Questões sobre abiogênese
A origem da vida, em si, não é uma parte necessária da teoria da evolução biológica, mas é importante para formar sua base filosófica. A ausência de um cenário naturalista plausível para a origem da vida é um problema persistente para a filosofia naturalista que está no alicerce da teoria da evolução. George Wald, ganhador do Prêmio Nobel de Fisiologia/Medicina em 1967, descreveu problema deste modo
Contamos essa história (abiogênese) para estudantes iniciantes de biologia como se ela representasse um triunfo da razão sobre o misticismo. Na verdade, está muito perto do contrário. A ideia razoável seria crer na geração espontânea; a única alternativa é crer em um ato singular, primário, de criação sobrenatural. Não existe uma terceira posição. Por essa razão, muitos cientistas, um século atrás, escolheram considerar a crença na geração espontânea como uma ‘necessidade filosófica’. E um sintoma da pobreza filosófica do nosso tempo que essa necessidade não mais seja considerada. A maioria dos biólogos modernos, tendo revisto com satisfação a queda da hipótese da geração espontânea, mas sem a disposição de aceitar a crença alternativa na criação especial, ficou sem nada. [14]
Os problemas com a abiogênese são tão grandes que muitos cientistas simplesmente os deixaram de lado como insolúveis. Entre eles, está Francis Crick. Prêmio Nobel de Fisiologia/Medicina:
Um homem honesto, munido de todo o conhecimento que nos está disponível agora, só poderia declarar que, em algum sentido, a origem da vida parece, no momento, ser quase um milagre, tantas são as com dições que precisariam ser satisfeitas para que ela vingasse. [15]
A despeito da referência a milagres, Crick só leva em consideração processos naturalistas: sua declaração anterior “não deve ser tomada para sugerir que há boas razões para crer que [a vida] não poderia ter começado na terra por uma sequência perfeitamente razoável de reações químicas razoavelmente comuns”. [16] O problema da origem da vida é um espinho para a filosofia naturalista. Na visão de muitos, ela falsifica o naturalismo e é explicada mais prontamente por alguma forma de teísmo.
Referências:
14. George Wald, “The Origin of Life”, Scientific American 191, n. 2 (agosto de 1954), p. 45-53.
15. Francis Crick. Life Itself (Nova York: Simon and Schuster, 1981), p. 88.
16. Ibid.
Fonte: No Princípio: a ciência e a Bíblia confirmam a criação. Org. Bryan W. Ball; tradução Eunice Scheffel. – Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2017, p. 250, 251 e 268.