus da presente geração, representado nas virgens prudentes da parábola que entraram com o ‘Espôso para as bodas’. (MELLO, 1959, p. 265-268).

“A idéia de que Jesus haveria de voltar em 1844 lhes foi doce como o mel. Mas o desapontamento foi intensamente amargo. Este não ocorreu por falta de revelação, visto que a Santa Bíblia dizia que Jesus não é sacerdote do santuário da Terra, mas do celestial (Hebreus 8:1, 2, 4, 5; 9:23, 24” (BELVEDERE, 1987, p. 60).

“Assim como os discípulos estiveram em erro quanto ao reino a ser estabelecido no fim das setenta semanas, também os adventistas se enganaram em relação ao fato a ocorrer à terminação dos 2.300 dias. Em ambos os casos houve aceitação de erros populares, ou antes, uma aderência a eles, cegando o espírito à verdade. Ambas as classes cumpriram a vontade de Deus, apresentando a mensagem que Ele desejava fosse dada, e ambas, pela sua própria compreensão errônea da respectiva mensagem, sofreram desapontamento. Não obstante, Deus cumpriu Seu misericordioso propósito, permitindo que a advertência do juízo fosse feita exatamente como o foi.

“O grande dia estava próximo e, pela providência divina, o povo foi provado em relação ao tempo definido, a fim de que lhes fosse manifesto o que estava em seu coração. A mensagem era destinada à prova e purificação da igreja. Esta deveria ser levada a ver se suas afeições estavam postas neste mundo ou em Cristo e no Céu. Professava amar o Salvador; deveria agora provar seu amor. Estavam os crentes dispostos a renunciar às esperanças e ambições mundanas, acolhendo com alegria o advento do Senhor? […] O desapontamento, outrossim, embora resultado da compreensão errônea, por parte dos crentes, da mensagem que apresentavam, deveria redundar para o bem. Poria à prova o coração dos que haviam professado receber a advertência.

“Em face de seu desapontamento, abandonariam eles temerariamente sua experiência cristã, renunciando à confiança na Palavra de Deus? ou procurariam, com oração e humildade, discernir em que tinham deixado de compreender o significado da profecia? […] Esta prova revelaria a força dos que com fé verdadeira haviam obedecido ao que acreditavam ser o ensino da Palavra e do Espírito de Deus. Ensinar-lhes-ia — o que unicamente tal experiência poderia fazer — o perigo de aceitar as teorias e interpretações de homens, em vez de fazer com que a Bíblia seja seu próprio intérprete.

“Aos filhos da fé, a perplexidade e tristeza resultantes de seu erro operariam a necessária correção. Seriam levados a um estudo mais acurado da palavra profética; seriam ensinados a examinar mais cuidadosamente o fundamento de sua fé, e rejeitar tudo que, conquanto amplamente aceito pelo cristianismo, não estivesse fundamentado nas Escrituras da verdade.

“Para estes crentes, assim como para os primeiros discípulos, o que na hora da provação lhes parecia obscuro à inteligência, mais tarde se faria claro. Quando vissem o ‘fim do Senhor’ [Tiago 5:11], saberiam que, apesar da provação resultante de seus erros, os divinos propósitos de amor para com eles estiveram continuamente a cumprir-se. Aprenderiam por uma bendita experiência que Ele é ‘muito misericordioso e piedoso’; que todos os Seus caminhos ‘são misericórdia e verdade para aqueles que guardam o Seu concerto e os Seus testemunhos’” (WHITE, 2013, p. 308 e 309).

“‘Devorar o livro’ é uma figura de linguagem que representava a plena compreensão do significado da mensagem contida no escrito. Embora os mileritas estivessem corretos em seus cálculos proféticos, estavam equivocados quanto ao evento. Desta forma, a ideia de que Jesus haveria de voltar em 1844 lhes foi doce como o mel, mas o desapontamento foi intensamente amargo. É importante ressaltar que, na morte de Cristo, também houve um ‘grande desapontamento’ que desanimou os insinceros, mas levou os crentes honestos a uma atitude de estudo e investigação.

8) Que deveria fazer o remanescente fiel que surgiria do desapontamento de 1844? Apocalipse 10:11

“[…] Os Adventistas do Sétimo Dia [asd] têm a seu favor o fato de ser o único movimento religioso surgido na hora profética (1844), de acordo com o padrão profético do desapontamento predito em Apocalipse 10 e com a restauração das verdades bíblicas que haviam sido lançadas por terra pelo anticristo. Além disso, é uma igreja mundial, que prega a mensagem bíblica em mais de 210 países do mundo” (ROSSI; BARBOSA, 2012, p. 15). Algo idêntico se lê em diversos outros estudos bíblicos da IASD (senão em todos eles), como veremos no verso 11.

Os asd que cumprem a profecia de Ap 10.11, assim como os adventistas não matriculados numa denominação que cumprem a profecia, são os que, aparentemente, cumprem também 12.17 e 14.12. Mas, claramente, não são todos os asd, o que destaca o erro de se crer que uma denominação inteira cumpre essas profecias as quais coincidem com as Três Mensagens Angélicas de Apocalipse 14, como estudaremos.

Ainda mais detalhadamente: qual a relação de Ap 10 com 12.17 e 14.12, onde se fala sobre o remanescente? Apenas esta: os que cumprem 10.11, anunciando as profecias ao mundo, são os mesmos que cumprem as 3 mensagens angélicas. Os que anunciam, portanto, são os remanescentes, assim como os que “guardam os mandamentos e têm o testemunho de Jesus” (12.17). Não os matriculados nalguma denominação. Oliveira et al. (2015, p. 32) se coloca sobre o tema de modo mais bíblico e menos denominacional: “Esta imagem do anjo com o pé direito sobre o mar e o esquerdo sobre a terra, segurando o livrinho com a mão estendida para o Céu, representa a abrangência mundial da mensagem deste livrinho. Representa também o surgimento de um movimento mundial de pregação das verdades contidas no livro de Daniel em conexão com as do Apocalipse”.

No entanto, este autor, em parágrafos posteriores, também comete o erro que eu costumo chamar de crença do autorremanescente, ao crer que o remanescente é a Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), e não os cristãos que cumprem o que está escrito no Apocalipse concernente ao fim do tempo do fim, próximo ao soar da 7ª trombeta.

Ele com acerto diz: “No 10º dia do 7° mês do calendário judaico ocorria o Dia da Expiação. Este dia envolvia um complexo ritual de purificação do santuário terrestre simbolizando arrependimento, confissão, perdão e purificação dos pecados (Levítico 16). Era um dia de acerto de contas. Assim como o sumo-sacerdote ministrava o sangue do cordeiro para fazer a purificação dos pecados registrados no santuário terrestre, Jesus também aplica os méritos de Seu precioso sangue a todo aquele que se achega a Ele pela fé, fazendo a purificação de nossos pecados (Hebreus 9:23). No dia 22 de outubro de 1844 Jesus passou a atuar no lugar santíssimo do Santuário Celestial e iniciou o Seu ministério sumo-sacerdotal.

“Estamos vivendo o grande dia profético da expiação. Quando Cristo encerrar esta obra de mediação e juízo, Ele voltará para dar a recompensa a cada um (Mateus 25:31-46). A profecia do livrinho aberto que seria doce na boca e amargo no estômago é uma alusão ao grande desapontamento de 1844, quando milhares de cristãos aguardavam pela vinda de Jesus e Ele não voltou. Porém o anjo instruiu: ‘É necessário que ainda profetízes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis’ (Apocalipse 10:11)” (OLIVEIRA et al., 2015, p. 34).

Mas, baseado na falsa crença que mencionei, ele afirma: “A igreja remanescente que estivera oculta no deserto por 1.260 anos (Apocalipse 12:6, 14), seria revelada como um movimento mundial e as verdades que foram pisoteadas pela ponta pequena seriam restauradas (Daniel 8:12; Isaías 58:12; Apocalipse 14:6-12)” (Ibidem).

Não foi a IASD que cumpriu/cumprirá Ap 10.7 e 10.11 (o próximo versículo). Mas aqueles que cumpriram e cumprirão. Quero dizer, assim como o povo de Israel teve sua importância no cenário histórico profético do plano da redenção divino, como um povo ele fracassou, embora tenha deixado um remanescente escriturístico e prático para a humanidade (muito embora o dom profético e seus derivados não pertençam à humanidade, mas a Deus). De modo semelhante, os mileritas e demais adventistas, a IASD e outras denominações, nos fizeram herdar um remanescente escriturístico e prático, mas não são os cumpridores (nem inclusivos nem exclusivos) de Ap 10.7 e 11.

Os 144.000, por outro lado, cumprem à risca esses textos e outros, como Ap 12.17 e 14.12. No entanto, esse grupo só aparecerá após Ap 14 e suas 3 mensagens angélicas. Isso significa que, como eu já mencionei em outros comentários aqui deste verso, a pureza da mensagem pregada pelos que cumprem/cumprirão Ap 10.7 e 11 difere de sua própria pureza. A mensagem é profética, os mensageiros não são profetas. E essa mensagem por eles pregada os faz/fará cumprir Ap 10.7 e 11, não o fato de estarem matriculados nalgum partido cristão, uma vez que é impossível, pela profecia, existir uma instituição humana isenta de erros doutrinários, pura em sua mensagem e estilo de vida. Só os 144.000 conseguirão esse feito. Até lá, “anjos” ou indivíduos (não instituições e coletividades) cumprirão Ap 10.11, como veremos no próximo versículo (a menos que eu esteja compreendendo equivocadamente esse tema).

A crença autorremanescente é onipresente na literatura oficial dos adventistas do sétimo dia, e, ao que parece, não há uma autocrítica sobre isso. Belvedere (1987, p. 58), assim como os autores acima, explicita sem qualquer constrangimento próprio a crença de que sua denominação cumpre Ap 10. 7 e 11, ou seja, todos os matriculados em sua denominação cristã são os responsáveis pelo cumprimento desses e outros versos. Ele afirma:

“Assim como os apóstolos amavam sua Igreja judaica e não pensavam deixá-la, os que passaram pelo desapontamento não tinham intenção de formar uma nova Igreja. Suas congregações, porém, tinham muitos erros doutrinários introduzidos pelo anticristo durante a Idade Media, e necessitavam do conhecimento de algumas verdades bíblicas essenciais. Além disso, muitos insinceros se uniram ao movimento por temor do juízo que viria, convertendo-se em pesado lastro. Assim, não poderiam pregar o Evangelho eterno de maneira pura e completa. Por isso Deus usou o estranho método que já havia utilizado com bons resultados na hora da Cruz: 1) Permitiu que experimentassem o desapontamento. 2) Assim foram expulsos de suas diversas congregações, e ao se encontrarem fora, formaram tacitamente uma nova congregação, com um denominador comum: investigação sincera e ardente da santa Bíblia em busca de luz e resposta celestiais, e as receberam. 3) Redescobriram as verdades lançadas por terra. 4) Estiveram em condições de cumprir a ordem de pregar (como o fizera a Igreja primitiva) a todo o mundo, e o estão fazendo, em obediência à ordem divina expressa na profecia”.

Crença do autorremanescente em dois tópicos: Em minha denominação, a) como a teoria dela é exatamente o que está na Bíblia, b) todos os que estão nela praticam/pregam/vivem.”

No primeiro século, época da igreja primitiva, existiam erros doutrinários (por exemplo: At 10; 15 e vários relatos nas cartas paulinas); trigo e joio matriculados, e, portanto, não pregaram o evangelho “de maneira pura e completa” como o autor acima crê. No entanto, Ap 6, em seu primeiro selo, revela que, a despeito dessas constatações, esse período foi o mais “branco”, em relação ao que estava por vir. Isso parece corroborar o que foi dito e repetido em meus contrapontos às falas autorremanescentes: com exceção dos 144.000, não existe na história humana um grupo de pessoas que vivem e pregam somente o que está na revelação bíblica, sem quaisquer crenças falsas inventadas pelos homens. Essa própria crença da IASD constitui um contraexemplo a ela mesma. Outros contraexemplos são dados em nove artigos, começando por este: https://blogdoprofh.com/2013/03/30/crendices-e-supersticoes-cristas-5/.

Todas as encontradas até hoje estão reunidas neste texto: https://blogdoprofh.com/2018/11/03/livro-crendices-e-supersticoes-cristas-existencia-de-uma-parte-folclorica-na-teologia-popular-em-todas-as-denominacoes-cristas/.

10.11 Então, me disseram: É necessário que ainda profetizes a respeito de muitos povos, nações, línguas e reis. O recado de Jesus e do Céu para os cristãos dessa época em diante é: “antes que Eu retorne à Terra, vocês precisam continuar sendo, individualmente e espalhados, Meus mensageiros para muitos povos, reis e idiomas, e muitas nações!”

“João, como representante da igreja, recebe aqui do anjo outra comissão. Outra mensagem deve seguir-se depois do tempo de terem cessado a primeira e segunda mensagens, como proclamações principais. Em outras palavras, temos aqui uma profecia da mensagem do terceiro anjo, que atualmente está em processo de cumprimento. Esta obra não será feita num canto. Deve ser levada perante ‘muitos povos, e nações, e línguas e reis’, como veremos em nosso estudo de Apocalipse 14:6-12” (SMITH, 1979, p. 163).

“S. João é aqui ainda o representante daqueles que sofreram a amarga decepção em 1844. Por seu intermédio é lhes enviada a mensagem contida neste undécimo versículo. E’ deveras notável como a profecia indica neste texto um novo movimento mundial constituído de elementos dentre os que sofreram a amargura de não contemplarem o Salvador vindo em 1844 para remi-los. ‘Importa que profetizes outra vez’. Outra vez deviam levantar o clamor mundial da segunda vinda de Cristo, sem no entanto assinalarem uma nova data para o Seu aparecimento. Foi esta uma das razões porque sofreram a amarga decepção: Não considerarem o capítulo dez do Apocalipse, especialmente o versículo onze que estabelece a prossecução da mensagem da segunda vinda de Cristo num novo movimento ainda de maiores proporções.

“E também não levaram em conta o capítulo quatorze em que o terceiro anjo devia seguir aos primeiro e segundo que os representavam. O terceiro anjo está evidentemente inserido no versículo onze do décimo capítulo. Mas não o enxergaram, e, por êste motivo, a profecia antecipou-se em revelar a grande amargura do, para êles, trágico ano de 1844. Aquêles, porém, que depois da grande desilusão ainda permaneceram em suas primitivas convicções quanto à data de 22 de outubro de 1844, ‘com fervorosa oração examinaram a sua atitude e estudaram as Escrituras para descobrir onde haviam errado. Como não pudessem ver engano algum no cômputo dos períodos proféticos, foram levados a examinar mais particularmente o assunto do santuário’ (O Conflito dos. Séculos, E. G. White, 411).

“E o resultado do exame têmo-lo nos dois primeiros versículos do capítulo onze que se ligam estreitamente com êste último do capítulo dez. Ali vemos a questão do santuário, relacionada com o ano de 1844, solucionada pela profecia, bem como o surgimento dum novo movimento mundial cujo centro de culto e adoração é o santuário celestial” (MELLO, 1959, p. 268 e 269).

“O povo a quem Deus constituiu depositário de Sua lei não deve consentir que se oculte a luz. A verdade tem de ser proclamada nos lugares tenebrosos da Terra. Os obstáculos têm de ser enfrentados e vencidos. Resta uma grande obra a fazer e essa obra está confiada aos que conhecem a verdade. A esses cumpre fazer agora ardentes preces a Deus. O amor de Cristo deve derramar-se em seu coração, e o Espírito de Cristo tomar posse deles, preparando-os para estarem em pé no dia do juízo.

“Enquanto se consagram a Deus, um poder convincente há de apoiar-lhes os esforços na apresentação da verdade a outros, e a sua luz abrirá acesso a muitos corações. Não devemos continuar a dormitar no terreno encantado de Satanás, mas socorrer-nos de todos os nossos recursos e lançar mão de todas as facilidades que a Providência nos depara. A última advertência tem de ser proclamada ‘a muitos povos, e nações, e línguas, e reis’ (Apocalipse 10:11), e a promessa é esta: ‘Eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos’ Mateus 28:20” (WHITE, 2004, p. 434).

Você precisa profetizar novamente. Cf Eze. 3:1, 4. Embora comer o pergaminho tenha produzido amargura em João, as palavras consoladoras que Cristo fala ao profeta são que ele deve agora profetizar novamente. A João, como representante dos crentes adventistas depois da decepção, se impõe o dever de proclamar uma mensagem adicional, mais ampla. Ainda falta um grande trabalho. Eles deveriam sair para proclamar a mensagem do terceiro anjo de Apoc. 14: 9-12.

Em. ‘Sobre’ ou ‘para’; qualquer um desses significados concorda com o contexto. As mensagens seriam ‘para muitos povos’ e ‘sobre muitos povos’.

Muitos povos. Como os crentes adventistas entenderam o significado completo da mensagem do terceiro anjo, eles perceberam cada vez mais que era uma mensagem para o

mundo, que deve ser levada a ‘muitos povos, nações, línguas e reis’. Essa convicção resultou em um dos programas mais extensos de evangelismo mundial jé visto na história cristã. Os adventistas do sétimo dia tem proclamado a ‘todas as nações, tribos, idiomas e pessoas’ (cap. 14: 6) a mensagem que lhes foi dada” (NICHOL, 1980, p. 814 e 815).

Eu tenho a impressão de que João contracenou na peça profética com o propósito divino de revelar algo aos que estudariam Apocalipse 10. Não foi um anjo quem devorou o livrinho, sofreu e foi comissionado a profetizar. Também não foi um povo. Mas, um indivíduo humano. Isso não é novo na Bíblia. Ao longo de toda ela vemos indivíduos passando pela mesma experiência de João em Ap 10. Profetas receberam a revelação prazerosa, mas logo sofrerão ao compartilhá-la e mesmo antes disso. Me chama atenção o fato de serem indivíduos, não povos. Desde Gênesis 3.15 Deus revelou que o “descendente” da mulher, não sua “descendência” inteira, contribuiria para a resolução do problema do pecado/mal. Os descendentes de Eva estariam ou entre os que descenderiam da serpente ou entre os que receberiam a divina “inimizade” contra a serpente. Mas somente um indivíduo, um “descendente” de Eva, recebeu destaque nesse contexto.

Paulo afirma que o próprio Deus é quem ferirá/esmagará a serpente (Rm 16.20), mas isso através “dos vossos pés”, ou seja, dos pés dos indivíduos “obedientes”, irmãos de Roma (cf. Rm 16.17 e 19), pois havia também os desobedientes na igreja romana. Até a função a ser desempenhada por João, e os indivíduos representados por ele em Ap 10, é escassa: profetas, verdadeiros profetas.

Como, pois, a IASD pretende reunir em suas paredes todos os indivíduos que cumprem Apocalipse 10, mais especificamente 10.11? Qual a fundamentação?

No texto de Ellen, supracitado, ela afirma: “O povo a quem Deus constituiu depositário de Sua lei não deve consentir que se oculte a luz. A verdade tem de ser proclamada nos lugares tenebrosos da Terra. Os obstáculos têm de ser enfrentados e vencidos. Resta uma grande obra a fazer e essa obra está confiada aos que conhecem a verdade. A esses cumpre fazer agora ardentes preces a Deus” (WHITE, 2004, p. 434). De fato, mesmo entre os que interpretam Apocalipse 10 sob a ótica da crença do autorremanescente, não são todos os que cumprirão Ap 10.11. Nenhum povo/igreja/instituição, por mais iluminado que seja pela revelação profética, cumpriu/cumpre/cumprirá este versículo. Por quê? Porque Apocalipse 10 não dá margem para essa interpretação. A menos que João represente uma coletividade organizada, em vez de indivíduos espalhados pelo mundo.

Se este raciocínio estiver correto, então frases como “Os adventistas do sétimo dia têm proclamado a ‘todas as nações, tribos, idiomas e pessoas’ (cap. 14: 6) a mensagem que lhes foi dada” (NICHOL, 1980, p. 815), como lemos mais acima, do Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia em espanhol, precisam de correção caso signifiquem “somente os ads” ou “todos os asd”. Concordo que indivíduos asd, bem como outros indivíduos não asd, apenas adventistas (sabatistas ou não) têm cumprido Apocalipse 10.11.

A IDENTIFICAÇÃO DA IGREJA DE DEUS

9. Resumindo o que foi investigado nos últimos estudos e neste, quais são as características principais da verdadeira Igreja de Cristo do tempo do fim (remanescente fiel)?

Resp.:

1. Surgiria como organização depois da era do deserto, ou seja, depois de 1798 (Apocalipse 12:6, 14).

2. Surgiria do movimento de 1844 (Daniel 8:12-14).

3. Surgiria como resultado do desapontamento de 1844 predito em Apocalipse 10, assim como a Igreja primitiva surgiu do desapontamento da cruz (Apocalipse 10).

4. Manteria as verdades apostólicas como estão na Bíblia porque teria a ‘fé de Jesus’ (Apocalipse 14:12).

5. Guardaria os mandamentos de Deus, inclusive o quarto, que ordena repousar no sábado (Apocalipse 12:17; 14:12; Êxodo 20:3-17).

6. Teria o Espírito de Profecia (Apocalipse 12:17; 19:10).

7. Pregaria as três mensagens angélicas do tempo do fim (Apocalipse 14:6-12).

8. Seria um movimento mundial, pregando a toda nação, tribo, língua e povo (Apocalipse 10:11).

9. Ensinaria que a salvação é conseguida somente pela fé em Cristo Jesus, pois pregaria o Evangelho eterno (Apocalipse 14:6; 1:5)” (BELVEDERE, 1987, p. 66; grifos acrescentados).

Algo similar pode ser lido em Rossi e Barbosa (2012, p. 36) e outros manuais de estudos bíblicos da IASD. Observe as frases grifadas. A crença autorremanescente gera outras crenças igualmente falsas: no tempo do fim há/haverá uma igreja verdadeira ou denominação cristã que dá sequência ao credo de Adão e Eva; às revelações dadas ao povo de Israel do AT e à igreja primitiva do NT. Ora, a descendência de Eva que receberia a bênção divina de ter “inimizade” (Gn 3.15) contra Satanás estaria confinada numa única denominação cristã ou num mesmo credo? Qual profeta bíblico ou extrabíblico recebeu essa revelação? Todo o povo de Israel foi fiel, como uma coletividade, às revelações de Deus? Todos os “cristãos” da (ou supostos conversos ao cristianismo da) igreja do NT foram salvos e cumpriram a missão do corpo de Cristo?

A crença de que há/haverá uma igreja, antes dos 144.000 de Ap 7, remanescente, é autorrefutante, uma vez que o que sobra é um conjunto de indivíduos espalhados, não a própria coletividade organizada! Os restantes de Ap 12.17 não são a descendência da “mulher” de Ap 12 ou uma mulher júnia, mas o que sobrou após a degeneração espiritual dos “cristãos”. O remanescente é uma classificação divina, não uma igreja/classificação humana.

Usando termos matemáticos: a olho nu a humanidade consegue enxergar comprimentos maiores ou iguais a 0,1 milímetro. Usando a unidade de Plank, a humanidade consegue estudar comprimentos muito, muito menores do que a olho nu (o comprimento que se consegue “enxergar” por meio da Matemática é quase 7 vezes 1030 menor que 0,1 mm). No entanto, comprimentos menores que o de Plank não são visíveis aos físicos.

De modo semelhante, o remanescente se encontra numa faixa de comprimento que olhos nus e mesmo olhos proféticos não deveriam conseguir enxergar! Apenas os olhos de Deus veem claramente cada indivíduo que pertence ao remanescente. Eles formam, portanto, uma igreja invisível aos olhos humanos e proféticos. Assim como desde sempre Jesus sabe quem faz parte de Seu corpo, unicamente Ele conhece a igreja remanescente. Qualquer tentativa de definição da igreja remanescente que desatenda ao que está revelado sobre ela, deve ser encarada como um julgamento temerário (cf. Mt 7.1-5), algo desnecessário para o cristão e até mesmo como uma desobediência ao que está revelado pelos profetas, pois tenta usar algo que é prerrogativa de Deus: a categorização da humanidade em trigo e joio (cf. Mt 13). Só o remanescente fiel à luz da revelação divina, de cada época da história humana, é que foi e será salvo.

Não tem como não pertencer ao remanescente fiel de uma época e simultaneamente ser salvo por Deus. Isso não deveria despertar os olhos fechados à revelação bíblica, mas tão bisbilhoteiramente abertos para tentar enxergar o que é impossível aos homens e até mesmo aos profetas (a menos que Deus faça estes últimos verem)? Uma denominação cristã que faz questão de colocar sobre si um selo que só Deus fornece já se desqualifica como fiel, quanto mais como parte dos indivíduos remanescentes espalhados. Além do mais, isso pode gerar crenças e sentimentos igualmente perniciosos, como superioridade, inerrância, comportamento judaizante e farisaísmos diversos.

“MINHA DECLARAÇÃO DE FÉ

Assinale com um X se concordar com as declarações abaixo:

( ) Acredito que estamos vivendo no tempo do fim e que em breve Jesus voltará.

( ) Quero agradecer a Jesus por estar no Santuário Celestial neste exato momento trabalhando em prol de minha salvação.

( ) Desejo fazer parte do povo de Deus, a igreja remanescente, entregar minha vida a Jesus e me preparar para a Sua vinda” (OLIVEIRA et al., 2015, p. 34).

A indução ao erro que a crença autorremanescente e seus derivados estabelece, adianta prematura e indevidamente o período da história humana no qual os 144.000 aparecerão como resultado do plano de redenção infalível de Deus. Ali, os sabatistas e os não sabatistas abarcarão todos os seres humanos vivos. E somente naquele período final do tempo do fim o remanescente fiel se tornará visível a olhos nus! Portanto, fazer declarações de fé como essa supracitada, é, no mínimo, desconhecimento da própria revelação profética que se propõe ensinar aos outros.

As pessoas que são convidadas pelos indivíduos remanescentes fiéis, não são convidadas a compor algum remanescente visível, mas a seguirem Jesus negando-se e tomando a cruz de seu Senhor e Salvador (cf. Mt 16.24 e 10.38). Todas as denominações cristãs deveriam fazer assim, deixando claro para seus membros e aspirantes que o vínculo, a matrícula naquela instituição humana não é sinônimo de fazer parte dos indivíduos remanescentes fiéis mencionados em Apocalipse, pois isso não faz parte da função de uma igreja cristã de acordo com o que Deus revelou à humanidade através de Seus profetas. O escopo de uma igreja cristã é ser uma ferramenta do Espírito de Deus na construção do remanescente fiel. Não ser uma candidata ao remanescente fiel (menos ainda um concorrente seu).

Referências:

BATTISTONE, Joseph J. Lições da Escola Sabatina, 2º Trimestre de 1989, nº 374, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, SP.

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(Hendrickson Rogers)

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