maio 18, 2024

Blog do Prof. H

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Origens das crenças inventadas por homens: “culto a imagens” e “guardar domingos e festas”

Suprimido o revelador do erro, agiu Satanás à vontade. A profecia declarara que o papado havia de cuidar “em mudar os tempos e a lei.” Daniel 7:25. Para cumprir esta obra não foi vagaroso. A fim de proporcionar aos conversos do paganismo uma substituição à adoração de ídolos, e promover assim sua aceitação nominal do cristianismo, foi gradualmente introduzida no culto cristão a adoração das imagens e relíquias. O decreto de um concílio [1] geral estabeleceu, por fim, este sistema de idolatria.

Para completar a obra sacrílega, Roma pretendeu eliminar da lei de Deus, o segundo mandamento, que proíbe o culto das imagens, e dividir o décimo mandamento a fim de conservar o número deles. Este espírito de concessão ao paganismo abriu caminho para desrespeito ainda maior da autoridade do Céu. Satanás, operando por meio de não consagrados dirigentes da igreja, intrometeu-se também com o quarto mandamento e tentou pôr de lado o antigo sábado, o dia que Deus tinha abençoado e santificado (Gênesis 2:2, 3), exaltando em seu lugar a festa observada pelos pagãos como “o venerável dia do Sol.”

Esta mudança não foi a princípio tentada abertamente. Nos primeiros séculos o verdadeiro sábado foi guardado por todos os cristãos. Eram estes ciosos da honra de Deus, e, crendo que Sua lei é imutável, zelosamente preservavam a santidade de seus preceitos. Mas com grande argúcia, Satanás operava mediante seus agentes para efetuar seu objetivo. Para que a atenção do povo pudesse ser chamada para o domingo, foi feito deste uma festividade em honra da ressurreição de Cristo. Atos religiosos eram nele realizados; era, porém, considerado como dia de recreio, sendo o sábado ainda observado como dia santificado.

A fim de preparar o caminho para a obra que intentava cumprir, Satanás induzira os judeus, antes do advento de Cristo, a sobrecarregarem o sábado com as mais rigorosas imposições, tornando sua observância um fardo. Agora, tirando vantagem da falsa luz sob a qual ele assim fizera com que fosse considerado, lançou o desdém sobre o sábado como instituição judaica. Enquanto os cristãos geralmente continuavam a observar o domingo como festividade prazenteira, ele os levou, a fim de mostrarem seu ódio ao judaísmo, a fazer do sábado dia de jejum, de tristeza e pesar.

Na primeira parte do século IV, o imperador Constantino promulgou um decreto fazendo do domingo uma festividade pública em todo o Império Romano [2]. O dia do Sol era venerado por seus súditos pagãos e honrado pelos cristãos; era política do imperador unir os interesses em conflito do paganismo e cristianismo.

Com ele se empenharam para fazer isto os bispos da igreja, os quais, inspirados pela ambição e sede do poder, perceberam que, se o mesmo dia fosse observado tanto por cristãos como pagãos, promoveria a aceitação nominal do cristianismo pelos pagãos, e assim adiantaria o poderio e glória da igreja. Mas, conquanto muitos cristãos tementes a Deus fossem gradualmente levados a considerar o domingo como possuindo certo grau de santidade, ainda mantinham o verdadeiro sábado como o dia santo do Senhor, e observavam-no em obediência ao quarto mandamento.

O arquienganador não havia terminado a sua obra. Estava decidido a congregar o mundo cristão sob sua bandeira, e exercer o poder por intermédio de seu vigário, o orgulhoso pontífice que pretendia ser o representante de Cristo. Por meio de pagãos semiconversos, ambiciosos prelados e eclesiásticos amantes do mundo, realizou ele seu propósito.

Celebravam-se de tempos em tempos vastos concílios aos quais do mundo todo concorriam os dignitários da igreja. Em quase todos os concílios o sábado que Deus havia instituído era rebaixado um pouco mais, enquanto o domingo era em idêntica proporção exaltado. Destarte a festividade pagã veio finalmente a ser honrada como instituição divina, ao mesmo tempo em que se declarava ser o sábado bíblico relíquia do judaísmo, amaldiçoando-se seus observadores.

O grande apóstata conseguira exaltar-se “contra tudo o que se chama Deus, ou se adora.” 2 Tessalonicenses 2:4. Ousara mudar o único preceito da lei divina que inequivocamente indica a toda a humanidade o Deus verdadeiro e vivo. No quarto mandamento Deus é revelado como o Criador do céu e da Terra, e por isso Se distingue de todos os falsos deuses. Foi para memória da obra da criação que o sétimo dia foi santificado como dia de repouso para o homem. Destinava-se a conservar o Deus vivo sempre diante da mente humana como a fonte de todo ser e objeto de reverência e culto.

Satanás esforça-se por desviar os homens de sua aliança para com Deus e de prestarem obediência à Sua lei; dirige Seus esforços, portanto, especialmente contra o mandamento que aponta a Deus como o Criador. Os protestantes hoje insistem em que a ressurreição de Cristo no domingo fê-lo o sábado cristão. Não existe, porém, evidência escriturística para isto. Nenhuma honra semelhante foi conferida ao dia por Cristo ou Seus apóstolos.

A observância do domingo como instituição cristã teve origem no “mistério da injustiça” (2 Tessalonicenses 2:7) que, já no tempo de Paulo, começara a sua obra. Onde e quando adotou o Senhor este filho do papado? Que razão poderosa se poderá dar para uma mudança que as Escrituras não sancionam? No século VI tornou-se o papado firmemente estabelecido. Fixou-se a sede de seu poderio na cidade imperial e declarou-se ser o bispo de Roma a cabeça de toda a igreja. [3] O paganismo cedera lugar ao papado.

O dragão dera à besta “o seu poder, e o seu trono, e grande poderio.” Apocalipse 13:2. E começaram então os 1.260 anos da opressão papal preditos nas profecias de Daniel e Apocalipse. Daniel 7:25; Apocalipse 13:5-7. Os cristãos foram obrigados a optar entre renunciar sua integridade e aceitar as cerimônias e culto papais, ou passar a vida nas masmorras, sofrer a morte pelo instrumento de tortura, pela fogueira, ou pela machadinha do verdugo. Cumpriam-se as palavras de Jesus: “E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues, e matarão alguns de vós. E de todos sereis odiados por causa de Meu nome.” Lucas 21:16, 17.

Desencadeou-se a perseguição sobre os fiéis com maior fúria do que nunca, e o mundo se tornou um vasto campo de batalha. Durante séculos a igreja de Cristo encontrou refúgio no isolamento e obscuridade. Assim diz o profeta: “A mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil e duzentos e sessenta dias.” Apocalipse 12:6.

Notas e referências:

[1] Culto de Imagens. – “O culto de imagens […] foi uma das corrupções do cristianismo que se insinuaram na igreja furtivamente e quase sem ser notadas nem observadas. Esta corrupção, semelhante a outras heresias, não se desenvolveu de pronto, pois que em tal caso teria encontrado decidida censura e reprovação: antes, começando sob um belo disfarce, tão gradualmente foi uma prátia introduzida após outra em conexão com a mesma, que a igreja se tornou profundamente embebida no costume da idolatria, não somente sem qualquer oposição eficaz, mas quase sem qualquer decidida admoestação; e, quando finalmente fez um esforço para desarraigá-la, verificou-se que o mal estava muito profundamente fixo para se admitir a sua remoção […] Deve ser atribuído à tendência idolátrica do coração humano, e à propensão deste para servir à criatura mais do que ao Criador […]

“Imagens e quadros foram a princípio introduzidos nas igrejas, não para serem adorados, mas antes em lugar dos livros, a fim de darem instrução àqueles que não sabiam ler, ou excitar devoção no espírito de outros. Até que ponto corresponderam a tal propósito, é duvidoso; mas, concedendo, embora, que este fosse o caso por algum tempo, logo deixou de ser assim, e notou-se que os quadros e imagens obscureciam a mente dos ignorantes em vez de a esclarecer, degradavam a devoção do adorador em lugar de a exaltar. Assim é que, por mais que tivessem sido destinada a dirigir a mente dos homens a Deus, acabaram por desviá-la dEle para o culto das coisas criadas.” – J. Mendham, The Sevneth General Concil, the Second of Nicea, Introdução, págs. III-VI.

Quanto a um relato dos atos e decisões do Segundo Concílio de Nicéia, ano 787, convocado para estabelecer o culto às imagens, ver Baronius Annales Ecclesiastici, Vol. IX, págs. 391-407 (ed. de 1612 de Antuérpia); J. Mendaham: The Seventh General Council, the Second of Nicea; Ed. Stillingfleet: Defence of the Discourse Concerning the Idolatry Praticed in the Church of Rome (Londres 1686); A Select Library of Nicene and Post-Nicene Fathers, segunda série, Vol. XIV, págs. 512-587 (Nova Iorque, 1900); C. J. Hefelé, Histoire des Conciles, livro 18, cap. 1, sec. 332 e 333; cap. 2, sec. 345-35.

[2] Edito de Constantino. – A lei promulgada por Constantino a sete de março de 321, relativa a um dia de descanso, assim reza: “Que todos os juízes, e todos os habitantes da cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia do Sol. Não obstante, atentam os lavradores com plena liberdade ao cultivo dos campos; visto acontecer a miúdo que nenhum outro dia é tão adequado à semeadura do grão ou ao plantio da vinha; daí o não se dever deixar passar o tempo favorável concedido pelo Céu.” – Codex Justinianus, lib. 13 it. 12, par. 2 (3).

“Descansem todos os juízes, o povo das cidades e os oficiais de todas as artes no venerável dia do Sol. Mas trabalhem livre e licitamente nas fainas agrícolas ou estabelecidos nos campos, pois acontece com freqüência que em nenhum outro dia se deita mais convenientemente o grão aos sulcos e se plantam vides nas covas, a fim de de que com a ocasião do momento não se perca o benefício concedido pela celestial providência.” Código de Justinianolib. 3, tit. 12, par. 2 (3) (na edição em latim e castelhano, por Garcia del Corral, do Corpo do direito civil romano, tomo 4, pág. 333, Barcelona, 1892).

Além disso, o original latim se acha em J. L. v. Mosheim: Institutionem Historiae Ecclesiasticae antiquioris et recenciores, sig. 4, parte 2, cap. 4, sec. 5, e em muitas otras obras.

Diz o Dicionário Enciclopédico Hisp. Amer., art. Domingo. “O imperador Constantino, no ano 321, foi o primeiro a ordenar a rigorosa observância do domingo, proibindo toda classe de negócios jurídicos, ocupações e trabalhos; unicamente se permitia aos lavradores que trabalhassem aos domingos nas fainas agrícolas, se o tempo fosse favorável. Uma lei posterior, do ano 425, proibiu a celebração de toda classe de representações teatrais e, afinal, no século VII aplicaram-se com todo o rigor, ao domingo cristão, as proibições do sábado judaico.”

[3] Datas Proféticas. – Princípio importante na interpretação profética, em relação às profecias que têm que ver com tempo, é o princípio do dia-ano, segundo o qual um dia de tempo profético é contado como um ano de tempo histórico. Antes de entrarem os israelitas em Canaã, mandaram doze espias a espiarem a terra. Estiveram ausentes quarenta dias, e ao voltarem, os hebreus, assutados com o que disseram, recusaram-se a subir a Terra Prometida. O resultado foi a sentença, passada pelo Senhor: “Segundo o número dos dias levareis sobre vós as vossas iniquidades quarenta anos.” (Núm. 14:34.) Método semelhante de computar o tempo futuro é indicado pelo profeta Ezequiel. Quarenta anos de punição por suas iniquidades aguardavam o reino de Judá. Disse o Senhor, mediante o profeta: “Quarenta dias te dei, cada dia por um ano.” (Ezeq. 4:7.) Este princípio do dia-ano tem aplicação importante na interpretação do elemento-tempo, na profecia das “Duas mil e trezentas tardes e manhãs” (Dan. 8:14), e no período de 1260 dias, indicado de várias maneiras: “Um tempo, dois tempos e metade dum tempo” (Dan. 7:25); “quarenta e dois meses” (Apoc. 11:2; 13:5); “mil duzentos e sessenta dias” (Apoc. 11:3; 12:6); e “três dias e meio” (Apoc. 11:9).

Fonte: O Grande Conflito, p. 49-52, 685-687.

Confira toda a sequência desta pesquisa:

  1. Paganismo versus Evangelho: vitória do evangelho, embora sangrenta. Paganismo + Evangelho: vitória do paganismo e ascensão das crenças inventadas.
  2. Início das crenças inventadas pelo falso cristianismo institucionalizado: “o papa é a cabeça visível da igreja universal de Cristo”.
  3. Origens das crenças inventadas pelo cristianismo apostatado: “culto a imagens” e “guardar domingos e festas”.
  4. Origens da crença “o papa é o mediador terrestre”; escritos forjados pelos monges e cada vez mais superstições em lugar da revelação bíblica.
  5. O papa Gregório VII e a irracional crença na inerrância da Igreja de Roma!
  6. O sincretismo cristão-pagão e as crenças derivadas: imortalidade da alma, invocação do santos, adoração da virgem Maria, tormento eterno, purgatório e indulgências.
  7. O sincretismo cristão-pagão e as crenças derivadas: missa, inquisição e o déspota do mundo – o santo papa.
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