novembro 21, 2024

Blog do Prof. H

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Questões acerca de um ancestral universal comum (monofilia)

Não se deve esperar encontrar dúvidas acerca de um ancestral universal comum entre os que acreditam na teoria geral da evolução. Afinal, espera-se que aqueles que duvidam de um ancestral universal comum rejeitem o neodarwinismo e optem por um modelo alternativo. Mesmo assim, uns poucos cientistas materialistas sugerem que a vida poderia ser polifilética (de múltiplos ancestrais). Entre esses, estão os bioquímicos Christian Schwabe e Gregory Warr, ambos da Universidade Médica da Carolina do Sul, os quais criticam as atuais teorias da evolução, sugerindo uma origem polifilética, mas ainda assim naturalista, da vida:

Cremos que é possível preparar uma lista das regras básicas que fundamentam os modelos evolutivos moleculares existentes:

1. Todas as teorias são monofiléticas (um ancestral comum para todo tipo de vida), significando que elas começam com um hipotético gene ancestral e uma hipotética célula ancestral, que deram origem a todas as proteínas e todas as espécies, respectivamente.

2. A complexidade evolui sobretudo por meio de duplicações e mutações em genes estruturais e de controle.

3. Os genes podem passar por mutações ou permanecer estáveis, migrar lateralmente de espécie para espécie, disseminar-se entre uma população por mecanismos cuja operação não é entendida de maneira plena, evoluir coordenadamente, dividir-se, permanecer silentes e existir como pseudogenes.

4. Argumentos ad hoc podem ser inventados (como insetos vetores ou vírus) que podem transportar um gene para lugares nos quais nenhuma lógica monofilética explicasse, de outro modo, a sua presença.

Essa amplitude liberal de regras, cada uma das quais podendo ser observada em uso por cientistas, não apenas tem um tom jocoso, mas também, em nossa opinião, rouba a evolução molecular monofilética de sua vulnerabilidade à refutação e, portanto, de seu direito ao status de teoria científica. [17]

Pelo menos três padrões no registro fóssil parecem discordantes com relação a expectativas baseadas na monofilia:

1. A ubiquidade do surgimento abrupto sugere descontinuidade, em vez de monofilia.

O aparecimento abrupto é uma característica comum, embora não universal, do registro fóssil. Uma classe de aparecimentos abruptos envolve o surgimento simultâneo de numerosos grupos taxonômicos, um padrão chamado “radiação”. Além da explosão cambriana, outras radiações incluem os morcegos do Eoceno, [18] angiospermas do Cretáceo, [19] aves do Paleoceno, [20] mamíferos do Paleoceno [21] e peixes teleósteos do Paleoceno (Acantomorfa). [22] As radiações carecem da série de fósseis graduais esperados na teoria da evolução. Charles Darwin identificou a falta de transições como um problema sério da sua teoria, dizendo: “O caso, no momento, deve permanecer inexplicável; e pode, em verdade, ser alegado como argumento válido contra as ideias aqui consideradas”. [23]

Ernst Mayr, veterano biólogo evolucionista de Harvard, escreveu:

Os paleontólogos têm, há longo tempo, estado conscientes de uma aparente contradição entre o postulado de Darwin sobre o gradualismo e as descobertas da paleontologia na prática. Seguir linhas filéticas ao longo do tempo pareceu revelar apenas mudanças graduais mínimas, porém não se revelou nenhuma evidência clara de qualquer mudança de uma espécie para um gênero diferente ou para a origem gradual de uma novidade evolutiva. Qualquer coisa verdadeiramente nova sempre pareceu surgir de maneira um tanto abrupta no registro fóssil.

Isso pode parecer um problema, porém Mayr acrescenta que esse fato “não é surpreendente, já que divergências evolutivas parecem ocorrer quase invariavelmente em populações isoladas localizadas, que não estão aptas a deixar um registro fóssil”. [24]

Parece estranho que um cientista apresente este argumento: já que não podemos encontrar a evidência, devemos encontrar uma mudança evolutiva importante, que deve ter acontecido “em populações isoladas localizadas, que não estão aptas a deixar um registro fóssil”. Na realidade, talvez esteja faltando evidência porque a postulada mudança evolutiva nunca ocorreu.

2. O padrão da disparidade antes da diversidade é inconsistente com a monofilia.

Segundo a teoria da evolução as diferenças de espécies seriam pequenas a princípio, com novos grupos taxonômicos mais elevados aparecendo apenas mais tarde, na evolução. O registro fóssil de animais multicelulares (metazoários) revela o padrão oposto – as diferenças de espécies são grandes no primeiro aparecimento, com quase todos os grupos taxonômicos mais elevados aparecendo mais cedo, e nenhum grupo taxonômico mais elevado (filo e classes) aparecendo na parte superior da coluna geológica, o Cenozoico. Stephen Jay Gould, bem conhecido evolucionista de Harvard, observou:

Medida como número de espécies, a diversidade de Burgess não é alta. Esse fato incorpora um paradoxo central da vida primitiva: Como poderia tanta disparidade em planos corporais evoluir na evidente ausência de diversidade substancial em número de espécies? – pois as duas estão relacionadas, mais ou menos em passo travado pela iconografia do cone. […] Vários dos meus colegas […] têm sugerido que eliminemos a confusão acerca da diversidade, restringindo esse termo vernacular ao primeiro significado – número de especies. O segundo significado – a diferença em planos corporais – deve, então, ser chamada disparidade. Usando essa terminologia, podemos reconhecer um fato central e surpreendente da história da vida – uma visível diminuição na disparidade, seguida por um notável aumento na diversidade dentro dos padrões sobreviventes. [25]

3. As lacunas de fósseis são sistemáticas, não aleatórias, sugerindo linhagens distintas, em lugar de monofilia.

Mais intermediários fósseis deveriam ser encontrados entre espécies muito diferentes do que entre espécies semelhantes, mas não é esse o caso. O bioquímico agnóstico Michael Denton assinalou o fato:

O problema fundamental, ao explicar as lacunas em termos de uma busca insuficiente ou em termos da imperfeição do registro, é seu caráter sistemático – o fato de que há menos espécies transicionais entre as grandes divisões do que entre as menores. […] No entanto, esse é o exato reverso do que é exigido pela evolução. Poderíamos ser capazes de minimizar as descontinuidades em termos de algum tipo de erro de amostragem, mas seu caráter sistemático desafia toda explicação. Se as lacunas fossem realmente o resultado de uma busca insuficiente, ou o resultado da imperfeição do registro, então deveríamos esperar encontrar mais formas transicionais entre um camundongo e uma baleia do que entre cão e gato. [26]

Por exemplo, a “transição evolutiva” de espécies da água para a terra é um importante passo na teoria da evolução, e essa mudança deveria ter deixado abundante evidência fóssil. [27] A evidência não corresponde às expectativas, como descreveu o biólogo evolucionista Malcolm Gordon, da Universidade da Califórnia em Los Angeles:

Não se conhecem fósseis que tenham relação direta com as transições de vertebrados para a terra. […] A distribuição geográfica e a diversidade morfológica dos restos fragmentários têm apresentado problemas e levado a controvérsias quanto a se os anfíbios são monofiléticos [partilham um ancestral comum] ou polifiléticos [múltiplos ancestrais] e se eles vieram de peixes de água doce ou do mar. [28]

Os mais antigos fósseis de anfíbios já eram, nesse tempo, bem grandes em tamanho, diferentes em sua estrutura, bastante especializados e filogeneticamente bem diferenciados um do outro […] Não há ligações plausíveis entre esses primitivos anfíbios fósseis e os anfíbios vivos. Isto é, as morfologias desses dois grupos são tão diferentes que não há modo cientificamente justificável de se fazer originar o último grupo do primeiro. [29]

Os répteis parecidos com mamíferos têm uma dificuldade semelhante. Seis grandes grupos foram identificados, cinco dos quais aparecem de forma simultânea no registro fóssil. [30] Os vários fósseis são bastante diversos, e é muito difícil que possam ser considerados ancestrais de qualquer outra espécie. O paleontólogo David Raup, da Universidade de Chicago, notou: “A evidência que encontramos no registro geológico não é, nem chega perto de ser, compatível com a seleção natural de Darwin como gostaríamos que fosse. […] Em outras palavras, não há intermediários suficientes”. [31]

A monofilia é baseada em parcas explicações dentro de uma metafisica naturalista. Se alguém aceita a possibilidade de atividade sobrenatural, a evidência é mais compatível com a polifilia, e algum tipo de criação sobrenatural é a razão mais provável.

Referências:

17. Christian Schwabe e Gregory W. Warr. “A Polyphyletic View of Evolution The Genetic Potential Hypothesis”, Perspectives in Biology and Medicine 27, n. 3 (Primavera de 1984), p. 465-485. As referências no texto original foram omitidas.

18. Nancy B. Simmons, “An Eocene Big Bang for Bats”. Science 307 (28 de janeiro de 2005), p. 527, 528.

19. Stefanie De Bodt et al., “Genome Duplication and the Origin of Angiosperms”, Trends in Ecology and Resolution (2005), p. 591-597: “A despeito de muitas pesquisas e análises de diferentes fontes de dados (por exemplo, registro fóssil e análises filogenéticas usando caracteres moleculares e morfológicos), a origem das angiospermas permanece nebulosa. […] As angiospermas surgem repentinamente no registro fóssil durante o Jurássico [sic] [208-145 milhões de anos atrás (Mya)] sem ancestrais óbvios por um período de 80-90 milhões de anos antes de seu aparecimento”.

Charles Darwin, carta para J. D. Hooker, 22 de julho de 1879: “O rápido desenvolvimento, tanto quanto podemos julgar, de todas as plantas mais altas dentro de recentes tempos geológicos, é um mistério abominável”, citado em William E. Friedman, “The Meaning of Darwin’s ‘Abominable Mystery”, American Journal of Botany 96 (2009). Carta na integra ainda não transcrita em https://www.darwinproject.ac.uk/letter/DCP-LETT-12167.xml.

20. Alan Feduccia, The Origin and Evolution of Birds (New Haven, CT: Yale University Press, 1999), p. 172, 399-404.

21. John Alroy, “The Fossil Record of North American Mammals: Evidence for a Paleocene Evolutionnary Radiation”, Systematic Biology 48, n. 1 (1999), p. 107-118.

22. Matan Friedman, “Explosive Morphological Diversification of Spiny-finned Teleost Fishes in the Aftermath the End-Creataceous Extinction”, Proceedings of the Royal Society of Lonlon, B 277, n. 1688 (7 de junho de 2010), p. 1675-1683, doi: 10.1098/rspb.2009.2177.

23. Charles R. Darwin, The Origin of Species (Nova York: New American Library, ed. Mentor, 1958), p. 310.

24. Ernst Mayr, Toward a New Philosophy of Biology: Observations of an Evolutionist (Cambridge, MA: Harvard University Press, 1988), p. 529-530.

25. Stephen Jay Gould, Wonderful Life (Nova York: W. W. Norton and Co., 1989), p. 49.

26. Michael Denton, Evolution: A Theory in Crisis (Bethesda, MD Adler & Adler, 1986), p. 191, 192.

27. Pegadas de tetrápodes foram descobertas em camadas abaixo desses propostos intermediários como Tiktaalik, apresentando os “intermediários” como não relacionados aos tetrápodes. Ver Grzegorz Niedzwiedzski et al., “Tetrapod Trackways From the Early Middle Devonian Period of Poland”, Nature 463 (7 de janeiro de 2010), p. 43-48.

28. Malcolm S. Gordon e Everett C. Olson, Invasions of the Land: The Transitions of Organisms From Aquatic to Terrestrial Life (Nova York: Columbia University Press, 1995), p. 133.

29. Ibid., p. 262, 263,

30. T. S. Kemp, “Phylogenetic Interrelationships and Pattern of Evolution of the Therapsids: Testing for Polytomy”, Palaeontologica Africana 44 (dezembro de 2009); p. 1-12. Os cinco grupos são Biarmosuchia, Dinocephalia, Gorgonopsia, Anomodontia e Theracephalia. O sexto grupo. Cynodontia, aparece em posição um pouco mais alta no estrato.

31. David Raup, “Conflicts Between Darwin and Paleontology”, Field Museum of Natural History Bulletin 50, n. 1 (janeiro de 1979), p. 22-29, citado em www.commondescent.net/articles/Raup-quote.htm.

 

Fonte: No Princípio: a ciência e a Bíblia confirmam a criação. Org. Bryan W. Ball; tradução Eunice Scheffel. – Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2017, p. 251-255, 268 e 269.

 

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