maio 8, 2024

Blog do Prof. H

Adaptando conhecimento útil às necessidades da humanidade

Quando o zelo criacionista se torna a própria causa do mal que se deseja evitar

“Não quero ter meu nome associado ao conteúdo de seu site, pois isso pode prejudicar meu trabalho criacionista.” Li algo muito próximo disso no meu zap, vindo de um “diretor de núcleo criacionista” lá do Sul do país. O contexto foi minha imprudência em publicar um proveitoso artigo dinâmico na forma de debates justapostos, extraídos de um grupo de WhatsApp criacionista.

Mal tive tempo de me explicar, mostrando a riqueza das múltiplas visões sobre um mesmo assunto, o que difere diametralmente dos textos materialistas naturalistas, sempre tão unilateralmente blindados. Percebi que o melhor a fazer era me desculpar e retirar o nome do “diretor criacionista” do texto, já que, segundo ele, isso poderia manchar (de algum modo que ele não quis explicar) sua reputação criacionista.

Mas.. que parte das próprias ideias dele, expressas por ele mesmo, poderia realizar esta obra malfazeja? Ou que artigo deste blog o faria?? E se nenhum conteúdo dentre esses confirmar as acusações do “diretor criacionista” contra o blog? Seria o caso de a falta de ética que ele me acusou (sobre a qual eu me desculpei) não se virar contra ele? E pior: ele reconheceu suas calúnias contra os serviços deste site? Não. Se desculpou? Menos ainda. (Achei por bem bloqueá-lo no zap para não ler mais mensagens do tipo: “você precisa me respeitar”, “isso é assunto para processo”, etc..). Ver o outro como ameaça (sem uma única evidência a não ser um erro contornável e com claras boas intenções) é um zelo que atrai o quê de bom mesmo?? Meu entendimento de criacionismo bíblico me protege de ver irmãos assim como “ameaça”. Somente como um pecador, como eu sou (mas que não reconhece que também errou).

Infelizmente, em meu trabalho como semeador do criacionismo bíblico/científico, tenho observado cenas como esta, onde o inimigo do criacionista é quem (e o quê) ele rotula como tal, seja por motivos de “igrejas diferentes” (muito embora eu não esteja matriculado em qualquer igreja), ideias criacionistas diferentes (mesmo não necessariamente divergentes) ou porque o sujeito crê que sua missão criacionista é se afastar “dos publicanos e pecadores” que ele assim considera.

Já outro diretor de núcleo criacionista de um estado próximo ao do supracitado, administrador de outro grupo criacionista do WhatsApp, ao sentir zelo pelos participantes do grupo (ué.. mas, eu também não era um participante?), fez questão de me dizer que “não é uma skill de um criacionista bíblico apenas”. Esse foi seu contraponto ao meu comentário: “[…] minha expectativa mínima para um criacionista é a sabedoria no lidar com aquilo que ele não concorda. Mas talvez seja uma expectativa que excede e muito a realidade. Lamento isso.” Curioso. Se essa minha expectativa é uma “habilidade” de não-criacionistas também, na visão desse outro “diretor”, que dizer de um criacionista bíblico, o qual acredita, por exemplo, no dever cristão de se desenvolver em seu próprio caráter o fruto do Espírito (Gl 5). Não imagino um darwinista ateu com esse tipo de expectativa. Não mesmo.

Aqui em nosso site eu coleciono uma gama de debates no formato de artigos, os quais têm sido inclusive elogiados por alguns leitores/assinantes do site (neste exato momento são 1623 assinantes), pelo modo dinâmico de oportunizar aprendizagens sobre os temas debatidos. Qualquer criatura (não as mal-intencionadas, obviamente) que lê um desses posts perceberá meu objetivo em semear ideias por meio do diálogo respeitoso e plural, além de estimular que outros sites e blogs façam o mesmo: publiquem conteúdos nas mais diversas visões, ainda que visões refutáveis. “A meta de uma discussão ou debate não deveria ser a vitória, mas o progresso”, citando Joseph Joubert. Será que existem criacionistas bíblicos que não debatem assim? Sim. E não poucos.

Nem vou me detalhar a respeito de duas criacionistas que não tinham qualquer relação com o artigo, mas tomaram a situação como algo pessoal e “péssima” para o criacionismo! Uma delas encheu o pv do zap com mensagens do tipo “você poderá não ser mais aceito em nenhum grupo criacionista”; e após ler parte deste texto: “por que revelar os erros dos diretores dos núcleos? Isso vai beneficiar em quê o movimento criacionista?”. Só não entendo a psicologia desses criacionistas filiados – por que me tratar como se eu não fosse parte do criacionismo? O critério é “não cometa erros” e “não nos confronte com nossos próprios erros”?? – Parece que sim. Isso me lembra muito a “ideologia do autorremanescente” muito presente em mentes crentes de que ao participarem de um movimento útil para a humanidade (basta está matriculado, não necessariamente praticar), isso por si só as investe de um espírito exclusivista e da capacidade de selecionar os pecados intoleráveis (sempre os dos outros, obviamente). Você pode ler um alerta a respeito dessa crença falsa e seus derivados aqui

Qualquer pesquisador da aprendizagem humana (especificamente o das aprendizagens matemáticas) reconhecerá nos erros enormes oportunidades de se aprender! De modo que este site não possui o paradigma arcaico de se oportunizar ao leitor uma vitrine de certezas e crenças verdadeiras. Aqui se aposta na rica aprendizagem  por comparação, o que permite a personalização das aprendizagens por parte do leitor dos debates. Mas alguns criacionistas filiados ainda não entenderam essa abordagem. Mas, tenho pra mim que entenderiam e até a usariam caso a situação se invertesse: eles fossem os tratados como não pertencendo ao corpo de pesquisadores brasileiros. A marginalização do criacionismo, em alguns casos, pode refletir a segregação que existe na ação e reação de criacionistas para com seus próprios pares!

Em nenhum momento a exposição de nomes associados aos textos acarreta sobre o autor dos textos uma má imagem, ainda que o texto tenha sido escrito sem o interesse por sua publicação (você pode ler o famigerado artigo aqui e ponderar se a publicação do mesmo, sem a consulta de seus autores, acarretou algum dano moral para o criacionismo ou para qualquer um deles).  Neste site busca-se ideias, mesmo aquelas mal-vestidas ou trajadas de linguagem de zap. O que vale são as ideias e, estas, por questão de ética, estão associadas a seus autores, pois não foram elaboradas e emitidas por mim. A maior parte do conteúdo de um grupo de WhatsApp não é publicável, mas existem ideias fantásticas que são digitadas despretensiosa e inesperadamente, as quais se não forem registradas simplesmente serão apagadas pelas manutenções periódicas necessárias para que se continue usando o aplicativo (aliás, o Telegram é muito superior ao zap, mas muito menos popular. Uma pena, pois aquele aplicativo não sobrecarrega o celular como o WhatsApp).

Meu descuido em achar inócuo associar ideias aos seus autores e publicá-las sem consultá-los terminou. Vou continuar publicando boas oportunidades de se aprender via comparação de ideias divergentes e sinônimas. Mas, com ainda mais cuidado pelo ser humano.

Contudo, receio que esse mesmo cuidado pelas pessoas, mais do que pelas crenças (e núcleos), não seja o ideal de alguns criacionistas bíblicos. Para esses irmãos, “judaizar” (ou seja, matricular indivíduos em seus clubes de ideias iguais e unilaterais) parece ser mais importante do que semear o Gênesis e o Apocalipse, e tudo o que entre esses dois livros inspirados está. E se você ousar pensar diferente ou cometer erros que eles julguem piores do que os cometidos por eles, xiii…, você poderá ser rotulado de “pecador e publicano”, “vergonha para a causa criacionista”, mesmo sendo tão semeador da mensagem criacionista quanto os de carteirinha (ou até mais, já que o que move o semeador bíblico e o pesquisador não é arrebanhar semeados, mas as metodologias otimizadas e os dados multilaterais para o aprimoramento do próprio processo de semeadura, aumentando seu campo de geração de aprendizagens!).

O Senhor Jesus não exige que alguém seja judeu para ser Seu seguidor. Ou ainda: o Criador não exige que um filho Seu seja um “filiado” para ser criacionista. Pena que Ele ainda não tem um direito Seu, de Fabricante, respeitado: ver os fabricados se olhando de igual para igual, sem zelos néscios contenciosos, sem a diminuição do trabalho do outro, sem a ausência do amor e do poder que acompanham aquele que foi resgatado para se tornar um resgatador.

“Me preocupo em não atirar no próprio pé”, “devemos ter sabedoria e realmente pisar em ovos quando formos divulgar algo” e “o que leem de nós pode fechar portas” são preocupações legítimas dos criacionistas filiados, mas que deveriam vir acompanhadas de ações e reações zelosas e verdadeiramente sábias. Mas, em muitos casos, vê-se que a sabedoria em lidar com divergências é uma “skill” exigida pelo criacionista filiado para seu semelhante (mas talvez não muito cultivada por ele mesmo).

Bem, não vou exigir que diretores de núcleos criacionistas sejam inerrantes e nem quero cometer erros de generalização. Mas também não irei deixar de registrar erros em forma de zelo, pois estes, embora não pareçam para seus autores, são os piores erros uma vez que revestem os errantes com uma falsa áurea de zelo e sabedoria. Aliás, os rotulados como fundamentalistas são zelosos em sua causa, mas não tão zelosos pelas pessoas (mas tenho a impressão de que na cabeça dos fundamentalistas, sim, eles zelam pelo ser humano). Por que falar com um aliado, (um irmão!) como se ele representasse uma ameaça, pelo simples fato de existirem nuances distintas na maneira de ver a Criação de Deus? Isso representa ética e amor para com os semelhantes?? Aprendi que o maior cuidado demonstrado às pessoas é oportunizá-las educação. Educação na prática, e não apenas nas instituições erigidas para esse fim. E educação bíblica é (ou deveria ser?) pré-requisito para um criacionista bíblico.

Vou continuar transitando entre irmãos espíritas, ateus, agnósticos, católicos, evangélicos, umbandistas (acadêmicos e pessoas sem lattes), e um longo etc. (confira mais sobre esse trabalho AQUI). A contribuição dos criacionistas (filiados ou não) sempre será bem-vinda. Continuarei não desmerecendo o valor de uma ajuda com a desculpa zelosa de “não manchar o criacionismo” (isso atrai exatamente o que se deseja evitar). A obra não é minha nem dos criacionistas filiados. O Senhor dessa obra é sábio e sabe educar os que não são sábios (como eu não me considero, mas desejo muito um dia ser), a serem o que e estarem aonde Ele precisa, para semear àqueles que Ele deseja.

“Falou João e disse: Mestre, vimos certo homem que, em teu nome, expelia demônios e lho proibimos, porque não segue conosco. Mas Jesus lhe disse: Não proibais; pois quem não é contra vós outros é por vós” (Lucas 9.49, 50). (Hendrickson Rogers)


P.S. Mais um preço tive que pagar por meu erro “abominável” (estou escrevendo isto horas depois da publicação deste post): ser expulso sumariamente de um grupo criacionista, após ser chamado de “vitimista”, “ignorar os pedidos dos mencionados no artigo” e ainda por cima “difamar o criacionismo perante os evolucionistas”. Não pude nem contrapor lá. A expulsão só foi visualizada por mim algum tempo depois. Bom, vou colocar aqui minha visão do ocorrido para os leitores do blog:

– Quando me exigiram a retirada do artigo (isso no grupo do qual eu mesmo saí após a reação, ao meu ver, desproporcional, protecionista e desinteressada em dialogar, só me acusar de “falta de ética”), eu informei que os “ofendidos” poderiam me procurar no pv e solicitar a retirada de seu nome do artigo. Só uma pessoa fez isso.

– De igual modo, antes de qualquer confusão no grupo que fui sumariamente removido, eu procurei explicar, me desculpar e solicitar que os incomodados me procurassem. Ninguém o fez. Eu retirei o nome do primeiro diretor de núcleo criacionista, após ter lido suas mensagens preconceituosas e que tornaram meu erro algo imperdoável e digno de qualquer tipo de reação. Também fui até outro citado no artigo e lhe perguntei. Ele pediu para retirar seu nome alegando que seus comentários eram privados e não estavam num formato publicável. Mas se colocou à disposição para publicarmos algo juntos. Retirei o nome deste também. Mesmo assim, o criacionista que me excluiu afirmou que eu ignorei os pedidos.

– Este artigo resultou na rotulação de “vitimismo”. Interessante. O zelo criacionista em não ser motivo de chacota e perseguições dos irmãos naturalistas; a alegação de um histórico de atentados contra o criacionismo; e minha postura de manter o texto dos diálogos e só retirar os três nomes solicitados deram ao irmão removedor a certeza de “meu vitimismo”. Será que ele leu este artigo? Talvez sim. O conteúdo deste texto, para ele, é puro “vitimismo”. Criacionistas filiados são perseguidos. Criacionistas que se opõem a algumas intolerâncias de seu meio, são pura e simplesmente “vitimistas”. Simples assim. Sem diálogo, sem paciência. Apenas “ou renuncia ou é herege!”. “Oprimidos” opressores? 

– A maneira como este post chegou lá no grupo de onde fui excomungado foi por meio de uma das criacionistas filiadas mencionadas aqui. Não satisfeita com minha presença ali (mesmo eu já tendo voluntariamente saído do grupo no qual ela é uma administradora), ela colocou o link desta postagem e fez sua desforra, ensejando minha expulsão. Ou seja, temos entre nossos leitores, criacionistas filiados! Que bom. Oxalá eles divulguem outros de nossos muitos artigos edificantes também (mas não num contexto de fofoca e perseguição contra um criacionista não-filiado). 

– A psicologia dessas pessoas é algo tremendo, não? “Não importa o que você pensa ou sente a respeito do que lhe impomos. Apenas faça. Sem pensar!” Acho que já presenciei isso várias e várias vezes em aulas onde o/a doutor(a) possuía fortes convicções evolucionistas. Mas, fico com a impressão de que o criacionista filiado não se escuta dizendo o que coloquei mais acima. Creio que o retorno dele é algo do tipo “Satanás levantou fogo amigo em nosso meio e não podemos permitir que nossa sagrada causa seja ofuscada por um irmão insubordinado. Já basta os embargos dos pesquisadores materialistas”.

Oro a Deus para que “os demônios que estão comigo” sejam expulsos. E caso esses anjos maus, porventura, tenham algo a ver com as reações dos criacionistas filiados, talvez, de repente, então, peço que o Senhor Criador os ajude também (não curto essa de expulsar “os demônios dos outros”. Primeiro devo vigiar para manter longe de mim os anjos maus que me assolam). Talvez eu seja o rei Saul da vez, mas coloco aqui as palavras de Davi: “Julgue o SENHOR entre mim e ti e vingue-me o SENHOR a teu respeito; porém a minha mão não será contra ti” (1ª Sm 24.12).

Assim como saí me despedindo educadamente do primeiro grupo dos criacionistas filiados; assim como mantive o diálogo sempre aberto no grupo do qual fui expulso sumariamente, sem direito à dizer algo, meu coração continua aberto para qualquer criacionista. Os considero irmãos por criação. Nunca inimigos. Afinal, quem tem aprendido com o Criador e Redentor a pedir perdão quando percebe que errou, também sabe perdoar seus opressores.

Bola pra frente. (Hendrickson Rogers)

   Send article as PDF   

2 thoughts on “Quando o zelo criacionista se torna a própria causa do mal que se deseja evitar

  1. Seu erro foi a falta de ética em não pedir autorização, não avisar… E agora, com esse post, fica bem confuso qual o seu verdadeiro objetivo… Ser dono da situação a troco de quê?

    1. Verdade. Esse foi meu erro. “Abominável”, não? “Imperdoável”.. Com relação à sua confusão, bem, quando escolher comparar as versões do ocorrido, talvez sua “confusão” dê lugar a uma decisão mais compromissada. Não sou dono da situação nem mesmo na versão dos criacionistas filiados, lembra-se? “Vitimista” foi o rótulo antes da expulsão sumária.. Na minha visão.. bem, leia o P.S. do texto, o qual acrescentei após saber que fui removido do Criacionistas do Brasil.. Se cumpriu a fofoca/ameaça, digo, a “profecia” que li algumas vezes no pv do zap de ontem pra hoje.. O Dono é Deus. O julgamento de nossas sentenças virá dEle.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: