maio 8, 2024

Blog do Prof. H

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Patrística: a palavra que Deus não disse (Cipriano, Eusébio e Irineu)

INTRODUÇÃO

Jeremias, o profeta, falando das falsas fontes de ensino, chama-as de “cisternas rotas, que não retêm as águas” (2:13). Deixar as Escrituras – infalível Palavra de Deus – para escorar-se nos chamados Pais da Igreja é, sem dúvida, abeberar-se nas cisternas rotas da confusão, da dúvida, da incerteza e da incoerência. Embora alguns desses homens tenham sido piedosos, a verdade é que não eram inspirados, e seus escritos não são infalíveis. Pelo contrário, há neles uma eiva tremenda de absurdos e ilogismos insanáveis. Eis uma amostra:

CRENÇAS DESSES PAIS (E DE OUTROS) QUE CONFLITAM COM A PALAVRA DE DEUS E O BOM SENSO

Cipriano, de feiticeiro que era no paganismo, tornou-se anabatista na igreja.

Eusébio, já além da era patrística, era ariano, ou seja, partidário da heresia de Ário, que negava a divindade de Cristo.

Irineu,

a. quer que as almas, separadas do corpo, tenham mãos e pés (16);

b. defende a supremacia de Roma, alegando que a Igreja tem mais autoridade do que a Palavra de Deus (17);

c. diz que os “animais imundos” são os judeus (18);

d. defende ardorosamente o purgatório (19),

e. chega até a dar a idade certa de Cristo que, segundo ele, tinha quase cinqüenta anos (20).

Várias são as citações dos “pais” usadas contra a observância do sábado como um mandamento moral assim como os outros nove. Mas citações de outros vultos da Patrística que não merecem ser consideradas em vista da data que trazem: terceiro e quarto séculos, tempo em que a apostasia já se consumara. Ou seja, elas não tem qualquer relação com a Palavra, e sim com a deturpação Dela tida como costume. E usar um costume errado como desculpa para repeti-lo não tem nada a ver com interesse pela Verdade, senão com conformidade e crenças (falsas) de estimação.

Notemos, porém, que Cipriano, o feiticeiro que se tornou anabatista, incoerente e confuso como os demais pais, alude ao oitavo dia. Faz coro com o costume já implantado e que, paulatinamente, determinou o abandono do sábado. Veja o que escrevemos sobre o pai Barnabé a esse respeito.

A Constituição Apostólica (que pelo simples fato de datar-se do fim do terceiro século prova não ser da autoria dos apóstolos, mas de escritores apócrifos da igreja oriental), invocada pelos adversários da Lei de Deus (em particular de seu 4° mandamento), reclama a união dos cristãos no dia da ressurreição de Cristo. No entanto, os escritores dessa pretensa Constituição Apostólica nos informam da observância do sábado! Diz um trecho:

“Observarás o sábado, em intenção Daquele que repousou de Sua obra da criação, mas não cessou Sua obra de Providência: é um repouso para meditação da lei, e não dia para ociosidade das mãos” (Livro 2, seção 5, cap. 36).

Em outros capítulos menciona o sábado como devendo ser guardado, ao lado do primeiro dia da semana. Logo, como valor de prova é nulo tal documento, pois contradiz a hipótese dominical.

O mesmo diremos de Anatólio, e Pedro de Alexandria, este já no quarto século.

Com relação a Eusébio de Cesareia, cita-se este pai também na tentativa malsucedida de justificar a atrocidade católico-romana contra a autoridade do Criador e Seus mandamentos. No entanto, o mesmo Eusébio escreveu:

“Todas as coisas que eram dever ser feitas no sábado, estas nós as transferimos para o dia do Senhor” (Commentary on the Psalms).

Confessa com esse “nós transferimos” que a mudança do dia de guarda foi obra de mãos humanas. Não se fez por Deus, por Cristo, pelos apóstolos, por preceito bíblico. Pelos homens, e só pelos homens, no período da apostasia gradual.

O PENSAMENTO EVANGÉLICO CADA VEZ MAIS PATRÍSTICO-ROMANISTA

Autores evangélicos anômicos como R. Pitrowski e D. M. Canright, e obras como O Sabatismo à Luz da Palavra de Deus, após usarem a patrística como base doutrinária e de informação sobre a vontade de Deus (sic!), concluem afirmando que a guarda do domingo tem a autoridade do Espírito Santo dado aos apóstolos: “Quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade” (João 16.13).

A seu ver, essa “toda a verdade” refere-se ao domingo, verdade que, segundo crê, veio através dos “iluminados” Pais da Igreja. E arrematam, sem rebuços: “É nisto precisamente que estamos baseados e por isso guardamos o domingo”.

Baseados num fragílimo castelo de cartas, em “cisternas rotas, que não retêm as águas” Jeremias 2:13. Causa pena!

A VISÃO DE ESTUDIOSOS SOBRE OS “PAIS” DA IGREJA

Mais abaixo alongamos esta relação citando outros “pais” e seus despautérios. Por aí se vê o absurdo de citá-los para comprovar doutrina. Enquadram-se perfeitamente na conceituação do profeta Jeremias: são verdadeiras cisternas rotas.

Adão Clarke, abalizado comentarista bíblico, depois de considerar a obscuridade dos escritos destes “pais,” conclui: “Em ponto de doutrina a autoridade deles é, a meu ver, nula” (Clarke’s Commentary, on Proverbs 8).

Eduardo Carlos Pereira, douto escritor, disse que a patrística além de constituir-se “testemunha falível de autoridade humana,” era “tradição que a crítica não pode sequer firmar no terreno digno da História”. Diz ainda que se trata de “tradição confusa e contraditória”. E remata: “Pululam, nos anais primitivos da Igreja, escritos espúrios ou apócrifos, que revelam a tendência perigosa para a ficção e para as lendas, que degeneraram largamente nas fraudes pias dos tempos medievais”. (E. C. Pereira, O Problema Religioso na América Latina, págs. 215, 219 e 227).

O Arcediago Farrar acrescenta: “Há pouquíssimos deles cujas páginas não estejam repletas de erros, erros de método, erros de fatos, erros históricos, de gramática, e mesmo de doutrina” (Farrar, The History in Interpretation, págs. 162, 163 e 165, ed. 1886).

Mosheim, afamado historiador eclesiástico confirma: “Não é de admirar que todas as serras dos cristãos podem encontrar nos chamados pais algo que favoreça sua própria opinião e sistemas” (Mosheim, Ecclesiastical History, Liv. 1, part. 2, cap. 3, seção 10).

Sim, os escritos patrísticos provam tudo, amparam a maior heresia. O leitor agora vai ter um choque ao ler estas estarrecedoras declarações, extraídas de uma publicação batista, antiga mas autêntica. Em resposta um jovem ministro que perguntara ao jornal como poderia provar a sua congregação uma coisa, quando nada encontrasse com que prová-la, na Bíblia, o pastor Levi Philetus Dobbs D. D. escreveu o seguinte:

“Recomendo, no entanto, um judicioso emprego dos Pais em geral, da mais alta confiança para qualquer pessoa que esteja na situação do meu consulente. A vantagem dos Pais é dupla: em primeiro lugar porque exercem grande influência sobre as multidões; em segundo lugar porque você poderá encontrar o que quiser nos Pais. Não creio que haja opinião mais tola e manifestamente absurda, para a qual você não possa encontrar passagens para sustentá-la nas páginas daqueles veneráveis homens de experiência. E para a mente comum, tanto vale um como outro. Se acontecer que o ponto que você quer provar nunca tenha ocorrido aos Pais, então você pode facilmente mostrar que eles teriam tomado seu lado se apenas tivessem pensado no assunto. E se, por acaso, nada há para sustentar, mesmo remotamente, de maneira favorável o ponto em questão, não desanime: faça uma boa e vigorosa citação e coloque nela o nome dos Pais, e pronuncie-a com ar de triunfo. Ela será igualmente valiosa. Nove décimos do povo não se detém a indagar se a citação apóia a matéria em debate. Sim, irmão, os Pais são a sua fortaleza. Eles são a melhor dádiva do Céu ao homem que tenha uma causa que não possa ser amparada por nenhum outro modo” (Jornal National Baptist, march 7, 1878, Dr. Wayland, redator).

Duvidaríamos dessa monstruosidade se a ela não tivéssemos acesso.

Causa pena a insegurança dos que se agarram à patrística para salvar uma causa perdida. Os chamados pais da igreja, como podemos ver nesta série de estudos, também ensinaram os maiores dislates e absurdos, e as mais desbragadas heresias. Replicam, romanistas e “protestantes”, oponentes à Palavra de Deus, que, se os citam, fazem-no apenas como referência histórica para provarem que os pais se referiam a um “costume já implantado na igreja subapostólica”. Ora, se isto é verdade então, todos os que se dizem cristãos, forçosamente, por coerência e honestidade mental, terão que admitir que o batismo de afusão, o purgatório, os jejuns cerimoniais, fórmulas, orações pelos mortos e outros disparates eram “costumes” da igreja e, como tais, devem ser aceitos e praticados em nossos dias – embora tais costumes contrariem os claros ensinos dos livros canônicos!

Se eram exatas as informações que davam de um fato, por que o seriam menos em relação a outros fatos? Vamos continuar nossa análise das outras cisternas rotas onde se abeberam autores anti sabatistas, para basear uma “prova” em favor da guarda do domingo, já que não a encontram nas páginas inspiradas da Bíblia.

Fonte: Arnaldo B. Christianini (Subtilezas do Erro, p. 232 – 238) e Hendrickson Rogers.

Confira outros “pais” da igreja cristã:

Inácio de Antioquia

Barnabé

Justino Mártir

Clemente de Alexandria

Tertuliano

Cipriano, Eusébio de Cesareia e Irineu


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(Hendrickson Rogers)

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