Início das crenças inventadas pelo falso cristianismo institucionalizado: “o papa é a cabeça visível da igreja universal de Cristo”
Uma das principais doutrinas do romanismo é que o papa é a cabeça visível da igreja universal de Cristo, investido de autoridade suprema sobre os bispos e pastores em todas as partes do mundo. Mais do que isto, tem-se dado ao papa os próprios títulos da Divindade. Tem sido intitulado: “Senhor Deus, o Papa” [1], e foi declarado infalível. Exige ele a homenagem de todos os homens.
A mesma pretensão em que insistia Satanás no deserto da tentação, ele ainda a encarece mediante a igreja de Roma, e enorme número de pessoas estão prontas para render-lhe homenagem. Mas os que temem e reverenciam a Deus enfrentam esta audaciosa presunção do mesmo modo porque Cristo enfrentou as solicitações do insidioso adversário: “Adorarás ao Senhor teu Deus, e a Ele somente servirás.” Lucas 4:8. Deus jamais deu em Sua Palavra a mínima sugestão de que tivesse designado a algum homem para ser a cabeça da igreja.
A doutrina da supremacia papal opõe-se diretamente aos ensinos das Escrituras Sagradas. O papa não pode ter poder algum sobre a igreja de Cristo, senão por usurpação. Os romanistas têm persistido em acusar os protestantes de heresia e voluntária separação da verdadeira igreja. Semelhantes acusações, porém, aplicam-se antes a eles próprios. São eles os que depuseram a bandeira de Cristo, e se afastaram da “fé que uma vez foi dada aos santos.” Jud. 3. Satanás bem sabia que as Escrituras Sagradas habilitariam os homens a discernir seus enganos e resistir a seu poder.
Foi pela Palavra que mesmo o Salvador do mundo resistiu a seus ataques. Em cada assalto Cristo apresentou o escudo da verdade eterna, dizendo: “Está escrito.” A cada sugestão do adversário, opunha a sabedoria e poder da Palavra. A fim de Satanás manter o seu domínio sobre os homens e estabelecer a autoridade humana, deveria conservá-los na ignorância das Escrituras. A Bíblia exaltaria a Deus e colocaria o homem finito em sua verdadeira posição; portanto, suas sagradas verdades deveriam ser ocultadas e suprimidas. Esta lógica foi adotada pela Igreja de Roma.
Durante séculos a circulação da Escritura foi proibida. Ao povo era vedado lê-la ou tê-la em casa, e sacerdotes e prelados sem escrúpulos interpretavam-lhe os ensinos de modo a favorecerem suas pretensões. Assim o chefe da igreja veio a ser quase universalmente reconhecido como o vigário de Deus na Terra, dotado de autoridade sobre a igreja e o Estado.
Referências:
[1] Títulos. – Em uma passagem que faz parte da lei canônica romana, o papa Inocêncio III declara que o pontífice romano é “o representante sobre a Terra, não de um mero homem, senão do próprio Deus”; e em uma interpretação da passagem se explica que isto é porque ele é vigário de Cristo, que é o “mesmo Deus e o mesmo homem”. (Ver Decretal D. Gregor. Pap. IX. lob. 1. de translat. Episc. tit. 7 c. 3. Corp. Jur. Canon. ed. Paris, 1612; tom. II Decretal. col. 205.) Os documentos que formavam as decretais foram reunidos por Graciano, que ensinava na Universidade de Bologna, cerca do ano 1140. Sua obra foi ampliada e reeditada pelo Papa Gregório IX, em edição de 1234. Outros documentos apareceram em anos sucessivos, de tempos a tempos, como as Extravagantes, incluídas pelo fim do século quinze. Todos eles, com o Dectrum de Graciano, foram publicados como o Corpus Juris Canonici em 1582. O Papa Pio X autorizou a codificação em lei canônica em 1904, e o código resultante entrou em vigor em 1918.
Em relação ao título – “Senhor Deus o Papa”, ver uma interpretação nas Extravagantes do Papa João XXII, título 14, cap. 4, “Declaramus”. Em uma edição de Antuérpia das Extravagantes datada de 1584, as palavras “Dominum Deum nostrum Papam” (Nosso Senhor Deus o Papa) ocorrem na coluna 153. Em uma edição de Paris, datada de 1612, ocorrem na coluna 140. Em várias edições publicadas desde 1612, a palavra “Deum” (Deus) foi omitida.
Fonte: O Grande Conflito, p. 48-49 e 685.