Artigo científico revela que 9 em cada 10 espécies de animais “surgiram” ao mesmo tempo que os humanos
Uma nova pesquisa que envolve a análise de milhões de códigos de barra de DNA desmascarou muito do que sabemos hoje sobre a evolução das espécies.
Em um imenso estudo genético, o pesquisador associado sênior Mark Stoeckle do Programa para o Ambiente Humano na Universidade Rockefeller e o geneticista David Thaler da Universidade de Basel descobriram que 90% de todos os animais da Terra surgiram ao mesmo tempo.
Mais especificamente, eles descobriram que 9 em cada 10 espécies de animais no planeta surgiram ao mesmo tempo que os humanos, cerca de 100.000 a 200.000 anos atrás (segundo a cronologia evolutiva – sce).
“Essa conclusão é muito surpreendente e eu lutei contra ela o máximo que pude”, afirma Thaler.
O que é o Código de barra de DNA?
Durante a última década, centenas de cientistas coletaram cerca de 5 milhões de códigos de barra de DNA de 100.000 espécies de animais em diferentes partes do globo. Stoeckle e Thaler analisaram estas 5 milhões de impressões genéticas para chegarem a uma das descobertas mais surpreendentes sobre evolução até agora.
Existem dois tipos de DNA. A maioria das pessoas conhece o DNA nuclear. Este é o DNA que contém o esquema genético para cada indivíduo único. É passado dos pais para os filhos. O genoma é feito de tipos de moléculas arranjados em pares. Existem 3 bilhões desses pares, que são usados então para formar milhares de genes.
O outro tipo de DNA, menos familiar, é encontrado na mitocôndria das células. A mitocôndria gera energia para a célula e contém 37 genes. Um desses é o gene COI, que é usado para criar códigos de barra de DNA. Todas as espécies têm um DNA mitocondrial muito similar, mas seu DNA é também suficientemente diferente para distinguir entre as espécies.
Paul Hebert, diretor do Instituto de Biodiversidade de Ontário, desenvolveu uma nova forma de identificar espécies estudando o gene COI.
Nascidos por volta do mesmo momento
Ao analisar o COI de 100.000 espécies, Stoeckle e Thaler chegaram a conclusão de que a maioria dos animais apareceu simultaneamente. Eles descobriram que a mutação neutra entre espécies não era tão variada quanto se esperava.
A mutação neutra se refere a pequenas mudanças no DNA que ocorrem ao longo das gerações. Eles podem ser comparados aos anéis das árvores, já que podem informar qual a idade de certa espécie ou indivíduo.
Quanto a como isso deve ter acontecido, é incerto. Uma provável possibilidade é a ocorrência de um evento abrupto. Um trauma ambiental em larga escala pode ter erradicado a maioria das espécies da Terra.
“Vírus, eras glaciais, novos competidores bem-sucedidos, perda de presas – tudo isso pode causar períodos em que a população de um animal reduz bruscamente”, argumenta Jesse Ausubel, diretor do Programa para o Ambiente Humano.
Tais momentos dão origem a mudanças genéticas generalizadas pelo planeta, causando o aparecimento de novas espécies. No entanto, a última vez que tal evento ocorreu foi há 65 milhões de anos (sce), quando um asteroide atingiu a Terra e (acredita-se) dizimou os dinossauros e metade de todas as outras espécies no planeta.
O estudo foi publicado no periódico Human Evolution e está disponível neste link.
Fonte: Meio Info.