maio 9, 2024

Blog do Prof. H

Adaptando conhecimento útil às necessidades da humanidade

Designer mau ou projeto apesar do mal?

Participantes: Alexandre (Al), Célio João (CL), Hendrickson Rogers (HR), José Wander (JW) e Leonardo Souza (LS).

(Al) Olá, bom dia povo onzegeniano. Preciso ouvir os irmãos aqui sobre um comentário que recebi nas redes sociais:

“Você deve ser criacionista e, como a maioria dos criacionistas que acompanham as notícias, já deve ter visto falar sobre o Design Inteligente e a beleza e a complexidade que há nas asas de alguns insetos. Eu lembro de uma mosca que tinha o “design” de duas formigas nas asas. “Isso só pode ser um Design Inteligente” diriam os criacionistas cristãos. Mas e aí? Deus criou o mal então? Se ele deu um mecanismo de defesa pra um animal se camuflar, se proteger, então quer dizer que ele criou um predador pra ele. Como que fica isso? Deus cria a presa e o predador?”

(CJ) Na minha opinião a confusão sobre isso está em atribuir um conceito moral, o fazer o mal, aos demais seres vivos, além dos humanos. Não há maldade no ato de um tubarão se alimentar de um peixe, apenas uma necessidade fisiológica: a reposição de energia para a manutenção da vida. Se não existissem os predadores e os necrófagos, a vida já teria sido extinta na Terra, devido à superpopulação e às doenças geradas pelos animais mortos. Essa confusão de atribuições de moralidade aos animais e demais seres vivos, que não os humanos, também leva a que tenhamos que fazer 4 possíveis inferências, para mim absurdas:

1) os predadores e necrófagos são produto de mutações aleatórias pela degeneração pós-rebelião humana; o que é um absurdo, pois observa-se design e é necessário design inteligente para que todas as alterações necessárias sejam compatíveis entre si, e só antevidência inteligente poderia fazer isso;

2) inferir que o Criador fez uma nova criação especial após a rebelião do homem para fazer face à contingência da existência do mal, por decisão humana, ou Ele já havia programado o DNA dos demais seres vivos para esse novo cenário, acionado após a rebelião humana;

3) inferir que Lúcifer fez manipulação genética nos seres vivos, levando a existência de predadores, e luta/fuga pela vida para as presas, de tal forma que o equilíbrio fosse mantido na vida, sem levar a vida na Terra à extinção, o que também é absurdo. Por outro lado, qual é a melhor inferência? (Podem existir outras hipóteses ). Mas qual seria a necessidade do Criador, preservar na Arca de Noé os predadores e necrófagos, se Ele não os havia criado? Observo uma certa tensão entre os “tedeístas” e os criacionistas, sendo que os segundos sempre serão tedeístas, ao passo que os primeiros podem não ser criacionistas!

(LS) Eu discordo completamente da existência de morte numa realidade pré-pecado até porque no próprio Gênesis 1 Deus diz que a erva verde seria para o mantimento dos animais do campo e para por aí. Deus não descreve nenhuma realidade predatória. Dizer que existiam predadores antes do pecado é fazer uma afirmação partindo da observação atual e tentando encaixar isso na bíblia, sendo que a atitude correta de um criacionista bíblico seria partir da Bíblia e encontrar (ou não) correspondentes na observação atual. Penso que a questão poderia ser resolvida considerando a presciência de Deus, pois, na Sua sabedoria e presciência, Deus sabia que o pecado poderia entrar no mundo (e entraria) por isso ele projetou o seres vivos com o potencial de adaptação para ambientes diferentes, por exemplo, e com potencial de adaptação até para uma realidade de morte e relações predatórias, se fosse o caso do pecado entrar na Terra.

Uma pergunta muito pertinente é: Como surgiram os sistemas digestivos carnívoros se antes todos eram herbívoros. Penso que é digno de um maior estudo ao invés de ignorar o que a bíblia diz e dizer que os carnívoros de hoje já foram criados carnívoros e que a morte é algo comum mesmo numa realidade sem pecado. E não creio que os mecanismos de defesa e ataque estão presentes desde a criação.

Por exemplo, não creio que o Tipo Original dos Besouros possuísse esse “aparato bombardeiro”. Esse “aparato” se desenvolveu com o tempo por conta de uma necessidade. Num mundo sem pecado, um habitat diferente traria essas novas necessidades que fariam a epigenética entrar em ação e os animais irem se adaptando, num mundo com pós-pecado, além de habitats diferentes temos a nova realidade da morte, portante surge uma nova necessidade: a sobrevivência e como qualquer outra necessidade, ela vai “acionar” a epigenética que trará adaptações para sobreviver, inclusive sobreviver aos animais que assumiram esse caráter de predador. Dessa forma Deus não precisa ter criado uma mosca com design de formiga nas asas para se defender ou um besouro bombardeiro. Ele criou o Tipo das moscas e Besouros e então seus descendentes foram se modificando de acordo com a realidade vivida até chegar no que temos hoje, mecanismos de defesa e ataque e camuflagem e etc…

(HR) Quanto à questão do DI e da predação, está escrito:

39. Ora, és tu que caças a presa para a leoa e satisfaz a fome dos leões e seus filhotes,

40. quando se agacham em suas tocas ou passam horas à espreita no matagal?

41. Quem prepara para o corvo o alimento, quando sua ninhada clama a Deus e andam vagando, por não ter com o que se alimentar? (Jó, 38, KJV em português).

21. Os leões rugem por alguma presa, buscando de Deus seu alimento;

27. Todos esperam em ti que lhes dês alimento no devido tempo.

28. Tu lhes dás, e eles o recolhem; abres a mão, e eles se fartam de bens. (Salmos, 104, KJV em português).

A linguagem é poética, mas o recado é bem objetivo: o cuidado de Deus embora não desconheça a crueldade, está presente mesmo no trágico contexto da predação.

(JW) As mesmas mãos que podem afagar, podem soquear. Ou como diria Shakespeare o veneno também pode ser utilizado, nas devidas proporções, para cura. Me refiro ao fato de não sabermos o uso pre-lapso de design inteligente em coisas negativas.

(HR) “Deus criou o mal então?”

Deus criou a possibilidade da existência do mal ao criar criaturas à Sua semelhança, ou seja, com livre-arbítrio. Sem a criação da possibilidade da existência do mal, a alegação divina de que criara seres livres não seria falseável.

“Se ele deu um mecanismo de defesa pra um animal se camuflar, se proteger, então quer dizer que ele criou um predador pra ele. Como que fica isso?”

Como Deus poderia “decretar livre-arbítrio” e ao mesmo tempo cuidar de Suas criaturas sem Se contradizer? Permitindo as escolhas rebeldes de anjos e homens, as implicações nefastas das mesmas, mas atuando com o Seu livre-arbítrio na elaboração de meios de sobrevivência para todos.

Exemplo comparativo: Assuero/Xerxes e os judeus. O rei persa decretou a morte dos judeus, e posteriormente também decretou o direito deles se defenderem (Ester 8 e 9).

“Deus cria a presa e o predador?”

Não. Deus cria as possibilidades do sistema perfeito, sem o mal. As escolhas de Deus (ou de nosso ponto de vista), Suas leis morais, garantem a perfeição do sistema, a ausência do mal.

Mas para que haja livre-arbítrio, Ele delega responsabilidades. A humanidade recebeu a responsabilidade de “governar/dominar/reinar” sobre os animais. Fez isso sem a devida submissão a Ele e a realidade predador-presa passou a existir como consequência.

Para ser justo, Ele precisa respeitar essas escolhas e implicações. No entanto, para ser justo e misericordioso, Deus precisa olhar também para as vítimas dos “governantes” que Ele colocou na administração do planeta. E como Ele tem feito isso? Bem, Deus não revogou Suas leis morais, nem desistiu de um sistema perfeito. Ele também não negocia com o mal. Ele permite o sofrimento mas atribui funções/design aos dois lados: predador e presa. Mais que isso: Ele assume a posição de “presa humana” e promete restauração e o fim do sistema rebelde responsável pela realidade predador-presa.

Acreditar que as escolhas dEle são sempre otimizadas em relação às nossas é o insight inicial para o retorno do sistema perfeito. E, até nesse sentido, a realidade predador-presa possui design inteligente e um Designer não dado ao deísmo, mas presente, atuante e acessível.

(LS) Exatamente.

(Transcrição do grupo Onze de Gênesis para aqui, e correções por Hendrickson Rogers).

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