novembro 21, 2024

Blog do Prof. H

Adaptando conhecimento útil às necessidades da humanidade

Do auge do império globalista católico romano até a “ferida mortal”

Início desta cronologia: “Do chifre pequeno à besta do mar – as origens do império católico globalista romano”. Continuação da mesma: Da “ferida mortal” infligida ao império papal (Ap 13) até sua completa cura e novo auge, onde ele receberá adoração por parte de “toda a terra”.

Séc. 7O quinto anjo tocou a trombeta – então Satanás, o anjo atirado à Terra, recebeu a permissão para administrar o deserto da Arábia. Satanás usou a permissão concedida para transtornar o cenário do mundo por meio de uma nova falsa religião, a qual foi forjada nos desertos arábicos, mas se espalharia ao ponto de concorrer com e até mesmo vencer o falso cristianismo já tão disseminado. E mais do que isso: o agente satânico e seu novo sistema de crenças falsas vieram como mais um obscurecedor de Jesus e Seu evangelho. Essa nova falsa religião foi o Islamismo, e seus seguidores muçulmanos se espalharam rápida e extensamente da Arábia para a África e Europa; eles também receberam de Satanás poder para atormentar dolorosamente, tanto os que tentassem pisá-los como os desprevenidos que os subestimaram; mas, eles não receberam a permissão de destruir o cristianismo genuíno, nem assolar completamente o cenário ambiental sobre o qual pousavam; somente deveriam atacar pessoas que não tinham desenvolvido o caráter honesto de Deus, por serem cúmplices das crenças corruptoras do cristianismo espúrio de Roma papal ou outras invencionices pagãs. O controle divino sobre essa atuação satânica não permitiu que os muçulmanos exterminassem o falso cristianismo e as outras formas de paganismo, mas sim que os subjugassem por 150 anos. O ataque maometano seria contínuo nesse período, e irremediável, possibilitando, por outro lado, um período no qual a religião verdadeira florescesse e fosse preservada enquanto as falsas religiões lutavam entre si. (Apocalipse 9.1-5). [6]

“No versículo quatro [versão Almeida] é dito que os gafanhotos ou os soldados maometanos iriam fazer dano aos homens. Agora, aqui [verso 5] é dito que iriam atormentá-los. A palavra grega — dano — é “adikeo”, que significa “fazer mal”, fazer injustiça”. Mas, “atormentassem” que vem de “basanismos”, significa “provar”, “experimentar”. Em outras palavras, os maometanos fariam “dano” ou causariam mal, injustiça, prejuízos materiais, e iriam também atormentar ou provar, experimentar, por em xeque o domínio político-religioso dos danificados por êles. Primeiramente os fanáticos islamitas iriam saquear e impor a religião, de preferência. Depois iriam sondar a força político-religiosa dos vencidos, o que indica que aspiravam ao poder do Império do Oriente, que era o objetivo principal de seus ataques. ‘Pôsto que por constantes ataques chegassem os árabes muçulmanos a assaltar Constantinopla, contudo não puderam fazer capitular a metrópole e bem assim o império. Inutilmente os árabes assaltaram a capital bizantina por terra e mar durante cinco anos inteiros (673-678): êles não conseguiram tomá-la’ (Beacon Light of Prophecy, Spicer, p. 229). Foi-lhes dada permissão para “danificar” e não para matar o império e apoderar-se do seu poder”. [6]
Séc. 9Nos Países Baixos a tirania papal já muito cedo suscitou resoluto protesto. Setecentos anos antes do tempo de Lutero, dois bispos, enviados em embaixada a Roma, ao se tornarem conhecedores do verdadeiro caráter da “Santa Sé”, dirigiram corajosamente ao pontífice romano as seguintes acusações:

Deus “fez rainha e esposa Sua a Igreja, e proveu-a de abundantes bens para seus filhos, com dote que se não consome nem se corrompe, e deu-lhe uma coroa e cetro eternos; ... tudo o que vos beneficia, e como um ladrão interceptais. Sentais-vos no templo como Deus; em vez de pastor vos fizestes lobo para as ovelhas; ... quereis fazer-nos crer que sois o bispo supremo, quando nada mais sois que tirano. ... Conquanto devais ser servo dos servos, como chamais a vós mesmos, esforçais-vos por vos tornar senhor dos senhores. ... Trazeis o desdém aos mandamentos de Deus. ... O Espírito Santo é o edificador de todas as igrejas até onde se estender a Terra. ... A cidade de nosso Deus, da qual somos cidadãos, atinge todas as regiões dos céus; e é maior do que a cidade chamada Babilônia pelos santos profetas, a qual pretende ser divina, elevando-se ao céu e se jacta de que sua sabedoria é imortal; e finalmente afirma, ainda que sem razão, que nunca errou, nem jamais poderá errar.”—História da Reforma nos Países Baixos e em Redor Deles, Brandt. [11, p. 235]
1054Ela transformou a não-observância do domingo num pecado mortal. No começo da Idade Média, sacerdotes "descobriram" cartas provindas do Céu, que impunham às pessoas a guarda do domingo em lugar do sábado. Em 1054 o papa Leão IX excomungou toda a Igreja Ortodoxa do Oriente, em parte porque os ortodoxos celebravam o sábado. De todos os principais ramos da cristandade, a Igreja Católica tornou-se aquele que mais ferrenhamente se opôs ao sábado do sétimo dia. p. 392. [13]
Séc. 13O auge do poder político papal. A máxima influência política do papado na Europa se deu durante o século 13. [1]

No entanto, paralelamente a isso, o gérmen que corroeria essa hegemonia estava presente e crescente:

A Europa redescobriu Aristóteles através de traduções árabes, e do séc XII ao XVI, a Filosofia dominante mudou de Platão para Aristóteles (Antonio S.T. Pires. Evolução das Ideias da Física. [S.l.]: Editora Livraria da Física. p. 64).

O primeiro grande pensador a atrair o valor do pensamento aristotélico para o mundo árabe é al­‑Kindi (Bagdá, século IX d.C.). Sua pioneira forma de atrair a tradição helênica para o interior da cultura árabe o faz ter de enfrentar a oposição ideológica e religiosa fortemente arraigadas aos laços comunitários árabe­‑muçulmanos.

Do ponto de vista histórico, é a reunião de um conjunto de fatores sociais, econômicos, culturais e políticos que determina, em al­‑Andalus, o desenvolvimento de condições para um exponencial progresso da filosofia, fator que abre campo para a tarefa histórica e biográfica de Averróis (1126 d.C.­‑1198 d.C.). Averróis, por isso, faz parte de um caminho histórico de introdução de Aristóteles, para o mundo árabe­‑muçulmano. [4]

Tomás de Aquino (Roccasecca, 1225 – Fossanova, 7 de março de 1274), foi um frade católico italiano da Ordem dos Pregadores (dominicano) cujas obras tiveram enorme influência na teologia e na filosofia, principalmente na tradição conhecida como Escolástica, e que, por isso, é conhecido como "Doctor Angelicus", "Doctor Communis" e "Doctor Universalis". Aquino" é uma referência ao condado de Aquino, uma região que foi propriedade de sua família até 1137. Ele foi o mais importante proponente clássico da teologia natural e o pai do tomismo. Sua influência no pensamento ocidental é considerável e muito da filosofia moderna foi concebida como desenvolvimento ou oposição de suas ideias, particularmente na ética, lei natural, metafísica e teoria política. Ao contrário de muitas correntes da Igreja na época, Tomás abraçou as ideias de Aristóteles - a quem ele se referia como "o Filósofo" - e tentou sintetizar a filosofia aristotélica com os princípios do cristianismo. [5]

No século 13, Tomás de Aquino disse as seguintes palavras: “O poder secular [político] está sujeito ao poder espiritual como o corpo está sujeito à alma.” E acrescentou: “Na figura do papa, o poder secular está unido ao espiritual. Ele sustenta o vértice de ambos os poderes” (Citado em Dino Bigongiari, ed., The Political Ideas of St. Thomas Aquinas (Nova York: Hafner Publishing Company, 1953), p. xxiv. [1]
1198 - 1216O papa Inocêncio III, que liderou de 1198 a 1216, conservou a prática da coroação de reis e imperadores. Reconheceu Frederico como rei da Sicília e mediou uma disputa entre Filipe da Suábia e Oto IV pelo trono imperial. Acabou favorecendo Filipe, mas, quando este foi assassinado, apoiou Oto, que foi coroado na cidade de Roma em 1209. Um ano mais tarde, Oto invadiu alguns dos territórios papais na Itália e tentou obter o controle da Sicília. Por isso, Inocêncio o excomungou e promoveu um homem chamado Frederico, que foi coroado em 1215. Isso denota um grande poder político, poder esse obtido com a utilização da autoridade espiritual da igreja e da excomunhão, cujo propósito era o alcance de um fim civil/político. [1]
1205 - 1213A mesma coisa aconteceu na Inglaterra quase contemporaneamente. Quando o rei John se recusou a aceitar (em 1207, [2]) o cardeal Stephen Langton como arcebispo da Cantuária (em inglês, Canterbury), o chefe da Igreja Católica o excomungou (em 1209, [2]), deixando a Inglaterra sob interdito. Em outras palavras, o papa proibiu as igrejas da Inglaterra de ministrar os sacramentos a qualquer pessoa do reino. Na teologia católica, os cristãos recebem a graça de Deus por meio dos sacramentos; assim, os crentes a quem são recusados os sacramentos são essencialmente cortados dos meios de salvação. Um interdito, portanto, impossibilita a salvação de uma nação inteira! [1]

Stephen Langton (Lincolnshire, 1150 — Slindon (Sussex), 9 de Julho de 1228) foi Arcebispo da Cantuária desde 1207 até à sua morte e foi uma figura central na disputa entre o Rei João de Inglaterra e o Papa Inocêncio III. É reconhecido como o responsável por dividir a Bíblia Sagrada cristã em capítulos. [2]

Inocêncio teve um papel fundamental na política do Reino da Inglaterra, que se tornou um feudo do próprio papa. Depois da morte do rei Ricardo I em 1199, seu irmão, João tornou-se o monarca. João, seguindo o costume no trato com a hierarquia da Igreja estabelecida pelos seus antecessores, controlava a Igreja, usando e distribuindo livremente os cargos de bispos, abades e demais benefícios eclesiásticos. Assim, em 1205, na eleição do arcebispo da arquidiocese de Cantuária, ocorre uma dupla eleição. Os monges da Christ-Church consideravam que era seu direito eleger um monge de seu monastério como arcebispo, enquanto o rei João decidiu nomear o bispo de Norwich, João de Gray para essa dignidade.

A causa foi levada até o Papa Inocêncio, que então anulou a dupla eleição, e designou como arcebispo de Cantuária um candidato próprio: Stephen Langton. João não aceitou a decisão do papa e decidiu romper as relações com a Igreja Romana e o papado, dizendo que "a Inglaterra já possui muitos arcebispos, bispos e prelados instruídos para poder recusar os que Roma nos impõe". Inocêncio respondeu em 26 de maio de 1207, ameaçando o rei João de excomunhão, e o Reino da Inglaterra com um interdito. O rei então disse que assassinaria e torturaria todos os clérigos enviados por Roma a Inglaterra. Dessa forma, Inocêncio proclamou o interdito em 24 de março de 1208, o rei João reagiu expulsando os clérigos fiéis a Roma de seus cargos e confiscando seus bens, enquanto os bispos fugiram da Inglaterra para não serem mortos.

Alguns membros da nobreza se rebelaram em nome do papa e foram severamente torturados e mortos. Assim, Inocêncio, com aprovação da maioria dos nobres e bispos ingleses, em 1211 desligou todos os súditos e vassalos do juramento de fidelidade com o Rei João, autorizando sua deposição, e depois, em 1212, depôs oficialmente o rei e deu o Reino da Inglaterra para o rei Filipe II da França, que deveria executar a sentença conquistando a Inglaterra em uma cruzada contra João. Porém, assim que o Filipe preparou uma frota marítima para invadir a Inglaterra, o rei João procurou o representante do papa na Inglaterra, Randulfo, em 13 de maio de 1213, reconhecendo Stephen Langton como arcebispo, permitindo a volta dos bispos exilados, prometendo indenização aos clérigos prejudicados, e além disso, entregou em vassalagem todo o Reino da Inglaterra e da Irlanda para Inocêncio, que se tornaria o senhor e suserano desses territórios, e assim, entregando anualmente, como era costume entre os vassalos na época, um tributo de mil moedas de prata.

A submissão de João foi total, entregando-se a proteção de Inocêncio. Imediatamente, Inocêncio retirou as penas sobre a Inglaterra e não permitiu mais sua invasão por Filipe. Segundo o estudioso brasileiro André Arthur Costa: "O caso da Inglaterra é um exemplo paradigmático da mudança que ocorreu no jogo político europeu, e a instalação da nova ordem assentada no papado, devido as manobras de Inocêncio. Assim, durante o reinado de Henrique VI, a Inglaterra, comandada pelo rei cruzado Ricardo Coração de Leão (1157-1199), foi um feudo do Sacro Império e de Henrique (...). Durante o pontificado de Inocêncio, sendo comandada por João Sem-Terra (1166-1216), a Inglaterra se torna justamente um feudo papal sob o controle do pontífice. A situação literalmente se inverte, e exterioriza o contexto geral europeu: da forte liderança dos Hohenstaufen, especialmente de Henrique, para uma forte liderança agora comandada pelo papado, sob comando de Inocêncio". [3]

Isso é poder político alcançado por meio de uma poderosa ameaça espiritual. A filosofia política de Inocêncio se harmonizava com seus atos enquanto papa. Ele declarou que “a liberdade eclesiástica é mais bem preservada quando a Igreja Romana tem pleno poder tanto em assuntos temporais [políticos] quanto espirituais” (Citado em C. J. Barry, ed., Readings in Church History (Westminister, MD: The Newman Press, 1960), v. 1, p. 438.). Ele também decretou que o papa tem o direito de decidir se um rei é digno de sua coroa. [1]
1229Em 1229, o Concílio de Toulouse proibiu a posse e a leitura da Bíblia, definindo punições severas para quem fosse considerado culpado e para aqueles que o abrigassem ou protegessem. P. 42. [12]
1294 - 1303Bonifácio VIII, o próximo grande papa, governou a igreja cem anos mais tarde (1294-1303). Nessa época, o poder dos governantes políticos da França e Inglaterra aumentava cada vez mais, ao passo que a autoridade política do papado sobre a política europeia começava a diminuir. Quando o rei Filipe IV, da França, impôs tributos ao clero, Bonifácio emitiu uma bula declarando que os reis não podiam fazer isso sem o consentimento do papa. Filipe, então, retaliou suspendendo as contribuições da França a Roma. Ao enfrentar essa grande perda financeira, Bonifácio recuou, uma vez que, já naquele tempo, o dinheiro falava alto! Num conflito com Filipe em 1302, Bonifácio emitiu sua famosa bula Unam Sanctam (Una, Santa), a qual declarava que o papa tem autoridade sobre os governantes laicos: “Com a verdade como nossa testemunha, é da competência do poder espiritual [o papado] estabelecer o poder terrestre [político] e desaprová-lo se este não for bom” (em 1302, Bonifácio disse na Bula Unam Sanctam: “Com a verdade como nossa testemunha, é da competência do poder espiritual [do papado] estabelecer o poder terrestre [político] e desaprová-lo se este não for bom” (Bonifácio VIII, bula promulgada em 18 de novembro de 1302, Unam Sanctam, http://en.wikipedia.org/wiki/Unam_Sanctam).

Entretanto, quando Bonifácio excomungou Filipe, o rei francês convocou uma assembleia na qual 29 acusações foram feitas contra o papa. Nesse momento, cinco arcebispos e 21 bispos tomaram o partido de Filipe. Em setembro de 1303, um bando de dois mil mercenários atacou o palácio papal e aprisionou Bonifácio. Uma semana mais tarde ele foi liberto e voltou a seu palácio, mas em meados de outubro contraiu uma violenta febre e morreu. [1]
Sécs. 12 - 15O controle divino sobre essa atuação satânica não permitiu que os muçulmanos exterminassem o falso cristianismo e as outras formas de paganismo, mas sim que os subjugassem por 150 anos. O ataque maometano seria contínuo nesse período, e irremediável, possibilitando, por outro lado, um período no qual a religião verdadeira florescesse e fosse preservada enquanto as falsas religiões lutavam entre si. [...] os maometanos árabes impunham o engano em forma de religião, e a dor sobre seus oponentes derrotados; durante 150 anos usaram todo o seu arsenal para impor sua religião sobre muita gente e tirar a vida de outras tantas; mas não destruíram o que restou do império romano, só depois desse período; o rei desses exércitos muçulmanos é o anjo caído, chamado Destruidor. (Apocalipse 9.5, 10 e 11). [6]

“Cinco meses em profecia equivale a 150 anos (30 dias x 5 = 150 dias proféticos/ anos literais). Alguns teólogos defendem que esse período se cumpre entre 27 de Julho de 1299, quando Otman (ou Osman), fundador do Império Otomano, invadiu pela primeira vez o território de Nicomédia, até 27 de julho de 1449, quando Constantino XII, último imperador grego, chega ao trono com a permissão do sultão do Império Otomano”.

“‘A quinta trombeta apresenta o surgimento do maometanismo com sua nuvem de erros, mas especialmente o período de cinco meses, ou cento e cinqüenta anos literais a contar do tempo em que tiveram um rei sobre si. Em 27 de Julho de 1229 Otman, o fundador do Império Otomano, invadiu o território de Nicomédia. Daquela data em diante os Otomanos arrasaram e atormentaram o Império Romano do Oriente até 27 de Julho de 1449, os cento e cinqüenta anos do soar da quinta trombeta.’ – Loughborough, The Great Second Advent Movement, 128”.

“‘Suas constantes incursões no território romano e freqüentes assaltos à própria Constantinopla, constituíram um incessante tormento para o império. Apesar disso não puderam eficazmente subjugá-lo, não obstante o longo período, a que depois se alude mais diretamente, durante o qual continuaram por incessantes ataques a afligir uma igreja idólatra, cujo chefe era o papa. Sua missão era atormentar e depois danificar, mas não matar ou completamente destruir. O que é para admirar é que eles o não fizessem.’ – Alexander Keith, Signs of the Times, v. I, pág. 308, 309”.

“‘Como nos tempos anteriores ele castigava os israelitas por negligenciarem suas leis, assim também agora punia os cristãos degenerados. No início do próximo século (622 AD) , apareceu na Arábia um arrogante impostor no congresso chamado Maomé. […] ‘No ano de 637 Jerusalém, a capital da terra santa ou Palestina, caiu sob o domínio dos maometanos ou sarracenos […] “‘Em 1079, foi conquistada, juntamente com as porções mais belas da Ásia Ocidental, pelos turcos Seldjúcidas. [...] Pelo ano 1300, novas hordas de turcos, chamados otomanos, que desciam da Tartária subjugaram os Seldjúcidas, e estenderam as conquistas à Ásia Ocidental, Romélia, Moldávia, Sérvia, Bulgária, Grécia, e à Morea; e por fim, sob o monstro da brutalidade e voluptuosidade chamado Maomé (II) o grande, fizeram-se senhores de Constantinopla, a capital do império grego (1453 AD), cuja calamidade foi sem dúvida permitida por Deus para punir as graves ofensas que cometeram contra Ele.’ – Joseph Deharbe, A Full Catechism of The Catholic Religion, 36-38”. [6]

O que causou a diminuição do poder político do papado? Mais do que qualquer outra coisa, ela decorreu de uma renovação do conhecimento intelectual. De modo geral, a maioria dos pensamentos grego e romano foram esquecidos durante parte da Idade Média – aproximadamente de 500 a 1000 d.C. Porém, o século 12 presenciou a redescoberta de uma antiga literatura: a de Platão, Aristóteles, Sócrates e de outros pensadores gregos. Isso acabou levando ao Renascimento, que se iniciou no século 14, perdurando até o 16. O humanismo – que enfatiza a importância das soluções racionais para os problemas humanos, em detrimento das soluções ditadas pela religião e pela igreja – desenvolveu-se a partir desse resgate do antigo saber. O Renascimento deu início a um processo de secularização que atingiu o ápice em nossos dias. Essa secularização levou ao fim do poder político papal.

A invenção da imprensa por Gutenberg, na metade do século 15, propiciou uma explosão intelectual que muito contribuiu nesse processo. Em 1500, casas impressoras já haviam sido estabelecidas em toda a Europa. Antes de Gutenberg, alguém só poderia obter a cópia de um livro como a Bíblia se um escriba fosse contratado para copiá-la de forma manuscrita: palavra por palavra. Podia levar um ano inteiro para se produzir uma única cópia da Bíblia! Obviamente, poucas pessoas possuíam livros naquele tempo. Na verdade, a maioria dos indivíduos nem sabia ler. De repente, Gutenberg tornou possível a produção de centenas de cópias da Bíblia ou de qualquer outro livro numa questão de semanas, de forma que qualquer pessoa de condição financeira modesta podia adquirir uma pequena coleção de livros, e indivíduos ricos podiam montar uma biblioteca considerável. Cada vez mais pessoas aprenderam a ler, e o conhecimento começou a se espalhar rapidamente.

O nascimento da ciência moderna no fim do século 15 e início do 16 também deu impulso ao processo de secularização. Não podemos deixar de mencionar, neste ponto, o matemático e astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543) que desenvolveu a teoria de que os planetas giram em torno do Sol, contrapondo-se à ideia de que o Sol e os planetas giravam em torno da Terra. Na época, o papado se opôs ferrenhamente a Copérnico, porque sua teoria contradizia o conteúdo de certas passagens da Bíblia que davam a entender que o Sol gira em torno da Terra e que esta é o centro do Universo.9 Essas passagens, no entanto, descrevem apenas a observação do nascer e pôr do sol. É claro que Copérnico estava certo, e a igreja, errada. De modo geral, os estudiosos afirmam que sua descoberta deu origem à moderna revolução científica.

Todo esse avanço no conhecimento fez com que pessoas de todos os lugares começassem a pensar por si mesmas. E quando seres humanos começam a pensar, questionam, e quando questionam, começam a desafiar a autoridade estabelecida. E a religiosa é uma das primeiras que começam a ser contestadas. O papado ainda era uma força poderosa na política europeia em torno de 1500, mas sua autoridade passou a ser desafiada pela secularização. [1]
Séc. 15“‘A opinião grega, mesmo quando mais tarde os muçulmanos estavam junto aos portões, é sintetizada na declaração do grão-duque Notaras, um dos primeiros magnatas de João: Melhor um turbante turco em Constantinopla do que o barrete de um legado papal! O que de melhor o império cristão podia desejar sob estas circunstâncias era um enterro Honroso.’ – William Stearns Davis, A Short History of the Near East, 205-207".

“‘A Papeologia apresenta-se com um relatório das mais iníquas famílias que já desgraçaram a posição real. Quando Constantino, vinte e sete anos mais tarde, caiu com os muros de sua cidade, sua morte foi uma representação marcante de ira de Deus sobre a quarta geração daqueles que lhes desprezam e odeiam.’ – H.A. Gibbons, The Foundation off the Othman Empire, 48.

“A morte de João Paleólogo, o governante do Império Grego Romano do Oriente, ocorreu em 31 de outubro de 1448. Dois Irmãos do falecido rei, Constantino e Demétrio, filhos sobreviventes do Imperador Manuel, eram candidatos rivais do trono para conseguir o apoio poderoso da Turquia, foi mandada uma embaixada ao sultão Murad II. Com o consentimento de dele, a coroa imperial foi posta na cabeça do irmão mais velho que se tornou Constantino XI. Constantino foi coroado no dia 6 de janeiro de 1449. “O malfadado imperador estava destinado a ser o último governante do agonizante império Romano Oriental, tendo encontrado a morte em uma batalha quatro anos mais tarde ao Constantinopla ser tomada pelos turcos. Independência do império virtualmente fora entregue à Turquia, quando se aproximaram do sultão pedindo apoio para colocar Constantino no trono imperial”. [6]

O sexto anjo tocou a trombeta – eu ouvi a voz de Jesus que estava perto do altar de incenso, muito próximo do lugar santíssimo do santuário, onde Deus está; então, Jesus disse ao sexto anjo que tem a trombeta: Solte as quatro linhagens de muçulmanos seldjucidas, na bacia Tigre-Eufrates, que estão esperando Meu consentimento para destruírem de uma vez por todas o império romano e inaugurarem o império muçulmano otomano em paralelo com o império papal. então, Jesus disse ao sexto anjo que tem a trombeta: Solte as quatro linhagens de muçulmanos seldjucidas, na bacia Tigre-Eufrates, que estão esperando Meu consentimento para destruírem de uma vez por todas o império romano e inaugurarem o império muçulmano otomano em paralelo com o império papal. Assim, apareceram as quatro linhagens ou sultanatos: o primeiro em Bagdá, o segundo em Icônio, o terceiro em Damasco e o quarto em Alepo. Após seu surgimento, foram assimilados e unificados pela linhagem asiática otomana; esse novo sultanato único determinou o fim de Roma oriental e esteve por 391 anos concorrendo com o papado em sua influência tirânica sobre o mundo. Ao longo desse tempo os exércitos muçulmanos acumularam milhões e milhões de soldados. (Apocalipse 9.13-16). [6]

“‘Amurat, o sultão a quem se apresentou a submissão de Constantino VIII, e por cuja permissão este reinou em Constantinopla, morreu pouco depois, sucedendo-lhe, no império, em 1451, Maomé II, que cobiçou Constantinopla e resolveu tomá-la. Fez, assim, preparativos para cercar e tomar a cidade. O cerco começou em 6 de abril de 1453 e terminou com a tomada da cidade e a morte do último dos Constantinos, em 16 de maio seguinte. E a cidade oriental dos césares tornou-se a sede do império otomano.’ – Josiah Litch, Prophetic Expositions, v. II, pág. 183". [6]

29 de maio de 1453. Os atacantes foram comandados pelo sultão Maomé II, o Conquistador, de 21 anos, que derrotou soldados comandados pelo imperador Constantino XI Paleólogo e assumiu o controle da capital imperial, encerrando um cerco militar de 53 dias, iniciado em 6 de abril de 1453. Após conquistar a cidade, o sultão Maomé II transferiu a capital do Estado otomano de Edirne para Constantinopla e estabeleceu sua corte ali. A captura da cidade (e dois outros territórios bizantinos fragmentados logo depois) marcou o fim do Império Romano, um Estado datado do ano 27 a.C. e que continuou no leste 977 anos após a queda do Império Romano do Ocidente. A conquista de Constantinopla também causou um duro golpe à defesa da Europa continental cristã, pois os exércitos otomanos muçulmanos ficaram sem obstáculo para avançar pelo continente europeu. Foi também um momento decisivo na história militar. Desde os tempos antigos, as cidades usavam muros e muralhas para se protegerem dos invasores e as fortificações substanciais de Constantinopla eram um modelo seguido pelas cidades da região do Mediterrâneo e de toda a Europa. Os otomanos finalmente prevaleceram devido ao uso da pólvora (que alimentava canhões formidáveis). A conquista da cidade de Constantinopla e o fim do Império Bizantino foi um evento importante no final da Idade Média que também marca, para alguns historiadores, o fim do período medieval. [7]

“Os quatro anjos foram soltos depois de concluído o período de tormento iniciado por Otman I e concluído por Amurat II. À vitória sôbre Constantino XII, tôda a nação turca estava então unida sob uma só bandeira e um só sultanado, para levar a cabo a sua aspiração que não era mais que o cumprimento da profecia. De conformidade com o versículo quinze, o poder da Turquia, como nação real, iniciou sua marcha a ‘27 de julho de 1449’, com o reconhecimento de Constantino XII da supremacia otomana ao submeter sua eleição ao consentimento do sultão. Êste sucesso atesta que desta data em diante os turcos eram senhores do Império do Oriente, embora faltasse derribar o pouco que dêle ainda restava. E, a voz da divina profecia declara solenemente que o povo turco estava preparado então ‘para a hora, e dia, e mês, e ano’, a fim de exercer o seu domínio político e profético como nação constituída.

“‘Hora, e dia, e mês, e ano’, é a maneira bíblica de medir o tempo em matéria de profecia. O ano profético equivale a 360 dias literais e o mês a 30 dias, sendo que cada dia é igual a um ano como já o temos demonstrado. Analisando de trás para diante, temos os resultados seguintes: Um ano, 360 dias ou 360 anos; um mês, trinta dias ou 30 anos; um dia, um dia ou um ano; uma hora, a vigésima quarta parte do ano ou 15 dias. Somando tudo temos 391 anos e 15 dias, que é o tempo apontado na profecia do Apocalipse, segundo a qual a Turquia exerceria, como potência política, o seu poder independente numa das mais estratégicas regiões do mundo civilizado.

“Êste período de 391 anos e 15 dias, acrescentado a 27 de julho de 1449, alcança até 11 de agôsto de 1840, data em que algo surpreendente devia infalivelmente ocorrer com a Turquia, já que, a revelação serviu-se anunciar que sua soberania política compreenderia, como vimos, um período profético bem assentado”.

“No ano de 1840 outro notável cumprimento de profecia despertou geral interesse. Dois anos antes, Josias Litch, um dos principais pastores que pregavam o segundo advento, publicou uma explicação de Apocalipse 9, predizendo a queda do Império Otomano. Segundo seus cálculos esta potência deveria ser subvertida ‘no ano de 1840, no mês de agosto’; e poucos dias apenas antes de seu cumprimento escreveu: ‘Admitindo que o primeiro período, 150 anos, se cumpriu exatamente antes que Deacozes subisse ao trono com permissão dos turcos, e que os 391 anos, quinze dias, começaram no final do primeiro período, terminará no dia 11 de agosto de 1840, quando se pode esperar seja abatido o poderio otomano em Constantinopla. E isto, creio eu, verificar-se-á ser o caso.’ — Josias Litch, artigo no Signs of the Times, and Expositor of Prophecy, de 1º de agosto de 1840. No mesmo tempo especificado, a Turquia, por intermédio de seus embaixadores, aceitou a proteção das potências aliadas da Europa, e assim se pôs sob a direção de nações cristãs. O acontecimento cumpriu exatamente a predição”. [6]
1408John Wycliffe e alguns de seus amigos traduziram a Bíblia para o inglês. A mensagem das Escrituras foi proclamada por toda parte pelos seguidores de Wycliffe e recebida com muita alegria por aqueles que desejavam ouvir e entender esse livro proibido. As autoridades lançaram mão de esforços para eliminar e queimar a Bíblia de Wycliffe, mas ela continuou a ser copiada ao longo de todo o século 15. A igreja promulgou uma lei em 1408 proibindo a tradução de qualquer parte da Bíblia para o inglês. P. 42. [12]
1492Em 1492 Cristóvão Colombo aportou no norte do continente americano, descobrindo-o para o resto do mundo. Um “novo mundo” era pela primeira vez conhecido no planêta e Colombo, ao tomar posse do continente que descobrira, proferiu a oração seguinte: “Todo- poderoso e eterno Deus que, pela energia da Tua palavra criadora, fizeste o firmamento, a terra e o mar, bendito e glorificado seja o Teu nome em todos os lugares. Que a Tua majestade e domínio sejam exaltados para todo o sempre, pois permitiste que Teu santo nome se tornasse conhecido por meio do mais humilde dos Teus servos nesta até agora desconhecida parte do Teu império”. [8]
Séc. 16Nesse contexto, surgiu Martinho Lutero. Lutero não tinha nenhuma intenção de começar uma reforma quando pregou suas 95 teses na porta da igreja de Wittenberg, na Alemanha, em 31 de outubro de 1517. Ele escreveu suas declarações em latim, mas elas foram imediatamente traduzidas para o alemão. Se dentro de duas semanas as teses já haviam sido impressas e espalhadas por toda a Alemanha, dentro de dois meses elas já haviam sido traduzidas para várias línguas europeias, impressas e espalhadas por todo o continente. Quando Roma percebeu o que estava acontecendo, era tarde demais para deter o movimento popular a que Lutero inadvertidamente deu início. O rompimento de Lutero com Roma teria sido impossível sem a imprensa, que permitiu a rápida propagação de informações. O ponto importante é que o aumento de conhecimento instigou as pessoas a desafiar a autoridade; nesse caso, a autoridade papal. A imprensa possibilitou, portanto, que esse movimento desse um gigantesco salto.

Embora Lutero fosse profundamente religioso, seu rompimento com Roma também contribuiu para o processo de secularização. O papa Leão X declarou heréticos os conceitos de Lutero e o convocou a uma entrevista em Roma. Entretanto, Lutero tinha o apoio de Frederico III, o eleitor da Saxônia, o qual, sabendo que Lutero seria provavelmente aprisionado e executado em Roma, recusou-se a enviá-lo. O papa não teve outra escolha a não ser enviar representantes para confrontar Lutero na Alemanha. Várias dietas (reuniões), nas quais Lutero apresentou suas ideias aos representantes papais, foram realizadas. Como se previa, todos eles declararam que as ideias do reformador eram heréticas. Em 1521, Lutero foi excomungado da Igreja Católica Romana. Contudo, Frederico o protegeu. Esse foi um grande desvio da maneira com que príncipes, reis e imperadores haviam lidado com hereges no passado. Durante centenas de anos, a igreja também havia confiado ao Estado a tarefa de punir os hereges, mas Frederico se recusou a executar a punição que a igreja havia decretado contra Lutero. A secularização estava em andamento. O poder do papado sobre os políticos europeus sofrera um severo golpe. [1]

“Durante a Reforma de Lutero, quando o Estado quis extingui-la, veio o ataque dos muçulmanos. O governo esqueceu os reformadores e passou a defender-se dos turcos. Não haveria protestantismo hoje se não fossem os turcos”. [6]
1526Esforços [...] intensos foram feitos para acabar com o Novo Testamento de Tyndale, de 1526. Pelo menos três mil exemplares foram publicados e alguns deles contrabandeados através do canal da Mancha. Foi dada a ordem de que todos os Novos Testamentos de Tyndale fossem queimados e restaram poucos. As autoridades estavam determinadas a não deixar a Bíblia disponível para as pessoas. Muitas cópias foram compradas antes de deixarem a Holanda por um agente do bispo de Londres, a fim de que fossem destruídas antes que chegassem à Inglaterra. P. 42 e 43. [12]
1529Um dos mais nobres testemunhos já proferidos pela Reforma, foi o protesto apresentado pelos príncipes cristãos da Alemanha, na Dieta de Espira, em 1529. A coragem, fé e firmeza daqueles homens de Deus, alcançaram para os séculos que se seguiram, a liberdade de pensamento e consciência. O protesto deu à igreja reformada o nome de Protestante; seus princípios são “a própria essência do protestantismo.” —D’Aubigné. P. 170. [11]
1530A reforma devia ser levada a maior preeminência perante as autoridades da Terra. O rei Fernando havia-se negado a ouvir os príncipes evangélicos; mas a estes deveria ser concedida oportunidade de apresentar sua causa na presença do imperador e dos dignitários da Igreja e do Estado, em assembléia. A fim de acalmar as dissensões que perturbavam o império, Carlos V, no ano que se seguiu ao protesto de Espira, convocou uma Dieta em Augsburgo, anunciando sua intenção de presidir a ela em pessoa. Para ali foram convocados os dirigentes protestantes.

Grandes perigos ameaçavam a Reforma; mas seus defensores ainda confiavam sua causa a Deus e se comprometiam a ser leais ao evangelho. Os conselheiros do eleitor da Saxônia insistiram com ele para que não comparecesse à Dieta. O imperador, diziam eles, exigia a assistência dos príncipes a fim de atraí-los a uma cilada. “Não é arriscar tudo, ir e encerrar-se alguém dentro dos muros de uma cidade, com um poderoso inimigo?” Outros, porém, nobremente declaravam: “Portem-se tão-somente os príncipes com coragem, e a causa de Deus está salva.” “Deus é fiel; Ele não nos abandonará”, disse Lutero. — D’Aubigné.

O eleitor, juntamente com seu séquito, partiu para Augsburgo. Todos estavam cientes dos perigos que o ameaçavam, e muitos seguiram com semblante triste e coração perturbado. Mas Lutero, que os acompanhou até Coburgo, reviveu-lhes a fé bruxuleante cantando o hino, escrito naquela viagem: “Castelo forte é nosso Deus.” Ao som dos acordes inspirados, foram banidos muitos aflitivos sinais e aliviados muitos corações sobrecarregados. P. 177 e 178. [11]
1535A França, mediante cerimônia solene e pública, deveria entregar-se completamente à destruição do protestantismo. Os padres exigiram que a afronta feita aos altos Céus, com a condenação da missa, fosse expiada com sangue, e que o rei, em favor de seu povo, desse publicamente sua sanção à medonha obra.

O dia 21 de janeiro de 1535 foi marcado para a terrível cerimônia. Haviam sido suscitados os supersticiosos temores e ódio fanático da nação inteira. Paris estava repleta de multidões que, de todos os territórios circunjacentes enchiam suas ruas. Deveria iniciar-se o dia por meio de uma vasta e imponente procissão. [...]

Terríveis se tornaram as trevas da nação que rejeitara a luz da verdade. “A graça que traz a salvação” havia aparecido; mas a França, depois de lhe contemplar o poder e santidade, depois de milhares terem sido atraídos por sua divina beleza, depois de cidades e aldeias terem sido iluminadas por seu fulgor, desviou-se, preferindo as trevas à luz.

Haviam repudiado o dom celestial, quando este lhes foi oferecido. Tinham chamado ao mal bem, e ao bem mal, até serem vítimas voluntárias do próprio engano. Agora, ainda que efetivamente cressem que, perseguindo ao povo de Deus estavam fazendo a obra divina, sua sinceridade não os inocentava. A luz que os teria salvo do engano, da mancha de sua alma pelo crime de sangue, haviam-na voluntariamente rejeitado. [11, p. 197-199]
1589 - 1620O Grande Conselho (High Commission) criado em 1584 para servir de vanguarda contra os trabalhos dos partidários de Roma estendeu sua ação raivosa a todos os dissidentes da igreja oficial. As reuniões dos separatistas foram dissolvidas em tôdas as partes e perseguidos os que a elas assistiam, pelo que mui logo só se atreveram a reunir-se secretamente e a maioria de seus membros, residentes em Nottingham, Lincoln e York, conceberam a idéia de abandonar sua pátria e buscar um país onde pudessem professar sua religião sem se verem molestados, coisa difícil por estar proibida a imigração, sem licença expressa do govêrno, por um decreto da rainha Izabel.

Para iludir a lei trasladaram-se em pequenos grupos à costa; ali embarcaram para a Holanda, onde havia liberdade de culto, e em Amsterdam um de seus pregadores mais notáveis, João Robinson, fundou uma pequena comunidade composta quase em totalidade de artífices e lavradores, que sendo estrangeiros ganhavam escassamente sua subsistência com seu trabalho. Formou-se pouco a pouco outra comunidade em Leiden e novos adeptos foram chegando da Inglaterra, ainda que não gostavam muito do país nem do modo de vida desses habitantes que nada tinham de puritanos.

Os expatriados viam com dor que seus filhos se contagiavam do mau exemplo, e antes de sucumbir de todo à influência do país, dirigiram seus olhares a outras Comarcas, primeiro à Guiana, para onde conduziu Walter Raleigh uma expedição que deu mau resultado e custou a vida àquele homem.

Não sendo possível estabelecer-se naquela parte da América, enviaram os puritanos a dois dêles, Roberto Cushman e João Carver, à Inglaterra para adquirir terras da Companhia Colonizadora de Virgínia, nome que se aplicou a quase tôda a costa oriental da América do Norte. Estas negociações duraram um par de anos, até que finalmente Cushman e Brewster lograram o objetivo que se propunham, e em 1620 pôde embarcar o primeiro grupo de puritanos para a sua nova pátria, com o dinheiro que um comerciante de Londres, Thomas Weston, lhes adiantou sob condições algo duras.

O pastor Robinson ficou na Holanda com uma parte da comunidade. Dos dois navios que fretavam um era inútil para a travessia e houve de regressar com seus passageiros à Holanda, e o outro denominado Flor de Maio, chegou à costa norte-americana no mês de novembro, depois de uma travessia muito grande. Até 16 de dezembro não encontravam os emigrantes um sítio conveniente para desembarcar. O ponto elegido foi chamado Nova Plymouth. Antes de desembarcar firmaram os emigrantes um pacto solene pelo qual todos se obrigaram a respeitar e cumprir as disposições e leis justas e prudentes que conviesse adotar para o bem comum; ao próprio tempo nomearam um governador por um ano, a João Carver, e um lugar tenente ou suplente para quando fôsse necessário.

Feito isto, desembarcaram (a 21 de dezembro de 1620) em número de 101 naquela costa inóspita e na estação mais cruel [8]
1611Muitas cópias do Novo Testamento de Tyndale foram compradas antes de deixarem a Holanda por um agente do bispo de Londres, a fim de que fossem destruídas antes que chegassem à Inglaterra. No entanto, três exemplares resistiram e quase 90% do Novo Testamento da tão influente versão King James de 1611 foi retirado diretamente da tradução de Tyndale. Desde a época dele, a Bíblia nunca deixou de ser impressa em língua inglesa. P. 43. [12]
1620A Reforma despertou as nações, agrilhoadas sob as pesadas cadeias da superstição, para o fato de que todo homem tem o divino direito de adorar a Deus segundo os ditames da sua própria consciência. Mas os governantes não queriam perder a sua força, e a intolerância religiosa ainda oprimia o povo. Em tais circunstâncias um corpo de heróis religiosos determinou por fim procurar nas selvas americanas aquela medida de liberdade civil e religiosa que tanto almejavam. Na busca do
seu nobre intento cem desses exilados voluntários desembarcaram do Mayflower nas costas de Nova Inglaterra, em 21 de dezembro de 1620. “Ali”, diz Martyn, “nasceu a Nova Inglaterra”, e este foi “o seu primeiro balbuciar de criança uma oração e ações de graças a Deus.” [10]
1643 - 1775Em 1643 formaram as colônias de Nova Inglaterra um projeto de união, com o nome de “Colônias Unidas de Nova Inglaterra”, de mútuo conselho e apoio em tôdas as coisas justas, para a conservação e propagação da verdade e dos direitos baseados no Evangelho, e para sua prosperidade e segurança mútua. Esta união foi um passo dado para fazer frente às exigências da mãe pátria, que não consideravam razoáveis.

Em 1755 atingiam os colonos a mais de 50.000.

Em 1765, o congresso geral reunido em Nova York, contra a lei do timbre do Parlamento Inglês, resolveu não pagar impostos além dos já decretados e não enviar mais representantes das colônias ao Parlamento como incompatível com as condições geográficas. Começou a revolta contra a Inglaterra numa excitação cada vez mais crescente. A Insurreição atingiu afinal tôdas as colônias. As importações da Inglaterra foram canceladas. Os exportadores inglêses para as colônias recorreram ao Parlamento solicitando medidas urgentes para a aflitiva situação em que se viam. O Parlamento revogou a lei do timbre, o que deu lugar a júbilo na Inglaterra e muito mais nas colônias americanas. Mas as relações das colônias com a metrópole não tardaram a azedar novamente numa sedição ainda maior.

Em 28 de dezembro de 1772, um navio com 340 caixas de chá, chegado ao pôrto de Boston, foi assaltado e todo o carregamento, no valor de 18.000 libras esterlinas, foi arrojado ao mar. Tôdas as colônias aprovaram o ato e recusaram o chá por excessivo que era o seu preço. Os colonos suprimiram todo o tráfico com a Inglaterra e fomentaram sua própria indústria.

Um exército inglês desembarcou nas colônias em 1774. O congresso das colônias autorizou a George Washington e alguns outros a organizarem o exército de resistência. Washington foi unanimemente aclamado general em chefe do “exército continental americano”.

Em .17 de junho de 1775 começaram a terçarem armas os exércitos inglês e americano, nas cercanias de Boston. O congresso americano encarregou uma comissão para redatar a declaração de independência, cujo redator Thomas Jefferson, a apresentou à apreciação do congresso. [8]
1776Em 4 de julho de 1776 foi lançada a histórica proclamação de independência, pelas treze colônias unidas, cujos têrmos temos a seguir:

“Quando, no decorrer dos acontecimentos humanos, se torna imperioso que um povo rompa os laços políticos que o unem a outro, assumindo junto às potências do glôbo o lugar que lhe compete como nação independente ao lado de seus pares, e de acôrdo com as leis da natureza e as leis de Deus, impõe o devido respeito às opiniões da humanidade que êsse povo declare os motivos que levaram à separação.

“Cremos axiomáticas as seguintes verdades: que todos os homens foram criados iguais; que lhes conferiu o Criador certos direitos inalienáveis, entre os quais o de vida, de liberdade, e o de procurarem a própria felicidade; que, para assegurar êsses direitos se constituíram entre os homens govêrnos cujos justos poderes emanam do consentimento dos governados; que sempre que qualquer forma de governo tenda a destruir êsses fins, assiste ao povo o direito de mudá-la ou aboli-la, instituindo um novo govêrno cujos princípios básicos e organização de poderes obedeçam às normas que lhe parecerem mais próprias a promover a segurança e felicidade gerais.

"A prudência aconselha que govêrnos, de longa data estabelecidos, não deverão ser mudados em razão de causas fúteis ou transitórias e tôda a experiência do passado demonstra que a humanidade está mais disposta a sofrer males, enquanto se possam suportar que a corrigi-los com o abolir das formas a que se havia acostumado.

"Todavia, quando uma longa série de abusos e usurpações, todos invariavelmente dirigidos ao mesmo fim, estão a apontar o desígnio de submeter um povo a despotismo absoluto, é seu direito, é seu dever pôr têrmo a tal govêrno, e prover novos guardiães de sua segurança futura. Estas colônias sofreram com paciência; mas perante a necessidade que ora surge sentem-se constrangidas a mudar seu antigo sistema de govêrno. A história do atual Rei da Grã-Bretanha é uma sucessão de agravos e usurpações, visando todos o estabelecimento de uma tirania absoluta sôbre êstes estados. Para prová-lo, submetamos os fatos ao julgamento dum mundo imparcial”.

Nesta altura os colonos expõem os seus agravos.

“Nós, portanto, representantes dos Estados Unidos da América, reunidos em Congresso Geral, apelando ao Juiz Supremo do mundo, testemunha da retidão de nossas intenções, publicamos e solenemente declaramos, em nome do digno povo destas colônias e por sua autoridade, que estas Colônias Unidas são, como de direito deveriam ser, Estados Livres e Independentes; que estão isentas de fidelidade para com a coroa Britânica; que se acham cindidos, como de razão, todos os laços políticos entre elas e o Estado da Grã-Bretanha; e que, como Estados Livres e Independentes, gozam do direito de declarar guerra, assinar paz, contrair alianças, promover o comércio, e realizar todo e qualquer ato ou diligência, dentro da alçada legal de Estados Independentes. E para sustentar a presente declaração, com fé inabalável na proteção da Divina Providência, empenhamos nossas vidas, nossas fortunas, e nossa honra sagrada” (Credo de Liberdade, p. 615). [8]
1777 - 1787Em 1777, o Congresso, reunido com os representantes dos treze Estados originais — Nova Hamphire, Massachusets, Rhode Island, Conneticut, Nova York, Nova Jersey, Pensilvânia, Delaware, Maryland, Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia — adotou os artigos da confederação.

A 3 de setembro de 1783, com o tratado de Paris firmado entre os Estados Unidos e a Inglaterra, terminou a guerra da independência, sendo reconhecida como livre da coroa Britânica a grande e primeira nação do “Novo Mundo”.

Uma década após a elaboração dos Artigos da Confederação, viu- se que estes artigos não eram suficientes para conservar juntos os Estados da União.

Em 1784, o reverencio John Carroll foi nomeado prefeito apostólico para o território que então ocupava a jovem república norte-americana. Estima-se haver nesse ano 25.000 católicos romanos ali!

Em maio de 1787 reuniu-se o Congresso em Filadélfia, e, depois de 90 dias de deliberações, foi adotada uma constituição pelos congressistas, que foi ratificada pelos treze Estados. [8]
1789Em 30 de abril de 1789, Washington foi eleito primeiro presidente por unanimidade de votos, jurou a constituição, tomando posse de seu cargo. [8]
1793O evangelho da paz que a França rejeitara havia de ser efetivamente desarraigado, e terríveis seriam os resultados. No dia 21 de janeiro de 1793, a duzentos e cinqüenta e oito anos do próprio dia em que a França se entregara inteiramente à perseguição dos reformadores, passou pelas ruas de Paris outra procissão, com um intuito muito diferente.

“De novo era o rei a figura principal; novamente havia tumultos e aclamações; repetiu-se o clamor pedindo mais vítimas; reergueram-se negros cadafalsos; e de novo encerraram-se as cenas do dia com horríveis execuções; Luiz XVI, lutando de mãos com seus carcereiros e executores, era arrastado para o cepo e ali seguro violentamente até cair o machado e sua decepada cabeça rolar no tablado.”—Wylie.

E não foi o rei a única vítima; perto do mesmo local dois mil e oitocentos seres humanos pereceram pela guilhotina durante os sanguinários dias do Reinado do Terror. [11, p. 199]
Séc. 18À medida que o saber aumentava, a autoridade política do papado diminuía. Durante o século 18, surgiu um movimento chamado Iluminismo (também conhecido como Era da Razão). Seus proponentes desafiaram os conceitos básicos do cristianismo e promoveram o racionalismo nos pensamentos filosófico, político e econômico. O Iluminismo desencadeou o rápido avanço da secularização. Você talvez reconheça alguns dos nomes de maior destaque nesse movimento:
• Voltaire (cujo verdadeiro nome era François-Marie Arouet)
• Jean-Jacques Rousseau
• Baruch Spinoza
• René Descartes
• David Hume
• Immanuel Kant
• Thomas Jefferson
• Benjamin Franklin
• John Locke
• Thomas Paine

Humanistas seculares passaram a questionar e minar a autoridade tanto do catolicismo quanto do protestantismo. Sua força gradualmente fez com que o papado se ajoelhasse politicamente, levando, próximo ao fim do século 18, a dois eventos marcantes que mudaram a face da política ocidental por mais de duzentos anos: a Revolução Norte-Americana (1775-1783) e a Revolução Francesa (1789- 1799).

O resultado primário da Revolução Norte-Americana foi a criação de uma forma representativa de governo baseada numa Constituição em que há equilíbrio entre os poderes legislativo, executivo e judiciário. No sistema norte- americano, não há uma igreja oficial. O Estado e a esfera religiosa operam de forma independente, cada qual em seu âmbito de atuação. Há uma boa razão para a divisão entre religião e governo. Os excessos papais levados a cabo nos mil anos anteriores e a perseguição aos dissidentes nos Estados Unidos durante o período colonial fizeram com que os “Pais Fundadores” da nação temessem que a religião pudesse uma vez mais controlar o governo. Por isso, embora o governo norte-americano nunca tenha atacado a religião, sua constituição é claramente uma reação ao controle excessivo que a religião e a igreja exerceram sobre a política europeia ao longo de mais de mil anos.

Vários fatores contribuíram para o desencadeamento da Revolução Francesa. Para nosso estudo, no entanto, o fator religioso é o mais relevante. Esse episódio foi, de fato, uma rebelião secular violenta contra o catolicismo romano. A igreja, que havia sido a maior possuidora de terras na França, viu suas propriedades serem confiscadas pelo governo francês. Houve uma severa repressão ao clero, incluindo o aprisionamento e massacre de sacerdotes em todo o país. O resultado de tudo isso foi uma transferência massiva do poder político da Igreja Católica para o Estado laico. O clímax se deu em 1798, quando o general de Napoleão, Louis Alexandre Berthier, entrou em Roma e exigiu que o papa Pio VI renunciasse à sua autoridade sobre os Estados Papais. Quando o chefe da igreja se recusou a fazê-lo, Berthier o levou prisioneiro para a França, onde morreu um ano e meio mais tarde (Berthier assumiu o controle dos Estados Papais, mas eles foram restituídos ao papado dois anos depois, e pelos próximos setenta anos o papado teve o controle deles ora sim, ora não, até 1870, quando os perdeu permanentemente para o moderno Estado da Itália). [1]

"Uma das primeiras medidas do novo govêrno foi expedir uma ordem a José Bonaparte, em Roma, para promover nos estados do país por todos os meios ao seu alcance, a revolução 'que se aproximava; sôbre tôdas as coisas cuidar que, à morte do papa (êle estava doente, 1797), nenhum sucessor fôsse eleito à cadeira de S. Pedro'". “La Révelliére Lépaux, presidente do Diretório, escreveu a Napoleão: ‘Com respeito a Roma, o Diretório cordialmente aprova as instruções que destes a vosso irmão, no sentido de impedir seja indicado um sucessor a Pio VI. Devemo-nos apoderar das presentes circunstâncias favoráveis para libertar a Europa da pretensa supremacia papal'" (Compêndio sôbre Daniel e Apocalipse, pág. 51).

E esta aspiração da França concretizou-se em virtude dos sucessos ocorridos em Roma nos derradeiros dias do ano de 1797. “A 27 de dezembro, numa dessas rixas junto ao palácio da embaixada, foi morto com um tiro o general francês Duphot, quando procurava acalmar a excitação dos soldados pontifícios. O embaixador francês, José Bonaparte, partiu imediatamente para Paris e a 11 de janeiro (1798) o general Berthier, que substituíra Bonaparte no comando do exército da Itália, recebeu instruções do Diretório para vingar no Estado Romano aquêle horrendo crime.

“A 10 de fevereiro surgiu com o exército junto da cidade eterna, onde entrou no dia seguinte com 9.000 homens. A 15 de fevereiro foi plantada no Capitólio uma árvore da liberdade e o general Berthier, depois de ter feito redigir por cinco notários um documento em que o povo romano se declarava livre, compareceu também no Capitólio com todo o seu Estado Maior, para confirmar o que se tinha feito e apresentar ‘ao espírito de Catão, Pompéu, Bruto, Cícero e Hortência as homenagens dos descendentes livres dos gauleses.

Rodolfo Manuel Haller, tesoureiro do exército italiano, foi comunicar brutalmente ao papa que então contava perto de oitenta anos, que o povo romano tinha proclamado a sua independência e já não o reconhecia como soberano político. Tiram ao pontífice a sua guarda suíça e oferecem-lhe o laço tricolor da nova república. Renunciando espontaneamente ao domínio temporal, o papado poderia conservar a dignidade espiritual e a república francesa garantir-lhe-ia uma pensão de 300.000 francos. Caso contrário, isto é, se se recusasse a abdicar, privá-lo-iam de tudo, inclusive da liberdade individual.

O papa não quis abdicar e a 18 de fevereiro Haller voltou ao Vaticano. Sem se descobrir entrou na sala onde o papa estava a almoçar e exigiu-lhe a entrega das suas jóias. Tirou-lhe dos dedos dois anéis preciosos e intimou-o a preparar-se para deixar o palácio e a cidade de Roma. Como o papa pedisse que o deixassem morrer na capital do mundo cristão, foi-lhe respondido: ‘podeis ir morrer em qualquer outro sítio. Ou partis espontâneamente ou ireis à fôrça. Escolhei’.

Na manhã de 20 de fevereiro foram buscá-lo ao Vaticano, metendo-o à pressa numa carruagem, que o levou a Siena, onde ficou provisoriamente alojado no convento dos Agostinhos” (Hist. Univ., G. Oncken, Vol. XIX, 804-805).

Posteriormente Pio VI foi levado a Florença e daí para o convento dos Cartuxos. No ano seguinte transportaram-no numa padiola através de Turim, por cima dos Alpes, para Grenobla, e afinal para a cidadela de Valence, no Delfinado, França, onde morreu a 29 de agosto de 1799. [8]

"Com voz deprimida e queixosa [os cardeais] expressam sua completa desistência de todo o govêrno temporal. A dignidade mesma de cardeal e a presença em Roma dos que eram revestidos dela, são incompatíveis com a nova ordem de coisas. Chegou o momento de proceder com grande severidade. Entre os cardeais não se teve consideração nem para com aquele cuja avançada idade e estado enfêrmo os requereram”. ’’Escarnecidos quase todos êles, aprisionados e despojados de tudo, apressaram a afastar-se de Roma, em busca de algum retiro onde poder gozar do descanso que era o único bem de que pensavam poder gozar. Apenas ficou estabelecido o novo governo, quando já não se via nem vestígio do antigo" (Pio VI, págs. 595-603, citado em Los Videntes y lo Porvenir, 568). [8]

A queda temporal do papado causou imenso júbilo na França revolucionária. A propósito Merlin, então presidente do Diretório, pronunciou, no conselho dos quinhentos, a 10 de março de 1798, o seguinte discurso:

“Êste poder estava em contradição com as doutrinas fundamentais que pretendia reconhecer, aceitava o nome cristão para aviltá-lo, aniquilava ainda a religião que pregava, pretendia que seu reino não era dêste mundo e não obstante queria arrogar-se o domínio universal. Há 14 séculos demandava a humanidade o aniquilamento de um poder oposto à sociedade e que havia coberto a Europa de fogueiras e a havia regado com sangue, que se havia assenhoreado das consciências, que havia queimado em Constança e para honrar ao céu aos desditosos João Huss e Jerônimo de Praga, e que havia disposto bárbaros sacrifícios nas Índias orientais e ocidentais. Quantos males, mortes e abominações não havia causado a política papal principalmente em França! Quantas guerras civis não havia originado! Em virtude dos sentimentos que abrigavam ainda alguns franceses obcecados por consideração aos papas, havia-se tido considerações até então para com Roma. Porém a medida das iniqüidades estava já cheia. À petição dos cidadãos romanos entrou Berthier em Roma”.

“Que rasgo na história universal, o que os cônsules romanos mandaram a um ministro a Paris para dar graças aos franceses pelo auxílio magnânimo que êstes prestaram para libertar Roma”. “Depois de lida esta mensagem no conselho dos anciãos, apoderou-se de todos o júbilo, e Bordas pronunciou a oração fúnebre do papado” (O Vaticano Potência Mundial, Joseph Bernhart, 285). [8]

É de sumo valor profético a data de 10 de março de 1798 do reconhecimento da extinção do papado pelo Diretório revolucionário de França. Cêrca desta data, 1260 anos atrás, o papado teve seu caminho desimpedido com a derrota dos ostrogodos que cercavam Roma, e que constituíam o último obstáculo à carreira papal. Diz o historiador Guilherme Oncken: “Os ostrogodos, em tão fatal situação e faltos de víveres, levantaram o sítio de Roma, que havia durado um ano e nove dias, desde o mês de fevereiro de 537 até março de 538” (Hist. Univ., G. Oncken (em espanhol), pág. 570). Dêste modo vemos que o período de supremacia papal de 1260 anos, conforme reza a profecia, cumpriu-se perfeitamente. [8]

Assim começou o que o escritor jesuíta Malachi Martin chamou de “duzentos anos de inatividade que foram impostas ao papado pelas principais potências seculares do mundo” (Malachi Martin, The Keys of this Blood: The Struggle for World Dominion Between Pope John Paul II, Mikhail Gorbachev, and the Capitalist West (Nova York: Simon and Schuster, 1990), p. 22.). O que Martin está dizendo é que o papado não mais foi capaz de exercer uma influência dominadora sobre os governos da maneira como havia feito durante os 1.200 anos anteriores. Esse aniquilamento da autoridade política do papado e sua transferência para o Estado laico é a ferida mortal da besta do mar (Ap 13:3). [1]
Séc. 19No tocante ao aprisionamento do papa Pio VI em 1798, não era a primeira vez na história cristã que um papa havia sido levado prisioneiro. Antes dessa data, quando governantes laicos encarceravam chefes católicos, o papado sempre voltava a se impor; dentro de alguns anos, geralmente, recuperava grande parte da autoridade política que havia perdido. No entanto, isso não ocorreu em 1798, e é por isso que o aprisionamento do papa nessa data constitui a “ferida mortal”, que persistiu durante todo o século 19.

Quando o Congresso de Viena se reuniu em 1815, o papado, que duzentos anos antes teria exercido uma influência significativa, teve apenas uma participação secundária por intermédio de seu representante, o cardeal Ercole Consalvi. O propósito do Congresso foi restabelecer as fronteiras dos reinos desfeitas pelas guerras de Napoleão.

Quando a Rússia, a Áustria e a Prússia formaram uma “Santa Aliança” para encorajar as outras regiões da Europa a fundamentar seus governos em princípios cristãos, a maioria dos outros reinos aderiu (sendo que na época a Europa era fortemente anticlerical, a maioria das nações zombou da proposta, mas acabou assinando-a assim mesmo. De qualquer forma, a Aliança durou cerca de dez anos). Tudo o que o papa pôde fazer foi condenar a proposta, já que se recusava a fazer um acordo com tantos “hereges”. Portanto, a Revolução Francesa realmente quebrou o poder do papado sobre a política europeia. Durante o restante do século 19, a Igreja Católica Romana ficou na defensiva no âmbito da política mundial. [1]

Além de eliminar o poder político do papado, a Revolução Norte- Americana e a Francesa deram impulso ao novo paradigma político em que a democracia e os Estados laicos devem manter a religião separada do governo. Ora, o papado estava acostumado a exercer domínio em Estados em que o catolicismo era a religião oficial e o governo impunha os princípios morais e doutrinários da igreja. O papado não estava habituado à atuação num Estado laico no qual era alheio ao governo.

De acordo com o antigo paradigma, nos países em que o catolicismo era a religião estatal, o intercâmbio entre a religião e o governo, às vezes, levava a disputas entre o Estado e a igreja, que estava acostumada a resolver essas questões com reis, imperadores e príncipes “tomando uma rápida decisão na antessala de um palácio” (Owen Chadwick, The Secularization of the European Mind (Cambridge: Cambridge University Press, 1975), p. 127). Era muito mais fácil para a igreja fazer acordos com um rei ou um imperador do que ter de negociar com grandes corporações de representantes eleitos em parlamentos e congressos, especialmente quando o catolicismo nem mesmo era a religião oficial do Estado.

Agora, reis e imperadores não tinham mais de prestar contas a ninguém, exceto a si mesmos. Sua decisão era lei, a despeito do que os súditos pudessem pensar. Por outro lado, os representantes nos parlamentos e congressos tinham que dar satisfação a seus eleitores, uma vez que a opinião do povo é muito importante nesse sistema de governo. Nesse contexto, se há um número expressivo de católicos entre os eleitores, os interesses do papado podem ser protegidos – embora não haja garantia nem mesmo disso. Porém, o domínio católico certamente não é exercido quando os cidadãos são, em grande parte, protestantes ou não religiosos, ou até mesmo antirreligiosos.

Os Estados Unidos e sua forma republicana de governo surgiram poucos anos antes da Revolução Francesa, e isso estabeleceu um parâmetro para o restante do mundo ocidental no século 19. Paulatinamente, as monarquias e ditaduras da Europa e América Latina foram substituídas por governos laicos e democráticos baseados numa constituição. O poder político agora, teoricamente, pertencia ao povo, não mais ao rei ou ao papa. De modo geral, a Igreja Católica Romana atacou verbalmente essa tendência. Pio IX (o papa que atuou de 1846 a 1878), em seu “Sílabo de Erros” (“The Syllabus of Errors Condemned by Pius IX”, Papal Encyclicals Online, http://www.papalencyclicals.net/Pius09/p9syll.htm), condenou a separação entre igreja e Estado e o fato de o governo laico estar livre da supervisão da igreja. Esse chefe católico objetou vigorosamente à afirmação de que “em caso de leis conflitantes promulgadas pelos dois poderes, a lei civil prevalece”.

Também protestou veementemente contra o conceito político de que os líderes do governo estão isentos para com a autoridade da igreja e de que a igreja e o Estado devem permanecer separados (Veja especialmente a parte 6 do “Syllabus” intitulada “Errors About Civil Society, Considered Both in Itself and in Its Relation to the Church”).

Leão XIII (o papa que atuou de 1878 a 1903) insistiu em que o Estado deve proteger a Igreja Católica para o bem da sociedade (Leão XIII, “On the Nature of True Liberty”).

O historiador Owen Chadwick, em seu livro The Secularization of the European Mind in the Nineteenth Century [A Secularização da Mente Europeia no Século 19], descreveu bem o problema: A igreja e o Estado sempre haviam esbarrado um no outro [antes do século 19] com certo grau de atrito, o que, ocasionalmente, provocava crises explosivas geralmente mantidas dentro de limites toleráveis por causa da sorte e das concessões mútuas. Os governos representativos estabeleceram novos limites entre igreja e Estado. As formas comuns de concessões mútuas tornaram- se impossíveis. O antigo mundo regulara seu “toma lá, dá cá” com menos desconforto, porque o governo era declarada e abertamente cristão, quer fosse católico ou protestante. Os líderes da igreja aceitavam as restrições à liberdade propostas pelo governo porque o próprio Estado prestava lealdade à igreja. Mas nenhum governo representativo podia ser abertamente cristão da maneira como havia ocorrido anteriormente. Mesmo que o rei ou o primeiro ministro fossem devotos ou piedosos, [...] o governo tinha de ser neutro; precisava tratar imparcialmente todas as religiões; e lidar imparcialmente com todas as religiões significa tratar imparcialmente também a irreligião (Chadwick, The Secularization of the European Mind, p. 126).

Outro fator que contribuiu para o enfraquecimento do poder político da igreja durante o século 19 foi a crescente separação entre ciência e religião. Os cientistas nunca esqueceram – nem perdoaram – a punição que a igreja infligiu a Galileu por este haver confirmado a teoria copernicana de que a Terra e os outros planetas giram ao redor do Sol. Esse episódio confirmou o fato de que a igreja havia permitido que o dogma dominasse sobre a razão.

Um dos acontecimentos políticos mais significativos com os quais o papado teve de lidar no século 19 foi a perda dos Estados Papais. Pepino III deu esses territórios ao papa em 754 d.C., os quais foram governados pela Igreja Católica por mais de mil anos. Em 1869, as forças italianas antagônicas ao governo papal conquistaram uma grande porção dos Estados Papais, e, em 1861, o rei Vítor Manuel deu os primeiros passos para o estabelecimento da moderna nação laica da Itália. Quase dez anos depois, em setembro de 1870, essa nação declarou guerra ao que restava dos Estados Papais, incluindo a cidade de Roma, na qual as tropas italianas chegaram no dia 20 de setembro. Na ocasião, o papa Pio IX apresentou uma resistência simbólica com seu minúsculo exército, mas, depois de três horas, as forças italianas entraram em Roma e tomaram os Estados Papais. O papa ficou furioso. Nos 59 anos seguintes, os papas que sucederam a Pio IX exigiram a devolução dos Estados Papais, mas o governo italiano recusou-se firmemente a fazê-lo. Por isso, durante esses 59 anos os papas protestaram, permanecendo confinados no Vaticano. Esse conflito entre o papado e o governo da Itália passou a ser conhecido como a “Questão Romana”. [1]
1866 - 1871Quando a Itália foi unificada sob a revolução de Garibaldi (1866-1870), Roma papal foi privada de suas terras, os Estados Papais, ficando o papa como prisioneiro voluntário no Vaticano. [9]

No dia 13 de maio de 1871 o governo da Itália tirou do papa seus poderes civis abolindo o Estado do Vaticano. [9]

Este artigo está em construção. (Hendrickson Rogers)

Referências:

1. MOORE, Marvin; LIRA, Rosangela. Apocalipse 13: leis dominicais, boicotes econômicos, decretos de morte, perseguição religiosa – isso poderia realmente acontecer? Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2013.

2. https://pt.wikipedia.org/wiki/Stephen_Langton.

3. https://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Inoc%C3%AAncio_III.

4. BITTAR, Eduardo C. B. O aristotelismo e o pensamento árabe: Averróis e a recepção de Aristóteles no mundo medieval. Revista Portuguesa de História do Livro, n. 24, p. 61-103, 2009. Disponível em <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-13362009000200004>. Acesso em: jan. 2021.

5. https://pt.wikipedia.org/wiki/Tom%C3%A1s_de_Aquino.

6. SILVA, Hendrickson Rogers Melo da. Apocalipse – Possibilidades, capítulo 9. Disponível em; <https://blogdoprofh.com/2020/04/15/apocalipse-possibilidades-capitulo-9/>. Acesso em: jan. 2021.

7. https://pt.wikipedia.org/wiki/Queda_de_Constantinopla.

8. MELLO, Araceli S. A Verdade Sôbre As Profecias Do Apocalipse, 1959. Disponível em: <https://pt.scribd.- com/doc/264320586/Araceli-S-Mello-A-Verdade-Sobre-As-Profecias-Do-Apocalipse-pdf>. Acesso em: abr. 2020.

9. RAMOS, Samuel. As Revelações do Apocalipse, v. 2, 2006.

10. SMITH, Urias. As profecias de Daniel e Apocalipse, vol. 2. O livro de Apocalipse, 1979.

11. WHITE, Ellen Gould. O Grande Conflito. 2013. Disponível em: <http://centrowhite.org.br/files/ebooks/egw/O%20Grande%20Conflito.pdf>. Acesso em: out. 2021.

12. BALL, Bryan; NASCIMENTO, Cecília Eller. Em Defesa da Bíblia: por que podemos confiar nas Escrituras. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2020.

13. MAXWELL, C. Mervyn; GRELLMANN, Hélio Luiz. Uma nova era segundo as profecias do Apocalipse. Casa Publicadora Brasileira, 2004.

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