A Bolha®
Se o mal não existisse, toda informação seria verdadeira e não haveria nenhum risco em se acreditar numa mentira. A mentira é filha da maldade.
Após a origem do mal, conjugar o verbo acreditar se tornou algo muito arriscado.
Pode-se acreditar numa mentira. Pode-se não acreditar numa verdade.
Mas, também é possível acreditar na Verdade e não crer na mentira.
(No texto “Taxonomia da Mentira”, eu contemplei também os que não têm interesse em saber se o que acreditam é verdade ou mentira).
Vamos definir, neste texto, que, aqueles que creem numa mentira e/ou não acreditam numa verdade vivem uma realidade paralela, uma utopia ou distopia. Vivem na periferia da história ou, simplesmente, “numa bolha”.
Adianto pra você o seguinte: eu acredito que todos os pecadores, sem exceção, em alguma área do conhecimento, vivemos numa bolha. Dito de outro jeito: cada ser humano que já viveu, assim como quem está vivo agora (exceto Jesus Cristo) e aqueles que ainda virão à existência, cada um de nós ou acredita nalguma mentira ou despreza alguma verdade. Ou ambos.
E, mesmo acreditando em verdades e rejeitando mentiras, eu creio que isso não impede que essa mesma mente também acredite em mentiras e rejeite verdades.
Isso posto, passo agora a refletir biblicamente sobre algumas consequências de se viver nalguma bolha, e também como a consciência disso pode nos ajudar a evitar mergulhar de cabeça numa mentira, colecionando bolhas.
Dividirei essa reflexão em sete partes, das quais a primeira é
I. Mente adolescente + idade de adulto = comportamento de manada
“Uns, pois, gritavam de uma forma; outros, de outra; porque a assembleia caíra em confusão. E, na sua maior parte, nem sabiam por que motivo estavam reunidos” (Atos 19.32, ARA).
Os moradores de Éfeso, lá no primeiro século d. C, cometeram um perigoso erro ao participarem de uma assembleia apenas porque o outro estava participando. Quase aquela reunião se transformou num massacre público de cristãos, exatamente pelo fato de a maioria dos que estavam reunidos não ter consciência do que estava acontecendo.
O comportamento de manada só deveria acontecer em seres irracionais. Mas, seres supostamente racionais que acreditam a priori, sem critérios ligados à Verdade, também agem movidos pela coletividade. São pessoas que misturam sua confiança em outras pessoas com sua responsabilidade em peneirar as informações que recebem delas.
As emoções, e não a razão e o exame responsável, são os recepcionistas da mente daqueles que creem no que creem por causa daqueles que lhe passaram a informação. Com recepcionistas emocionais, a mente se assemelha a adolescentes apaixonados, em vez de adultos experientes. E, qual a probabilidade de um adolescente movido por paixão acertar o alvo? Quais as chances de mentes desse tipo conhecerem a Verdade em lugar de serem enganados por uma narrativa? Mentes adolescentes são presas fáceis do fenômeno “bolha”.
Mas, adolescentes crescem, e não os critico, pois ainda estão aprendendo a viver. O problema é mentes adolescentes em cabeças de adultos! Será que mentes adolescentes dentro de cabeças adultas, as quais já deveriam ter mente adulta, será que essas mentes também crescem, mesmo atrasadas?
II. Deus tem compaixão das mentes atrasadas; mas, é necessário reconhecimento e arrependimento
“e não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda […]” (Jonas 4.11).
Se depender de Deus, a resposta da pergunta acima é sim. O texto do profeta Jonas reflete isso. A compaixão de Deus, em oposição ao sentimento de vingança do profeta, revela como Ele enxerga os que vivem enjaulados em bolhas, mesmo acreditando serem livres.
Mesmo após a pregação poderosa e “exitosa” de Jonas; mesmo depois do arrependimento coletivo na Grande Nínive dos assírios, altamente pagã e mundana, a alienação continuava existindo. Aliás, será que a falta de discernimento diagnosticada por Deus em Sua fala, não tem a ver com o comportamento de manada que mencionei há pouco? Um ninivita “se arrependeu” por causa do seu vizinho. Ou por causa do jornal que ele assistiu. Enfim, talvez o arrependimento coletivo e a permanência da falta de discernimento de algumas pessoas evidenciem exatamente isso.
Aqueles que ouviram o profeta e aceitaram por si mesmos a sua mensagem, certamente, adquiriram discernimento. Se libertaram daquela bolha mencionada por Jonas em seu sermão de 40 dias.
Mas, e os outros? E aqueles que confiaram suas mentes não à Verdade, mas ao vizinho/amigo/parente? Os arrependidos no atacado saíram da bolha?
Vou responder assim: A Nínive de Jonas era do século 8 a. C; em 612 a. C, seus 12 km de muralhas foram completamente destruídos e aquelas pessoas e seus descendentes foram varridos da história.
Sair de algumas bolhas é sempre possível graças à compaixão de Deus. Não sair, é sempre uma escolha pessoal, mesmo que seja tomada por corporativismo; e há um tempo para sair do engano. Após esse tempo, a perda do discernimento não será reparada, e a misericórdia de Deus terá sido trocada pela bolha prestes a implodir.
Quem não reconhece a mentira que vive, despreza a misericórdia da Verdade.
(Talvez, o artigo “O Remanescente trans – vive como Laodiceia, mas se identifica com o Remanescente” possa lhe ajudar a entender como bolha e engano são gêmeos univitelinos gerados pelo mal).
III. Não ser intelectualmente autônomo é pedir para ser massa de manobra
“Mas os principais sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo a que pedisse Barrabás e fizesse morrer Jesus” (Mateus 27.20).
A engenharia de uma bolha parece ser planejada com essa finalidade! Veja como pessoas são manipuladas por acreditarem em pessoas, em vez de pesquisarem com autonomia e independência sobre aquelas informações recebidas.
O Senhor Jesus não foi assassinado pelos judeus e os romanos, apenas. Ele foi executado por causa de uma multidão de alienados que gritaram “crucifica-O” por indução dos “sacerdotes e anciãos” judeus.
Isso é muito sério.
Talvez você e eu já crucificamos inocentes por causa da mentira que nos contaram sobre eles, e porque permitimos que a narrativa disseminada pelos que querem induzir fosse mais importante do que a Verdade, a qual deveria ser a única informação com livre acesso às nossas mentes!
Se você deixou de falar com alguém por conta de uma narrativa que ouviu, você pode estar sendo usado como um mero tijolinho do edifício da mentira. É bom se preocupar com isso, a menos que você seja sócio da mentira, e a Verdade e a Justiça não sejam suas companheiras.
Também é provável que já inocentamos pessoas perigosas, pelo mesmo caminho da manipulação de mentes que elaboraram narrativas com esse fim.
Se antes você era amigo de um casal, por exemplo, mas, após a separação do par você passou a ser amigo apenas de um deles, por causa da narrativa que ouviu vinda exatamente daquele que você continuou amigo, pense bem… Ainda mais se você só escutou um lado!
Percebe como bolhas se formam não aleatoriamente, mas sempre por causa de manipulações engenhosas? Parcialidade e ingratidão são exemplos de bolhas. Acreditar numa pessoa mentirosa e desacreditar em quem está ao lado da Verdade é uma gaiola que tira a liberdade da mente que não pesquisa, compara, examina e vigia. Mente que confia em pessoas em vez de confiar na Verdade.
Mesmo mentes adultas e experientes correm esse risco. O antídoto contra a manipulação é a eterna vigilância. É o ceticismo até do próprio ceticismo, em vez do ceticismo seletivo.
Não estou sugerindo um estilo de vida desconfiado, mas a consciência de que existem narrativas religiosas, políticas, científicas, jurídicas e relacionais projetadas para encarcerar as mentes que simplesmente ouvem e creem; encarcerá-las numa bolha e torná-las parte de um projeto de crucifixão de inocentes e/ou “descondenação” de criminosos.
As orelhas de um cachorro quando estão levantadas, não o tornam um animal desconfiado, mas atento. Quanto mais uma mente humana experiente e consciente da existência de pessoas mentirosas disfarçadas de líderes religiosos, de políticos, cientistas, juízes e amigos/cônjuges/parentes.
Os que vivem na bolha de controlar e manipular, contam sempre com a intelectualidade negligente de suas vítimas. Subornos psicológicos e/ou financeiros são recursos que esses manipuladores têm sempre à mão como plano B (o próximo tópico fala sobre isso). O artigo “Eleições 2022 e a destruição do casamento da Democracia com a Verdade” traz muitos exemplos de subornos e, se você ainda não o leu, não pense que é um texto sobre Política apenas…
(Você conhece Aquele que, quando pisou nesse nosso chão, tinha o costume/método de ensinar por parábolas e metáforas? Você já leu o livro que Ele deu ao profeta João, chamado Apocalipse? Às vezes, codificar ensinamentos é o único meio de preservá-los, despertar o interesse do público-alvo e estourar bolhas. A univocidade e a equivocidade são caminhos da linguagem humana que se ampliam com o terceiro caminho (e último): a analogia. E como falar sobre a Verdade – a metafísica, aquela que antecede a humanidade e o próprio universo –, sem ser por analogia? A Verdade não é somente unívoca ou equívoca, mas análoga).
A bolha é uma metáfora cujos efeitos são bem literais.
Os manipuladores e seus manobrados podem ser como senhores e escravos, mas também como pais permissivos e filhos interesseiros. Ou seja, há um espectro amplo aqui, nem sempre tão óbvio, mas sempre dentro do padrão: a existência dos primeiros depende da subserviência/negligência/dependência/ignorância dos segundos. E a ordem pode ser alterada: os que controlavam a princípio, podem ser colocados na própria gaiola que fabricaram. No penúltimo tópico eu explicarei como isso é necessariamente possível.
IV. Subornos adubam bolhas
“Então, Pilatos, querendo contentar a multidão, soltou-lhes Barrabás; e, após mandar açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado” (Marcos 15.15).
Alguns que poderiam estourar bolhas, optam por conservá-las. Por comodismo ou covardia, para evitar conflitos ou perdas. Outros, lustram a bolha de alguém com subornos.
Pilatos, por exemplo, em sua covardia épica, deu um polimento extra na bolha da multidão que estava condenando O Inocente, ao soltar Barrabás.
Outros, dão presentes para aqueles que eles desejam manter na alienação. Às vezes são presentes emocionais, como a permissividade. Uma mãe que aliena sua filha do próprio pai da criança, por exemplo, a suborna com permissividade e volante. A criança crê que está no controle, que está sendo livre para ter seus desejos infantis realizados. Mas, claramente, ela apenas faz parte do projeto (de uma bolha) maquiavélico de um Pilatos que deseja continuar no controle e esconder sua covardia, tudo ao mesmo tempo.
Líderes religiosos subornam suas congregações com comédia, “sermões flex”, bulas papais ou fenômenos pseudopentecostais (me lembrei do texto “Os 10 mandamentos de Laodiceia, a Teologia do Comediante e a Psicologia de Babilônia”). Políticos subornam seus pares com emendas Pix. Cientistas subornam nações desesperadas com ciên$$ia sob demanda. Juízes subornam promotores de justiça. E, assim, as sociedades se tornam reféns das mentiras que elas acreditaram coletivamente ou diante das quais se calaram.
Quando a mente tenta sair da fantasia à qual foi induzida, o suborno pode fazê-la mudar de ideia.
V. Mentes presas em bolhas semelhantes têm relacionamentos convenientes
“Naquele mesmo dia, Herodes e Pilatos se reconciliaram, pois, antes, viviam inimizados um com o outro” (Lucas 23.12).
Não há limites para mentes que não priorizam a Verdade…
Fofoqueiros disfarçados de líderes religiosos se deleitam na companhia de outros fofoqueiros. O evangelho da fofoca e das opiniões humanas, é pregado em lugar do evangelho eterno. É o humanismo dos “iluminados” substituindo a revelação dos profetas inspirados. Mas, como fazer parte de lideranças assim, sem ser fofoqueiro? A inimizade será inevitável. Deus disse que colocaria inimizade entre a descendência da serpente e a Sua (cf. Gênesis 3.15).
Políticos corruptos são amigos de eleitores corruptos e/ou convenientes. E como fazer parte da política sem se corromper? Certamente, você será perseguido até se tornar inegelível ou preso ou morto…
Cientistas sem ética não se arrependerão de matar milhões de pessoas que confiaram neles, e não na Verdade; menos ainda por matarem os que foram obrigados a participarem de seus experimentos nazistas milionários! E como não se iludir com a bolha do cientificismo político assassino? O enfrentamento e a luta pela liberdade de escolha é a única opção.
Juízes imorais e desordeiros adoram uma promiscuidade com políticos corruptos e descondenados por eles mesmos! Fazer parte dessa bolha é cinismo e certeza da impunidade. Manter o sistema de subornos, nepotismo e elitismo, ou seja, Socialismo/Comunismo/Fascismo/Nazismo, com discurso em prol da Democracia e desigualdade social, distribuição de renda, casa comum ou Amazônia de todos, ou ainda nacionalismo despótico e imperialista, é impossível sem as sentenças ideológicas, inconstitucionais e vendidas. Porém, os habitantes dessa bolha serão devorados por eles mesmos. Veja o próximo tópico!
Pais que garantem o controle sobre a mente de seus filhos por meios desonrosos, caso não se arrependam a tempo, também serão encapsulados pela própria bolha que confeccionaram, pois não são pais de verdade, mas tentáculos de Babilônia! O rei de Babilônia – o próprio pai da mentira, a serpente mediúnica – transmite seu veneno por meio desses pais aos filhos. Como sair dessa bolha?
(O texto intitulado “Não são os opostos que se atraem, mas os iguais” aprofunda esse tópico).
VI. Esses confeccionadores de bolhas, serão encapsulados por suas vítimas!
“Veio um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas águas. Falou-me ainda: As águas que viste, onde a meretriz está assentada, são povos, multidões, nações e línguas. Os dez chifres que viste e a besta, esses odiarão a meretriz, e a farão devastada e despojada, e lhe comerão as carnes, e a consumirão no fogo” (Apocalipse 17.1, 15 e 16).
Quando a Verdade se torna impopular; quando a injustiça é preferível ao enfrentamento, então, a bolha está madura para ser estourada.
O arrependimento foi trocado pelas conveniências, e o discernimento foi desprezado.
Não há mais como a compaixão de Deus libertar a mente da bolha sem destruir tanto a bolha como a mente que rejeitou a libertação.
Babilônia é a videira cujos ramos estão cheios de cachos de bolhas!
Aqueles que se interessam sempre pela Verdade e a Justiça, não relativizando esses valores sobre-humanos, anteriores à humanidade, estão conscientes do que este texto alerta e têm chances de vigiar e vencer as bolhas dentro das quais se encontram. Com a graciosa comunhão diária com Deus e o esforço desses baluartes da Verdade, outras bolhas serão vencidas, mentes serão libertas, e não participarão dos pecados cometidos dentro da grande bolha babilônica.
Por outro lado, os negligentes e os que amam Babilônia e sua anomia, perceberão tarde demais a arapuca que chamavam de vida. Se revoltarão contra os líderes religiosos, políticos, cientistas, juízes, pais, parentes e amigos, mas sem mais chances de serem livres, pois trocaram a liberdade que a vigilância oferece pelos subornos que as bolhas lhe presentearam.
Serão livres de suas bolhas, menos de uma: a morte eterna.
VII. A bolha não produz amor genuíno, pois o amor é a sombra da Verdade
“e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8.32).
“[o amor] não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade” (1ª Coríntios 13.6).
Falar sobre amor, religião, democracia, ciência, liberdade, maternidade/paternidade e amizade, desrespeitando a Verdade, não passa de um processo alienador, fraudulento, fertilizante de bolhas.
O mal existe e tenta se parecer com o Bem para encapsular os negligentes.
Lembre-se: Verdade e mentira têm 7 letras; sorrir e chorar, 6; amor e ódio têm quatro letras; Bem e mal têm três. E a realidade tem dois lados.
Oro a Jesus Cristo para que escolhamos o lado da Verdade. Só a Verdade é capaz de libertar das bolhas, e espero que você tenha percebido como a Bíblia contribui para o êxito desse processo.
Fonte: Hendrickson Rogers via Instagram.
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