Evolução como questão experimental ou histórica
Há diferenças importantes entre as questões históricas e as questões experimentais na ciência. [4] Evolução, no sentido de uma ancestralidade universal comum, é uma questão histórica, e não é passível de experimentação. Nessas circunstâncias, a maneira apropriada de proceder é o método das “múltiplas hipóteses”. [5] Alguém propõe, primeiramente, tantas explanações (hipóteses) potenciais quantas imaginar e depois procura eliminar as menos prováveis. Dois professores de ciência cognitiva, Jerry Fodor, da Universidade Rutgers, e Massimo Piattelli-Palmarini, da Universidade do Arizona, identificaram uma diferença importante entre ciência histórica e experimental:
Em termos gerais, as explanações históricas não apresentam leis, mas narrativas plausíveis; narrativas que pretendem articular a cadeia casual de eventos que levam ao evento a ser explicado. Explanação nomológicas dizem respeito a relações (metafisicamente necessárias) entre propriedades; narrativas históricas dizem respeito a relações (causais) entre eventos. [6]
De acordo com Fodor e Piattelli-Palmarini, a evolução é uma história, não uma teoria científica:
A história (incluindo a história natural) diz respeito ao que na realidade aconteceu; não se trata do que tinha que acontecer, ou mesmo do que aconteceria se a Mãe Natureza fizesse outra tentativa. O que teria que acontecer é o domínio da teoria, não da história e não há nenhuma teoria da evolução. [7]
A natureza histórica da teoria geral da evolução torna difícil, ou mesmo impossível, testá-la de forma cientifica. Na visão de alguns cientistas, as questões históricas jamais podem ser parte da ciência. O biólogo evolucionista Colin Patterson, do Museu Britânico (História Natural), escreveu:
Tomando-se a primeira parte da teoria, a de que a evolução ocorreu, ela diz que a história da vida é um processo singular de divisão de espécies e progressão. Esse processo deve ser único e irrepetível, como a história da Inglaterra. Essa parte da teoria é, portanto, uma teoria histórica acerca de eventos únicos, e os eventos únicos, por definição, não fazem parte da ciência. São irrepetíveis e, assim, não sujeitos a teste. [8]
O caráter histórico da teoria da evolução é amplamente reconhecido, mas as implicações não são consideradas com tanta seriedade. O ponto principal não é que as questões históricas não possam ser estudadas de forma rigorosa, mas que se deve ter cautela em aceitar respostas a questões históricas como fato. A ciência, muitas vezes, tem dificuldade para chegar a conclusões relativas a questões que podem ser testadas experimentalmente. Sendo assim muito mais cautela se deve ter ao tratar de questões de história.
Referências:
4. Stephen C. Meyer, Signature in the Cell (Nova York HarperCollins, 2009). p. 150-172. Meyer não aceita o naturalismo filosófico.
5. T. C. Chamberlain, “The Method of Multiple Working Hypotheses”, Science 148 (1965), p. 754-759, reimpressão de um artigo de 1890.
6. Jerry Fodor e Massimo Piattelli-Palmarini. What Darwin Got Wrong (Nova York: Farrar, Straus and Giroux, 2010), p. 132.
7. Ibid., p. 152.
8. Colin Patterson, Evolution (Ithaca, NY: Cornell University Press, 1978), p. 145, 146.
Fonte: No Princípio: a ciência e a Bíblia confirmam a criação. Org. Bryan W. Ball; tradução Eunice Scheffel. – Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2017, p. 246, 247 e 268.