novembro 21, 2024

Blog do Prof. H

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Patrística: a palavra que Deus não disse (Barnabé)

INTRODUÇÃO

Jeremias, o profeta, falando das falsas fontes de ensino, chama-as de “cisternas rotas, que não retêm as águas” (2:13). Deixar as Escrituras – infalível Palavra de Deus – para escorar-se nos chamados Pais da Igreja é, sem dúvida, abeberar-se nas cisternas rotas da confusão, da dúvida, da incerteza e da incoerência. Embora alguns desses homens tenham sido piedosos, a verdade é que não eram inspirados, e seus escritos não são infalíveis. Pelo contrário, há neles uma eiva tremenda de absurdos e ilogismos insanáveis. Eis uma amostra:

CRENÇAS DESSE BARNABÉ QUE CONFLITAM COM A PALAVRA DE DEUS E O BOM SENSO

Barnabé (se é que existia tal personagem), diz que

a. a lebre muda cada ano o lugar da concepção (Epístola de Barnabé, cap. X, § 6°);

b. a hiena muda de sexo anualmente (Epístola de Barnabé, cap. X, § 7°),

c. e a doninha concebe pela boca (Epístola de Barnabé, cap. X, § 8°);

d. afirma que Abraão conhecia o alfabeto grego (séculos antes que tal alfabeto existisse!) (Epístola de Barnabé, cap. IX, § 8°) ;

e. alegoriza a Bíblia, compara a circuncisão ao “oitavo dia” que afirma ser o dia de reunião (quando não existe oitavo dia na semanal) (Epístola de Barnabé, cap. XV, § § 8° e 9°).

Sua epístola é espúria, disparatada e não merece crédito.

CITAÇÕES DE BARNABÉ A FAVOR DO FALSO SÁBADO?

Barnabé, A. D., 120, diz:

“Nós guardamos o dia oitavo com alegria, no qual também Jesus ressurgiu dos mortos, e tendo aparecido ascendeu ao Céu”.

É nulo, absolutamente nulo o valor desse testemunho, a menos que a semana tenha possuído 8 dias nalgum período da humanidade.

Quanto à idoneidade e credibilidade desse suposto Barnabé (quem teria sido?) veja-se o que dissemos no preâmbulo do artigo. E esta epístola equívoca, inçada de absurdos e futilidades, encontrada em 1844 pelo sábio alemão Tischendorf num convento ao sopé do monte Sinai, com muita benevolência da crítica foi datada de meados do século II, época em que a apostasia começara a infiltrar-se na igreja cristã, e o “festival da ressurreição” também ia sendo observado, como conseqüência da forte oposição aos judeus.

A “epístola” é absolutamente apócrifa e até pais da igreja como Eusébio, Jerônimo e Agostinho negam-lhe autoridade. Uma simples leitura de toda a epístola evidencia-lhe o caráter espúrio, a começar das absurdas alegorias que faz de fatos e festas do Antigo Testamento. Coisa totalmente inaceitável. Ocupemo-nos com a citação obtusa acima, a qual parece tangenciar a observância do domingo.

O contexto de seu capítulo 15 nos informa que o citado Barnabé estabelece um paralelo inadmissível, ilógico e aberrante, querendo forçar um inexistente “oitavo dia” (a semana só tem sete) a ser uma continuação do princípio judaico da cerimônia da circuncisão e isto porque – na obtusa relação que esse hipotético Barnabé estabelece – aquele rito se fazia ao “oitavo” dia do nascimento do varão israelita.

É de pasmar! É de estarrecer! Salta aos olhos de qualquer pessoa a futilidade, a insanidade deste argumento , pois o corte do prepúcio ocorria uma só vez na vida do judeu, e o dia de guarda (como era ignorante esse Barnabé!) ocorre semanalmente. Tão arrevesada e descabida é essa ideia que nenhum comentarista dela toma conhecimento. E é nesse emaranhado de incoerências que se vai buscar “prova” para o que não se pode provar pela Palavra de Deus.

A VISÃO DE ESTUDIOSOS SOBRE OS “PAIS” DA IGREJA

Mais abaixo alongamos esta relação citando outros “pais” e seus despautérios. Por aí se vê o absurdo de citá-los para comprovar doutrina. Enquadram-se perfeitamente na conceituação do profeta Jeremias: são verdadeiras cisternas rotas.

Adão Clarke, abalizado comentarista bíblico, depois de considerar a obscuridade dos escritos destes “pais,” conclui: “Em ponto de doutrina a autoridade deles é, a meu ver, nula” (Clarke’s Commentary, on Proverbs 8).

Eduardo Carlos Pereira, douto escritor, disse que a patrística além de constituir-se “testemunha falível de autoridade humana,” era “tradição que a crítica não pode sequer firmar no terreno digno da História”. Diz ainda que se trata de “tradição confusa e contraditória”. E remata: “Pululam, nos anais primitivos da Igreja, escritos espúrios ou apócrifos, que revelam a tendência perigosa para a ficção e para as lendas, que degeneraram largamente nas fraudes pias dos tempos medievais”. (E. C. Pereira, O Problema Religioso na América Latina, págs. 215, 219 e 227).

O Arcediago Farrar acrescenta: “Há pouquíssimos deles cujas páginas não estejam repletas de erros, erros de método, erros de fatos, erros históricos, de gramática, e mesmo de doutrina” (Farrar, The History in Interpretation, págs. 162, 163 e 165, ed. 1886).

Mosheim, afamado historiador eclesiástico confirma: “Não é de admirar que todas as serras dos cristãos podem encontrar nos chamados pais algo que favoreça sua própria opinião e sistemas” (Mosheim, Ecclesiastical History, Liv. 1, part. 2, cap. 3, seção 10).

Sim, os escritos patrísticos provam tudo, amparam a maior heresia. O leitor agora vai ter um choque ao ler estas estarrecedoras declarações, extraídas de uma publicação batista, antiga mas autêntica. Em resposta um jovem ministro que perguntara ao jornal como poderia provar a sua congregação uma coisa, quando nada encontrasse com que prová-la, na Bíblia, o pastor Levi Philetus Dobbs D. D. escreveu o seguinte:

“Recomendo, no entanto, um judicioso emprego dos Pais em geral, da mais alta confiança para qualquer pessoa que esteja na situação do meu consulente. A vantagem dos Pais é dupla: em primeiro lugar porque exercem grande influência sobre as multidões; em segundo lugar porque você poderá encontrar o que quiser nos Pais. Não creio que haja opinião mais tola e manifestamente absurda, para a qual você não possa encontrar passagens para sustentá-la nas páginas daqueles veneráveis homens de experiência. E para a mente comum, tanto vale um como outro. Se acontecer que o ponto que você quer provar nunca tenha ocorrido aos Pais, então você pode facilmente mostrar que eles teriam tomado seu lado se apenas tivessem pensado no assunto. E se, por acaso, nada há para sustentar, mesmo remotamente, de maneira favorável o ponto em questão, não desanime: faça uma boa e vigorosa citação e coloque nela o nome dos Pais, e pronuncie-a com ar de triunfo. Ela será igualmente valiosa. Nove décimos do povo não se detém a indagar se a citação apóia a matéria em debate. Sim, irmão, os Pais são a sua fortaleza. Eles são a melhor dádiva do Céu ao homem que tenha uma causa que não possa ser amparada por nenhum outro modo” (Jornal National Baptist, march 7, 1878, Dr. Wayland, redator).

Duvidaríamos dessa monstruosidade se a ela não tivéssemos acesso.

Causa pena a insegurança dos que se agarram à patrística para salvar uma causa perdida. Os chamados pais da igreja, como podemos ver nesta série de estudos, também ensinaram os maiores dislates e absurdos, e as mais desbragadas heresias. Replicam, romanistas e “protestantes”, oponentes à Palavra de Deus, que, se os citam, fazem-no apenas como referência histórica para provarem que os pais se referiam a um “costume já implantado na igreja subapostólica”. Ora, se isto é verdade então, todos os que se dizem cristãos, forçosamente, por coerência e honestidade mental, terão que admitir que o batismo de afusão, o purgatório, os jejuns cerimoniais, fórmulas, orações pelos mortos e outros disparates eram “costumes” da igreja e, como tais, devem ser aceitos e praticados em nossos dias – embora tais costumes contrariem os claros ensinos dos livros canônicos!

Se eram exatas as informações que davam de um fato, por que o seriam menos em relação a outros fatos? Vamos continuar nossa análise das outras cisternas rotas onde se abeberam autores anti sabatistas, para basear uma “prova” em favor da guarda do domingo, já que não a encontram nas páginas inspiradas da Bíblia.

Fonte: Arnaldo B. Christianini (Subtilezas do Erro, p. 232 – 238) e Hendrickson Rogers.

Confira outros “pais” da igreja cristã:

Inácio de Antioquia

Barnabé

Justino Mártir

Clemente de Alexandria

Tertuliano

Cipriano, Eusébio de Cesareia e Irineu

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